I DOMINGO DO ADVENTO – ANO A- TEMPO DE JUBILOSA ESPERANÇA- Mt 24,37-44

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

I DOMINGO DO ADVENTO – ANO A

TEMPO DE JUBILOSA ESPERANÇA

CURTA O VÍDEO DO 1º DOMINGO:

https://www.youtube.com/watch?v=uU1Je_BNFYA&t=412s 

EM RITMO DE ADVENTO:

https://www.youtube.com/watch?v=lNZEgFPuUSU&t=350s

Há páginas de certos escritores que se podem dizer imortais, e, por isso mesmo, não é inoportuno recordá-las mais uma vez.

Assim é que lembro sempre com alegria a belíssima página em que o notável escritor Gustavo Corção comparou a sucessão dos tempos na Liturgia da Igreja com a famosa “tela de Penélope” que nós conhecemos da mitologia grega.

Ulisses, mitológico rei da ilha de Itaca, depois de tomar parte brilhantemente na guerra de Tróia, ao regressar à sua pátria desviou-se de sua rota no mar e foi vagando errante por lugares os mais diversos, durante um período de dez anos. São os famosos “errores de Ulisses”, descritos por Homero na Odisséia.

Na sua ausência e na medida que essa se prolongava, sua esposa Penélope foi procurada por vários pretendentes que desejavam casar-se com ela. Penélope, firme na fidelidade a seu marido, teve sempre força para recusar.

E, para afastar os pretendentes, explicava a cada um que só se casaria depois de terminar um trabalho que estava fazendo: estava tecendo uma toalha que iria levar muito tempo para terminar. E, sem que ninguém o soubesse, destecia em cada noite o trabalho feito durante o dia. Até que, finalmente, o marido voltou, para sua triunfante alegria.

A Igreja – comentou Corção – é a nobilíssima Penélope, que guarda indefectível fidelidade a seu divino Esposo, Cristo, até que ele volte no fim dos tempos. E vai tecendo e destecendo, ano por ano, a multicolorida toalha da Liturgia, recomeçando em cada Advento : roxo, branco, verde, roxo, branco, vermelho, verde, branco, roxo …de acordo com o tempo e as festas. É uma beleza para os olhos e para o espírito! Também as cores fazem catequese.

Agora estamos recomeçando o Advento, essa palavra que quer dizer “vinda” ou “chegada”. É o tempo da alegre expectativa da chegada de Cristo no Natal. E, sob essa influência é também preparação para a última chegada de Cristo, a vinda escatológíca da Parusia.

Esse olhar para o fim dos tempos é tema da primeira parte do Advento, que vai do primeiro domingo até o dia 16 de dezembro. Do dia 17 até o Natal é propriamente a preparação para a chegada de Jesus no Natal. É esse tempo tão característico de alegria e de celebração, a que, até, se deu o nome de “Semana Santa do Natal”.

 

O evangelho deste primeiro domingo é justamente o aviso da chegada do último dia. Não sabemos quando será esse dia. E, por isso mesmo, devemos estar sempre preparados. Não fazer como fizeram os homens do tempo de Noé.

Não atenderam aos avisos dele, que ia construindo a arca, e continuaram em suas festas e orgias, até que chegou o dilúvio, em que todos pereceram. A palavra “vigilância” é a tônica da mensagem evangélica: “Vigiai , pois não sabeis o dia em que vosso Senhor virá” (Mt 24,42).

Essa vigilância, como nos ensina São Paulo, deve ser feita de fidelidade ao que pede de nós o Senhor: “Rejeitemos as obras das trevas, cinjamos as armas da luz. Como convém ao dia, procedamos honestamente, sem orgias ou embriaguez, devassidão ou luxúria, contendas ou ciúmes. Revesti-vos, em vez disso, do Senhor Jesus Cristo, e não vos preocupeis com a carne, para satisfazer os seus desejos” (Rm 13,12-14).

Nossa vida cristã deve ser uma vida de luz. “Como convém ao dia”, explica São Paulo. Os malfeitores agem à noite. Quem faz o bem, age à luz do dia, E assim é o cristão. Ele não tem necessidade de se ocultar. Porque sempre procura fazer o bem. Preparando-se para o último dia, não com medo, mas com esperança.

O profeta Isaías, que nós lemos na missa de hoje, nos ajuda a criar esse clima de alegre esperança. Ele nos convida a caminhar na direção do monte de Sião – Jerusalém, símbolo da Igreja e do céu – para onde devem confluir todas as nações. E nos diz uma bonita palavra, ungida pela graça da poesia oriental:

guiados pela luz de Deus, supremo Juiz dos povos, os homens “fundirão suas espadas para fabricar relhas de arado, e fundirão suas lanças para fabricar foices”(ls 2,4).

Em vez da guerra, o trabalho e a paz. Essas palavras já são, na verdade, um belo anúncio do Natal, quando nasce o Príncipe da paz, e os anjos cantam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra”.

Leituras do I Domingo do Advento – Ano A:

1a) ls 2,1-5

2a) Rom13,11-14

3a) Mt 24,37-44