EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

TEMA: * O evangelho de hoje tem apenas três versículos (Mt 11,28-30)

1) Oração

Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé, rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mt 11, 28-30)

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.

3) Reflexão  – Situando

O Sermão da Missão ocupou o capítulo 10. A parte narrativa dos capítulos 11 e 12 descreve como Jesus realizava a Missão. Ao longo desses dois capítulos, aparece a contradição que a sua ação provocava. João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, não conseguiu entendê-lo (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não foi capaz de entendê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que julgavam tudo com base em sua própria ciência, não foram capazes de entender a pregação de Jesus (Mt 11,25). Nem os parentes o entenderam (Mt 12,46-50). Só os pequenos o entenderam e aceitaram a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30). Os outros queriam sacrifício, mas Jesus quer misericórdia (Mt 12,1-8). A reação contra Jesus levou os fariseus a quererem matá-lo (Mt 12,9-14). Eles chamaram Jesus de Beelzebu (Mt 12,22-32). Mas Jesus não voltou atrás, e continuou assumindo a missão de Servo, descrita nas profecias (Mt 12,15-21). Tudo isso era um reflexo do que se passava nas comunidades da época de Mateus. Certas atitudes, tomadas por alguns membros das comunidades da tendência dos fariseus, escandalizavam os pequenos. Estes já não se sentiam acolhidos na comunidade e procuravam outro abrigo. Novamente, Mateus oferece frases de Jesus para responder a esta problemática das comunidades.

* O evangelho de hoje tem apenas três versículos (Mt 11,28-30) que fazem parte de uma pequena unidade literária, uma das mais bonitas, na qual Jesus agradece ao Pai por ele revelar a sabedoria do Reino aos pequenos e por escondê-la aos doutores e entendidos (Mt 11,25-30). No breve comentário que segue incluiremos toda a pequena unidade literária.

* Mateus 11,25-26: Só os pequenos entendem e aceitam a Boa Nova do Reino. Jesus faz uma prece: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos. Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado um sistema de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus (Mt 23,3-4). Eles achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa para salvar-nos, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! Deus quer misericórdia e não sacrifício (Mt 9,13). O povo pequeno e pobre entendia esta fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios diziam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. Sim, Pai, assim foi do teu agrado! É do agrado do Pai que os pequenos entendam a mensagem do Reino e que os sábios e entendidos não o entendam! Se eles quiserem entendê-lo deverão fazer-se alunos dos pequenos! Este modo de pensar e ensinar subverte a convivência e incomoda.

* Mateus 11,27: A origem da nova Lei: o Filho conhece o Pai. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, porque estes se abrem para a sua mensagem. Jesus, o Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai nos queria comunicar quando, séculos atrás, entregou sua Lei a Moisés. Hoje também, Jesus está ensinando muita coisa aos pobres e pequenos e, através deles, à toda a sua Igreja. * Mateus 11,28-30: O convite de Jesus que vale até hoje. Jesus convida a todos que estão cansados para vir até ele, e lhes promete descanso. Nós, das comunidades de hoje, deveríamos ser a continuação deste mesmo convite que Jesus dirigia ao povo cansado e oprimido debaixo do peso das observâncias exigidas pelas leis de pureza. Ele dizia: Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os sábios e entendidos, os professores de religião da época, e comece a aprender dele, de Jesus, um camponês do interior da Galiléia, sem instrução superior, que se diz “manso e humilde de coração”. Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabia por experiência o que se passava no coração do povo e o que o povo sofria. Ele o viveu e conheceu de perto durante os trinta anos em Nazaré.

* O jeito de Jesus praticar o que ensinou no Sermão da Missão. Uma paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino. Paixão pelo Pai e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Onde encontrava gente para escutálo, Jesus transmitia a Boa Nova. Em qualquer lugar. Nas sinagogas durante a celebração da Palavra (Mt 4,23). Nas casas de amigos (Mt 13,36). Andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8). Ao longo do mar, à beira da praia, sentado num barco (Mt 13,1-3). Na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1). Nas praças das aldeias e cidades, onde o povo carregava seus doentes (Mt 14,34-36). Mesmo no Templo de Jerusalém, durante as romarias (Mt 26,55)! Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era e continua sendo uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida. O evangelho de hoje revela a ternura com que Jesus acolhia os pequenos. Ele queria que eles encontrassem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pequenos e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Sofreu muito! O mesmo acontece hoje. Quando uma comunidade se abre e procura ser um lugar de acolhida e consolo, de descanso e paz também para os pequenos e excluídos de hoje que os estrangeiros e imigrantes, muitas pessoas reclamam e criticam.

Comentando

Mt 11,25-26: Só os pequenos entendem e aceitam a Boa Nova do Reino

Jesus faz uma prece: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado!” Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado uma série de leis que impunham ao povo em nome de Deus. Eles achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa não é o que nós fazemos para Deus, e sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! O povo entendia a fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios achavam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento.

Mt 11,27: A origem da nova Lei: o Filho conhece o Pai

Jesus, o Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai queria quando, séculos atrás, entregou a Lei a Moisés. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revelou aos pequenos, porque estes se abriram para a sua mensagem. Hoje também, Jesus ensina muita coisa aos pobres e pequenos. Os sábios e inteligentes fariam bem ao se colocarem como alunos dos pequenos!

Mt 11,28-30: Jesus convida a todos que estão cansados

Jesus convida a todos que estão cansados para vir até ele e promete descanso. É o povo que vive cansado sob o peso dos impostos e das observâncias exigidas pelas leis de pureza. E ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os professores de religião da época e comece a aprender dele, de Jesus, que é “manso e humilde de coração”. Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência o que se passa no coração do povo e o que o povo sofre.

Alargando

O jeito de Jesus realizar o Sermão da Missão

Uma paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino: paixão pelo Pai e pelo povo pobre e abandonado. Onde encontra gente para escutá-lo, Jesus transmite a Boa Nova. Em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra (Mt 4,23); nas casas de amigos (Mt 13,36); andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8); ao longo do mar, à beira da praia, sentado num barco (Mt 13,1-3); na montanha, de onde proclama as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde o povo carrega seus doentes (Mt 14,34-36); mesmo no Templo de Jerusalém, durante as peregrinações (Mt 26,55). Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o anima por dentro. Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino. Ele mesmo é uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida.

O convite da Sabedoria Divina para todos os que a buscam

Jesus convida todos que estão sobrecarregados pelo peso das observâncias da Lei a encontrarem nele o descanso e a suavidade, pois ele é manso e humilde de coração, capaz de aliviar e consolar a gente sofrida, fatigada e abatida (Mt 11,25-30). Nesse convite, ressoam as palavras tão bonitas de Isaías que consolava o povo cansado do exílio (Is 55,1-3). Esse convite está relacionado com a Sabedoria Divina, que convida as pessoas para o encontro com ela (Eclo 24,19), dizendo que “seus caminhos são deliciosos e suas trilhas conduzem ao bem-estar” (Pr 3,17). Ela diz ainda: “A Sabedoria educa os seus filhos e cuida daqueles que a procuram. Quem tem amor a ela ama a vida, e os que madrugam para procurá-la ficarão cheios de alegria” (Eclo 4,11-12). Esse convite revela um traço muito importante do rosto feminino de Deus: a ternura e o acolhimento que consolam, revitalizam as pessoas e as levam a se sentirem bem. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado.

CONTEXTO

* O contexto do Capítulo 11 de Mateus, no qual aparece o evangelho de hoje.

No Evangelho de hoje, Jesus acolhe os pequenos e manifesta o desejo de que os pobres encontrem descanso e paz. Por causa desta sua opção pelos pobres e excluídos, Jesus foi criticado e perseguido. Muita gente não foi capaz de entendê-lo. O próprio João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, ficou na dúvida (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não soube como acolhê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram aceitar a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que julgavam tudo a partir da sua própria ciência, não foram capazes de entendê-lo (Mt 11,25). Só os pequenos o entendiam e aceitavam a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30).

* Mateus 11,25-26: O Evangelho revelado aos pequenos

Diante desta contradição que marcava a sua vida, Jesus fez esta prece: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos”.  Os sábios, os doutores, animados por uma ideia errada de Deus, tinham criado uma série de leis que eles impunham ao povo em nome de Deus. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa, não é o que nós fazemos para Deus, mas sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! O povo pobre, os pequenos, entendia esta mensagem de Jesus e ficava alegre. Os sábios achavam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento. E Jesus termina: Sim, Pai, assim foi do teu agrado!  É do agrado do Pai que os sábios e inteligente não entendam a mensagem. Se quiserem entende-lo, deverão fazer-se discípulos dos pequenos, dos pobres e excluídos.

* Mateus 11,27: O Filho conhece o Pai e o revela a quem ele quer

Jesus, como Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai queria quando, séculos atrás, entregou a Lei a Moisés. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o revelou a Jesus, e Jesus o revela aos pequenos, pois estes se abrem para a sua mensagem.

* Mateus 11,28-30: Vinde a mim vocês todos

Jesus convida a todos que estão cansados debaixo do peso das leis, das observâncias e dos impostos, e promete descanso. Ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os professores de religião da época e comece a aprender dele, de Jesus, que é “manso e humilde de coração”. Jesus não é como os escribas que se vangloriam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência o que se passa no povo e o que o povo sofre. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado!

* As comunidades da época de Mateus estavam numa travessia difícil e perigosa, saindo do mundo fechado das observâncias e dos sacrifícios para o mundo aberto do amor e da misericórdia. Também nós estamos numa travessia difícil para um novo tempo e uma nova maneira de sermos cristãos. O evangelho de hoje é um espelho do que se passa nas nossas comunidades. Nós também queremos que as nossas comunidades sejam um abrigo que o Pai oferece ao povo cansado e pobre. Para isto é importante que deixemos que o Pai tome conta de nossas vidas e que possamos dizer com Jesus: “Nós, filhos e filhas, conhecemos o Pai, e o Pai nos conhece!” Só assim poderemos ser uma presença contemplativa e profética no meio do povo pobre.

4) Para um confronto pessoal

1) Você já experimentou alguma vez o descanse que Jesus prometeu?

2) Como as palavras de Jesus podem ajudar a nossa comunidade a ser um lugar de descanso para as nossas vidas?

3) A ciência pode ajudar e pode impedir de reconhecer e acolher a mensagem de Jesus. O que mais predomina na minha vida?

4) Os pequenos entendem e aceitam a mensagem. Já aprendi deles algo que eu não sabia?

5) Oração final

Em ti está a fonte da vida e à tua luz vemos a luz. Concede sempre a tua graça a quem te conhece, e a tua justiça aos retos de coração. (Sl 35)