EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

QUEM ESTÁ AÍ? SOU EU! ENTRE NÓS ESTÁ E NÃO O CONHECEMOS – MATEUS 25,31-46

1) Oração

Convertei-nos, ó Deus, nosso salvador, e, para que a celebração da Quaresma nos seja útil, iluminai-nos com a doutrina celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Mateus 25, 31-46)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 31Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. 32Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o Rei dirá aos que estão à direita: – Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, 35porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; 36nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. 37Perguntar-lhe-ão os justos: – Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? 39Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? 40Responderá o Rei: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes. 41Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda e lhes dirá: – Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. 42Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; 43era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes. 44Também estes lhe perguntarão: – Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos? 45E ele responderá: – Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. 46E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna. – Palavra da salvação.

3) Reflexão

*  O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés. Como Moisés, Jesus promulgou a Lei Deus. Como a antiga Lei, assim a nova lei dada por Jesus tem cinco livros ou discursos. O Sermão da Montanha (Mt 5,1 a 7,27), o primeiro discurso, abriu com as oito bem-aventuranças. O Sermão da Vigilância (Mt 24,1 a 25,46), o quinto e último discurso, encerra com a descrição do Juízo Final. As bem-aventuranças descreveram a porta de entrada para o Reino de Deus, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). A parábola do Juízo Final conta o que devemos fazer para poder tomar posse do Reino: acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem roupa, os doentes e os prisioneiros (Mt 25,35-36). Tanto no começo como no fim da Nova Lei, estão os excluídos e marginalizados.

*  Mateus 25,31-33Abertura do Juízo final. O Filho do Homem reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não erra: ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe discernir bons e maus. Jesus não julga nem condena (cf. Jo 3,17; 12,47). Ele apenas separa. É a própria pessoa que se julga ou se condena pela maneira como se comportou com relação aos pequenos e excluídos.

*  Mateus 25,34-36A sentença para os que estiverem à direita do Juiz.  Os que estão à sua direita são chamados de “Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a bênção que Deus prometeu à Abraão e à sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este: “Tive fome e sede, era estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me acolheram e ajudaram!” Esta sentença nos faz saber quem são as ovelhas. São as pessoas que acolheram o próprio Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. E pelo jeito de falar “meu Pai” e “Filho do Homem”, ficamos sabendo que o Juiz é o próprio Jesus. Ele se identifica com os pequenos!

*  Mateus 25,37-40Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz:  Os que acolheram os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas sim acolhendo os necessitados. Mas o curioso é que os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: “Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!” Quem são estes “meus irmãos mais pequeninos”? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões “meus irmãos” e “pequeninos” indicam os discípulos (Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14; 28,10). Indicam também os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. No contexto tão amplo desta parábola final, a expressão “meus irmãos mais pequeninos” se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os “justos” e os “benditos de meu Pai” são todas as pessoas de todas as nações que acolhem o outro na total gratuidade, independente do fato de ser cristão ou não.

*  Mateus 25,41-43A sentença para os que estiverem à sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados de “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não vão entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram Jesus faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos impede de entrar no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a cegueira que nos impede de ver Jesus nos pequeninos.

*  Mateus 25,44-46Um pedido de esclarecimento e a resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente bem comportada, pessoas que têm a consciência em paz. Estão certas de terem praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham quando o Juiz diz que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A omissão! Não fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos e de acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!

4) Para um confronto pessoal

1) O que mais chamou a sua atenção nesta parábola do Juízo Final?

2) Pare e pense: se o Juízo final fosse hoje, você estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?

5) Oração final

Os preceitos do Senhor são retos, deleitam o coração; o mandamento do Senhor é luminoso, esclarece os olhos. (Sl 18, 9)

 

 

 

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

QUEM ESTÁ AÍ? SOU EU! ENTRE NÓS ESTÁ E NÃO O CONHECEMOS – MATEUS 25,31-46

  1. SITUANDO

O Sermão da Montanha, o primeiro livro da Nova Lei, abriu com as oito bem aventuranças. O Sermão da Vigilância, o quinto e último livro da Nova Lei, encerra com a parábola que descreve o juízo final. As bem-aventuranças descrevem o portão de entrada para o Reino, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça. A parábola do juízo final conta o que devemos fazer para poder tomar posse do Reino, a saber, acolher os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os sem roupa, os doentes e os prisioneiros. No começo e no fim da Nova Lei estão os excluídos e marginalizados, estão os que procuram acabar com a exclusão.

No fim do século I, as comunidades cristãs eram uma minoria. Vistas do  lado de fora, pareciam grupos dissidentes dentro do mundo judeu. Ainda não tinham lideranças próprias organizadas. Seus superiores jurídicos ainda eram os escribas e os fariseus.  O que havia eram missionários e missionárias ambulantes que passavam pelas comunidades para animá-las a continuar firmes na nova maneira de viver a Lei de Deus. Estes missionários eram pessoas simples, leigas, sem muita instrução. Por isso, eram desprezadas e perseguidas pelas lideranças dos judeus. Passavam fome e sede e,  muitas vezes, eram jogadas na prisão. Esta situação é o pano de fundo da parábola do juízo final.

  1. COMENTANDO
  • Mateus 25,31-33: Abertura do julgamento final

Chegou a hora do julgamento. O Filho do Homem aparece e reúne ao seu redor todas as nações do mundo. Separa as pessoas como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não erra: ovelhas à direita, cabritos à esquerda. Jesus não erra. Ele sabe discernir bons e maus. Jesus não julga, nem condena. Ele apenas separa. É a pessoa que se julga e se condena pelo seu relacionamento com os pequenos.

  • Mateus 25,34-36: Sentença para os que estiverem à sua direita

Os que estão à sua direita são chamados “Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a bênção que Deus prometeu a Abraão e à sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este: “Tive fome e sede, era estrangeiro, nu, doente e preso, e vocês me ajudaram!” A parábola tem um suspense. Até agora não se disse quem são as ovelhas que ficam à direita do Juiz. Sabemos apenas que elas acolheram o Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. E, pelo jeito de falar, “meu Pai” e “Filho do Homem”, sabemos também que o Juiz é Jesus.

  • Mateus 25,37-40: O esclarecimento do Juiz – O vigário de Cristo é o pobre

Os que acolheram os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas sim acolhendo os necessitados. Mas os próprios justos não sabem quando foi que acolheram Jesus necessitado. Jesus responde: “Toda vez que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes!” Quem são estes “meus irmãos mais pequeninos”? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões “meus irmãos” e “pequeninos” indicam os discípulos (Mt 10,42; 12,48-50; 18,6.10.14; 28,10). São os membros mais abandonados da comunidade, os desprezados que não recebem lugar e não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles. Mas não é só isto. Aqui no contexto tão amplo desta parábola final, a expressão “meus irmãos mais pequeninos” se alarga e inclui todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os “justos” e os “benditos de meu Pai” são todas as pessoas que acolhem o outro na total gratuidade, independentemente do fato de ser cristão ou não.

  • Mateus 25,41-43: Sentença para os que estiverem à sua esquerda

Os que estão do outro lado do Juiz são chamados de “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não entram no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolhem Jesus faminto, sedento, estrangeiro, nu, doente e preso. Não é Jesus que nos impede de entrar no Reino, mas sim a nossa prática de não acolher o outro, a cegueira que nos impede de ver Jesus nos pequeninos.

  • Mateus 25,44-46: Pedido de esclarecimento e resposta do Juiz

O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente comportada, pessoa que têm a consciência em paz. Estão certas de terem praticado sempre o que Deus pedia delas. Por isso estranham quando o Juiz diz que não o escolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram!” A omissão! Não fizeram coisas más! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequeninos e de acolher os excluídos. E segue a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e os justos para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!

 

  1. ALARGANDO

Os quatro evangelhos são o álbum de fotografias do novo povo de Deus. Neles os primeiros cristãos conservaram para nós as fotos mais bonitas de Jesus. Eles conservavam as palavras de Jesus não como palavras de alguém do passado. Para eles, Jesus não era uma pessoa falecida de saudosa memória, mas sim alguém bem vivo no meio deles. Quando liam ou ouviam as palavras do Evangelho, não as escutavam como se fossem palavras de 20 ou 30 anos atrás, gravadas numa fita, mas sim como palavras que este Jesus, vivo e presente, diria a eles naquele momento. Assim, no texto de hoje, este mesmo Jesus aponta os pobres e os excluídos e nos diz: “SOU EU!”