Lc 24, 13-35 – No Partir do Pão –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CMVÍDEO NO PARTIR DO PÃO

https://www.youtube.com/watch?v=_YGR-ygiAx8&t=464s

                                                                                      Pe. Lucas – No Partir do Pão – Lc 24, 13-35 –Sabemos todos que o principal argumento para demonstrar a Ressurreição de Jesus não é o fato de o sepulcro ter sido encontrado vazio, como encontraram Maria Madalena com suas companheiras, e os apóstolos Pedro e João. A rigor se poderiam imaginar outras hipóteses para explicar essa ausência do corpo lá onde ele tinha sido sepultado.Até a hipótese de um piedoso furto, como quiseram forjar os sumos sacerdotes, pagando uma vistosa quantia aos soldados que ficaram de guarda para dizerem que, enquanto eles estavam dormindo, tinham vindo os discípulos e tinham levado o corpo. Mateus o conta, acrescentando que a notícia correra o mundo até aos dias em que se estava escrevendo o evangelho (Mt 28, 12-15) .Santo Agostinho ironiza sobre essa “infeliz astúcia” de apresentarem testemunhas que estavam dormindo.A declaração do anjo às piedosas mulheres já encaminha a solução verdadeira: Jesus ressuscitou. E não deve ser procurado entre os mortos, pois Ele está vivo. Porém a grande prova de que Jesus havia ressuscitado são as numerosas aparições que foram acontecendo. A várias pessoas e em vários lugares. Por isso é que a Igreja nos vai recordando várias delas, no decorrer da celebração da liturgia do Tempo Pascal.Maravilhosa é entre todas a aparição a dois discípulos no caminho de Emaús, no próprio dia da Ressurreição. A narração de São Lucas é tão bela e tão impregnada de sua grande sabedoria de psicólogo, que, como nota o Padre Ricciotti na sua “Vida de Jesus”, seria uma grande perda tentar apresentá-la em outra redação. O melhor é lê-Ia uma e mais vezes na primorosa redação de Lucas (Lc 24, 13- 35). Na Liturgia ela é lida nas missas vespertinas do próprio dia de Páscoa e no terceiro domingo da Páscoa. Vale a pena ler e reler.E nessa leitura iremos descobrir uma agradável verdade, que vale também para a leitura das outras aparições: Jesus continua a pregação do Evangelho nesta sua segunda vida. E prega, nos quarenta dias em que se fez ver ainda na terra, coisas maravilhosas. E prega maravilhosamente.Vamos salientar três grandes verdades que aparecem no encontro com os discípulos no caminho de Emaús. A primeira verdade é que não nos devemos apoiar em falsas esperanças. “Nós esperávamos -disseram os discípulos -que seria Ele quem iria redimir Israel” (Lc 24,21 ).Era aquela falsa esperança de que Jesus fosse um Messias político, que iria libertar Israel do jugo dos romanos. Apesar das muitas vezes em que Jesus tinha falado do verdadeiro sentido de sua missão, muitos não tinham sido capazes de entender.E assim se sentiam profundamente desiludidos com a morte de Jesus, de maneira tão humilhante e tão dolorosa. E, como não tinham ainda notícia da Ressurreição -por enquanto eram só boatos ouvidos das mulheres -sentiam- se desolados.Todos nós podemos estar sujeitos a alimentar também falsas esperanças. E podemos encontrar em nosso caminho muita gente desiludida na fé e na religião, por se ter baseado em falsas interpretações da verdade. Cabe ao zelo do coração cristão tirar caridosamente tais pessoas de sua posição equivocada, e iluminar-lhes o espírito, como fez o divino “Peregrino” do caminho de Emaús.O recurso para isso -e é a segunda verdade que o episódio nos ensina -é a Palavra de Deus, exatamente como fez Jesus, “começando por Moisés e por todos os profetas” (v. 27).Hoje temos, além de Moisés e dos profetas, toda a riqueza dos evangelhos e de todo o Novo Testamento. É a mina inesgotável da Palavra, que a Igreja nos põe nas mãos. Nenhuma fonte mais rica nem mais consoladora do que essa “para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça”, como se lê na segunda carta a Timóteo (2 Tm 3, 16) .O verdadeiro cristão deve estar bem familiarizado com a Palavra de Deus, para ser capaz de sugerir no momento oportuno o remédio a quem sofre a tristeza e o desânimo. E quem souber usar sabiamente desse remédio, fará prodígios.E há uma terceira lição: conheceram a Jesus no partir do pão. No rito familiar de “abençoar o pão, parti-lo e distribuí-lo”, viram que era Jesus que estava com eles.Assim acontecerá conosco, se convivermos fraternalmente com nossos irmãos e – especialmente! – se soubermos repartir o pão a quem estiver precisando. Jesus estará conosco de verdade!Leituras do III Domingo da Páscoa -Ano A:

1a)At 2, 14.22-28

2a) 1Pdr 1, 17-21

3a) Lc 24, 13-35

Lc 24, 13-35 – Aparição de Jesus aos discípulos de Emaús

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

1) Oração

2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)

3) Reflexão Lucas 24,13-35

O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.

Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: “De que estão falando?” A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. “Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas…”. Qual é hoje a conversa do povo que sofre? O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.

Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”. O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés. O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!

4) Para um confronto pessoal

1-Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas…!”?2-Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?5) Oração final

Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)