(Mt 5,13-16) – Instrução sobre a missão da Comunidade. Ela deve ser sal da terra e luz do mundo – Pe. Lucas

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Terça-feira da 10ª Semana do Tempo Comum

1) Oração

Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho  (Mateus 5,13-16)

13Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. 14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha 15nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. 16Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.3) Reflexão – Mt 5,13-16

Ontem, meditando as oito bem-aventuranças, passamos pelo portão de entrada do Sermão da Montanha (Mt 5,1-12). No evangelho de hoje recebemos uma importante instrução sobre a missão da Comunidade. Ela deve ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16). Sal não existe para si, mas para dar sabor à comida. Luz não existe para si, mas para iluminar o caminho. A comunidade não existe para si, mas para servir ao povo. Na época em que Mateus escrevia o seu evangelho, esta missão estava sendo difícil para as comunidades dos judeus convertidas. Apesar de viverem na observância fiel da lei de Moisés, elas estavam sendo expulsas das sinagogas, cortadas do seu passado judeu. Enquanto isso, entre os pagãos convertidos alguns diziam: “Depois que Jesus veio, a Lei de Moisés está superada”. Tudo isto era causa de tensões e incertezas. A abertura de uns parecia criticar a observância dos outros, e vice-versa. Este conflito gerou uma crise que levou cada um a se fechar na sua própria posição. Uns querendo avançar, outros querendo colocar a luz debaixo da mesa. Muitos se perguntavam: “Afinal, qual a nossa missão?” Lembrando e atualizando as palavras de Jesus, o Evangelho de Mateus procura ajudá-los:

Mateus 5,13-16Sal da terra.

Usando imagens do quotidiano, com palavras simples e diretas, Jesus faz saber qual a missão e a razão de ser de uma comunidade cristã: ser sal. Naquele tempo, com o calor que fazia, o povo e os animais precisavam de consumir muito sal. O sal, entregue pelo fornecedor em grandes blocos colocados em praça pública, ia sendo consumido pelo povo. No fim, aquilo que sobrava ficava espalhado como poeira no chão, tinha perdido o gosto. “Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens”.  Jesus evoca este costume para esclarecer os discípulos e as discípulas sobre a missão que devem realizar.Mateus 5,14-16Luz do mundo.

A comparação é obvia. Ninguém acende uma vela para colocá-la debaixo de um caixote. Uma cidade situada em cima de um morro não consegue ficar escondida. A comunidade deve ser luz, deve iluminar. Não deve ter medo que apareça o bem que faz. Não o faz para aparecer, mas o que faz pode aparecer. Sal não existe para si. Luz não existe para si! Assim deve ser a comunidade: ela não pode fechar-se sobre si mesma. “Que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.”Mateus 5,17-19Nenhuma vírgula da lei vai cair.

Entre os judeus convertidos havia duas tendências. Uns achavam que já não era necessário observar as leis do AT, pois é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros achavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1-2). Em cada uma das duas tendências havia grupos mais radicais. Diante deste conflito, Mateus procura um equilíbrio para além dos dois extremos. A comunidade deve ser o espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continuava bem atual: “Não vim abolir a lei, mas dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podem ser contra a Lei, nem podem fechar-se dentro da observância da lei. Como Jesus, devem dar um passo e mostrar, na prática, que o objetivo que a lei quer alcançar na vida é a prática perfeita do amor.As várias tendências nas primeiras comunidades cristãs. O plano de salvação tem três etapas unidas entre si pelo chão da vida: 1) O Antigo Testamento: a caminhada do povo hebreu, orientada pela Lei de Deus. 2) A vida de Jesus de Nazaré: ele renova a Lei de Moisés a partir da sua experiência de Deus como Pai/Mãe. 3) A vida das Comunidades: através do Espírito de Jesus, elas procuram viver a vida como Jesus a viveu. A unidade destas três etapas gera a certeza de fé de que Deus está no meio de nós. As tentativas de quebrar ou de enfraquecer a unidade deste plano de salvação geravam os vários grupos e tendências nas comunidades:

  1. Os fariseus não reconheciam Jesus como Messias e aceitavam só o AT. Dentro das comunidades havia gente simpatizante com a linha dos fariseus (At 15,5)

  1. Alguns judeus convertidos aceitavam Jesus como Messias, mas não aceitavam a liberdade do Espírito com que as comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. (At 15,1).
  2. Outros, tanto judeus como pagãos convertidos, achavam que com Jesus tinha chegado o fim do AT. Daqui para a frente, só Jesus e a vida no Espírito.
  3. Havia ainda cristãos que viviam tão plenamente a vida na liberdade do Espírito, que já não olhavam mais para a vida de Jesus de Nazaré nem para o Antigo Testamento (1Cor 12,3).
  4. Ora, a grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem ser separados. Os três fazem parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré.

4) Para um confronto pessoal

  1. Para você, na sua experiência de vida, para que serve o sal? Sua comunidade está sendo sal? Para você, o que significa a luz na sua vida? De que maneira sua comunidade está sendo Luz?
  2. Como as pessoas do bairro vêem a sua comunidade? Sua comunidade exerce alguma atração? É sinal? Sinal de que? Para quem?

 

5) Oração final

Quando vos invoco, respondei-me, ó Deus de minha justiça, vós que na hora da angústia me reconfortastes. Tende piedade de mim e ouvi minha oração. (Sl 4, 2)

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Terça-feira da 10ª Semana do Tempo Comum

O SAL E A LUZ

Já foi dito com muita razão que as coisas mais pequeninas e mais humildes adquirem uma especial grandeza, quando usadas por Jesus em suas parábolas. É ocaso da rede de pesca, da ovelha, das florinhas do campo, dos pássaros, das moedlnhas usadas pelo povo. Hoje estamos relendo na Liturgia as duas belas imagens com que Jesus comparou seus discípulos: o sal e a luz. Fazem parte do sermão da montanha, e estão sempre presentes na pregação da 19reja, tão preciosas e tão ricas de oportunidade elas se apresentam (cfr Mt 5,13-16). São comparações que se completam. Sal parece significar uma influência mais íntima, que penetra no interior das pessoas. Enquanto a luz – embora mais bela e mais brilhante – parece prestar-se mais para indicar uma influência externa. Uma e outra, porém, chamam a atenção dos discípulos sobre sua responsabilidade de influir beneficamente na comunidade. Valem como duas pequenas parábolas.

O sal é feito para dar gosto aos alimentos. Tanto que a palavra “Insulso” ou “insosso” quer dizer justamente “sem sal”. Donde dizer “sal insosso” é o mesmo que dizer “sai sem sal”. Um paradoxo, como quis exatamente dizer Jesus aos seus ouvintes: “Se o sal perder o gosto …’! O discípulo de Cristo que pelo mau exemplo de sua vida fosse a negação do espírito do Evangelho, e não transmitisse à comunidade o sabor dos ensinamentos do Divino Mestre, seria um sal sem sal”. Não prestaria para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado por todos.

Mas há uma consideração mais profunda, que não podemos deixar de fazer sobre o sal. É ele que tempera os alimentos. “Temperar” quer dizer dar gosto justo; nem sal demais, em sal de menos. Elevem a significar, então, que o discípulo de Cristo deve representar na comunidade o equilíbrio, o bom senso, a prudência própria do homem sábio.

Não pode ser o homem dos excessos, dos radicalismos da esquerda ou da direita; mas o homem da harmonia e da tranqüilidade da paz. E a Igreja como um todo, com esse tempero espiritual, concorrerá, para o equilíbrio do mundo, para que não haja guerras nem conflitos de qualquer natureza, e para que reine a justiça em todas as modalidades do relacionamento humano: na política, na economia, no bem-estar da comunidade.

E Jesus disse também: “Vós sois a luz do mundo”. Naturalmente, um reflexo da grande luz da verdade e da santidade, que é o próprio Cristo. Acende-se uma luz para que ilumine. Ninguém acende uma lâmpada para escondê-la debaixo de uma vasilha, mas para colocá-la em lugar alto, a fim de que brilhe para todos os que estão na casa. Ninguém deve fazer o bem com a finalidade de ser visto. Seria vaidade e ostentação que Jesus reprova em outro lugar do Evangelho. Mas, por outro lado, sua vida deve sertão digna e tão pura, que possa servir de luz para o caminho dos outros. E Jesus acompanhou sua lição com um exemplo, que se diria inspirado na hora, observador sensível como Ele era. Do lugar presumível em que Ele falava, viam-se ao longe pequenos povoados, situados no alto da montanha e iluminados pela luz do sol que neles se refletia. Um gentil espetáculo de beleza! E Ele disse: “Não pode ficar escondida uma cidade que está no alto de um monte”. Assim brilhará a luz dos cristãos no meio do mundo. E todos glorificarão o Pai que está no céu.

E aqui nós podemos pensar não apenas na beleza do comportamento exemplar de cada cristão, mas no esplendor que ( é a visão da Igreja inteira, pela multiplicação da claridade das luzes que brilham em cada um. Ela se torna no coração da História essa grande montanha iluminada da visão dos profetas. Como de Isaías, quando disse: “Surge e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz, e a glória do Senhor se levantou sobre ti” (Is 60, 1 )! Na verdade, a beleza da Igreja não consiste em primeiro lugar no esplendor de seus templos e na esplêndida riqueza da arte sacra que os enobrece. Nem mesmo na beleza do ritmo de sua liturgia em que trabalhou a sabedoria dos séculos ao longo de todo o desenvolvimento do cristianismo. A verdadeira beleza da Igreja é feita do coração de seus filhos, onde se cultiva a fidelidade ao Evangelho e o compromisso total com a pessoa de Jesus Cristo. Esse Cristo que é de ontem, de hoje e de sempre!

Leituras do V Domingo do Tempo Comum

1a) ls58,7-10

2a) 1Cor2,1-5

3a) Mt5,13-16

 

Jo 17, 11b-23 – Jesus diz que o dom do Espírito Santo só é dado a quem o pede na oração – Pe. Lucas

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E  ILUSTRAÇOES DE PADRE LUCAS DE PAULA ALMEIDA

                           Terça-feira da IXª Semana da Páscoa   

1) Oração

Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só alma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Jo 17, 11b-23)

11Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. 12Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. 14Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 15Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. 16Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 17Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade. 20.Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.21.Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.22.Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:23.eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.3) Reflexão – Jo 17,11b-23

* Estamos na novena de Pentecostes, aguardando a vinda do Espírito Santo. Jesus diz que o dom do Espírito Santo só é dado a quem o pede na oração (Lc 11,13). No cenáculo, durante nove dias, desde a ascensão até pentecostes, os apóstolos perseveraram na oração junto com Maria a mãe de Jesus (At 1,14). Por isso conseguiram em abundância o dom do Espírito Santo (At 2,4). O evangelho de hoje continua colocando diante de nós a Oração Sacerdotal de Jesus. É um texto bem bem apropriado para nos preparar nestes dias para a vinda do Espírito Santo em nossas vidas.* João 17, 11b-12: Guarda-os em teu nome!

Jesus transforma a sua preocupação em prece: “Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós!” Tudo que Jesus fez em toda a sua vida, ele o fez em Nome de Deus. Jesus é a manifestação do Nome de Deus. O Nome de Deus é Javé, JHWH. No tempo de Jesus, este Nome era pronunciado como Adonai, Kyrios, Senhor. No sermão de Pentecostes, Pedro disse que Jesus, pela sua ressurreição, foi constituído Senhor : “Portanto, que todo o povo de Israel fique bem ciente que a esse mesmo Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Messias”.(At 2,36)E Paulo diz que isto foi feito “para que todos proclamem, para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2,11). É o “Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9), JHWH ou Javé, o Nome de Deus, recebeu um rosto concreto em Jesus de Nazaré! É em torno a este Nome que deve ser construída a unidade: Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós. Jesus quer a unidade das comunidades, para que possam resistir frente ao mundo que as odeia e persegue. Povo unido ao redor do Nome de Jesus jamais será vencido!* João 17,13-16: Que tenham a plenitude da minha alegria

Jesus está se despedindo. Vai partir em breve. Os discípulos e as discípulas continuam no mundo, vão ser perseguidos, terão aflições. Por isso estão tristes. Jesus quer que tenham alegria plena. Eles vão ter que continuar no mundo sem fazer parte do mundo. Isto significa, bem concretamente, viver no sistema do império, seja ele romano ou neo-liberal, sem se deixar contaminar por ele. Como Jesus e com Jesus devem viver na contra-mão do mundo.* João 17,17-19: Como tu me enviaste, eu os envio ao mundo

Jesus pede que sejam consagrados na verdade. Isto é, que sejam capazes de dedicar toda a sua vida para testemunhar suas convicções a respeito de Jesus e de Deus como Pai. Jesus se santificou na medida em que, durante a sua vida, revelava o Pai. Ele pede que os discípulos e as discípulas entrem no mesmo processo de santificação. A missão deles é a mesma de Jesus. Eles se santificam na mesma medida em que, vivendo o amor, revelam Jesus e o Pai. Santificar-se significa tornar-se humano como Jesus foi humano. Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”. Por isso devem viver na contra-mão do mundo, pois o sistema do mundo desumaniza a vida humana e a torna contrária às intenções do Criador.       4) Para confronto pessoal

1) Jesus viveu no mundo, mas não era do mundo. Viveu na contra-mão do sistema e, por isso, foi perseguido e morto. E eu? Será que vivo na contra-mão do sistema de hoje, ou adapto minha fé ao sistema?2) Preparação para Pentecostes. Invocar o dom do Espírito Santo, o Espírito que animou a Jesus. Nesta novena de preparação a Pentecostes convém tirar um tempo para pedir o dom do Espírito de Jesus. 5) Oração final

Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta.Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei (Sl 15,7-8).