Lc 9,11b-17 – SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO “CORPUS CHRISTI” –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões, ilustrações e vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO “CORPUS CHRISTI”

TANTUM ERGO SACRAMENTUM…

Numa das leituras do antigo oficio das matinas da festa do Corpo de Deus, Santo Tomás de Aquino incluíra esta bela palavra do livro do Deuteronômio: “Não há nenhum povo que tenha seus deuses tão perto de si como temos perto de nós o nosso Deus” (Dt 4,7). Pois esse privilégio de que justamente se gloriavam os israelitas, a Igreja de Cristo o tem de um modo imensamente mais profundo. E de modo singular isso se verifica no mistério da Eucaristia, onde está presente, sob os sinais do pão e do vinho, nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, centro e ápice de toda a História da Salvação. Nele os cristãos participam dos bens trazidos ao mundo pelo Mistério Pascal e renovam sua aliança com Deus – e Eucaristia é o sacrifício da Nova Aliança- prefigurando e antecipando na fé e na esperança o banquete do Reino do Céu.Tudo isso celebramos na festa de Corpus Christi. Nessa festa lembramos com a Igreja a bela imagem do livro dos Provérbios: “A Sabedoria edificou sua casa, ergueu sete colunas, preparou o banquete, misturou o vinho e pôs a mesa e mandou fazer convites por toda a cidade” (Pr 9, 1-3). Cristo é a Sabedoria encarnada, que prepara para nós a mesa da Eucaristia. Mas nessa mesa Ele é ao mesmo tempo o anfitrião e a refeição. O “Pão vivo descido do céu” (Jo 6, 51 ), de maneira misteriosa, se faz o alimento dos filhos de Deus: “Eis o pão que os anjos comem – transformado em Pão do homem”, como canta a Igreja com palavras do mesmo Tomás de Aquino, na “seqüência” da missa de Corpus Christi. Ele que dissera “minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida” (Ibid. , v 55), descobriu na sua infinita sabedoria e no seu imenso amor, o modo de nos fazer participar desse alimento. Não numa grosseira forma antropofágica, como pensaram tresloucadamente os judeus na sua má vontade de escutá-lo, mas nesse misterioso modo de uma refeição sacramental: “Pão e vinho, eis o que vemos – mas ao Cristo é que nós temos – em tão ínfimos sinais” (Seqüência). Como disse magistralmente São Paulo, “o cálice da bênção que nós abençoamos não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão com o corpo do Senhor?” (1Cor 10,16).Participando da mesa da Eucaristia, nós somos aqueles filhos que, “como rebentos de oliveira ao redor da mesa paterna”, anunciam a harmonia da família (SI 127). Pois aqueles que se reúnem na comunhão da mesa de Cristo, não podem deixar de viver unidos na comunhão com seus irmãos. E a Eucaristia nos dá força para isso. Pela nossa participação na missa em primeiro lugar; e também pelas manifestações de fé e de amor com que nos aproximamos da presença permanente do Senhor no sacramento. Por essa presença prolongada para além do momento da celebração da missa, Cristo está sempre conosco. Realiza de um modo original seu nome de “Emanuel – Deus-Conosco”. Enche de santidade o recinto de nossas igrejas. E ainda abençoa a cidade dos homens, passeando pelas nossas ruas nas procissões eucarísticas, tão do gosto da piedade popular, toda feita de carinho e simplicidade.

A esse Cristo eucarístico Belo Horizonte honrou num turbilhão de alegria e de fé, quando, em 1936, aqui se celebrou o II Congresso Eucarístico Nacional. Estas montanhas de Minas se transformaram num imenso altar. Como se fosse um Sinai da manifestação de Deus, um Tabor da glorificação de Jesus, um Calvário de sua morte redentora, já transfigurada pela Ressurreição, que a missa revive no mistério da liturgia. Ao pé desse altar veio louvar a Deus todo o Brasil, representado pelos milhares de peregrinos da Eucaristia, que aqui aportaram e conosco rezaram, cantaram e cresceram na fé.Nesse dia, como nunca, as ruas de Belo Horizonte se tornaram caminho de Deus, pela passagem de Cristo presente na hóstia sagrada, realizando o que tão magnificamente cantou o monge-poeta Dom Marcos Barbosa: !’À direita de Deus sentado em glória – passeia pela terra feito pão; – vai esmagando as rosas em tapetes – revestido de incenso e de hosanas” (Poemas do Reino de Deus).“A tão grande sacramento – vamos adorar”.LEITURAS para a Solenidade de Corpus Christi –

1a) Gn 14, 18-20

2a) 1 Cor 11, 23-26

3a) Lc 9,11b-17