Mateus 18, 21-35 – Perdoar setenta vezes sete! o que significa isso?

Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos-

– O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e Ilustrações – Pe. Lucas de Paula Almeida, cm

Domingo da 24ª Semana do Tempo Comum

Perdoar setenta vezes sete! o que significa isso? Mateus 18, 21-35

Perdão, Senhor, Para Vosso Povo

L. e M.: Pe. Lucas de Paula Almeida
Tom: F
Dm Gm A7 Dm
Perdão, Senhor/ para o vosso povo
Dm Gm A7 Dm D7
Perdão, Senhor/ para o vosso povo
Gm C7 F Gm Bb Dm
1- Perdão, Senhor/ por termos preferido confiar em nossa fraqueza
Gm A7 Dm
Sem saber que sois a fortaleza!
Gm C7 F Gm Bb Dm
2- Perdão, Senhor/ por termos preferido recusar a vossa verdade
Gm A7 Dm
Sem saber que ela é liberdade!
Gm C7 F Gm Bb Dm
3- Perdão, Senhor/ por termos tantas vezes caminhado sem esperança
Gm A7 Dm
Sem saber que sois a segurança!

             Perdoar setenta vezes sete! o que significa isso? Mateus 18, 21-35

                                              Terça-feira da 3ª Semana da Quaresma1) Oração

Ó Deus, que a vossa graça não nos abandone,mas nos faça dedicados ao vosso serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Mateus 18, 21-35)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. – Palavra da salvação.3)Momento de reflexão

* O Evangelho de hoje fala da necessidade do perdão. Não é fácil perdoar. Pois certas mágoas continuam machucando o coração.Há pessoas que dizem: “Eu perdôo, mas não esqueço!” Rancor, tensões, brigas, opiniões diferentes, ofensas, provocações dificultam o perdão e a reconciliação. Vamos meditar as palavras de Jesus que falam da reconciliação (Mt 18,21-22) e que trazem a parábola do perdão sem limites (Mt 18,23-35).* Mateus 18,21-22: Perdoar setenta vezes sete!. Jesus tinha falado sobre a importância do perdão e sobre a necessidade de saber acolher os irmãos e as irmãs para ajudá-los a se reconciliar com a comunidade (Mt 18,15-20). Diante destas palavras de Jesus, Pedro pergunta: “Quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?” O número sete indica uma perfeição. No caso, era sinônimo de sempre. Jesus vai mais longe do que a proposta de Pedro. Ele elimina todo e qualquer possível limite para o perdão: “Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete!” Ou seja, setenta vezes sempre! Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que nós devemos oferecer ao irmão, como ensinará a parábola do perdão sem limites.* A expressão setenta vezes sete era uma alusão clara às palavras de Lamec que dizia: “Por uma ferida, eu matei um homem, e por uma cicatriz matei um jovem. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta vezes sete” (Gn 4,23-24).Jesus quer reverter a espiral da violência que entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva, pelo assassinato de Abel por Caim e pela vingança de Lamec. Quando a violência desenfreada toma conta da vida, tudo desanda e a vida se desintegra. Surge o Dilúvio e aparece a Torre de Babel da dominação universal (Gn 2,1 a 11,32).* Mateus 18,23-35: A parábola do perdão sem limite. A dívida de dez mil talentos valia em torno de 164 toneladas de ouro. A dívida de cem denários valia 30 gramas de ouro. Não existe meio de comparação entre os dois! Mesmo que o devedor junto com mulher e filhos fossem trabalhar a vida inteira, jamais seriam capazes de juntar 164 toneladas de ouro.Diante do amor de Deus que perdoa gratuitamente nossa dívida de 164 toneladas de ouro, é nada mais do que justo que também nós perdoemos ao irmão a insignificante dívida de 30 gramas de ouro, setenta vezes sempre! O único limite para a gratuidade do perdão de Deus é a nossa incapacidade de perdoar o irmão! (Mt 18,34; 6,15).* A comunidade como espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. A sociedade do Império Romano era dura e sem coração, sem espaço para os pequenos. Estes buscavam um abrigo para o coração e não o encontravam. As sinagogas também eram exigentes e não ofereciam um lugar para eles. E nas comunidades cristãs, o rigor de alguns na observância da Lei levava para dentro da convivência os mesmos critérios da sinagoga. Além disso, lá para o fim do primeiro século, nas comunidades cristãs começavam a aparecer as mesmas divisões que existiam na sociedade entre rico e pobre (Tg 2,1-9). Em vez da comunidade ser um espaço de acolhimento, ela corria o risco de tornar-se um lugar de condenação e de conflitos. Mateus quer iluminar as comunidades, para que sejam um espaço alternativo de solidariedade e de fraternidade. Devem ser uma Boa Notícia para os pobres.4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar?
  2. Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?

5) Oração final

Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas.Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva, e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)

 

Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos-

– O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e Ilustrações – Pe. Lucas de Paula Almeida, cm

Perdoar setenta vezes sete! o que significa isso? Mateus 18, 21-35

Terça-feira da 3ª Semana da Quaresma

1) Oração

Ó Deus, que a vossa graça não nos abandone,mas nos faça dedicados ao vosso serviço e aumente sempre em nos os vossos dons. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Mateus 18, 21-35)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 21Pedro se aproximou dele e disse: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? 22Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos. 24Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida. 26Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! 27Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. 28Mas este servo, tendo saído, encontrou um dos seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando-lhe a mão, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.29O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: Dá-me um prazo e eu te pagarei! 30Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida. 31Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado. 32Então o senhor o chamou e lhe disse: Servo mau, eu te perdoei toda sua dívida, porque me suplicaste; 33Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti? 34E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. 35Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração. – Palavra da salvação.3)Momento de reflexão – A Bíblia explicada em Capítulos e versículos

Na Liturgia da Palavra deste dia, encontramo-nos de novo com São Pedro. Aliás, ele está muito presente no evangelho de Mateus. Hoje ele faz uma pergunta sobre o perdão: “Senhor, se meu irmão pecar contra mim, quantas vezes lhe devo perdoar? Até sete vezes (Mt 18,21)”? É uma pergunta que tem, até, cabimento. Se vou sempre perdoando, e a pessoa vai sempre pecando de novo, parece que ela não pretende corrigir – se. E uma reincidência teimosa, que acaba prejudicando a própria comunidade. Trata-se de alguém que não leva muito a sério seu próprio pedido de perdão.
Porém Jesus não está ponderando essa fraqueza do homem que errou. E, se Pedro, falando em perdoar sete vezes -“sete” é um número de plenitude – já está achando que está sendo muito generoso, Jesus vai muito além: “Eu não te digo sete vezes, mas setenta vezes sete vezes” (v 21 ).
O que quer dizer perdoar sempre. É a lei do Evangelho. O perdão! Talvez o aspecto mais difícil da caridade. Há muito cristão – será mesmo cristão? – que não sabe perdoar. Apesar de rezar todos os dias “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
E é bom lembrar que o perdão, dado com sinceridade, ajuda o irmão a se corrigir. Sobretudo se, de maneira oportuna, houver um diálogo com ele, mostrando-lhe como está errado. Aí entra toda a pedagogia das mães, que perdoam as faltas de seus filhos – elas perdoam mesmo “setenta vezes sete vezes” – e pouco a pouco os vão educando para que se corrijam. Quem não recebe o perdão, é levado ao desânimo e até ao desespero. O diálogo com Pedro sobre o perdão a alguém que nos ofendeu, sugere – pelo menos na redação de Mateus – uma preciosa parábola que já tem em vista o pecado contra Deus, tantas vezes lembrado nas parábolas na figura de um rei. Jesus diz que o Reino dos céus é semelhante a um rei que quis acertar as contas com seus funcionários. Encontrou um que lhe devia uma quantia absurda: dez mil talentos! Para se ter uma idéia disso, convém lembrar que dez mil talentos correspondiam a sessenta milhões de denários, sendo que o denário era o que ganhava como diária um trabalhador comum. Essa quantia, ouvida pelo povo, sugeria algo de incalculável. Nunca ninguém tinha visto isso! Jesus quis mesmo insistir no tamanho da dívida, já insinuando a gravidade de um pecado contra Deus. Na parábola, o rei, informado do tamanho da dívida – que faz supor tratar – se de um funcionário graduado, provavelmente envolvido em negócios desonestos – mandou que o vendessem a ele, à mulher e aos filhos, e a todos os seus bens, até que pagasse tudo. Fatos assim aconteciam naquele tempo, como se pode ver no caso da pobre viúva que foi pedir socorro ao profeta Eliseu, porque aparecera um credor de seu finado marido, exigindo que ela lhe entregasse seus dois filhos para fazê-Ios escravos (2 Rs 4,1 ss). O funcionário, ao ouvir essa ordem do rei, caiu-Ihe aos pés, suplicando em altas vozes: “Tem paciência comigo, e tudo te pagarei”. E o rei se comoveu. Perdoou-lhe toda a dívida. E ele partiu satisfeito (Cfr Mt 18,23-27). Mas aconteceu que, ao sair da presença do rei, o funcionário se encontrou com um seu companheiro que lhe devia cem denários. E foi logo exigindo: “Paga-me o que me deves”. Caindo-lhe aos pés, o companheiro suplicava angustiosamente: “Tem paciência comigo, e tudo te pagarei”. Ele, porém, não quis saber de nada. Mandou pô-Io na cadeia até que pagasse toda a dívida. Naturalmente o rei veio a saber. E voltou atrás no seu perdão. Apesar do provérbio “palavra de rei não volta atrás”, o caso era tão revoltante, que saía fora de todas as normas de conveniência. Reprovando com veemência o funcionário, entregou-o nas mãos do carrasco, até que pagasse tudo o que devia (cfr. Ibid., 28-34). E vem o final da parábola, já transpondo-a para o juízo de Deus. Disse Jesus: É assim que o meu Pai do céu vos tratará, se cada um não perdoar a seu irmão de todo o coração” (Ibid., 35). Não sem razão Jesus ensinou a rezar: “Perdoai-nos …como nós perdoamos”. Evidentemente o julgamento de Deus não segue o estilo do rei da parábola. Mas, de qualquer maneira, fica a grande lição: Não merece o perdão de Deus aquele que não .souber perdoar a seu irmão. Sobretudo olhando para a Imensa desproporção entre uma ofensa que alguém nos possa fazer, e o pecado que cometemos contra a majestade e a bondade de Deus. 4) Para um confronto pessoal 5) Oração final

4) Para um confronto pessoal

  1. Por que será que é tão difícil perdoar?
  2. Na nossa comunidade existe espaço para a reconciliação? De que maneira?

5) Oração final

Mostra-me, SENHOR, os teus caminhos, ensina-me tuas veredas.Faz-me caminhar na tua verdade e instrui-me, porque és o Deus que me salva, e em ti sempre esperei. (Sl 24, 4-5)