Mc 1, 1-8 – PREPARAR OS CAMINHOS DO SENHOR

Mc 1, 1-8 – PREPARAR OS CAMINHOS DO SENHOR

– Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos

– O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

II DOMINGO DO ADVENTO -ANO B

No sexto século antes de Cristo, quando parte do povo judeu estava no exílio da Babilônia, houve uma consoladora proclamação do profeta Isaías – ou mais exatamente do “Segundo Isaías”, como sabem os estudiosos da Bíblia – nestes termos: “Consolai, consolai o meu povo, diz o Senhor Deus. Falai ao coração de Jerusalém e gritai-Ihe que terminou a sua escravidão”. E mais adiante: “Uma voz grita: “Preparai no deserto o caminho para o Senhor, aplainai no descampado a estrada para o nosso Deus” ( Is 40, 1- 2.3). Essa proclamação era prelúdio do que iria acontecer no limiar do Novo Testamento, anunciando a chegada de Jesus. É o que diz expressamente São Marcos no início do seu evangelho: “Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu mensageiro diante de ti a fim de preparar o teu caminho. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, aplainai as suas veredas” (Mc 1, 2-3). Esse mensageiro é João Batista, que lá no deserto de Judá convocou o povo para o batismo de penitência, preparando a chegada de Jesus.

E a Igreja, sobretudo nesta caminhada de sua liturgia na direção do Natal, repete para nós a proclamação do Batista: Preparai o caminho do Senhor. De algum modo continua através dos séculos a tarefa de João Batista. Sem a novidade original daquelas multidões que afluíam às margens do Jordão para ouvir as palavras quentes daquele “último dos profetas”, que falava também pelo seu todo de severo asceta – a roupa de pêlos de camelo, o cinto de couro, o rude alimento buscado ali mesmo no deserto – mas na costumeira pregação de todos os seus sacerdotes e missionários. Todos a preparar os caminhos do Senhor ao nosso coração e ao seio de nossa sociedade: a endireitar os caminhos tortuosos do erro e da mentira, a rebaixar as elevações do orgulho e da vaidade, a preencher os vazios da omissão e da mediocridade, a aplainar as escabrosidades da ira e da violência. Temos que oferecer ao Senhor que vem a nós um caminho suave e tranqüilo. E o modo de irmos até Ele, como Ele vem até nós. Devem ser caminhos que se encontram.

Por isso mesmo, a grande palavra da pregação do Batista, continuada depois pela Igreja, num ritmo mais suave porém não menos enérgico, é: conversão. Voltarmos – que isso é o que diz o verbo “convertere” em latim – dos nossos caminhos errados para o caminho certo de Deus. E era esse o sentido do batismo promovido por João Batista. Não era ainda o batismo sacramento da Nova Lei, que Cristo ia marcar como sinal de entrada na sua Igreja. Era um batismo de penitência, isto é um rito que significava a mudança de vida, não pela força do rito em si, mas pelas disposições interiores daquele que dele participava. São João deixou bem claro: “Depois de mim vem um que é mais forte do que eu, e eu não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1, 1-8). E o batismo cristão que nos dá o Espírito Santo, que nos enche da força de Deus, para sermos o povo de Cristo.

Como nosso mundo está precisando de conversão! O mal se estende, de maneira clara ou velada, por toda parte. E todos o vão bebendo, mais ou menos conscientemente. E a ruína do mundo se vai agravando cada vez mais. Nesse contraste doloroso: enquanto cresce deslumbrantemente o progresso material, da técnica, das ciências, levando o homem a percorrer os espaços cósmicos em naves velocíssimas, os relacionamentos humanos da verdade, da justiça, da fraternidade e da paz parecem cada vez mais atrasados. Cresce a ambição do dinheiro e se alvoroça a sanha da guerra. E os costumes se deterioram, e as famílias se desagregam pela instabilidade do casamento, e a juventude suspira por forças nobres que lhe alimentem a esperança. O homem é capaz de atravessar o cosmos para ir pousar seu pé na lua, mas não é capaz de transpor a pequenina ponte que o liga ao coração de seu vizinho. E Deus é freqüentemente esquecido nos cálculos humanos. Quando se sabe que construir sem Deus é construir contra o próprio homem.

Temos que ouvir a proclamação de João Batista: “Preparai o caminho do Senhor”! . Temos de nos converter. E de converter o mundo inteiro para Deus.

 

LEITURAS do II domingo do Advento do ANO B:

1ª – ls 40,1-5;9-11.

2ª – 2Pd 3, 8-14. –

3ª – Mc 1, 1-8.

Endireitar as estradas do Senhor – A Bíblia explicada em capítulos e versículos- Padre Lucas DIA 05-12-2020 – Deixe o seu like, seu comentário, e se inscreva no Canal Padre Lucas