Lc 5,27-32): E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: «Segue-me».

– A Bíblia explicada em capítulos e versículos –

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM –

Sábado depois de Cinzas

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

1ª Leitura (Is 58,9b-14): Assim fala o Senhor, ”Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia. O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida, e renovará o vigor do teu corpo; serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão. Teu povo reconstruirá as ruínas antigas; tu levantarás os fundamentos das gerações passadas: serás chamado reconstrutor de ruínas, restaurador de caminhos, nas terras a povoar. Se não puseres o pé fora de casa no sábado, nem tratares de negócios em meu dia santo, se considerares o sábado teu dia favorito, o dia glorioso, consagrado ao Senhor, se o honrares, pondo de lado atividades, negócios e conversações, então te deleitarás no Senhor; eu te farei transportar sobre as alturas da terra e desfrutar a herança de Jacó, teu pai. Falou a boca do Senhor.

Salmo Responsorial: 85

R/ Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido, escutai, pois sou pobre e infeliz! Protegei-me, que sou vosso amigo, e salvai vosso servo, meu Deus, que espera e confia em vós!

Piedade de mim, ó Senhor, porque clamo por vós todo o dia! Animai e alegrai vosso servo, pois a vós eu elevo a minh’alma.

Ó Senhor, vós sois bom e clemente, sois o perdão para quem vos invoca. Escutai, ó Senhor, minha prece, o lamento da minha oração!

Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida.

Evangelho (Lc 5,27-32): E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: «Segue-me». E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: «Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?» E Jesus, respondendo, disse-lhes: «Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento».

«Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores»

Hoje vemos como avança a Quaresma e a intensidade da conversão a que o Senhor nos chama. A figura do apóstolo e evangelista Mateus é muito representativa daqueles que podemos chegar a pensar que por causa da nossa história, ou pelos pecados pessoais ou por situações complicadas, é difícil que o Senhor repare em nós para colaborarmos com Ele.

Pois bem, Jesus Cristo, para nos tirar de toda a dúvida põe-nos como primeiro evangelista um cobrador de impostos Levi, a quem diz sem rodeios: «Segue-me» (Lc 5,27). Fez, com ele exatamente o contrario daquilo que a mentalidade “prudente” poderia esperar. Hoje procuramos ser “politicamente corretos”, Levi —pelo contrário— vinha de um mundo que tinha repulsa pelos seus compatriotas, pois o consideravam, apenas por ele ser publicano, colaboracionista dos romanos e possivelmente fraudulento com as “comissões”, o que afogava os pobres ao cobrar-lhes os impostos, em fim, um pecador público.

Aos que se consideravam perfeitos não se lhes passava pela cabeça que Jesus não apenas os chamaria a segui-lo, nem muito menos apenas a sentarem-se à mesma mesa.

Mas com esta atitude, ao escolhê-lo, Nosso Senhor Jesus Cristo diz-nos que é mais deste tipo de gente de quem gosta de se servir para estender o seu Reino; escolheu os malvados, os pecadores, e os que não se consideram justos: «Para confundir os fortes, escolheu os que são débeis aos olhos do mundo» (1Cor 1,27). São estes os que necessitam de médico, e sobretudo, são eles os que compreenderão que os outros o necessitam.

Devemos, pois, evitar pensar que Deus quer expedientes limpos e imaculados para servi-lo. Este expediente apenas o preparou para a Nossa Mãe. Mas para nós, sujeitos da salvação de Deus e protagonistas da Quaresma, Deus quer um coração contrito e humilhado. Precisamente, «Deus escolheu-te débil para te dar o seu próprio poder» (Sto. Agostinho). Este é o tipo de gente que, como diz o salmista, Deus não menospreza.

Reflexões de Pe. Lucas de Paula Almeida

* O Evangelho de hoje traz o mesmo assunto no evangelho de Marcos (Mc 2,13-17). Só que desta vez é do Evangelho de Lucas e bem mais abreviado, concentrando a atenção sobre a cena principal que é o chamado e a conversão de Levi e a conversão que isto implica para nós que estamos entrando na quaresma.

* Jesus chama um pecador para ser discípulo. Jesus chama Levi, um publicano, e este, imediatamente, larga tudo, segue Jesus e começa a fazer parte do grupo dos discípulos. Em seguida, Lucas diz que Levi preparou um grande banquete em sua casa. Em Marcos, parecia que o banquete era na casa de Jesus. O que importa é a insistência na comunhão de mesa de Jesus com os pecadores, coisa que era proibida.

* Jesus veio não para os justos, mas para os pecadores.  O gesto de Jesus provocou a raiva das autoridades religiosas. Era proibido sentar-se à mesa com publicanos e pecadores, pois sentar à mesa com alguém era o mesmo que tratá-lo como irmão! Com o seu gesto Jesus estava acolhendo os excluídos como irmãos da mesma família de Deus. Em vez de falar diretamente com Jesus, os escribas dos fariseus falam com os discípulos: O quê! Ele come com pecadores e publicanos? Jesus responde: Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores! É a consciência da sua missão que ajuda Jesus a encontrar a resposta e a indicar o rumo para o anúncio da Boa Nova de Deus. Ele veio para reunir o povo disperso, para reintegrar os que tinham sido excluídos, para revelar que Deus não é um juiz severo que condena e expulsa, mas sim um Pai/Mãe que acolhe e abraça.

Para um confronto pessoal

1) Jesus acolhe e inclui as pessoas. Qual a minha atitude?

2) O gesto de Jesus revela a experiência que ele tem de Deus como Pai. Qual a imagem de Deus que se irradia para os outros através do meu comportamento?

(Mateus 5, 27-32) -No evangelho de hoje,  faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério”

A PERFEIÇÃO DA LEI – VÍDEO E MENSAGEM DO PADRE LUCAS

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

 Quarta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

Sexta-feira da 10ª Semana do Tempo Comum
1) Oração
Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por sua inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 5, 27-32)
27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28 Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração. 29 Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca – o e lança- o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena.
30 E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na geena. 31 Foi também dito: Todo aquele que rejeitar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo: todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso; e todo aquele que desposa uma mulher rejeitada comete um adultério.
3) Reflexão – Mt 5, 27-32
* No evangelho de ontem, Jesus fez uma releitura do mandamento “Não Matarás” (Mt 5,20-26). No evangelho de hoje, ele faz uma releitura do mandamento “Não cometer adultério” . Jesus relê a lei a partir da intenção que Deus tinha ao proclama – la, séculos atrás, no Monte Sinai. Ele procura o Espírito da Lei e não se fecha dentro da letra. Ele retoma e defende os grandes valores da vida humana que estão por de trás de cada um dos Dez Mandamentos. Ele insiste no amor, na fidelidade, na misericórdia, na justiça, na veracidade, na humanidade (Mt 9,13; 12,7; 23,23; Mt 5,10; 5,20; Lc 11,42; 18,9).
O resultado da observância plena da Lei de Deus é a humanização perfeita da vida. A observância da Lei humaniza a pessoa. Em Jesus aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus tomar conta da sua vida.
O objetivo último é unir os dois amores, a construção da fraternidade em defesa da vida. Quanto maior a fraternidade, tanto maior será a
plenitude da vida e maior a adoração das criaturas todas ao Deus Criador e Salvador.
* No evangelho de hoje, Jesus olha de perto o relacionamento mulher e homem no casamento, a base fundamental da convivência em
família. Havia um mandamento que dizia: “Não cometer adultério”, e um outro que dizia: “Quem se divorciar da sua mulher lhe dê uma
certidão de divórcio”. Jesus retoma os dois e lhes dá um novo sentido.
* Mateus 5,27-28: Não cometer adultério O que pede de nós este mandamento? A resposta antiga era esta: o homem não pode dormir com a mulher do outro. É o que exigia a letra do mandamento. Mas Jesus vai além da letra e diz: “Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração”.
O objetivo do mandamento é a fidelidade mútua entre o homem e a mulher que assumiram viver juntos como casados. E esta fidelidade só será completa, se os dois souberam manter a fidelidade mútua até no pensamento e no desejo e se souberem chegar a uma total  transparência entre si.
* Mateus 5,29-30: Arrancar o olho e cortar a mão Para ilustrar o que acaba de dizer Jesus traz uma palavra forte que ele usou também em outra ocasião quando tratava do escândalo aos pequenos (Mt 18,9 e Mc 9,47). Ele diz: “Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue – o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno”. E ele afirma o mesmo a respeito da mão. Estas afirmações não podem ser tomadas ao pé da letra. Elas indicam a radicalidade e a seriedade c om que Jesus insiste na observância deste mandamento.
* Mateus 5,31-32: A questão do divórcio Ao homem era permitido dar uma certidão de divórcio para a mulher. Jesus dirá no Sermão da Comunidade que Moisés o permitiu por causa da dureza do coração do povo (Mt 19,8).
“Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério”. Muita discussão já foi feita em torno deste assunto. Baseando-se nesta afirmação de Jesus, a igreja oriental permite o divórcio no caso de “fornicação”, isto é, de infidelidade. Outros dizem que, aqui, a palavra
fornicação traduz um termo aramaico ou hebraico zenuth que indicava um casamento dentro de um grau parentesco proibido. Não seria um casamento válido.
* Qualquer que seja a interpretação correta desta palavra, o que importa é ver o objetivo e o sentido geral das afirmações de Jesus
na nova leitura que ele faz dos Dez Mandamentos. Jesus aponta um ideal que deve estar sempre diante dos meus olhos. O ideal último é
este: “ser perfeito como o pai de céu é perfeito” (Mt 5,48). Este ideal vale para todos os mandamentos revistos por Jesus. Na releitura do mandamento “Não cometer adultério“, este ideal se traduz na total e radical transparência e honestidade entre marido e mulher. Ninguém nunca vai poder dizer: “Sou perfeito como o Pai do céu é perfeito”. Estaremos sempre abaixo da medida. Nunca vamos poder merecer o prêmio pela nossa observância que sempre será abaixo da medida. O que importa é manter -se na caminhada, manter o ideal diante dos olhos, sempre! Mas ao mesmo tempo, como Jesus, devemos saber aceitar as pessoas com a mesma misericórdia com que ele aceitava as pessoas e as orientava para o ideal. Por isso, certas exigências jurídicas da igreja hoje, como por exemplo, não permitir a comunhão a pessoas que vivem em segundas núpcias, parecem mais com os fariseus do que com a atitude de Jesus. Ninguém aplica ao pé da letra a explicação do mandamento “Não Matar”, onde Jesus diz que todo aquele que chama seu irmão de idiota merece o inferno (Mt 5,22). Pois neste caso, todos já teríamos viagem garantida até lá e ninguém se salvaria. Por que a doutrina nossa usa medidas diferentes no caso do quinto e do nono mandamento?
4) Para um confronto pessoal
1) Você consegue viver a total honestidade e transparência com as pessoas do outro sexo?
2) Como entender a exigência “ser perfeito como o Pai celeste é perfeito”?
5) Oração final
A vossa face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador. (Sl 26, 8-9)