Mt 20,17-28 – ELES O CONDENARÃO À MORTE

O evangelho de hoje traz três assuntos:

o terceiro anúncio da paixão (Mt 20,17-19),

o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20,20-23)

e a discussão dos discípulos pelo primeiro lugar (Mt 20,24-28).

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Quarta-feira da 2ª Semana da Quaresma

*  O evangelho de hoje traz três assuntos: o terceiro anúncio da paixão (Mt 20,17-19), o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20,20-23) e a discussão dos discípulos pelo primeiro lugar (Mt 20,24-28).

1) Oração

Ó Deus, conservai constantemente vossa família na prática das boas obras, e, assim como nos confortais agora com vossos auxílios, conduzi-nos aos bens eternos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Mateus 20, 17-28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, 17Subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes: 18Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. 19E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará. 20Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. 21Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. 22Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. 23De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder. Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou. 24Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão. – Palavra da salvação.3) Reflexão

*  O evangelho de hoje traz três assuntos: o terceiro anúncio da paixão (Mt 20,17-19), o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20,20-23) e a discussão dos discípulos pelo primeiro lugar (Mt 20,24-28).*  Mateus 20,17-19O terceiro anúncio da paixão.  Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Porém, a sua morte não é fruto de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão recebida do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estão assustados e o acompanham com medo. Não entendem o que está acontecendo (cf. Lc 18,34). O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias (cf. Mt 16,21-23).*  Mateus 20,20-21: O pedido da mãe pelo primeiro lugar para os filhos.  Os discípulos não só não entendem o alcance da mensagem de Jesus, mas continuam com suas ambições pessoais. Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação, eles teimavam em pedir os primeiros lugares no Reino. A mãe de Tiago e João, levando consigo os dois filhos, chega perto de Jesus e pede um lugar na glória do Reino para os dois filhos, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Os dois não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade dos discípulos. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma recompensa pelo fato de seguir a Jesus. As mesmas tensões existiam nas comunidades no tempo de Mateus e existem até hoje nas nossas comunidades.*  Mateus 20,22-23A resposta de Jesus.  Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.         *  Mateus 20,24-27Entre vocês não seja assim.  Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (cf. Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (cf. Mc 6,27-28). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Quer mudar o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal.*  Mateus 20,28O resumo da vida de Jesus. Jesus define a sua missão e a sua vida: “Não vim para ser servido, mas para servir!” Veio dar sua vida em resgate para muitos. Ele é o messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu da mãe que disse: “Eis aqui a serva do Senhor!”(Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo.4) Para um confronto pessoal

1) Tiago e João pedem favores, Jesus promete sofrimento. E eu, o que peço a Jesus na oração? Como acolho o sofrimento e as dores que acontecem na minha vida?

2) Jesus diz: “Entre vocês não deve ser assim!” Meu jeito de viver em comunidade está de acordo com este conselho de Jesus?5) Oração final

Livra-me do laço que me armaram, porque és minha força. Nas tuas mãos entrego meu espírito; tu me resgatas, SENHOR, Deus fiel. (Sl 30, 5-6)

Lc 16,19-31 – A PARÁBOLA DO POBRE E DO RICO

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

1) Oração

Ó Deus, que amais e restaurais a inocência, orientai para vós os corações dos vossos filhos, para que, renovados pelo vosso Espírito, sejamos firmes na fé e eficientes nas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 19-31)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas – Naquele tempo, 19Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e que todos os dias se banqueteava e se regalava. 20Havia também um mendigo, por nome Lázaro, todo coberto de chagas, que estava deitado à porta do rico. 21Ele avidamente desejava matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico… Até os cães iam lamber-lhe as chagas. 22Ora, aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. 23E estando ele nos tormentos do inferno, levantou os olhos e viu, ao longe, Abraão e Lázaro no seu seio. 24Gritou, então: – Pai Abraão, compadece-te de mim e manda Lázaro que molhe em água a ponta de seu dedo, a fim de me refrescar a língua, pois sou cruelmente atormentado nestas chamas. 25Abraão, porém, replicou: – Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lázaro, males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento. 26Além de tudo, há entre nós e vós um grande abismo, de maneira que, os que querem passar daqui para vós, não o podem, nem os de lá passar para cá. 27O rico disse: – Rogo-te então, pai, que mandes Lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, 28para lhes testemunhar, que não aconteça virem também eles parar neste lugar de tormentos. 29Abraão respondeu: – Eles lá têm Moisés e os profetas; ouçam-nos! 30O rico replicou: – Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão. 31Abraão respondeu-lhe: – Se não ouvirem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite algum dos mortos. – Palavra da salvação.

3) Momento de Reflexão 

*  Toda vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre a realidade visível, ele leva os ouvintes a descobrirem os apelos invisíveis de Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para fazer pensar e refletir. Por isso, é importante prestar atenção até nos seus mínimos detalhes. Na parábola do evangelho de hoje aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome e o pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro representa o grito calado dos pobres do tempo de Jesus e de todos os tempos.

*  Lucas 16,19-21A situação do rico e do pobre.  Os dois extremos da sociedade. De um lado, a riqueza agressiva. Do outro, o pobre sem recurso, sem direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolhe, a não ser os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta fechada da casa do rico. Da parte do rico não há acolhimento nem piedade pelo problema do pobre à sua porta. Mas o pobre tem nome e o rico não tem. Ou seja, o pobre tem o seu nome inscrito no livro da vida, o rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. É através do pobre que Deus ajuda o rico e que o rico poderá ter o seu nome no livro da vida. Mas o rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois mantém a porta fechada. Este início da parábola que descreve a situação, é um espelho fiel do que estava acontecendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É espelho do que acontece até hoje no mundo!

*  Lucas 16,22A mudança que revela a verdade escondida.  O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso aos ricos. Enquanto o pobre está vivo à porta, ainda tem salvação para o rico. Mas depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de salvação para o rico. Agora, o pobre está no seio de Abraão. O seio de Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre, faz parte do povo de Abraão, do qual era excluído enquanto estava à porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai para o seio de Abraão! Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação do seu sentido, através de três conversas entre o rico e o pai Abraão.

*  Lucas 16,23-26A primeira conversa.  Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado verdadeiro da vida que só a fé enxerga e que o rico sem fé não percebia. É só à luz da morte que a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico e que aparece para ele o que é valor real na vida. No lado de Deus, sem a propaganda enganadora a ideologia, os papéis são trocados. O rico vê Lázaro no seio de Abraão e pede para ele vir aliviá-lo no sofrimento. O rico descobre que Lázaro é o seu único benfeitor possível. Mas agora é tarde demais! O rico sem nome é piedoso, pois reconhece Abraão e o chama de Pai.  Abraão responde e o chama de filho. Esta palavra de Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto vivos, eles ainda têm chance de se tornarem filhos e filhas de Abraão, se souberem abrir a porta para Lázaro, o pobre, o único que em nome de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é Lázaro trazer uma gota de água para refrescar-lhe a língua, mas é ele, o próprio rico, abrir a porta fechada para o pobre e, assim, transpor o grande abismo.

*  Lucas 16,27-29A segunda conversa.  O rico insiste: “Pai, eu te suplico: manda Lázaro para a casa do meu pai. Tenho cinco irmãos!” O rico não quer que seus irmãos venham no mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque é só aos pobres que os ricos podem e devem devolver o que roubaram e, assim, restabelecer a justiça prejudicada! O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve preocupado com os pobres! A resposta de Abraão é clara: “Eles têm Moisés e os Profetas: que os ouçam!” Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia. Conhecia-a até de memória. Mas nunca se deu conta de que a Bíblia tivesse algo a ver com os pobres. A chave para o rico poder entender a Bíblia é o pobre sentado à sua porta!

*  Lucas 16,30-31A terceira conversa.  “Não, pai, se alguém entre os mortos der um aviso, eles vão se arrepender!” O próprio rico reconhece que ele está errado, pois fala em arrependimento, coisa que durante a vida nunca sentiu. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas este tipo de ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos sem-direito, dos sem-terra, dos sem-comida, do sem-casa, dos sem-saúde. Na sua resposta final, Abraão é curto e grosso: “Se não escutarem Moisés e os profetas, mesmo que alguém ressuscitar dos mortos, eles não se convencerão!” Está encerrada a conversa! Fim da parábola!

*  A chave para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à porta! Deus vem até nós na pessoa do pobre, sentado à nossa porta, para nos ajudar a transpor o abismo intransponível que os ricos criaram. Lázaro é também Jesus, o Messias pobre e servidor, que não foi aceito, mas cuja morte mudou radicalmente todas as coisas. É à luz da morte do pobre que tudo se modifica. O lugar de tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o rico pense ter religião e fé, não há jeito de ele estar com Deus, enquanto não abrir a porta para o pobre, como fez Zaqueu (Lc 19,1-10).

4) Para um confronto pessoal

  1. Qual o tratamento que nós damos aos pobres? Eles têm nome para nós? Nas atitudes que tomo na vida, sou parecido com Lázaro ou com o rico?
  2. Entrando em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa Notícia? E eu, para que lado tende o meu coração: para o milagre ou para a Palavra de Deus?

5) Oração final

Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do SENHOR encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)

Lc 16,19-31 – A Parábola do rico e do pobre –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

PARÁBOLA DO POBRE E DO RICO

É uma parábola pintada com cores muito vivas. O rico que se veste de púrpura e de linho, e que se banqueteava lautamente todos os dias ( o “epulão”). O pobre, postado à sua porta, coberto de feridas, esperando que alguém lhe desse alguma sobra da mesa do rico, e ninguém lhe dava. Até os cães vinham lamber -lhe as feridas. Depois o quadro muda.

Na outra vida, o pobre entra para a intimidade do seio de Abraão, enquanto o rico é entregue aos tormentos do inferno.

Naturalmente, porque tinha feito mau uso de suas riquezas, enquanto o pobre, na sua pobreza não tinha perdido a confiança em Deus. Seu próprio nome “Lázaro”, ou “Ele azar” significa “Deus ajuda”.

Até aqui a parábola é uma lição para que os ricos não façam mau uso de suas riquezas, e para que os pobres olhem sempre para as mãos de Deus, que não os desampara. Mas seria antievangélico imaginar que Jesus esteja ensinando aos pobres uma resignação fatalista. O pobre tem todo o direito de procurar melhorar sua sorte pelo trabalho honesto e confiante. E não permitir que sua pobreza atinja as raias da miséria, que jamais foi abençoada pelo Evangelho.

Mas a parábola tem uma segunda parte profundamente instrutiva. O rico avista o pobre no seio de Abraão, enquanto ele está sofrendo nas chamas. Então pede a Abraão que mande Lázaro molhar na água a ponta de seus dedos e vir refrescar-lhe a língua. Mas Abraão lhe responde que tal coisa é impossível, pois entre os dois mundos há um abismo intransponível.

Que mande então – pede-Ihe o rico – Lázaro avisar seus cinco irmãos, contando-lhes sua desgraça, para que fiquem prevenidos e não venham a cair no mesmo lugar. A resposta de Abraão é que eles têm Moisés e os profetas. Que os ouçam. E, quando o rico replicou que, se alguém dentre os mortos fosse até eles, certamente fariam penitência, Abraão respondeu que, se não ouviam Moisés e os profetas, mesmo que um morto ressuscitasse para avisá- los, não ficariam convencidos (cfr Lc 16, 19-31 ).

A grande lição está aí: ouvir a Palavra de Deus, que nos fala por seus profetas. Não só Moisés e os antigos profetas. Mas o Evangelho e o perene ensinamento da Igreja, que é uma ressonância do Evangelho ao longo dos séculos. “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, despreza aquele que me enviou”, como disse Jesus ao enviar seus discípulos para a pregação (Lc 10,16; cfr Mc 8,11 ). Não ficar esperando milagres, que não é o caminho de Deus.

Mas vale a pena deter-nos um momento a considerar a declaração de que há um “abismo intransponível” na outra vida entre a sorte do rico e a do pobre da parábola. No mundo de hoje está havendo também um profundo abismo entre o mundo dos pobres e o mundo dos ricos. É uma brecha que se alarga cada vez mais. Entre um pequeno grupo imensamente rico, e uma imensa multidão que vive em total pobreza. Um desequilíbrio doloroso que não está nos planos de Deus e que é a negação do Evangelho, onde se prega o amor e a fraternidade. E o pior é que a brecha continua a se alargar: o pequeno grupo rico se torna cada vez mais rico, e a multidão dos pobres se torna cada vez mais pobre. E o contraste se torna cada dia mais gritante. E não há leis nem sistemas econômicos que sejam capazes de corrigi-lo. Só mesmo o Evangelho, conhecido, amado, vivido integralmente, é que poderá trazer remédio a tão grande mal.

A riqueza em si não é um pecado. O pecado está muitas vezes no modo de adquiri-Ia e, freqüentemente, no modo de usá- Ia, como quando ela se torna instrumento de vaidade, de ostentação, de exploração dos outros. Alguém usou uma comparação muito apropriada.

O dinheiro é como um fertilizante: acumulado não traz nenhum proveito; pelo contrário, torna-se prejudicial e agressivo. Espalhado no solo, é extremamente benéfico. Fertiliza a terra e cobre-a de frutos. Que o homem nunca se torne servo do dinheiro; mas saiba fazer dele sempre um servo obediente e prestimoso, fonte de paz e harmonia.

LEITURAS do XXVI Domingo do Tempo Comum -Ano C:
1a) Am 6, 1a. 4-7
2a) 1Tm 6, 11-16
3a) Lc 16,19-31