Jo 12. 20-33 – “QUEREMOS VER JESUS”-

V DOMINGO DA QUARESMA – ANO B-

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O amanhecer do Evangelho-

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

  1. Oração inicial

Oração do dia

Senhor nosso Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2. Evangelho (João 12,20-33)

Glória a vós, ó Cristo, verbo de Deus.

Se alguém me quer servir, que venha atrás de mim; e, onde eu estiver, ali estará meu servo (Jo 12,26).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, 12 20 havia alguns gregos entre os que subiram para adorar durante a festa.
21 Estes se aproximaram de Filipe (aquele de Betsaida da Galiléia) e rogaram-lhe: “Senhor, quiséramos ver Jesus”.
22 Filipe foi e falou com André. Então André e Filipe o disseram ao Senhor.
23 Respondeu-lhes Jesus: “É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado.
24 Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.
26 Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará.
27 Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi? Pai, salva-me desta hora. Mas é exatamente para isso que vim a esta hora.
28 Pai, glorifica o teu nome!” Nisto veio do céu uma voz: “Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo”.
29 Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe.
30 Jesus disse: “Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa.
31 Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo.
32 E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim”.
33 Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer.

Palavra da Salvação.

3. MOMENTO DE REFLEXÃO: Jo 12. 20-33 – “QUEREMOS VER JESUS”-

O evangelho deste quinto domingo da Quaresma nos fala de um grupo de gregos – judeus de nacionalidade grega ou que viviam segundo os costumes gregos – que se aproximaram dos apóstolos e disseram a Felipe que “queriam ver Jesus” (Jo 12, 21). Felipe pediu a companhia de André e foram os dois ter com o Mestre, manifestando o desejo daqueles homens. A resposta de Jesus, que se dirige não só a eles, mas a todo o povo que estava em redor, é uma bela manifestação da teologia da universalidade dos frutos da Paixão. O trecho participa dessa densidade de ensinamentos que a liturgia nos está oferecendo – tirados sempre do evangelho de São João – em preparação para a Semana Santa e a Páscoa. Dir-se-ia que a Igreja nos inculca a necessidade de termos o mesmo desejo que tinham aqueles homens que procuraram o Mestre: ver Jesus, isto é, conhecê-Io, ouvir seus ensinamentos, acolher sua mensagem de conversão e de fé.

O trecho é belíssimo, e oferece alimento espiritual para uma frutuosa meditação. Aqui, no entanto, vamos contentar-nos com as duas afirmações mais solenes. A primeira é a que diz: “Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ficará sozinho; mas, se morrer, produzirá muito fruto” (lbid 24). Está aí toda uma impor­tante lição sobre o valor da renúncia e da mortificação. A vida dos egoístas é uma vida estéril! Só quem sabe sacrificar-se é capaz de fazer grandes coisas. Mas o que Jesus está dizendo, nessa pequena parábola de tão encantadora beleza, é principalmente o anúncio de sua morte e ressurreição. E ele esse divino grão de trigo, que vai cair no solo da morte, mas vai ressuscitar e dar vida a um infinito número de fiéis. A terra se vai transformar num imenso trigal – a seara da fé – a perder de vista, tudo brotado do sacrifício daquele que no Calvário deu sua vida para a salvação do mundo.

A segunda grande afirmação, que podemos dizer que confir­ma a primeira, é quando Jesus diz: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. “E Ele estava falando – comenta o Evangelista – de que tipo de morte iria morrer” (lbid., 32-33). Do alto da cruz, erguido perante o mundo e a História, Ele faz sua convocação universal. Seus braços não estão abertos apenas porque os cravos os prendem ao patíbulo. Eles querem fazer o gesto de um grande convite. Judeus e gregos podem agora sentir o calor de seu convite e entender o valor da graça da Redenção: “Eles verão – cabe aqui a palavra de Zacarias – aquele a quem transpassaram” (Zc 13, 10).

E agradável pensar que em qualquer ponto da terra em que se erga a imagem do Crucificado, aí está sendo repetido o convite de Jesus. Não podemos negar que há um empenho de marcar o mundo com esse sinal sagrado da Redenção. Não só nos pináculos das igrejas, nas salas dos tribunais e das escolas, no recinto dos lares cristãos e sobre os túmulos dos que adormeceram marcados com o sinal da fé; mas também em lugares típicos da paisagem, como certas alturas dos Alpes e dos Andes. Como há também o louvável costume de trazer sobre o peito uma pequena imagem da cruz. Que não se reduza apenas ao sentido de um adereço, sobre­tudo quando é de matéria preciosa… Deveria ser sempre um apelo silencioso a relembrar o grande mistério do sacrifício de Cristo. E então teríamos aquele pequeno grupo de gregos, que Felipe e André apresentaram a Jesus, multiplicado em multidões de jovens, velhos e crianças de todo o mundo, que caminham para “ver Jesus” .

E o Divino Salvador está sempre aí para que nos encontre­mos com Ele. Na sua palavra pregada em toda a terra. No culto celebrado em todas as Igrejas da cidade e do campo. Sobretudo na missa, celebrada “desde o nascer até o pôr-do-sol” ( M11, 11 ).

Como, aliás, podemos encontrar-nos com Ele no exemplo humilde e sincero do cristão que viver a sua fé.

Leituras do V domingo da Quaresma – Ano B:

1º – Jr 31. 31-34.

2º – HB 6. 7-9.

3º – Jo 12. 20-33

Para um confronto Pessoal:

  1. Que Jesus queremos seguir?
  2. Quem é Jesus para nós?

Oração Final

SALMO RESPONSORIAL Sl 50

R -Criai em mim um coração que seja puro.

Tem piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me!

Lavai-me todo inteiro do pecado,e pagai completamente a minha culpa!

Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido.

Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso!

Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.

 

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

V DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

 

TEMA : MORRER AO NOSSO EGOISMO
Irmãos. Já percebemos em nós a alegria da Páscoa que está chegando. O caminho está quase terminado. Devemos descer dentro de nós, para retomar a coragem e a força de vencer a caminhada, transpondo todas as barreiras que caírem à nossa frente.
O egoísmo é a maior barreira para a vida cristã. Vamos colocar-nos diante da luz do Espírito Santo, para converter-nos do egoísmo, para uma vida de comunidade, mesmo à custa de muitos sofrimentos.

ATO PENITENCIAL
– Por todas as vezes que o nosso egoísmo fez reviver em nós o pecado: Senhor, tende piedade de nós.
– Por todas as vezes que o nosso corpo se revoltou contra a morte e contra todo sofrimento físico: Senhor, tende piedade de nós.
– Por todas as vezes que não quisemos aceitar a cruz, que não soubemos nos calar diante das humilhações: : Senhor, tende piedade de nós.

1ª ORAÇÃO
Senhor, às vezes o caminho da vida se torna difícil. Nem sempre percebemos a felicidade de caminhar juntos. Há momento em que o nosso egoísmo e o nosso comodismo nos convidam a caminhar sozinhos, na solidão. Mande sobre nós o Espírito Santo, para termos a coragem de morrer a nós mesmos, comunicando aos irmãos a vida de amor que está em nós. Seguindo assim Jesus Cristo, seu Filho, que vive e reina com o Senhor, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES SOBRE A 1ª LEITURA: Jr 31, 31- 34.
Deus promete fazer uma nova aliança conosco. Ele só chega perto de nós, se esvaziarmos o nosso coração do egoísmo e do orgulho. Só assim a gente é capaz de caminhar na estrada do amor.

REFLEXÕES SOBRE A 2ª LEITURA: Hebr. 5, 7- 9.
A verdadeira libertação do pecado só se alcança mediante uma morte, lenta e constante, da maldade que está dentro de nós. Cristo nos ensinou o caminho: a oração e o sofrimento silencioso.
Para caminhar nesta vida temos de sofrer. E muitas vezes ficar calado, diante de coisas que a gente não consegue entender ou aceitar..
MENSAGENS/REFLEXÕES SOBRE O EVANGELHO Jo 12, 20-33.

JO 12, 20-33: SE ALGUÉM QUER SERVIR A MIM, QUE ME SIGA!”
Irmãos. O Evangelho de São João nos apresenta hoje uma das páginas mais belas e práticas da vida de Jesus.

                                       

                 O texto de hoje traz muitos elementos que têm eco nos textos sinóticos. Até uma leitura rápida vai trazer lembranças dos seus textos sobre o seguimento de Jesus, p. ex. Lc 9, 22-25: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga”, entre outros. João faz uma redação conforme a sua teologia e enfatiza que o seguimento de Jesus se dá no serviço a Ele, ou seja, na luta em favor do seu projeto. Todo o Evangelho de João manifesta que o serviço a Jesus se dá no serviço aos irmãos e irmãs. Não é possível servir Jesus sem se colocar ao serviço dos outros, especialmente dos mais sofridos. Pois, o projeto de Jesus de fidelidade ao Pai vai lhe custar a vida – Ele será como “o grão do trigo que, se não cai na terra e não morre, fica sozinho; mas, se morrer, produz muito fruto” (v. 24). Não que Jesus quisesse a morte e o sofrimento, mas são inerentes no seguimento do projeto do Pai – e apesar das aparências, não levam à derrota, mas à vitória. Jesus não veio para ser triunfalista, mas para dar a vida em favor de muitos.

 

Essa visão que Jesus tinha da missão do Messias não era a comum – em geral as pessoas daquele tempo esperavam um messias triunfante, glorioso e guerreiro. A Bíblia nos conta que Deus criou o homem e a mulher na sua imagem e semelhança; mas, na verdade, nós muitas vezes criamos Deus em nossa imagem e semelhança, para que Ele não nos incomode. A nossa tendência é de querer vencer e nos impor, de seguir um messias triunfante, e não o Servo Sofredor. Mas, para Jesus, não há meio-termo. O discípulo tem que andar nas pegadas do seu mestre: “Se alguém quer servir a mim, que me siga” (v. 26).

O seguimento de Jesus leva à cruz; pois, a vivência das atitudes e opções d’Ele vai nos colocar em conflito com os poderes contrários ao Evangelho. Mas é importante compreender o sentido de “carregar a cruz”. Não é aguentar qualquer sofrimento. Se fosse assim, a religião seria masoquismo! Carregar a cruz é viver as consequências de uma vida coerente com o projeto do Pai, manifestado em Jesus. Segui-Lo não é tanto fazer o que Jesus fazia na sua época e situação social e cultural, mas o que Ele faria se estivesse aqui hoje, diante dos desafios da nossa sociedade, convivência e situação concreta. Isso o levou a ser assassinado, não pelo povo, mas por grupos de interesse bem claros, “os anciãos, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei”, (a elite dominante em termos econômicos, religiosos e ideológicos), e, do mesmo jeito, os seus seguidores entrarão em conflito com os grupos que hoje representam os mesmos interesses dos oponentes de Jesus, sejam eles sócio-políticos, econômicos ou religiosos – normalmente tudo vem misturado! Por isso, sempre haverá a tentação de criarmos um Jesus “light”, sem grandes exigências, limitado a uma religião intimista e individualista, sem conseqüências sociais, políticas, econômicas ou ideológicas. Seria cair na tentação de Pedro, conforme o relato Sinótico, quando rejeitava o seguimento de um Messias Sofredor (Mc 8, 32).

 

Mas, que Jesus queremos seguir? A resposta se dará não tanto com os lábios, mas com as mãos e os pés. Respondemos quem é Jesus para nós, pela nossa maneira de viver, pelas nossas opções concretas, pela nossa maneira de ler os acontecimentos da vida e da história. Tenhamos cuidado com qualquer Jesus que não seja exigente, que não traz consequências sociais, que não nos engaja na luta por uma sociedade mais justa.

Fiquei triste há pouco tempo ao ouvir uma senhora que tinha deixado a Igreja Católica para aderir a uma Igreja da Teologia de Prosperidade, na verdade uma empresa multi-nacional, exclamar “agora achei o Jesus que eu queria”. Sem dúvida, o Jesus que ela queria, mas não o Jesus real! Pois o Jesus real, Jesus de Nazaré, o Jesus do Evangelho, não foi assim, e deixou bem claro: “Quem tem apego à sua vida vai perdê-la; quem despreza a sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna” (v. 25). É claro que aqui se usa um semitismo – o contraste com o “apegar-se” é expresso no verbo “desprezar”- o que significa “amar menos”. Essa opção é difícil – embora João não relate a agonia no Horto, ele expressa a mesma realidade quando Jesus diz “estou perturbado” (v. 27). Mas, o Pai lhe deu força, como dará a quem faz a opção real pelo Reino, no seguimento de Jesus, no serviço aos irmãos e irmãs, na construção de uma sociedade, Igreja e comunidade sem exclusões, onde todos tenham a possibilidade de ter a dignidade e vida plena dos filhos e filhas de Deus e de cidadãos da sociedade.

Leituras do V domingo da Quaresma – Ano B:
1º – Jr 31. 31-34.
2º – HB 6. 7-9.
3º – Jo 12. 20-33

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

V DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

 

25 de março de 2012 –

5º Domingo da Quaresma

1ª Leitura: Jr 31,31-34

Leitura do livro do Profeta Jeremias

Eis que virão dias, diz o Senhor; em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma aliança nova; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito, e que eles a violaram, mas que eu fiz valer a força sobre eles, diz o Senhor. “Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel, depois desses dias; diz o Senhor: Imprimirei minha lei em suas entranhas e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: “conhece o Senhor! Todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor; pois perdoarei sua maldade, e não mais me lembrarei o seu pecado.

Palavra do Senhor

 

SALMO RESPONSORIAL Sl 50

R -Criai em mim um coração que seja puro.

Tem piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me!

Lavai-me todo inteiro do pecado,e pagai completamente a minha culpa!

Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido.

Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso!

Ensinarei vosso caminho aos pecadores, e para vós se voltarão os transviados.

2ª Leitura: Hb 5,7-9

Leitura da Carta aos Hebreus

Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que Ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

Palavra do Senhor

 

Evangelho: Jo 12,20-33- Evangelho de Jesus Cristo segundo são João

Naquele tempo,havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. Aproximaram de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produzi muito fruto. Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome”. Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo”. A multidão que ai estava ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele” Jesus respondeu e disse: “Esta voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso. E eu quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Jesus falava assim para indicar de que morte iria de morrer.

Palavra da salvação

 

 

É necessário morrer para produzir fruto

Evangelho nos faz mergulhar na celebração pascal. Para Jerusalém, convergem judeus e estrangeiros. Pelo visto, a festa da Páscoa era uma oportunidade de congraçamento de diferentes povos. Para nós, que prosseguimos na caminhada quaresmal em direção às celebrações pascais, inseridos na dinâmica da conversão, é solicitada uma escolha radical. Diante do mistério da cruz de Cristo, revelação máxima do amor do Pai para conosco, optamos por seguir o Crucificado ou a nossa auto-suficiência que trilha as vias do poder, dos privilégios, da simpatia e da notoriedade popular?

 

Neste domingo, querer ver e encontrar‑se com Jesus tem um significado profundo que acarreta uma série de conseqüências. Nas pessoas de “alguns gregos”, estão representados os povos que desejam contemplar a face e penetrar no íntimo do mistério do Filho de Deus.

 

É chegada a hora da manifestação e da glorificação do Filho do Homem. Contrariando as expectativas de a libertação acontecer pelas vias do espetacular e maravilhoso, isso se manifesta na fecundidade da terra do sofrimento e da morte. “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica sozinho. Mas, se morre, então produz muito fruto”. A hora de Jesus, não resta dúvidas, é a hora da Paixão e Morte, da passagem deste mundo ao Pai, que é a Ressurreição.

 

A hora da exaltação irradia uma irresistível força de atração universal: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. A glorificação é fruto da vida que se torna doação e entrega solidária em favor da salvação dos povos. Para Jesus, alcança o ponto mais alto da realização da vida quem se doar por inteiro, passando pela morte, por amor dos irmãos. “Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida por seus amigos”. Isto supõe a coragem de “arriscar” a própria vida; implica a capacidade de dizer “não” à solicitação de uma popularidade fácil, preferindo “cair na terra e morrer”.

 

Significa ter a audácia de optar pela glorificação que advém do amor e que, lenta e livremente, abre novos caminhos de vida, no silêncio dos corações e na liberdade das consciências. Com alegria, renovemos nossa aliança com o Senhor, comungando de seu projeto, aceitando a cruz de nossa vida, como passagem necessária para a ressurreição e alegria plena.