Jo 20,1-9 – Ressuscitou ao Terceiro Dia

 A Bíblia explicada em capítulos e versículos –

O Amanhecer do Evangelho-

Reflexões, ilustrações e Vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida

Um elegante escritor de coisas do espírito escreveu que, assim como Deus criou dois grande luzeiros – o sol para presidir ao dia, e a lua para presidir à noite – assim fez no mundo espiritual: a Virgem Maria, o sol da santidade, para presidir ao dia da inocência; e Maria Madalena, a lua serena da contrição, para presidir à noite da penitência. E foi tão grande o valor da penitência de Madalena, que Jesus a escolheu para ser a primeira testemunha de sua vida de ressuscitado.

Foi na madrugada do primeiro dia da semana – esse “dia do sol” que hoje se chama “domingo”, isto é, o “dia do Senhor”. Madalena, com mais outra companheira, foi ao sepulcro, levando aromas para ungir o corpo de Jesus. No caminho, estavam preocupadas, perguntando quem rolaria para elas a pedra do sepulcro. Mas não foi preciso. O sepulcro estava aberto e vazio! Tinha acontecido o prodígio: Jesus tinha ressuscitado! Pedro e João, avisados por elas, vieram ver o que acontecera. Entraram. Viram os lençóis largados no chão. Não se tratava, portanto, de um roubo. E entenderam. E creram! Eles, “que até aquele momento não haviam compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 9).

Os apóstolos voltaram para a cidade. Madalena ficou junto do sepulcro, chorando. Nisso viu dois anjos no lugar onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira, o outro aos pés. E viu alguém perto dela. Porém, com os olhos marejados de lágrimas como estava, não distinguiu quem era. Era Jesus! E Ele lhe perguntou por que chorava. Ela, pensando que fosse o jardineiro, respondeu: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste, que eu o irei buscar. Jesus lhe disse. “Maria! “E ela, voltando-se, lhe disse em hebraico: “Rabboni!”, que quer dizer Mestre” (Ibid., 15-16). Qualquer escritor de hoje gastaria aqui infinitas palavras, tentando descrever a emoção desse momento. Mas o evangelista é extremamente sóbrio. Deixa que o próprio fato, pela sua grandeza, transmita a emoção. Jesus pediu a Madalena que não o detivesse, pois não havia ainda subido ao Pai. E encarregou-a de dizer aos discípulos que Ele ia subir ao Pai.

Madalena foi logo contar aos discípulos tudo o que acontecera… Depois, vieram as outras aparições. Como estrelas que se fossem acendendo no céu. Apareceu a Pedro, aos discípulos de Emaús, aos doze reunidos no Cenáculo, a um grupo de discípulos à beira do lago de Tiberíades, a uma multidão de mais de quinhentos irmãos de uma vez, como narra São Paulo, acrescentando que muitos desses ainda viviam na data em que estava escrevendo (cfr 1 Cor 15, 6). Os autores dos evangelhos não escreveram uma crônica ordenada dos acontecimentos, como faria um jornalista de hoje. Eles registraram alguns exemplos de aparições, como se tinham transmitido na catequese primitiva. E é nessa ótica que temos que saber ler seus escritos. Mas de tudo triunfa a grande verdade: Jesus ressuscitou, como havia predito. Não voltou à vida anterior, numa pura revivificação de um corpo morto, como no caso da ressurreição de Lázaro. É uma vida completamente nova a que Ele vive agora. A morte foi totalmente absorvida pela vitória da Ressurreição.

Ele vive agora a vida do alto. Essa vida que São Paulo tenta descrever na primeira carta aos coríntios, quando fala da ressurreição que vai acontecer conosco, à semelhança da ressurreição de Jesus. E tenta explicar a natureza do corpo ressuscitado em relação com o que foi sepultado, partindo da comparação com uma bela flor que nasce de uma rude semente que foi semeada: “semeia-se um corpo corruptível, ressuscita um corpo incorruptível ; semeia-se um corpo desprezível, ressuscita um corpo reluzente de glória; semeia-se um corpo marcado pela debilidade, ressuscita um corpo vigoroso; semeia-se um corpo material, ressuscita um corpo espiritual” ( 1 Cor 15, 42 -44), Assim é o corpo de Jesus ressuscitado.

E nós cristãos, que pelo batismo ressuscitamos com Cristo, devemos viver a vida do alto. Não rastejar na terra. Saber saborear não mais a material idade das coisas da terra, mas as coisas do céu. Cidadãos desde agora de uma nova Pátria! É a grande mensagem que a liturgia nos transmite, entre os aleluias do domingo da Páscoa.

LEITURAS do Domingo de Páscoa:

1ª – At 10,34a,37-43.

2ª – CI 3,1-4(ou:1Cor 5,6b-8).

3ª – Jo 20,1-9.