Lucas 24,35-48 – As aparições de Jesus

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

III DOMINGO DA PÁSCOA

1) Oração

Ó Deus, que reunistes povo tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 24,35-48)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 24,35 Os discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” 37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. 38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? 39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele tomou e comeu à vista deles. 44 Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. 45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 46 “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. 47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas de tudo isso”.

Palavra da Salvação.

3) Momento de Reflexão:  A Bíblia explicada em capítulos e versículos –  Lucas 24,35-48 – Os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus

*  Nestes dias depois da Páscoa, os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus. No início, nos primeiros anos depois da morte e ressurreição de Jesus, os cristãos não se preocupavam em defender a ressurreição por meio das aparições. Eles mesmos, a comunidade viva, era a grande aparição de Jesus ressuscitado. Mas na medida em que cresciam as críticas dos inimigos contra a fé na ressurreição e que, internamente, surgiam críticas e dúvidas a respeito das várias funções nas comunidades (cf. 1Cor 1,12), eles começaram a lembrar as aparições de Jesus. Há dois tipos de aparições: (1) as que acentuam as dúvidas e resistências dos discípulos em crer na ressurreição, e (2) as que chamam a atenção para as ordens de Jesus aos discípulos e discípulas conferindo-lhes alguma missão. As primeiras respondem às críticas vindas de fora. Elas mostram que os cristãos não são pessoas ingênuas e crédulas que aceitam qualquer coisa. Pelo contrário. Eles mesmos tiveram muitas dúvidas em crer na ressurreição. As outras respondem às críticas de dentro e fundamentam as funções e tarefas comunitárias não nas qualidades humanas sempre discutíveis, mas sim na autoridade e nas ordens recebidas do próprio Jesus ressuscitado. A aparição de Jesus narrada no evangelho de hoje combina os dois aspectos: as dúvidas dos discípulos e a missão de anunciar e perdoar recebida de Jesus.

*  Lucas 24,35O resumo de Emaús.  De retorno a Jerusalém, os dois discípulos encontram a comunidade reunida e comunicam a experiência que tiveram. Narram o que aconteceu no caminho e como reconheceram Jesus na fração do pão. A comunidade reunida, por sua vez, comunica a eles como Jesus aparecera a Pedro. Foi uma partilha mútua da experiência de ressurreição, como até hoje acontece quando as comunidades se reúnem para partilhar e celebrar sua fé, sua esperança e seu amor.

*  Lucas 24,36-37A aparição de Jesus causa espanto nos discípulos. Neste momento, Jesus se faz presente no meio deles e diz: “A Paz esteja com vocês!”  É a saudação mais freqüente de Jesus: “A Paz esteja com vocês!” (Jo 14,27; 16,33; 20,19.21.26). Mas os discípulos, ao verem Jesus, ficam com medo. Eles se espantam e não reconhecem Jesus. Diante deles está o Jesus real, mas eles imaginam estar vendo um espírito, um fantasma. Há um desencontro entre Jesus de Nazaré e Jesus ressuscitado. Não conseguem crer.

*  Lucas 24,38- 40Jesus os ajuda a superar o medo e a incredulidade.  Jesus faz duas coisas para ajudar os discípulos a superar o espanto e a incredulidade. Ele mostra as mãos e os pés, dizendo: “Sou eu!”, e manda apalpar o corpo, dizendo: “Espírito não tem carne nem osso como vocês estão vendo que eu tenho!”  Jesus mostra as mãos e os pés, porque é neles que estão as marcas dos pregos (cf. Jo 20,25-27). O Cristo ressuscitado é Jesus de Nazaré, o mesmo que foi morto na Cruz, e não um Cristo fantasma como imaginavam os discípulos ao vê-lo. Ele mandou apalpar o corpo, porque a ressurreição é ressurreição da pessoa toda, corpo e alma. A ressurreição não tem nada a ver com a teoria da imortalidade da alma, ensinada pelos gregos.

*  Lucas 24,41-43Outro gesto para ajuda-los a superar a incredulidade.  Mas não bastou. Lucas diz que por causa de tanta alegria eles não podiam crer. Jesus pede que lhe dêem algo para comer. Eles deram um pedaço de peixe e ele comeu diante deles, para ajuda-los a superar a dúvida.

*  Lucas 24,44-47Uma chave de leitura para compreender o sentido novo da Escritura. Uma das maiores dificuldades dos primeiros cristãos era aceitar um crucificado como sendo o messias prometido, pois a própria lei de Deus ensinava que uma pessoa crucificada era “um maldito de Deus” (Dt 21,22-23). Por isso, era importante saber que a própria Escritura já tinha anunciado que “o Cristo devia sofrer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que em seu nome fosse proclamado o arrependimento para o perdão dos pecados a todas as nações”. Jesus mostrou a eles como isto já estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Jesus ressuscitado, vivo no meio deles, se torna a chave para abrir o sentido total da Sagrada Escritura.

*  Lucas 24,48Vocês são testemunhas disso. Nesta ordem final está toda a missão das comunidades cristãs: ser testemunha da ressurreição, para que se torne manifesto o amor de Deus que nos acolhe e nos perdoe, e quer que vivamos em comunidade como seus filhos e filhas, irmãos e irmãs uns dos outros.

4) Para um confronto pessoal

1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?

2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?

5) Oração final

Ó SENHOR, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares?  (Sl 8,2.5)

III DOMINGO DA PÁSCOA -ANO B
NOS SOMOS TESTEMUNHAS

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

III DOMINGO DA PÁSCOA

1) Oração

Ó Deus, que reunistes povo tão diversos no louvor do vosso nome, concedei aos que renasceram nas águas do batismo ter no coração a mesma fé e na vida a mesma caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 24,35-48)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, 24,35 Os discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” 37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. 38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? 39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele tomou e comeu à vista deles. 44 Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. 45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 46 “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. 47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas de tudo isso”.

Palavra da Salvação.

3) Momento de Reflexão:  A Bíblia explicada em capítulos e versículos –  Lucas 24,35-48 – Os textos do evangelho relatam as aparições de Jesus

Fulton Sheen, na sua admirável “Vida de Cristo”, tem um capítulo que se intitula ” A chaga mais séria da terra”. É onde ele fala do sepulcro de Jesus encontrado vazio na manhã do terceiro dia.

Quando o anjo do evangelho de Mateus diz às mulheres: “Ele não está aqui. Ressuscitou, como havia dito” (Mt 28, 6). O mesmo que dizem os dois anjos resplandecentes da narração de Lucas: “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou” (Lc 24, 5-6). O simples sepulcro vazio não seria ainda uma prova suficiente da ressurreição. A rigor, seria possível pensar em outra explicação. Aliás, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo subornaram os guardas para que espalhassem que o corpo tinha sido roubado pelos discípulos. E a notícia se divulgou por muito tempo (cfr Mt 28, 11-15). Foi a palavra dos mensageiros celestes que garantiu a explicação verdadeira: a ressurreição.

Mas a verdadeira prova, que funda nossa certeza de fé são as aparições, atestadas por Pedro, por Madalena, pelos discípulos. É tão Límpida, por exemplo, esta palavra de Pedro, no seu segundo discurso ao povo de Jerusalém: “O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de vossos pais, glorificou o seu Filho Jesus, que vós entregastes e renegastes diante de Pilatos, quando este achava que o devia libertar.

Vós negastes o Santo e o Justo. Vós pedistes graça para um assassino, enquanto fazíeis morrer o Autor da vida. Mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas” (At 3, 13-15). Pedro e os outros viram o Senhor ressuscitado. Não era uma visão.

Não era um fantasma. Era o próprio Jesus que eles tinham conhecido em vida. Os relatos evangélicos insistem em elementos histórico – apologéticos, sobretudo no evangelho de São Lucas, que escreveu para os gentios, que não admitiam ressurreição: olhar as chagas, tocar, palpar, e até tomar parte na refeição deles. Isto, que pode causar estranheza, tem esta bela explicação de Fulton Sheen: “Este corpo glorioso não comia à semelhança da planta que absorve a umidade da terra por necessidade, mas como o sol que a embebe com a sua intensidade” (o, c., cap. 53). Era um corpo glorioso. Ao mesmo tempo que se deixava ver e tocar, entrava sem que fosse preciso abrir-Ihe as portas e vencia distâncias instantaneamente. E ficava a certeza da Ressurreição. Ressuscitou, como tinha dito.

Na sua apresentação como ressuscitado, Jesus faz questão de dizer que tudo se cumpriu como estava nas Escrituras: “Que o Cristo haveria de sofrer, ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia, e que a penitência seria pregada em seu nome, para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós dareis testemunho disso” (Lc 24, 45-48).

Duas verdades estão aí bem explícitas. A primeira é que o Messias predito nas Escrituras, não é um messias triunfante, na glória de um poder político, como era muitas vezes entendido. Cristo era o descendente de Davi e herdeiro de seu trono, mas seu poder era todo espiritual. “Meu reino não é deste mundo”, como proclamou diante de Pilatos (Jo 18, 36). E é esse Reino que a Igreja deve difundir no mundo. Um reino de valores espirituais, embora com as mais benéficas influências nos valores temporais dos povos. Não devemos pensar numa Igreja triunfalista. Seu caminho será sempre marcado pelo sofrimento. Mas essa é sua verdadeira glória. E, ao longo dos séculos, o sangue de seus mártires – como disse Tertuliano – tem sido e será sempre semente de cristãos.

A segunda verdade que está explícita na palavra de Jesus ressuscitado é que a Ressurreição traz para o mundo uma mensagem de penitência. “Penitência” -“metanoia” -no seu sentido mais fundamental que é “mudança de vida”. Aceitá-Io como Salvador e seguir sua doutrina. O mesmo São Pedro o vai dizer ainda mais claramente aos homens do Sinédrio :”Não há sob o céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). Aliás, o nome de Jesus significa “Deus-salva”.
Onde, portanto, se estiver abraçando os ensinamentos de Jesus aí estará acontecendo a ressurreição. E a salvação. E estará , surgindo um mundo novo. “Um novo céu e uma nova terra”, preludiando o definitivo céu novo e a definitiva nova terra da eternidade.

4) Para um confronto pessoal

1) Às vezes, a incredulidade e a dúvida se aninham no coração e procuram enfraquecer a certeza que a fé nos dá a respeito da presença de Deus em nossa vida. Você já viveu isto alguma vez? Como o superou?

2) Ser testemunha do amor de Deus revelado em Jesus é a nossa missão, a minha missão. Será que eu sou?

5) Oração final

Ó SENHOR, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares?  (Sl 8,2.5)

LEITURAS do III domingo de Páscoa -ANO B:

1ª – At 3,13-15, 17.19.

2ª – 1Jo 2,1.5a.

3ª – Lc 24,35.48.

Lc 24, 13-35 – No Partir do Pão –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CMVÍDEO NO PARTIR DO PÃO

https://www.youtube.com/watch?v=_YGR-ygiAx8&t=464s

Pe. Lucas – No Partir do Pão – Lc 24, 13-35 –Sabemos todos que o principal argumento para demonstrar a Ressurreição de Jesus não é o fato de o sepulcro ter sido encontrado vazio, como encontraram Maria Madalena com suas companheiras, e os apóstolos Pedro e João. A rigor se poderiam imaginar outras hipóteses para explicar essa ausência do corpo lá onde ele tinha sido sepultado.Até a hipótese de um piedoso furto, como quiseram forjar os sumos sacerdotes, pagando uma vistosa quantia aos soldados que ficaram de guarda para dizerem que, enquanto eles estavam dormindo, tinham vindo os discípulos e tinham levado o corpo. Mateus o conta, acrescentando que a notícia correra o mundo até aos dias em que se estava escrevendo o evangelho (Mt 28, 12-15) .Santo Agostinho ironiza sobre essa “infeliz astúcia” de apresentarem testemunhas que estavam dormindo.A declaração do anjo às piedosas mulheres já encaminha a solução verdadeira: Jesus ressuscitou. E não deve ser procurado entre os mortos, pois Ele está vivo. Porém a grande prova de que Jesus havia ressuscitado são as numerosas aparições que foram acontecendo. A várias pessoas e em vários lugares. Por isso é que a Igreja nos vai recordando várias delas, no decorrer da celebração da liturgia do Tempo Pascal.Maravilhosa é entre todas a aparição a dois discípulos no caminho de Emaús, no próprio dia da Ressurreição. A narração de São Lucas é tão bela e tão impregnada de sua grande sabedoria de psicólogo, que, como nota o Padre Ricciotti na sua “Vida de Jesus”, seria uma grande perda tentar apresentá-la em outra redação. O melhor é lê-Ia uma e mais vezes na primorosa redação de Lucas (Lc 24, 13- 35). Na Liturgia ela é lida nas missas vespertinas do próprio dia de Páscoa e no terceiro domingo da Páscoa. Vale a pena ler e reler.E nessa leitura iremos descobrir uma agradável verdade, que vale também para a leitura das outras aparições: Jesus continua a pregação do Evangelho nesta sua segunda vida. E prega, nos quarenta dias em que se fez ver ainda na terra, coisas maravilhosas. E prega maravilhosamente.Vamos salientar três grandes verdades que aparecem no encontro com os discípulos no caminho de Emaús. A primeira verdade é que não nos devemos apoiar em falsas esperanças. “Nós esperávamos -disseram os discípulos -que seria Ele quem iria redimir Israel” (Lc 24,21 ).Era aquela falsa esperança de que Jesus fosse um Messias político, que iria libertar Israel do jugo dos romanos. Apesar das muitas vezes em que Jesus tinha falado do verdadeiro sentido de sua missão, muitos não tinham sido capazes de entender.E assim se sentiam profundamente desiludidos com a morte de Jesus, de maneira tão humilhante e tão dolorosa. E, como não tinham ainda notícia da Ressurreição -por enquanto eram só boatos ouvidos das mulheres -sentiam- se desolados.Todos nós podemos estar sujeitos a alimentar também falsas esperanças. E podemos encontrar em nosso caminho muita gente desiludida na fé e na religião, por se ter baseado em falsas interpretações da verdade. Cabe ao zelo do coração cristão tirar caridosamente tais pessoas de sua posição equivocada, e iluminar-lhes o espírito, como fez o divino “Peregrino” do caminho de Emaús.O recurso para isso -e é a segunda verdade que o episódio nos ensina -é a Palavra de Deus, exatamente como fez Jesus, “começando por Moisés e por todos os profetas” (v. 27).Hoje temos, além de Moisés e dos profetas, toda a riqueza dos evangelhos e de todo o Novo Testamento. É a mina inesgotável da Palavra, que a Igreja nos põe nas mãos. Nenhuma fonte mais rica nem mais consoladora do que essa “para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça”, como se lê na segunda carta a Timóteo (2 Tm 3, 16) .O verdadeiro cristão deve estar bem familiarizado com a Palavra de Deus, para ser capaz de sugerir no momento oportuno o remédio a quem sofre a tristeza e o desânimo. E quem souber usar sabiamente desse remédio, fará prodígios.E há uma terceira lição: conheceram a Jesus no partir do pão. No rito familiar de “abençoar o pão, parti-lo e distribuí-lo”, viram que era Jesus que estava com eles.Assim acontecerá conosco, se convivermos fraternalmente com nossos irmãos e – especialmente! – se soubermos repartir o pão a quem estiver precisando. Jesus estará conosco de verdade!Leituras do III Domingo da Páscoa -Ano A:

1a)At 2, 14.22-28

2a) 1Pdr 1, 17-21

3a) Lc 24, 13-35

Lc 24, 13-35 – Aparição de Jesus aos discípulos de Emaús

A Bíblia explicada em capítulos e versículos – 

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

1) Oração

2) Leitura do Evangelho (Lucas 24, 13-35)

3) Reflexão Lucas 24,13-35

O evangelho de hoje traz o episódio tão conhecido da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Lucas escreve nos anos 80 para as comunidades da Grécia que na sua maioria eram de pagãos convertidos. Os anos 60 e 70 tinham sido muito difíceis. Houve a grande perseguição de Nero em 64. Seis anos depois em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Em 72, em Massada no deserto de Judá, foi o massacre dos últimos judeus revoltosos. Nesses anos todos, os apóstolos, testemunhas da ressurreição, foram desaparecendo. O cansaço ia tomando conta da caminhada. Onde encontrar força e coragem para não desanimar? Como descobrir a presença de Jesus nesta situação tão difícil? A narração da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús procura ser uma resposta para estas perguntas angustiantes. Lucas quer ensinar as comunidades como interpretar a Escritura para poder redescobrir a presença de Jesus na vida.

Lc 24,13-24: 1º Passo: partir da realidade. Jesus encontra os dois amigos numa situação de medo e de descrença. As forças de morte, a cruz, tinham matado neles a esperança. Era a situação de muita gente no tempo de Lucas e continua sendo a situação de muitos hoje em dia. Jesus se aproxima e caminha com eles, escuta a conversa e pergunta: “De que estão falando?” A ideologia dominante, isto é, a propaganda do governo e da religião oficial da época, impedia-os de enxergar. “Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas…”. Qual é hoje a conversa do povo que sofre? O primeiro passo é este: aproximar-se das pessoas, escutar sua realidade, sentir seus problemas; ser capaz de fazer perguntas que ajudem as pessoas a olhar a realidade com um olhar mais crítico.

Lc 24,25-27: 2º Passo: usar a Bíblia para iluminar a vida. Jesus usa a Bíblia e a história do povo de Deus para iluminar o problema que fazia sofrer os dois amigos, e para esclarecer a situação que eles estavam vivendo. Usa-a também para situá-los dentro do conjunto do projeto de Deus que vinha desde Moisés e os profetas. Ele mostra assim que a história não tinha escapado da mão de Deus. Jesus usa a Bíblia não como um doutor que já sabe tudo, mas como o companheiro que vem ajudar os amigos a lembrar o que estes tinham esquecido. Jesus não provoca complexo de ignorância nos discípulos, mas procura despertar neles a memória: “Como vocês demoram para entender o que os profetas anunciaram!”. O segundo passo é este: com a ajuda da Bíblia, ajudar as pessoas a descobrir a sabedoria que já existe dentro delas mesmas, e transformar a cruz, sinal de morte, em sinal de vida e de esperança. Aquilo que as impedia de caminhar, torna-se agora força e luz na caminhada. Como fazer isto hoje?Lc 24,28-32: 3º Passo: partilhar na comunidade. A Bíblia, ela por si, não abre os olhos. Apenas faz arder o coração. O que abre os olhos e faz enxergar, é a fração do pão, o gesto comunitário da partilha, rezar juntos, a celebração da Ceia. No momento em que os dois reconhecem Jesus, eles renascem e Jesus desaparece. Jesus não se apropria da caminhada dos amigos. Não é paternalista. Ressuscitados, os discípulos são capazes de caminhar com seus próprios pés. O terceiro passo é este: saber criar um ambiente de fé e de fraternidade, de celebração e de partilha, onde possa atuar o Espírito Santo. É ele que nos faz descobrir e experimentar a Palavra de Deus na vida e nos leva a entender o sentido das palavras de Jesus (Jo 14,26; 16,13).Lc 24,33-35: O resultado: Ressuscitar e voltar para Jerusalém. Os dois criam coragem e voltam para Jerusalém, onde continuavam ativas as mesmas forças de morte que tinham matado Jesus e que tinham matado neles a esperança. Mas agora tudo mudou. Se Jesus está vivo, então nele e com ele está um poder mais forte do que o poder que o matou. Esta experiência os faz ressuscitar! Realmente tudo mudou! Coragem, em vez de medo! Retorno, em vez de fuga! Fé, em vez de descrença! Esperança, em vez de desespero! Consciência crítica, em vez de fatalismo frente ao poder! Liberdade, em vez de opressão! Numa palavra: vida, em vez de morte! Em vez da má noticia da morte de Jesus, a Boa Notícia da sua Ressurreição! Os dois experimentam a vida, e vida em abundância! (Jo 10,10). Sinal do Espírito de Jesus atuando neles!

4) Para um confronto pessoal

1-Os dois disseram: “Nós esperávamos, mas….!” Você já viveu uma situação de desânimo que o levou a dizer: “Eu esperava, mas…!”?2-Como você lê, usa e interpreta a Bíblia? Já sentiu arder o coração ao ler e meditar a Palavra de Deus? Lê a Bíblia sozinho ou faz parte de algum grupo bíblico?5) Oração final

Celebrai o SENHOR, invocai seu nome, manifestai entre as nações suas grandes obras. Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR. (Sl 104, 1-3)