Jo 15,1-8 – “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos –

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões, ilustrações e vídeo de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

Pe. Lucas – Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor – Jo 15,1-8

1) Oração

Ó Deus, que amais e restituís a inocência, orientai para vós os nossos corações, para que jamais se afastem da luz da verdade os que tirastes das trevas da descrença. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,1-8)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim.5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.3) Reflexão – Jo 15,1-8

*  Os Capítulos 15 até 17 do Evangelho de João trazem vários ensinamentos de Jesus que o evangelista juntou e colocou aqui no contexto amigo e fraterno do último encontro de Jesus com seus discípulos:

Jo 15,1-17: Reflexões em torno da parábola da videira

Jo 15,18 a 16,4a: Conselhos sobre a maneira de como comportar-se quando forem perseguidos

Jo 16,4b-15: Promessa sobre a vinda do Espírito Santo

Jo 16,16-33: Reflexões sobre a despedida e o retorno de Jesus

Jo 17,1-26: O Testamento de Jesus em forma de oração*  Os Evangelhos de hoje e de amanhã trazem uma parte da reflexão de Jesus em torno da parábola da videira. Para entender bem todo o alcance desta parábola, é importante estudar bem as palavras que Jesus usou. Igualmente importante é você observar de perto uma videira ou uma planta qualquer para ver como ela cresce e como acontece a ligação entre o tronco e os ramos, e como o fruto nasce do tronco e dos ramos.*  João 15,1-2: Jesus apresenta a comparação da videira 

No Antigo Testamento, a imagem da videira indicava o povo de Israel (Is 5,1-2). O povo era como uma videira que Deus plantou com muito carinho nas encostas das montanhas da Palestina (Sl 80,9-12). Mas a videira não correspondeu ao que Deus esperava. Em vez de uvas boas deu um fruto azedo que não prestava para nada (Is 5,3-4). Jesus é a nova videira, a verdadeira. Numa única frase ele nos entrega toda a comparação. Ele diz: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto, ele o corta. E todo ramo que produz fruto, ele o poda!”.  A poda é dolorosa, mas é necessária. Ela purifica a videira, para que cresça e produza mais frutos. *  João 15,3-6: Jesus explica e aplica a parábola   

Os discípulos já são puros. Já foram podados pela palavra que ouviram de Jesus. Até hoje, Deus faz a poda em nós através da sua Palavra que nos chega pela Bíblia e por tantos outros meios. Jesus alarga a parábola e diz: “Eu sou a videira e vocês são os ramos!”  Não se trata de duas coisas distintas: de um lado a videira, do outro, os ramos. Não! Videira sem ramos não existe. Nós somos parte de Jesus. Jesus é o todo. Para que um ramo possa produzir fruto, deve estar unido à videira. Só assim consegue receber a seiva. “Sem mim vocês não podem fazer nada!” Ramo que não produz fruto é cortado. Ele seca e é recolhido para ser queimado. Não serve para mais nada, nem para lenha!

*  João 15,7-8: Permanecer no amor.   

Nosso modelo é aquilo que Jesus mesmo viveu no seu relacionamento com o Pai. Ele diz: “Assim como o Pai me amou, também eu amei vocês. Permaneçam no meu amor!” Ele insiste em dizer que devemos permanecer nele e que as palavras dele devem permanecer em nós. E chega a dizer: “Se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, aí podem pedir qualquer coisa e vocês o terão!”  Pois o que o Pai mais quer é que nos tornemos discípulos e discípulas de Jesus e, assim, produzamos muito fruto.4) Para confronto pessoal

  1. Quais as podas ou momentos difíceis, que já passei na minha vida e que me ajudaram a crescer? Quais as podas ou momentos difíceis, que passamos na nossa comunidade e nos ajudaram a crescer?

2) O que mantém a planta unida e viva, capaz de dar frutos, é a seiva que a percorre. Qual é a seiva que percorre nossa comunidade a mantém viva, capaz de produzir frutos?

5) Oração final

Cantai ao Senhor um canto novo, Cantai ao Senhor em toda a terra. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. (Sl 95, 1)

 

Jo 15,1-8 – “Videira e Ramos –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos –

O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões, ilustrações e vídeo de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

                                                                     VIDEIRA E RAMOSA videira é uma planta muito nobre. E muito bela. Pela beleza de sua folhagem, quer no verde viçoso da primavera, quer no colorido típico do outono quando chega a hora da vindima. Pela beleza e pelo sabor delicioso de seus frutos. Pelo mistério do vinho “que alegra o coração do homem” (SI 103, 15). Poetas do Oriente, da Grécia e de Roma cantaram a vinha. E ela aparece como valioso elemento decorativo na pintura e na escultura desses e de outros povos.Também o povo de Deus é comparado na Bíblia com uma vinha. Nos profetas e, sobretudo, no salmo 79, onde o povo de Israel é comparado com uma videira que Deus transplantou do Egito para a Terra da Promissão, e lhe preparou o terreno, de sorte que ela lançou raízes pujantes e cresceu até encher a terra.Sua sombra – diz o salmista com sonora hipérbole poética – chegou a cobrir as montanhas, e seus ramos ficaram tão majestosos como os cedros do Líbano e se estenderam até o mar e até o rio (cfr vv 9-12).Também o Evangelho fala da vinha muitas vezes. E no evangelho deste domingo – no meio de toda essa riqueza de mensagens que a liturgia nos apresenta nestes domingos pascais – Jesus se serve da alegoria da videira para se indicar a si mesmo: “Eu sou a videira, vós sois os ramos” (Jo 13, 5).E, num delicioso toque familiar: “Meu Pai é o agricultor” (Ibid., vi). E continua dizendo que o ramo só pode produzir fruto, se estiver unido à videira. E que o ramo que não der fruto será cortado e lançado ao fogo. E, em tom realmente magistral, sentencia: “Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim… Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Ibid., 4-5).Aí está uma das grandes verdades do cristianismo: Sem Cristo nada valemos. Ele não é apenas um Mestre longínquo, que ditou suas lições e as deixou para que nós as fôssemos pondo em prática. Ele é uma fonte viva que continua a borbulhar no aqui e no agora de cada cristão e no todo da Igreja. É como diz São Paulo, de uma forma muito viva: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (GI 2, 20). Vivemos de Cristo, como os ramos vivem da videira. Afinal, é o que já está anunciado no portal do Evangelho: “Habitou entre nós cheio de graça e de verdade… E de sua plenitude todos nós recebemos (Jo 1, 14-16).Nossa consciência cristã nos faz descobrir com clareza cada vez mais transparente que ser cristão não é apenas pertencer a uma organização estabelecida em regras jurídicas muito exatas; que celebra seu culto segundo ritos muito definidos; que povoa o mundo de templos esplêndidos pela sua arquitetura e de claustros veneráveis pela sabedoria de seus habitantes. Cristianismo é antes de tudo vida.É a seiva da graça de Cristo vivificando tudo. Se nas manifestações exteriores da Igreja, por esplendorosas que elas sejam, faltar a vida de união com Cristo, nenhum valor verdadeiro elas terão. Poderão ser até admiradas pelos cultores da arte e da história, mas será uma admiração superficial, que não penetra no âmago das realidades. Esses admiradores superficiais são os que freqüentemente vulgarizam a mensagem do cristianismo e a envolvem facilmente nos ideais do mundo do consumismo, reduzindo o Natal à figura do Papai Noel, a quaresma ao consumo de frutos de mar, e a Páscoa aos presentes de ovos de chocolate.Cabe aos discípulos de Cristo produzir frutos de verdade. Esses que constituem o âmago do cristianismo: a fé, o culto a Deus, a justiça, a verdade, o amor fraterno pregado no Sermão da Montanha. Esses valores, onde os houver, darão significado autêntico às manifestações exteriores da vida da Igreja. Elas passarão a ter um papel muito nobre: serão uma espécie de sacramentos da presença de Cristo no mundo. E o Pai do céu -o agricultor! – será glorificado ao contemplar a santa Videira que o calor da Ressurreição fez crescer .

LEITURAS do v domingo da Páscoa:

1- At 9, 26-31.

2-1 Jo 3, 18-24.

3-Jo 15, 1-18.