Mc 11,11-26 – Por quê a figueira foi amaldiçoada por Jesus? E porque expulsou os vendilhões do templo?

A Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos

– O Amanhecer do Evangelho 

– Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Sexta-feira da VIII Semana do Tempo Comum

1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

1ª Leitura # Gn 14,18-20
Gn 14, 18 Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mandou trazer pão e vinho, 19 e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e terra! 20 Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!”E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

2ª Leitura # 1Cor 11,23-26
1Cor 11, 23 Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. 25 Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim. 26 Assim, todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a morte do Senhor, até que venha.


2) Leitura do Evangelho (Mc 11,11-26)
11Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Lá observou todas as coisas. Mas, como já era tarde, ele e os Doze foram para Betânia. 12No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13Avistando de longe uma figueira coberta de folhas, foi lá ver se encontrava algum fruto. Chegando perto, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos.14Então reagiu dizendo à figueira: “Nunca mais ninguém coma do teu fruto”. Os discípulos ouviram isso. 15Foram então a Jerusalém.

Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. 16Também não permitia que se carregassem objetos passando pelo templo.

17Pôs-se a ensinar e dizia-lhes: “Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”. 18Os sumos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, pois a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19E quando anoiteceu, Jesus e os discípulos foram saindo da cidade.20De manhã cedo, ao passarem, verificaram que a figueira tinha secado desde a raiz.21Pedro lembrou-se e disse: “Rabi, olha, a figueira que amaldiçoaste secou”. 22Jesus lhes observou: “Tende fé em Deus. 23Em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: ‘Arranca-te e joga-te no mar’, sem duvidar no coração, mas acreditando que vai acontecer, então acontecerá. 24Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido. 25E, quando estiverdes de pé para a oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”. [26Se vós não perdoais, vosso Pai nos céus também não perdoará vossas transgressões].


3) Reflexão

“Se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo Lucas 13,1-9- Mc 11,11-26
Esta passagem é somente encontrada no Evangelho de Lucas, e ensina os discípulos que Jesus é compassivo com as falhas, fraquezas, e limitações humanas, mas que também tem exigências, para quem quer segui-lo. Ele nos convida à conversão antes que seja tarde demais!

O trecho começa com o relato feito por algumas pessoas, dum fato ocorrido em Jerusalém, quando Pilatos matou um grupo de galileus durante o sacrifício (não temos informações sobre esse acontecimento de outras fontes).
Na época, sofrer desgraças como doença, pobreza ou morte prematura, era visto como castigo de Deus por ser pecador.
Podemos lembrar da pergunta feita a Jesus, referente ao homem cego de nascença, no Evangelho de João: “Os discípulos perguntaram: Mestre, quem foi que pecou, para que ele nascesse cego? Foi ele ou seus pais?”(Jo 9,2).
É a tal chamada “Teologia da Retribuição”, onde Deus premia ou castiga segundo os méritos da pessoa, ou melhor, segundo o que o sistema vigente entende por méritos.

Assim se anula a gratuidade e a bondade misericordiosa de Deus, e os excluídos da sociedade são vistos como culpados do seu próprio sofrimento. Infelizmente essa teologia, tão anti-evangélica está muito presente hoje, quando a religião, ou o pagamento do dízimo se entendem como “investimento” para receber retornos de Deus.
É claro que também essa teologia funciona em favor da elite dominante, pois a sua riqueza é explicada como proveniente da bênção de Deus. Jesus não autoriza tal interpretação, e falando também dum outro acidente em Jerusalém que matou dezoito (v. 4), mostra que Deus não castiga assim.
Esses acontecimentos trágicos podem servir para que todos pensem na insegurança da vida, e na urgência de conversão, enquanto ainda há tempo! Todos nós precisamos estar preparados para enfrentar o julgamento de Deus, através duma vida digna de discípulos.

Os versículos 6 – 9 formam a parábola da figueira. Tem dois lados – como parábola de compaixão e como parábola de crise! Na primeira interpretação, Deus sempre dá ao pecador (simbolizado pela figueira que não dava fruto) mais uma chance.
Assim toca num tema central de Lucas, que é a misericórdia de Deus. Na segunda interpretação, mexe com os acomodados e desligados entre os discípulos, que só “esgotam a terra” ( v.7), ou seja, estão na comunidade como peso morto, sem contribuir nada a ela.

Tais pessoas devem converter-se para dar os frutos duma vida do discipulato, ou correr o risco de serem cortados da vinha do Senhor!
Quaresma é um tempo oportuno para uma reflexão sobre a nossa vida cristã. É claro que todos nós somos pecadores, e então em permanente necessidade de conversão.

A parábola nos anima diante das nossas fraquezas, pecados e tropeços na caminhada, pois Deus é compassivo, e em Jesus sempre nos convida a voltar ao bom caminho. Do outro lado, a Quaresma também deve nos estimular para que busquemos na verdade caminhos de conversão, descobrindo onde e como somos “figueiras sem frutos”, buscando o “adubo” (v.8) da oração, da Palavra de Deus, dos sacramentos, da Campanha da Fraternidade, para que voltemos a produzir os frutos devidos a verdadeiros discípulos/as de Jesus.


4) Para um confronto pessoal
Se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo Lucas 13,1-9- Mc 11,11-26. Qual a lição que tira para a vida diante desses dois capítulos e versículos?


5) Oração final
O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos castiga em proporção de nossas faltas. (Sl 102, 8.10)

Sexta-feira da 8ª Semana do Tempo Comum


1) Oração

Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho   (Mc 11,11-26)

11Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Lá observou todas as coisas. Mas, como já era tarde, ele e os Doze foram para Betânia. 12No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13Avistando de longe uma figueira coberta de folhas, foi lá ver se encontrava algum fruto. Chegando perto, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. 14Então reagiu dizendo à figueira: “Nunca mais ninguém coma do teu fruto”. Os discípulos ouviram isso. 15Foram então a Jerusalém. Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. 16Também não permitia que se carregassem objetos passando pelo templo. 17Pôs-se a ensinar e dizia-lhes: “Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”. 18Os sumos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, pois a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19E quando anoiteceu, Jesus e os discípulos foram saindo da cidade. 20De manhã cedo, ao passarem, verificaram que a figueira tinha secado desde a raiz. 21Pedro lembrou-se e disse: “Rabi, olha, a figueira que amaldiçoaste secou”. 22Jesus lhes observou: “Tende fé em Deus. 23Em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: ‘Arranca-te e joga-te no mar’, sem duvidar no coração, mas acreditando que vai acontecer, então acontecerá. 24Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido. 25E, quando estiverdes de pé para a oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”. [26Se vós não perdoais, vosso Pai nos céus também não perdoará vossas transgressões].

3) Reflexão

Depois de uma longa viagem, durante a qual anunciou o Reino e realizou prodígios, que manifestavam a sua presença, Jesus chega a Jerusalém. Entra no templo, examina a situação, e retira-se para Betânia, onde pernoita.

No dia seguinte dá-se o episódio da maldição da figueira, um evento que tem dado azo a muitas discussões e hipóteses entre os exegetas. Não vamos entrar nelas. Mas, encorajados pela liturgia que nos faz ler hoje três episódios do ministério de Jesus em Jerusalém, – a maldição da figueira (vv. 12-14), a expulsão dos profanadores do tempo (vv. 15-19), a exortação à fé (vv. 22-25), – vamos procurar descobrir a ligação que há entre eles. Jesus tem fome, procura figos na figueira e não os encontra. Marcos informa que «não era tempo de figos» (v. 14). Este evento enquadra-se no contexto da revelação que Jesus está a completar. O tempo da fé é salvífico, e não cronológico. Jesus revela que o Pai, n´Ele, tem fome e tem sede, não de alimento ou de bebida, mas de amor, de justiça, de retidão; tem fome e sede de respeito pela sua morada, e não da profanação do templo santo, que somos cada um de nós. Para saciar esta fome e esta sede, todo o tempo e todo o lugar são bons. Israel perdera a sua fecundidade religiosa porque, explorando o povo simples no próprio templo de Deus, não amava a humanidade e não podia, por conseguinte, correr o risco da maravilhosa aventura da oração e da fé.

Jesus, no evangelho de hoje, nos surpreende. Estamos habituados a repetir as suas palavras: «aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). Hoje, porém, o Senhor parece-nos violento. De fato, o amor de Jesus não é mole. É um amor forte, que em certas ocasiões se manifesta de modo verdadeiramente violento: «Jesus começou a expulsar os que vendiam e compravam no templo; deitou por terra as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas» (Mt 11,12). O que o faz atuar é o seu amor pelo Pai e por nós. Quer purificar a casa do Pai que deve tornar-se «casa de oração para todos os povos», e não uma «covil de ladrões».

O episódio da figueira que não tem frutos ilumina este amor. A propósito desta árvore que, amaldiçoada por Jesus, seca, – gesto simbólico que mostra a necessidade de produzir frutos abençoados por Deus – Jesus faz o seguinte comentário: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te ao mar’, e não vacilar em seu coração, mas acreditar que o que diz se vai realizar, assim acontecerá» (v. 23). Jesus, que está sempre em íntima comunhão com o Pai, conhece a sua generosidade. Por isso, convida-nos a esta oração confiante. E não se esquece do amor fraterno. Por isso, acrescenta: «Quando vos levantais para orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe primeiro, para que o vosso Pai que está no céu vos perdoe também as vossas ofensas.» (vv. 24-25). O amor pelo Pai está intimamente unido ao amor pelos homens, os homens que Ele ama. Para estar unidos ao Pai, e crescer nessa união, é preciso abrir o coração aos outros, ainda que pecadores, ainda que nos tenham ofendido, como fez Jesus.

Peçamos ao Senhor uma vida cheia de fé, uma vida assentada no amor, mesmo por aqueles que são contra nós. É assim que imitamos o Pai que está no céu. É assim que seguimos os bons exemplos dos Santos, e deixamos atrás de nós um rasto luminoso de bem.

O seguimento de Jesus, na fidelidade e no amor, garante uma vida cheia de frutos que permanecem.

4) Para um confronto pessoal

1)

2)

5) Oração final

O Senhor é bom e misericordioso,

lento para a cólera e cheio de clemência.

Não nos trata segundo os nossos pecados,

nem nos castiga em proporção de nossas faltas. (Sl 102, 8.10)