XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B
O CORAÇÃO COMPASSIVO

O termo “pastor”, hoje reservado para os chefes religiosos, aparece na Bíblia também para indicar os chefes das comunidades. Aliás já Homero usava a expressão “pastores dos povos” como indicativo do poder dos reis. E, se bem consideramos, a comparação é muito feliz. Ela quer dizer que a solicitude dos governantes para com seu povo deve imitar o cuidado e o carinho que os pastores têm para com as ovelhas de seu rebanho, reservando, inclusive, um carinho especial para a ovelha ferida ou para a que está amamentando, ou ainda para a ovelha que se desgarrou do rebanho. E é bom notar que esse cuidado do pastor para com seu rebanho é feito de dois elementos aparentemente antagônicos: a força e a ternura. A força para defender o rebanho contra os assaltos dos lobos ou dos ladrões, e a ternura para rodear de todo o desvelo a cada uma das ovelhas.

Pela voz dos profetas do Antigo Testamento, Deus, mais de uma vez, reclama dos governantes que não cuidam devidamente do povo. São maus pastores! É o que encontramos, por exemplo, em Jeremias, cujas palavras a liturgia nos faz ler como primeira leitura da missa deste domingo: ” Ai dos pastores que perdem e dispersam o rebanho da minha pastagem, diz o senhor”! (Jr 23, 1 ). E o profeta continua: “Por. isso, assim fala o senhor, Deus de Israel, contra os pastores que regem o meu povo: ‘Dispersastes o meu rebanho, vós o expulsastes e não tivestes pena alguma. Pois vou dar-vos a punição pelas vossas obras más’, diz o Senhor” (Ibid v 2).

A punição que vai acontecer é o exílio, que é o resultado de um povo desorientado e abandonado pelos seus chefes. Notemos, porém, que pela palavra do mesmo profeta Deus anuncia a recomposição do povo, e – alongando o olhar para o futuro – anuncia a própria vinda do Messias, da estirpe de Davi, que administrará a justiça e o direito.

Estamos agora preparados para entender melhor a palavra de Jesus que vamos ler em São Marcos (Mc 4, 30-34). Jesus, acompanhado dos apóstolos, tinha estado pregando e atendendo ao povo nas imediações do lago. Mas era tanta a gente que acorria a eles, que não tinham tempo para mais nada. Nem para tomar uma parca refeição.

Então o Mestre, num gesto que manifesta toda a delicadeza de seu coração, chamou os apóstolos, para que entrassem numa barca e se retirassem para um lugar deserto, a fim de descansarem um pouco. Mas o povo que os viu partir, foi por terra, rodeando aquele trecho do lago, e se juntou ainda mais gente. de outros lugares; de sorte que, quando Jesus chegou, lá estava de novo uma grande multidão à sua espera, ao encontro de sua pala- vra e de sua misericórdia. Jesus se comoveu profundamente e sentiu que “aquela gente estava como ovelhas sem pastor” (v 34). E começou a ensinar-lhes muitas coisas.

Expressão semelhante a essa do Evangelho encontramos no livro dos Números, quando Moisés, prestes a deixar esta vida, pediu a Deus que pusesse um homem escolhido à testa do povo, “para que não ficassem como ovelhas sem pastor” (Nm 27, 17). E Deus indicou Josué, que foi quem guiou o povo para a entrada na terra prometida, onde Moisés não Iria entrar.

E expressão semelhante teríamos que usar nós hoje, ao ver nosso povo humilde, carente de mil coisas e, na maioria dos caos, por falta de uma séria dedicação do poder público. Faltam planos eficientes de distribuição das terras e de construção de casas populares; faltam hospitais e toda uma séria organização dos serviços de saúde; faltam escolas e faltam meios de condução para as áreas mais necessitadas.

O espírito cristão nos deve levar a não lançar simplesmente sobre os outros a culpa, mas a pensar se cada um de nós esta cumprindo sua parte de responsabilidade no atender à comunidade. O país caminhará bem, se cada um levar a sério o seu dever. Só assim não se parecerá com um “rebanho sem pastor”. O Evangelho vale para ontem e para hoje. Suas lições são imortais. É só sabê-Ias adaptar a cada momento da História.

LEITURAS do XVI Domingo do Tempo Comum – Ano B :
1a – Jr 23,1-6.
2ª – Ef 2, 13-18.
3ª – Mc 6, 30-34.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B
O CORAÇAO COMPASSIVO

22 de julho de 2012 – XVI Domingo do Tempo Comum
PRIMEIRA LEITURA: Gn 18, 1-10
Leitura do livro do Gęnesis

Naqueles dias, 1o Senhor apareceu a Abraăo nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado ŕ entrada de sua tenda, no maior calor do dia. 2Abraăo levantou os olhos e viu tręs homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra. 3″Meus senhores, disse ele, se encontrei graça diante de vossos olhos, năo passeis avante sem vos deterdes em casa de vosso servo. 4Vou buscar um pouco de água para vos lavar os pés. 5Descansai um pouco sob esta árvore. Eu vos trarei um pouco de păo, e assim restaurareis as vossas forças para prosseguirdes o vosso caminho; porque é para isso que passastes perto de vosso servo.” Eles responderam: “Faze como disseste.” 6 Abraăo foi depressa ŕ tenda de Sara: “Depressa, disse ele, amassa tręs medidas de farinha e coze păes.” 7Correu em seguida ao rebanho, escolheu um novilho tenro e bom, e deu-o a um criado que o preparou logo. 8Tomou manteiga e leite e serviu aos peregrinos juntamente com o novilho preparado, conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam. 9E disseram-lhe: “Onde está Sara, tua mulher?” “Ela está na tenda”, respondeu ele. 10E ele disse-lhe: “Voltarei ŕ tua casa dentro de um ano, a esta época; e Sara, tua mulher, terá um filho.” Ora, Sara ouvia por detrás, ŕ entrada da tenda.

Palavra do Senhor.
Salmos: (15/14)
R. Senhor, quem morará em vossa casa?
1. O que vive na inocęncia e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coraçăo,cuja língua năo calunia; o que năo faz mal a seu próximo, e năo ultraja seu semelhante. – R.
2. cuja língua năo calunia; o que năo faz mal a seu próximo, e năo ultraja seu semelhante.O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que năo retrata juramento mesmo com dano seu, – R.
3. năo empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado. – R.
SEGUNDA LEITURA: Cl 1, 24-28
Leitura da carta de Paulo aos Colosenses
Irmăos, 24agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulaçőes de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja. 25Dela fui constituído ministro, em virtude da missăo que Deus me conferiu de anunciar em vosso favor a realizaçăo da palavra de Deus, 26mistério este que esteve escondido desde a origem ŕs geraçőes (passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos. 27A estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória! 28A ele é que anunciamos, admoestando todos os homens e instruindo-os em toda a sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo.

Palavra do Senhor.
EVANGELHO: Lc 10, 38-42
Proclamaçăo do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas

Naquele tempo, 38estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, o recebeu em sua casa. 39Tinha ela uma irmă por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-lo falar. 40Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: “Senhor, năo te importas que minha irmă me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.” 41Respondeu-lhe o Senhor: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; 42no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe năo será tirada”.

Palavra da Salvaçăo.
Escutar a Palavra do Senhor, eis a melhor parte
Năo é justo contrapor Marta e Maria como açăo versus contemplaçăo. A passagem quer, tăo somente, reconduzir toda açăo ŕ sua fonte originária. A vertente da açăo de Maria é a escuta da Palavra do Mestre, por ele identificada como “a melhor parte”. É a melhor parte, que nunca lhe será tirada porque năo é dela, mas do próprio Senhor que ela escuta. Pois, ao reconhecer e se aproximar daquele que lhe veio ao encontro, Maria está em condiçőes de realizar o que ele disse: “Vai e faze o mesmo!” (10,37). Em Maria constata se a reviraIta realizada pelo Evangelho: ela pode amar e acolher porque o Senhor a amou por primeiro (Mo 4,10). 0 silęncio absoluto de Maria, que năo faz nem diz nada, é o perfeito “renegar”o próprio eu cf. Lc 9,23), sempre sequioso de auto afirmaçăo e protagonismo. Esquecida de si, realiza, na forma mais elevada, o ideal de discípulo: ela é a serva obediente sempre voltada para o seu Senhor. Nela, que vę e escuta o Mestre, cumpre se a bem aventurança do discípulo: ver e escutar o Senhor (10,23 24). Este trecho repropőe nos, portanto, o fundamento do nosso discipulado, que năo consiste, essencialmente, nas coisas que fazemos, mas no “como”as fazemos, isto é, se fazemos as coisas a partir da escuta da Palavra do Senhor ou prescindindo dela. A Palavra de Jesus é a melhor parte porque é a de misericórdia do Pai dirigida a todos os filhos. Por isso, os apóstolos dizem: “Năo é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir ŕs mesas” (At 6,2). Com efeito, “năo só de păo vive o homem (Lc 4,4), mas de toda palavra que sai da boca de Deus”(Dt 3). Da obedięncia e esta Palavra depende a vida do homem (Dt 30,20).

LEITURAS do XVI Domingo do Tempo Comum – Ano B :
1a – Jr 23,1-6.
2ª – Ef 2, 13-18.
3ª – Mc 6, 30-34

Terça-feira depois da Epifania

No evangelho de Marcos a multiplicação dos pães é muito importante

1) Oração

Ó Deus, cujo Filho Unigênito se manifestou na realidade da nossa carne, concedei que, reconhecendo sua humanidade semelhante à nossa, sejamos interiormente transformados por ele. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,34-44)

34Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35A hora já estava bem avançada quando se achegaram a ele os seus discípulos e disseram: Este lugar é deserto, e já é tarde. 36Despede-os, para irem aos sítios e aldeias vizinhas a comprar algum alimento. 37Mas ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer? 38Ele perguntou-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. Depois de se terem informado, disseram: Cinco, e dois peixes. 39Ordenou-lhes que mandassem todos sentar-se, em grupos, na relva verde. 40E assentaram-se em grupos de cem e de cinqüenta. 41Então tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e os deu a seus discípulos, para que lhos distribuíssem, e repartiu entre todos os dois peixes. 42Todos comeram e ficaram fartos. 43Recolheram do que sobrou doze cestos cheios de pedaços, e os restos dos peixes. 44Foram cinco mil os homens que haviam comido daqueles pães.

3) Reflexão – Mc 6,34-44

* Sempre é bom olhar o contexto em que se encontra o texto do evangelho, pois ele traz luz para descobrir melhor o sentido. Pouco antes, em Mc 6,17-29, Marcos narrou o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes da Galiléia, no palácio da Capital, durante o qual foi morto João Batista. Aqui, em Mc 6,30-44, descreve o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galiléia lá no deserto. O contraste deste contexto é grande e ilumina o texto.

* No evangelho de Marcos a multiplicação dos pães é muito importante. Ela aparece duas vezes: aqui em Mc 6,35-44 e em Mc 8,1-9. E o próprio Jesus faz questão de interrogar o discípulos a respeito da multiplicação dos pães (Mc 8,14-21). Por isso, vale a pena você pesquisar e refletir até descobrir em que consiste exatamente esta importância da multiplicação dos pães.

* Jesus tinha convidado os discípulos para descansar um pouco num lugar deserto (Mc 6,31). O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, foi atrás dele e chegou antes (Mc 6,33). Quando Jesus, ao descer do barco, viu aquela multidão esperando por ele, ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Esta frase evoca o salmo do bom pastor (Sl 23). Diante do povo sem pastor, Jesus esquece o descanso e começa a ensinar, começa a ser pastor. Com suas palavras ele orienta e guia o povo no deserto da vida, e o povo podia cantar: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta!” (Sl 23,1).

* O tempo foi passando e começava a escurecer. Os discípulos estavam preocupados e pedem a Jesus para despedir o povo. Acham que lá no deserto não é possível conseguir comida para tanta gente. Jesus diz: “Dêem vocês de comer ao povo!” Eles levam susto: “Então quer que vamos comprar pão por 200 denários?” (i.é, salário de 200 dias!)

Os discípulos procuram a solução fora do povo e para o povo. Jesus não busca solução fora, mas dentro do povo e a partir do povo, pois pergunta: “Quantos pães vocês têm? Vão verificar!” A resposta é: “Cinco pães e dois peixes!”

É pouco para tanta gente! Jesus manda o povo se acomodar em grupos e pede aos discípulos para distribuir os pães e os peixes. Todos comeram à vontade!

* É importante notar como Marcos descreve o fato. Ele diz: “Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu, abençoou os pães e os partiu e deu aos seus discípulos, para que os distribuíssem”. Esta maneira de falar faz as comunidades pensar em que? Sem dúvida nenhuma, fazia pensar na eucaristia. Pois estas mesmas palavras eram usadas (até hoje) na celebração da Ceia do Senhor. Assim, Marcos sugere que a eucaristia deve levar à partilha. Ela é o pão da vida que dá coragem e leva a enfrentar os problemas do povo de maneira diferente, não a partir de fora, mas a partir de dentro do povo.

* Na maneira de descrever os fatos, Marcos evoca a Bíblia para iluminar o sentido dos fatos. Dar de comer ao povo faminto no deserto, foi Moisés quem o fez por primeiro (cf. Ex 16,1-36). E pedir para o povo se organizar em grupos de 50 e 100 lembra o recenseamento do povo no deserto depois da saída do Egito (cf. Nm, cap. 1 a 4). Marcos sugere assim que Jesus é o novo Moisés. O povo das comunidades conhecia o Antigo Testamento, e para o bom entendedor meia palavra já bastava. Assim, eles iam descobrindo, aos poucos, o mistério que envolvia a pessoa de Jesus.

4) Para confronto pessoal
1) Jesus esqueceu o descanso para poder servir ao povo. Que mensagem eu encontro aqui para mim?

2) Se houvesse partilha hoje, não haveria fome no mundo. Que posso fazer eu?

5) Oração final
Florescerá em seus dias a justiça, e a abundância da paz até que cesse a lua de brilhar. Ele dominará de um ao outro mar, desde o grande rio até os confins da terra. (Sal 71, 7-8)

 

Sábado da 4ª Semana do Tempo Comum

TEMA DO DIA: O evangelho de hoje só traz a introdução à multiplicação dos pães descrevendo o ensino de Jesus. (Marcos 6, 30-34)

1) Oração

Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 30-34)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos – Naquele tempo, “Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer.Então Jesus disse para eles: Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.” Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles. Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles. – Palavra da salvação.3) Reflexão Marcos 6,30-34

* O evangelho de hoje está em vivo contraste com o de ontem! De um lado, o banquete de morte, promovido por Herodes com os grandes do reino no palácio da Capital, durante o qual João Batista foi assassinado, (Mc 6,17-29). Do outro lado, o banquete de vida, promovido por Jesus com o povo faminto da Galiléia lá no deserto (Mc 6,30-44). O evangelho de hoje só traz a introdução à multiplicação dos pães descrevendo o ensino de Jesus.* Marcos 6,30-32. O acolhimento dado aos discípulos. “Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco” Estes versículos mostram como Jesus formava seus discípulos. Ele se preocupava não só com o conteúdo da pregação, mas também com o descanso. Levou-os a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma revisão.* Marcos 6,33-34. O acolhimento dado ao povo. O povo percebeu que Jesus tinha ido para o outro lado do lago, e eles foram atrás dele procurando alcançá-lo andando por terra até o outro lado. “Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles”. Ao ver aquela multidão, Jesus ficou com dó, “pois eles estavam como ovelhas sem pastor”. Ele esqueceu o descanso e começou a ensinar. Ao perceber o povo sem pastor, Jesus começou a ser pastor. Começou a ensinar.Como diz o Salmo: “O Senhor é meu pastor! Nada me falta! “Ele me guia por bons caminhos, por causa do seu nome. Embora eu caminhe por um vale tenebroso, nenhum mal temerei, pois junto a mim estás; teu bastão e teu cajado me deixam tranqüilo. Diante de mim preparas a mesa, à frente dos meus opressores” (Sl 23,1.3-5).” Jesus queria descansar junto com os discípulos, mas o desejo de atender à necessidade do povo levou-o a deixar de lado o descanso. Algo semelhante aconteceu quando ele se encontrou coma a samaritana. Os discípulos foram buscar comida. Quando voltaram, disseram a Jesus: “Mestre, come alguma coisa!” (Jo 4,31), mas ele respondeu: “Eu tenho um alimento para comer que vocês não conhecem” (Jo 4,32). O desejo de atender à necessidade do povo samaritano levou-a a esquecer a fome. “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4,34). Em primeiro lugar o atendimento ao povo que o procurava. A comida vem depois.* Então Jesus começou a ensinar muitas coisas para eles. O evangelho de Marcos muitas vezes informa que Jesus ensinava. O povo ficava impressionado: “Um novo ensinamento! Dado com autoridade! Diferente dos escribas!” (Mc 1,22.27). Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Por mais de quinze vezes Marcos diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que a gente entende por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de ensinar verdades novas para o povo decorar. O conteúdo que Jesus tinha para dar transparecia não só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de ele se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Jesus era uma pessoa acolhedora (Mc 6,34). Queria bem ao povo.A bondade e o amor que transparecem nas suas palavras faziam parte do conteúdo. Eram o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Este novo jeito de ensinar de Jesus manifestava-se de muitas maneiras. Jesus aceita como discípulos não só homens, mas também mulheres. Ensina não só na sinagoga, mas em qualquer lugar onde houvesse gente para escutá-lo: na sinagoga, em casa, na praia, na montanha, na planície, no caminho, no barco, no deserto. Não cria relacionamento de aluno-professor, mas sim de discípulo-mestre. O professor dá aula e o aluno está com ele só durante o tempo de aula. O mestre dá testemunho e o discípulo convive com ele 24 horas por dia. É mais difícil ser mestre do que professor! Nós não somos alunos de Jesus, mas sim discípulos e discípulas! O ensino de Jesus era uma comunicação que transbordava da abundância do coração nas formas mais variadas: como conversa que tenta esclarecer os fatos (Mc 9,9-13), como comparação ou parábola que faz o povo pensar e participar (Mc 4,33), como explicação do que ele mesmo pensava e fazia (Mc 7,17-23), como discussão que não foge do polêmico (Mc 2,6-12), como crítica que denuncia o falso e o errado (Mc 12,38-40). Era sempre um testemunho do que ele mesmo vivia, uma expressão do seu amor! (Mt 11,28-30).4) Para um confronto pessoal

1. Como você faz quando deve ensinar aos outros algo da fé e da religião? Imita Jesus?

2. Jesus se preocupa não só com o conteúdo, mas também com o descanso. Como foi o ensino de religião que você recebeu na infância? As catequistas imitavam Jesus?

5) Oração final

Como um jovem manterá pura a sua vida? Sendo fiel às vossas palavras. De todo o coração eu vos procuro; não permitais que eu me aparte de vossos mandamentos. (Sal 118, 9-10)