• A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
    O Amanhecer do Evangelho-
    Reflexões, ilustrações e vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM-VALE A PENA LER E MEDITAR O VÍDEO DO PADRE LUCAS –
    Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa. (João 6, 44-51) –

Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa.  (João 6, 44-51)1) Oração

Ó Deus eterno e onipotente, que nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir mais de perto o vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (João 6, 44-51)

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. 46Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. 47Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. 51“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo”.3) Reflexão

Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa.João 6,44-46: Quem se abre para Deus, aceita Jesus e a sua proposta.  A conversa torna-se mais exigente. Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: “Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que desceu do céu?” (Jo 6,42) Eles pensavam conhecer as coisas de Deus. Na realidade, não as conheciam. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus, sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam que Jesus vem de Deus, pois está escrito nos Profetas: ‘Todos serão instruídos por Deus’. Todo aquele que escuta o Pai e recebe sua instrução vem a mim.João 6,47-50: Vossos pais comeram o maná e morreram. Na celebração da páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a dar um passo. Quem celebra a páscoa, lembrando só o pão que os pais comeram no passado, vai acabar morrendo como todos eles! O verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como o novo Pão da Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Agora já não se trata de comer a carne do cordeiro pascal, mas sim de comer a carne de Jesus, para que não pereça quem dele comer, mas tenha a vida eterna!João 6,51: Quem comer deste pão viverá eternamente. E Jesus termina dizendo: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida.”  Em vez do maná e em vez do cordeiro pascal do primeiro êxodo, somos convidados e comer o novo maná e o novo cordeiro pascal que é o próprio Jesus que se entregou na Cruz pela vida de todos.O novo Êxodo. A multiplicação dos pães aconteceu perto da Páscoa (Jo 6,4). A festa da páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a libertação do povo das garras do faraó. Todo o episódio narrado neste capítulo 6 do evangelho de João tem um paralelo nos episódios relacionados com a festa da páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no deserto em busca da terra prometida. O Discurso do Pão da Vida, feito na sinagoga de Cafarnaum, está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo que fala do Maná. Vale a pena ler todo este capítulo 16 de Êxodo. Percebendo as dificuldades do povo no deserto, podemos compreender melhor os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do evangelho de João. Por exemplo, quando Jesus fala de “um alimento que perece” (Jo 6,27) ele está lembrando o maná que estragava e perecia (Ex 16,20). Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), eles fazem a mesma coisa que os israelitas faziam no deserto, quando duvidavam da presença de Deus no meio deles durante a travessia (Ex 16,2; 17,3; Nm 11,1). A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse de Deus e começasse a murmurar contra Moisés e contra Deus. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré e começam a murmurar (Jo 6,41-42).4) Para um confronto pessoal

1) A eucaristia me ajuda a viver em estado permanente de Êxodo? Estou conseguindo?

2) Quem é aberto para a verdade encontra em Jesus a resposta. Hoje, muita gente se afasta e já não encontra a resposta. Culpa de quem? Das pessoas que não quer escutar? Ou de nós cristãos que não sabemos apresentar o evangelho como uma mensagem de vida?5) Oração final

Vinde e escutai, vós todos que temeis a Deus, porque quero narrar-vos o que ele fez para mim. A ele gritei com minha boca e a minha língua o exaltou. (Sl 65, 16-17)

  • O PÃO DA VIDA – EU SOU O PÃO QUE DESCEU DO CÉU (João 6, 41 51)

  • https://www.youtube.com/watch?v=mo0IwVvAqYA&ab_channel=PadreLucas
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    VALE A PENA LER E MEDITAR O VÍDEO DO PADRE LUCAS –

O PÃO DA VIDA

A Liturgia nos está fazendo viver uma série de domingos – do décimo sétimo ao vigésimo primeiro – em que a leitura evangélica é toda tomada do capítulo sexto de São João, a começar do milagre da multiplicação dos pães, até culminar na revelação do sacramento da Eucaristia. Aliás, sem essa revelação, nós não seríamos capazes de entender de que estaria falando Jesus na última ceia, na noite que precedeu sua Paixão. Foram as palavras pronunciadas na sinagoga de Cafarnaum e relatadas por São João, a respeito do “Pão da vida”, que prepararam a celebração da Eucaristia, com toda a sua grandeza e com todo o seu mistério. A leitura deste capítulo de São João deve ser feita não apenas com aquela atenção e respeito com que lemos habitualmente a Palavra de Deus, mas tem que ser acompanhada de uma atitude como que de embevecida adoração, diante de tudo o que o evangelista teólogo nos vai desdobrando para os olhos do coração.
Quando Jesus disse que Ele era o Pão que descera do céu, a má vontade de seus adversários colocou-os logo em atitude de oposição. Em vez de se abrirem para acolher o sentido profundo dessa palavra, saíram-se com uma objeção muito primária: “Não é este Jesus o filho de José (o pai legal), aquele de quem conhecemos o pai e a mãe? Como é que ele diz agora: eu desci do céu?” (Jo 6, 42). Jesus, com paciência e firmeza, respondeu: “Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se meu Pai, que me enviou, não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: eles serão todos ensinados por Deus. Todo aquele que ouviu o Pai e recebeu seu ensinamento, vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. Em verdade, eu vos digo: aquele que crê possui a vida eterna” (Ibid., 44-47).Está aí, segundo nos ajudam a ver os comentadores, o primeiro sentido em que Jesus é o Pão da vida. Devemos assimilá-lo pela fé. Crendo, nós teremos a vida eterna. Da mesma maneira como, comendo o pão material, temos a vida terrena. Depois Jesus dará o segundo passo, que será falar de si mesmo como Pão da vida, no sentido eucarístico: seu corpo é verdadeiramente comida e seu sangue verdadeiramente bebida, que devemos assimilar sob os sinais sacramentais, como vai aparecer claramente na última ceia.São muito belas as palavras de Jesus, quando nos diz que, para irmos a Ele, é preciso que o Pai nos atraia. É o mistério da “graça eficaz”, que age em nós de maneira infalível e irresistível, embora maravilhosamente não aniquilando nossa liberdade. Santo Agostinho é quem, nos seus comentários do evangelho de São João, fala disso magistralmente.Com que clareza Jesus repete que Ele é “o Pão vivo descido do Céu! “Mas com que clareza também Ele assinala a diferença entre “o pão do céu” que foi o maná, tão exaltado pelos judeus, e o verdadeiro “Pão do Céu” que Ele é! O maná, na verdade, era um pão terreno, embora dado aos hebreus de um modo celeste, pelo poder de Deus que vem do céu. Esse pão dava apenas uma vida terrena, perecível. Os que dele comeram, quando completaram seus dias, morreram como morrem todos. Ao passo que os que comem do Pão do Céu que é Jesus têm a vida eterna. Comparação parecida com a da água misteriosa que Jesus prometeu à Samaritana, como já tivemos ocasião de recordar. Quem bebesse da água do poço de Jacó teria sempre sede de novo. Ao passo que quem beber da água que Jesus dá, não terá sede nunca mais: “Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4, 14).Quando nós falamos em “vida eterna” não devemos pensar que vida eterna é um prolongamento sem fim da vida temporal que vivemos aqui na terra. É outra maneira de vida, que participa da natureza da vida de Deus. E essa vida já começa aqui na terra para todos aqueles que receberam a graça da fé: “Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna” (Ibid. 6,47). Naturalmente aqui se fala de uma fé viva, que supõe adesão total a Cristo, uma conformidade com sua vontade santíssima. Não se trata daquele que reza o credo, mas não o vive. Essa é a fé que devemos cultivar e para a qual principalmente havemos de rezar: “Creio, Senhor, mas aumentai minha fé’l (cfr Mc 9, 24).LEITURAS do XIX Domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª – 1 Rs19,4-8.

2a- Ef 4, 30-5, 2.

3ª – Jo 6, 41-51.


Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder.
No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.-

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-

O Amanhecer do Evangelho-

                                Reflexões, ilustrações e vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM-

Sábado IX do Tempo Comum

Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder.                                                             

No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.

  1. Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo, para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.— Amém.

 Evangelho (Mc 12,38-44): Ao ensinar, Jesus dizia: «Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor. Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas. Jesus chamou os discípulos e disse: «Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. Pois todos eles deram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver».Catequese Bíblico-Missionária

O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder. No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva. A mesma partilha é feita pela viúva pobre a pedido do profeta Elias. A Carta aos Hebreus destaca como Jesus exerceu sua autoridade entregando-se a si mesmo por nós.No Evangelho, Jesus faz um discurso bem forte contra os doutores da lei, que usam seu saber para dominar e explorar o povo. É muito perigoso quando as lideranças religiosas, ao invés de ensinarem o povo a partilhar, usam de seu poder para acumular riquezas.Jesus acusa os teólogos de sua época porque transformam seu saber em poder opressor, manipulando a imagem de Deus. Transformam o Deus defensor dos pobres num Deus que defende os ricos e sua riqueza acumulada.Jesus condena violentamente as falsas lideranças religiosas que exploram a fé do povo simples. São falsos pastores, mais preocupados em tosquiar suas ovelhas do que em transmitir os ensinamentos de Deus. Jesus é para nós a única e verdadeira liderança religiosa.A Carta aos Hebreus quer renovar nossa esperança em Jesus. Tudo o que a antiga Aliança buscava obter através de rituais e sacrifícios, torna-se para nós plena realidade no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Através de Jesus temos agora acesso direto ao nosso Deus. Em Jesus temos a plena reconciliação da humanidade com a vontade de Deus. Prova de amor maior não há do que partilhar a sua vida com seus irmãos e irmãs.Na Primeira Leitura, o profeta Elias mostra como atua uma liderança que se inspira na Palavra de Deus. Elias foi enviado a uma viúva, numa cidade fora de Israel. Ele foi pedir abrigo a uma pessoa que não era de seu povo, nem da sua religião. Temos aqui um quadro simbólico do encontro entre Deus e os pobres.O nosso Deus se coloca ao lado da viúva, do órfão, do estrangeiro. Deus defende e dá a vida aos pobres. Mas os pobres devem aprender a partilhar. É o que Elias diz para a viúva: partilha comigo o pouco que você tem, e nada faltará. Quando os pobres partilham, a vida triunfa. A verdadeira liderança revela o rosto de Deus no meio dos pobres.O Salmo de Meditação mostra como o próprio Deus exerce sua autoridade a serviço dos pobres. O Salmo enumera as pessoas pobres atendidas por Deus: os oprimidos, os famintos, os prisioneiros, os cegos, os encurvados, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Em resumo, Deus ama os justos e transtorna o caminho dos injustos.ABRIR OS OLHOS PARA VER

No texto de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre porque ela soube partilhar mais do que todos os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível.Dona Cícera, que veio do interior da Paraíba para morar na periferia de João Pessoa, dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!”De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem. Vamos conversar sobre isso.COMENTANDO

 Marcos 12, 38-40: Jesus critica os doutores da Lei 

Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento ganancioso e hipócrita de alguns doutores da Lei. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! E Jesus termina: “Essa gente vai receber um julgamento mais severo!”Marcos 12, 41-42: A esmola da viúva 

Jesus e os discípulos, sentados em frente ao cofre do Templo, observavam como todo  o mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo o mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública.Os pobres que mais precisavam da ajuda dos outros eram os órfãos e as viúvas. Estas não tinham nada. Dependiam em tudo da caridade dos outros. Mas mesmo sem ter nada, elas faziam questão de partilhar. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do Templo. Poucos centavos apenas!Marcos 12, 43-44: Jesus aponta onde se manifesta a vontade de Deus 

O que vale mais: os 10 centavos da viúva ou os 1.000 reais dos ricos? Para os discípulos, os 1.000 reais dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade do que os 10 centavos da viúva. Eles pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dito a Jesus: “O senhor quer que vamos comprar pão por 200 denários para dar de comer ao povo?” (Mc 6,37). De fato, para quem pensa assim, os 10 centavos da viúva não servem para nada.Mas Jesus diz: “Esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina onde eles e nós devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha.

ALARGANDO

 Esmola, partilha, riqueza 

A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois dizia a lei do AT: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus. Dar esmolas era uma maneira de se reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores e administradoras desses dons, para que haja vida em abundância para todas as pessoas.Foi a partir do Êxodo que o povo de Israel aprendeu a importância da esmola, da partilha. A caminhada dos 40 anos pelo deserto foi necessária para superar o projeto de acumulação que vinha do faraó e que estava na cabeça do povo. É mais fácil sair do país do faraó que deixar a mentalidade dele. Ela é sutil demais. Foi preciso experimentar a fome no deserto para aprender que os bens necessários à vida são para todos. Este é o ensinamento da história do maná: “Nem aquele que tinha juntado mais tinha maior quantidade, nem aquele que tinha colhido menos encontrou menos” (Ex 16,18). Mas a tendência à acumulação era e continua muito forte. Fica difícil uma pessoa livrar-se dela totalmente. Ela renasce sempre no coração humano. É com base nesta tendência que os grandes impérios da história da humanidade se formaram. Ela está no coração da ideologia destes impérios. Assim, cerca de 1.200 anos depois da saída do Egito, Jesus vai mostrar a conversão necessária para a entrada no Reino.Ele disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). E Mateus acrescenta o porquê dessa exigência: “Pois onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus, comunicado no dia de Pentecostes (At 2,1-13), quer realizar nas comunidades.O resultado da efusão do Espírito é este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35a; 2,44-45).Estas esmolas recebidas pelos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45).A entrada de ricos na comunidade cristã, por outro lado, possibilitou uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para o movimento missionário. Mas, por outro lado, a acumulação dos bens bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha provocado pela força do Espírito de Pentecostes.Tiago quer ajudar estas pessoas a perceberem o caminho equivocado no qual estão metidas: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou tudo o que tinha, o necessário para viver (Mc 12,41-44).Para um confronto pessoal

 

  1. Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que os mil reais dos ricos? Olhe bem o texto e diga por que Jesus elogiou a viúva pobre. Qual a mensagem deste texto para nós hoje?

  1. Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou na sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?

Sábado IX do Tempo Comum

Mc 12,38-44 – O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder.                                                             

No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva.

  1. Oração

Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo, para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.— Amém.

 Evangelho (Mc 12,38-44): Ao ensinar, Jesus dizia: «Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor. Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas. Jesus chamou os discípulos e disse: «Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. Pois todos eles deram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver».Catequese Bíblico-Missionária

O fio condutor das leituras de hoje é duplo: a partilha e o exercício do poder. No Evangelho, Jesus critica a liderança dos doutores da lei e exalta a partilha feita pela viúva. A mesma partilha é feita pela viúva pobre a pedido do profeta Elias. A Carta aos Hebreus destaca como Jesus exerceu sua autoridade entregando-se a si mesmo por nós.No Evangelho, Jesus faz um discurso bem forte contra os doutores da lei, que usam seu saber para dominar e explorar o povo. É muito perigoso quando as lideranças religiosas, ao invés de ensinarem o povo a partilhar, usam de seu poder para acumular riquezas.Jesus acusa os teólogos de sua época porque transformam seu saber em poder opressor, manipulando a imagem de Deus. Transformam o Deus defensor dos pobres num Deus que defende os ricos e sua riqueza acumulada.Jesus condena violentamente as falsas lideranças religiosas que exploram a fé do povo simples. São falsos pastores, mais preocupados em tosquiar suas ovelhas do que em transmitir os ensinamentos de Deus. Jesus é para nós a única e verdadeira liderança religiosa.A Carta aos Hebreus quer renovar nossa esperança em Jesus. Tudo o que a antiga Aliança buscava obter através de rituais e sacrifícios, torna-se para nós plena realidade no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Através de Jesus temos agora acesso direto ao nosso Deus. Em Jesus temos a plena reconciliação da humanidade com a vontade de Deus. Prova de amor maior não há do que partilhar a sua vida com seus irmãos e irmãs.Na Primeira Leitura, o profeta Elias mostra como atua uma liderança que se inspira na Palavra de Deus. Elias foi enviado a uma viúva, numa cidade fora de Israel. Ele foi pedir abrigo a uma pessoa que não era de seu povo, nem da sua religião. Temos aqui um quadro simbólico do encontro entre Deus e os pobres.O nosso Deus se coloca ao lado da viúva, do órfão, do estrangeiro. Deus defende e dá a vida aos pobres. Mas os pobres devem aprender a partilhar. É o que Elias diz para a viúva: partilha comigo o pouco que você tem, e nada faltará. Quando os pobres partilham, a vida triunfa. A verdadeira liderança revela o rosto de Deus no meio dos pobres.O Salmo de Meditação mostra como o próprio Deus exerce sua autoridade a serviço dos pobres. O Salmo enumera as pessoas pobres atendidas por Deus: os oprimidos, os famintos, os prisioneiros, os cegos, os encurvados, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Em resumo, Deus ama os justos e transtorna o caminho dos injustos.ABRIR OS OLHOS PARA VER

No texto de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre porque ela soube partilhar mais do que todos os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível.Dona Cícera, que veio do interior da Paraíba para morar na periferia de João Pessoa, dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!”De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem. Vamos conversar sobre isso.COMENTANDO

 Marcos 12, 38-40: Jesus critica os doutores da Lei 

Jesus chama a atenção dos discípulos para o comportamento ganancioso e hipócrita de alguns doutores da Lei. Estes tinham gosto em circular pelas praças com longas túnicas, receber as saudações do povo, ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles gostavam de entrar nas casas das viúvas e fazer longas preces em troca de dinheiro! E Jesus termina: “Essa gente vai receber um julgamento mais severo!”Marcos 12, 41-42: A esmola da viúva 

Jesus e os discípulos, sentados em frente ao cofre do Templo, observavam como todo  o mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo o mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública.Os pobres que mais precisavam da ajuda dos outros eram os órfãos e as viúvas. Estas não tinham nada. Dependiam em tudo da caridade dos outros. Mas mesmo sem ter nada, elas faziam questão de partilhar. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do Templo. Poucos centavos apenas!Marcos 12, 43-44: Jesus aponta onde se manifesta a vontade de Deus 

O que vale mais: os 10 centavos da viúva ou os 1.000 reais dos ricos? Para os discípulos, os 1.000 reais dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade do que os 10 centavos da viúva. Eles pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dito a Jesus: “O senhor quer que vamos comprar pão por 200 denários para dar de comer ao povo?” (Mc 6,37). De fato, para quem pensa assim, os 10 centavos da viúva não servem para nada.Mas Jesus diz: “Esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina onde eles e nós devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha.

ALARGANDO

 Esmola, partilha, riqueza 

A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois dizia a lei do AT: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus. Dar esmolas era uma maneira de se reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores e administradoras desses dons, para que haja vida em abundância para todas as pessoas.Foi a partir do Êxodo que o povo de Israel aprendeu a importância da esmola, da partilha. A caminhada dos 40 anos pelo deserto foi necessária para superar o projeto de acumulação que vinha do faraó e que estava na cabeça do povo. É mais fácil sair do país do faraó que deixar a mentalidade dele. Ela é sutil demais. Foi preciso experimentar a fome no deserto para aprender que os bens necessários à vida são para todos. Este é o ensinamento da história do maná: “Nem aquele que tinha juntado mais tinha maior quantidade, nem aquele que tinha colhido menos encontrou menos” (Ex 16,18). Mas a tendência à acumulação era e continua muito forte. Fica difícil uma pessoa livrar-se dela totalmente. Ela renasce sempre no coração humano. É com base nesta tendência que os grandes impérios da história da humanidade se formaram. Ela está no coração da ideologia destes impérios. Assim, cerca de 1.200 anos depois da saída do Egito, Jesus vai mostrar a conversão necessária para a entrada no Reino.Ele disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). E Mateus acrescenta o porquê dessa exigência: “Pois onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração” (Mt 6,21).A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus, comunicado no dia de Pentecostes (At 2,1-13), quer realizar nas comunidades.O resultado da efusão do Espírito é este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35a; 2,44-45).Estas esmolas recebidas pelos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45).A entrada de ricos na comunidade cristã, por outro lado, possibilitou uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para o movimento missionário. Mas, por outro lado, a acumulação dos bens bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha provocado pela força do Espírito de Pentecostes.Tiago quer ajudar estas pessoas a perceberem o caminho equivocado no qual estão metidas: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou tudo o que tinha, o necessário para viver (Mc 12,41-44).Para um confronto pessoal

 

  1. Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que os mil reais dos ricos? Olhe bem o texto e diga por que Jesus elogiou a viúva pobre. Qual a mensagem deste texto para nós hoje?

  1. Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou na sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?