Mc 7, 1-8a, 14-15, 21-23 – A LEI E AS TRADIÇÕES-

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XXII Domingo do Tempo Comum – Ano B –

                                           Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos-
O Amanhecer do Evangelho –
Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B
LEI E TRADIÇÕES

01. Oração do dia

Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.02. Evangelho (Marcos 7,1-8.14-15.21-23)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, 7 1 os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno de Jesus.
2 E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar.
3 (Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos;
4 e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.)

5 Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: “Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras?”
6 Jesus disse-lhes: “Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
7 Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos’.
8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens”.
14 Tendo chamado de novo a turba, dizia-lhes: “Ouvi-me todos, e entendei.
15 Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem.
21 Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos,
22 adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez.
23 Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem”.
Palavra da Salvação.

03. Momento de Reflexão – Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos-  Mc 7, 1-8a, 14-15, 21-23 – LEI E TRADIÇÕES-

A Lei que Deus deu ao povo israelita é uma lei de pureza e de verdade. E uma estrada luminosa e segura por onde a liberdade humana pode caminhar jubilosamente ao encontro de Deus e no convívio harmonioso dos irmãos.

Quando Moisés entregou os mandamentos ao povo, disse estas belas palavras: “Observai-os e cumpri-os; pois constituem a vossa sabedoria e a vossa prudência diante dos povos; os quais, ao ouvirem falar de todos esses estatutos, dirão:

‘Realmente é um povo sábio e sensato esta grande nação!’ De fato, que nação existe tão grande, que tenha a divindade tão perto de si, como está o Senhor nosso Deus, toda vez que o invocamos?” (Dt 4, 6- 7).

A Lei é bela, perfeita, portadora de paz. Há até um salmo – o 118 (no texto hebraico, 119) – onde o salmista, com muita arte, distribui pelas vinte e duas letras do alfabeto – oito versículos para cada letra – uma verdadeira antologia dos elogios da Lei. E, por exemplo, muito bonito este louvor da Lei, que está no versículo- 105: “Tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho”.

Nada mais justo, portanto, do que imaginar o povo amando a Lei e feliz em observá-la. Mas, no correr da História, os mestres e doutores foram acrescentando à Lei uma verdadeira multidão de explicações e de interpretações, que muitas vezes tornaram a prática dos deveres para com Deus pesada e odiosa.

Eram as famosas “tradições dos antigos”, que se acumulavam e se multiplicavam numa detestável casuística.

Entre elas, as complicadíssimas abluções rituais das mãos antes da comida. Não se trata de um lavar as mãos por motivo higiênico. Trata-se de todo um ritual muito complexo, que marcava a posição em que devia ficar a mão, a direção em que devia ser derramada a água, e até onde ela devia atingir. Tudo tão longe da verdade e da simplicidade das coisas de Deus! E os rabinos eram rigorosíssimos em exigir essas abluções,chegando um deles a sentenciar que havia demônios encarregados de fazer mal aos que não as praticassem.

Pois bem, esse problema apareceu certa vez, nessa atitude de vigilância odiosa dos escribas e fariseus sempre prontos a acusar Jesus de rebeldia à Lei de Moisés. Reclamaram porque os discípulos de Jesus comiam sem ter feito as abluções das mãos prescritas pela tradição dos antigos.

A resposta de Jesus é marcada por uma enérgica franqueza, que parece querer cortar o mal pela raiz. E Jamais permitir que os seguidores do Evangelho aceitem essas regras escravizantes que a imperícia humana tinha introduzido na interpretação da Lei de Deus. Disse Jesus: “Bem profetizou Isaías de vós, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo honra-me com os lábios, enquanto o seu coração está bem longe de mim. Em vão, porém, me prestam culto, ensinando doutrinas que são preceitos humanos’ De fato, desprezando os mandamentos de Deus, vos apegais à tradição dos homens” (Mc 7, 6-8).

Sempre houve de tais aberrações. Não só no rigorismo de tantas escolas rabínicas do Antigo Testamento, mas também no meio da comunidade do cristianismo.

Os rigoristas, os apegados a fórmulas mais do que ao espírito da Lei de Deus. Sempre houve os grupos extremistas, os tradicionalistas ferrenhos, que criam, inclusive, divisões dentro da Igreja. Tudo isso está muito longe da limpidez e da serenidade do Evangelho. Bem soube o Concílio Vaticano II repudiar esses erros e fazer soprar na Igreja uma aragem de sinceridade. A própria celebração litúrgica foi simplificada e aliviada de certas fórmulas pesadas que a vinham sobrecarregando. E em tudo o mais o Concílio fez viver esse clima. O que se quer é o amor de Deus, o amor à verdade, o respeito à dignidade do homem e à liberdade dos filhos de Deus.

Mas Jesus completou ainda, dizendo que o que mancha o homem não é o que entra nele, vindo de fora. É o que sai dele, do seu interior, do seu coração. Do coração é que procede a violência, a mentira, a soberba, a impudicícia. Isso é que mancha o homem (cfr Mc 7, 14-22)! Felizes os que sabem saborear a limpidez e a sinceridade dos ensinamentos do Evangelho!

04. Para um confronto Pessoal: Sou homem religioso ou somente ritualista? Ritualista ou espiritualista? Crente ou só cumpridor? Vivo nessa atitude transcendental, em obediência a Deus, no seguimento da consciência reta e no serviço desinteressado aos homens? Fujamos do farisaísmo e do ritualismo sem fé e sem alma (evangelho), para ser gratos a Deus (salmo). Foram os “praticantes” os que levaram Cristo à cruz e o crucificaram. Onde estava a fé desses “piedosos praticantes”?

05. Oração final: Fazei-me entender que me conheceis inteiramente, pois sois o meu Criador, e sabes de todas as minhas coisas. E sois Vós, Senhor, quem me transformais, quem instruis, quem me modelais, quem me perfeccionais, quem fazeis de mim o vosso filho, quem me ama e quem me salva. Finalmente, Senhor, fazei-me cair confiado e esperançado nas vossas mãos e, como uma criança nos braços do seu pai, eu durma no vosso colo.

04. Para um confronto Pessoal:

1.O apego exagerado a certas tradições religiosas não chegava a gerar a conversão do coração.
Algo semelhante passava-se com uma ala do farisaísmo no tempo de Jesus. A veneração afetada dos fariseus às normas legais não os impedia de dar vazão às suas más intenções. Aí se revelava o que eram por dentro. A piedade exterior era fachada de um interior cheio de perversidade. A observância escrupulosa das normas de pureza mostrava-se inútil, pois não chegava a atingir seu verdadeiro objetivo: tornar a pessoa internamente pura para Deus. Por que Jesus não aprovava e nem compactuava em nada com as tradições do povo judeu?

2. O discípulo do Reino, no pensamento de Jesus, faz o caminho inverso ao dos fariseus. Sua preocupação maior consiste em não se deixar contaminar pelas malícias que brotam do coração. Pouco lhe importam as coisas exteriores. Comer sem ter lavado as mãos é menos importante do que sentar-se à mesa e partilhar o pão com os necessitados. Ser muito atento na limpeza das louças e talheres só tem sentido se tiver o respaldo de uma vida centrada na prática do amor e da justiça. Por que é que o discípulo do Reino, no pensamento de Jesus, devia fazer o caminho inverso ao dos fariseus?

05. Oração final:
Como é grande, ó Senhor, vossa bondade, que reservastes para aqueles que vos temem! (Sl 30,20)

LEITURAS do XXII Domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª – Dt 4,1-2,6-8. –

2ª – Tg1,17-18,21b-22,27. –

3ª – Mc 7, 1-8a, 14-15, 21-23.