EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Sexta-feira da 9ª Semana do Tempo Comum

MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – Solenidade.

ORAÇÃO PREPARATÓRIA

Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração da Bem aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras. Amém.

 

Evangelho (Lc 15,3-7): Então ele contou-lhes esta parábola: «Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? E quando a encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão».

 

«Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!»

Hoje celebramos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Desde tempos remotos, o homem situa “fisicamente” no coração o melhor ou o pior do ser humano. Cristo nos mostra o seu, com as cicatrizes do nosso pecado, como símbolo de seu amor aos homens e, é desde este coração que vivifica e renova a história passada, presente e futura, desde donde contemplamos e podemos compreender a alegria Daquele que encontra o que havia perdido.

«Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido.» (Lc 15,6). Quando escutamos estas palavras, tendemos sempre a situar-nos no grupo dos noventa e nove justos e observamos “distantes” como Jesus oferece à salvação a quantidade de conhecidos nossos que são muito pior que nós… Pois não! A alegria de Jesus tem um nome e um rosto. O meu, o teu, o daquele…, todos somos “a ovelha perdida” por nossos pecados; assim que…, não ponhamos mais lenha no fogo de nossa soberbia, que estamos totalmente convertidos!

No tempo em que vivemos, onde o conceito de pecado se relativiza ou se nega, no que o sacramento da penitência é considerado por alguns como uma coisa dura, triste e obsoleta, o Senhor em sua parábola nos fala de alegria, e não o faz somente aqui, pois é uma corrente que atravessa todo o Evangelho. Zaqueu convida Jesus a comer para celebrá-lo, depois de ser perdoado (cf. Lc 19,1-9); o pai do filho pródigo perdoa e dá uma festa por seu retorno (cf. Lc 15,11-32), e o Bom Pastor se regozija por encontrar a quem se havia separado do seu caminho.

Dizia São Josemaria que um homem «vale o que vale seu coração». Meditemos desde o Evangelho de Lucas se o preço — que vai marcado na etiqueta do nosso coração— concorda com o valor do resgate que o Sagrado Coração de Jesus pagou por cada um de nós.

* O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15,11-32). As três parábolas são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.

* Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas

Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para escutá-lo. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”. De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para escutá-lo”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf. Is 50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”. No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).

* Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida

A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: “Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”

* Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida

Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.”

Para um confronto pessoal

1) Você andaria atrás da ovelha perdida?

2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?

LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃO

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

 

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

 

Deus Pai dos Céu, tende piedade de nós.

Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.

Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

 

Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.

Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe,

Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus,

Coração de Jesus, de majestade infinita,

Coração de Jesus, templo santo de Deus,

Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo,

Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu,

Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,

Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor,

Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes,

Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor,

Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações,

Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência,

Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade,

Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências,

Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos,

Coração de Jesus, desejo das colinas eternas,

Coração de Jesus, paciente e misericordioso,

Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam,

Coração de Jesus, fonte de vida e santidade,

Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados,

Coração de Jesus, saturado de sofrimentos,

Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes,

Coração de Jesus, feito obediente até a morte,

Coração de Jesus, atravessado pela lança,

Coração de Jesus, fonte de toda a consolação,

Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição,

Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação,

Coração de Jesus, vítima dos pecadores,

Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam,

Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram,

Coração de Jesus, delícia de todos os Santos,

 

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

 

  1. — Jesus, manso e humilde de coração,
  2. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.

ORAÇÃO

Onipotente e eterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.

CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS (composta por Sta Margarida Maria)

Eu…(nome), dou e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo a minha pessoa e minha vida, minhas ações, penas e dores, não querendo servir-me de parte alguma de meu ser, senão para honrá-lo, amar e glorificar É esta a minha vontade irrevogável – pertencer-lhe e fazer tudo por seu amor, renunciando completamente ao que não for do seu agrado. Eu vos tomo, pois, ó Sagrado Coração, por único objeto de meu amor, protetor de minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e inconstância, reparador de todos os meus defeitos e asilo seguro na hora da morte. Sede, ó Coração de bondade, minha justificação para com Deus, vosso Pai, e afastai de mim os castigos de sua cólera. Ó Coração de amor, ponho em vós toda a minha confiança, pois tudo receio de minha fraqueza e malícia, mas tudo espero da vossa bondade. Destruí em mim tudo o que vos possa desagradar ou resistir. Que o vosso puro amor se grave tão profundamente no meu coração, que eu não possa jamais me esquecer, nem me separar de Vós. Suplico-vos, também, por vossa suma bondade, que o meu nome seja escrito em vós, pois quero fazer consistir toda a minha felicidade e minha glória em viver e morrer convosco, na qualidade de vossa (o) escrava (o). Assim seja.

 

ELE SEMPRE CUMPRE O QUE PROMETE! EXPERIMENTE.

1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.

2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.”

3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”. (peça agora sua Foto)

4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”.

5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.

6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhose empreendimentos”. (peça agora sua Foto)

7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.

8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.

9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição”. (peça agora sua Foto)

10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.

11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”. (peça agora sua Foto)

12ª Promessa: “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.


R
eleia a 1ª. Promessa…

O Sagrado Coração pede apenas para você colocar a imagem d’Ele em sua casa, para receber essas bênçãos prometidas.

 

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

 

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 

Um amor ardente e ardoroso: Jesus nada tem de morno, de frio, de formal.

Sua maneira de falar não é monótona.

Tudo nele tem  origem no fundo de seu ser, na sua decisão de amar até o fim, amar , os que o são de amar até o fim, amar o pai e os que o pai lhe dera.

E na sua trajetória ele foi colocando gestos e dizendo palavras de amor, a parábola do samaritano jogado à beira da estrada, o respeito pela pecadora, a atenção a um funcionário pagão,o gesto do lava-pés o ensinamento do perdão a entrega no alto da cruz e o coração aberto pela lança do soldado.

Mais não seria possível fazer.

Jesus amou até o fim.

E tem direito de queixar-se de Jerusalém que o rejeita, de Pedro que o nega, de Judas que saiu da sala da ceia para o trair .

Amou até o fim. “Eu vim pôr fogo à terra e como gostaria que já estivesse aceso”(Lc12,49). Os discípulos de Jesus são seres que se deixam queimar pelo amor de seu abrasado coração.

 

 

 

 

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

PROVA DE AMOR MAIOR NÃO HÁ QUE DOAR A VIDA PELO IRMÃO ­

 

Somos convidados a meditar sobre a última ceia de Jesus com os seus amigos. Durante a ceia, Jesus se levanta para lavar os pés dos seus discípulos. Um gesto que era próprio dos empregados. Pedro não entende o gesto e não quer que Jesus lave seus pés. Ele não aceita este serviço da parte de Jesus. Acha que ia contra a dignidade de Jesus lavar os pés dos seus discípulos. Ele não entende que prova de amor maior não há do que doar a vida pelo irmão. A verdadeira prática religiosa é o serviço amoroso aos pobres, aos irmãos e irmãs.

SITUANDO O Evangelho de João tem uma dinâmica que envolve os leitores e as leitoras. No primeiro livro, o Livro dos Sinais (1,19 a 11,54), vimos a revelação progressiva que Jesus fazia de si e do Pai. Pouco a pouco, a gente ficou sabendo quem é Jesus e qual a missão que recebeu do Pai. Paralelamente a esta revelação, apareciam a aceitação por parte do povo e a resistência por parte das autoridades religiosas. No fim, o balanço foi o seguinte: O grupo fiel dos discípulos e das discípulas, mesmo sem entender tudo, aceitou Jesus, acreditou nele e se comprometeu com ele. O outro grupo dos judeus resistiu e acabou rompendo com Jesus, querendo matá-­lo. O segundo livro, o Livro da Glorificação, que estamos iniciando neste círculo, tem uma outra dinâmica. Na primeira parte (Jo 13 a 17), Jesus se reúne com o grupo fiel na última ceia. Na segunda parte (Jo 18 e 19), o outro grupo toma as providências para executar o plano de matar Jesus. Na terceira parte (Jo 20 e 21), Jesus ressuscitado reencontra a comunidade e a envia em missão, a mesma que ele recebeu do Pai.

COMENTANDO João 13,1: A passagem, a Páscoa de Jesus Finalmente, chegou a hora de Jesus fazer a passagem definitiva deste mundo para o Pai. Esta passagem através da morte e ressurreição é motivada pelo amor aos amigos: “Tendo amado os seus, amou­-os até o fim!” É o êxodo, a páscoa de Jesus, que vai abrir a passagem para todos nós, de volta para o Pai.

João 13,2­5: O lava ­pés ­ dois contrastes Chama a atenção a maneira contrastante como João apresenta a cena do lava ­pés. Ele diz que Jesus e os discípulos se encontram à mesa numa refeição. Para os judeus, a comunhão de mesa era um momento de muita intimidade, onde só participavam os maiores amigos. Mas aqui, Judas, que já tinha decidido entrega-­lo, está presente e participa. O amor de Jesus é maior. Ele aceita Judas na mesa. Este é o primeiro contraste. Há um outro.

Jesus veio do Pai e volta para o Pai. Mesmo sendo de condição divina (JO 14,10­11; Fl 2,6), ele assume a atitude de empregado e de escravo. Coloca um avental e começa a lavar os pés dos discípulos. Começa a realizar a profecia do Servo de Deus (Is 42,1­9). É a imagem do Deus servidor que contrasta com a imagem do Deus todo­ poderoso. João 13,6­11: Reação de Pedro Pedro reage. Não quer aceitar que Jesus lhe lave os pés. Jesus diz que, se Pedro não aceitar que lhe lave os pés, não vai poder ter parte com ele. O que significa isto? É que Pedro tinha dificuldade em aceitar Jesus como o Messias Servo que sofre. Pedro queria um Messias­ Rei que fosse forte e dominador. Nos outros evangelhos, Pedro recebe a crítica de Jesus: “Vai embora, Satanás!” (Mc 8,33).

Ele tem que mudar de ideia e aceitar Jesus do jeito que Jesus é, e não um Jesus de acordo com o seu próprio gosto. João 13,12­17: Bem ­aventurança da prática Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vira o avental, recoloca o manto, senta novamente na cabeceira da mesa e começa a comentar o gesto. Ele pergunta: “Vocês entenderam o que eu fiz?” Parece que não tinham entendido, começando por Pedro. E continua: “Se eu, sendo mestre e senhor, lavei os pés de vocês, vocês também devem lavar os pés uns dos outros”. Em outras palavras, quem quer ser o maior deve ser o menor e o servidor de todos. Aqui, nesta prática humilde do serviço, está a raiz da verdadeira felicidade: “Se vocês compreenderem isto e o praticarem, serão felizes!” Diz a Primeira Carta de João: “Filhinhos, não amemos com palavras nem a língua, mas com ações e em verdade! (1Jo 3,18).

 

ALARGANDO A Última Ceia e o Lava ­Pés no Evangelho de João Mateus, Marcos e Lucas descrevem como Jesus instituiu a Eucaristia durante a última ceia. João descreve a última ceia, mas não descreve a instituição da eucaristia. Será que esqueceu ou achou que não era importante? É que João tem a sua maneira de descrever a Ceia Eucarística. Ela está no capítulo 6, onde fala da multiplicação dos pães para o povo (Jo 6,5­15). Está no longo discurso sobre o Pão da Vida (Jo 6,22­71). Está aqui no capítulo 13, onde insiste no serviço amoroso, simbolizado no lava­ pés (Jo 13,1­17). Está no capítulo 19, onde descreve a morte de Jesus como cordeiro pascal (Jo 19,31­37). A ceia narrada no evangelho de João é bem diferente daquela narrada nos outros evangelhos. Aqui no quarto evangelho não se fala em comer o corpo e beber o sangue de Jesus num memorial até que ele venha (1Cor 11,23­26).

­No Evangelho de João, o pão e o vinho são substituídos pelo gesto de lavar os pés de seus discípulos e discípulas. Gesto de amor e de entrega que precede e conduz à sua glorificação. “Tendo amado os seus, Jesus amou­-os até o fim” (Jo 13,1). Este mandamento de serviço e de amor é que purifica qualquer pessoa que queira seguir Jesus (Jo 15,3). O gesto de lavar os pés não é feito antes da ceia, mas durante a ceia. Jesus não quer fazer um mero gesto de purificação ou higiene. Durante a ceia (Jo 13,2) ele se levanta, tira o manto, que é um gesto de entrega e serviço (Jo 13,4), e ele mesmo derrama a água na bacia para lavar os pés de seus discípulos. Quando chega diante de Pedro, este toma o gesto de Jesus como se fosse de fato um gesto ritual de purificação e não aceita que Jesus lhe lave os pés (Jo 13,6­11). Jesus corrige a interpretação de Pedro e dá o sentido verdadeiro.

O gesto do lava­ pés significa que a verdadeira purificação acontece na entrega e no serviço (Jo 13,10). Significa também que Jesus é o Messias ­Servo, anunciado por Isaías (Is 42,1­9). Por isso, se Pedro não aceitar tal gesto, não poderá estar em comunhão com Jesus (Jo 13,8). Para Jesus, os que aceitam sua mensagem, suas palavras e seus gestos, estão puros e prontos para o Reino. O que purifica a pessoa não é a observância da Lei, mas sim a prática das palavras de Jesus. Quem for capaz de amar como Jesus amou, receberá o Espírito que é serviço gratuito aos irmãos e irmãs (Jo 13,34­35). Este exemplo dele nos deixou (Jo 13,15). Mas na ceia nem todos estavam puros (Jo 13,11). O adversário se fazia presente em Judas (Jo 13,2). Mesmo assim, Jesus lava os pés de Judas antes que ele saia para cumprir sua missão (Jo 13,21­30). O amor vence o ódio! O Livro da Glorificação e a hora de Jesus O Livro da Glorificação (Jo 13,1 a 20,31) é chamado assim porque mostra a realização plena de tudo que Jesus vinha prometendo enquanto fazia os sete sinais nos capítulos anteriores. O Livro da Glorificação começa com a frase: “Sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou­-os até o fim” (Jo 13,1). Finalmente, chegou a hora de Jesus ser glorificado pelo Pai (Jo 12,23.27­28; 13,31; 17,1) e de ele nos revelar o verdadeiro rosto do Pai, que é o amor (1Jo 4,8.16). A frase mostra que Jesus está disposto a levar até o fim sua obra de revelar o amor do Pai. A Hora de Jesus é a hora do seu retorno ao Pai. Como esta hora foi fixada pelo próprio Pai, ninguém sabe o momento exato em que ela acontecerá. Por isso, no Evangelho de João, na medida em que vamos acompanhando a caminhada de Jesus cresce o suspense com relação à chegada hora de Jesus. Este suspense atinge seu ponto máximo em Jo 17,1: “Pai, chegou a hora: glorifica teu Filho para que teu Filho te glorifique!” A dinâmica do texto do Quarto Evangelho vai preparando o leitor para que ele mesmo possa descobri o momento certo da chegada desta hora. O suspense começa nas Bodas de Caná. Diante do pedido de sua mãe, Jesus diz que sua hora ainda não chegou (Jo 2,4). Mas a atuação de Maria mostra que a caminhada em direção à hora já foi iniciada e os sinais começam a surgir. Diante da samaritana Jesus diz que “virá a hora ­ e é agora ­ em que surgirão os verdadeiros adoradores do Pai” (Jo 4,23).

Os sinais de Jesus aumentam o suspense. Por duas vezes, os inimigos querem prendê-­lo, mas ainda não tinha “chegado a sua hora”, e a prisão não acontece (Jo 7,30 e 8,20). Para o evangelista não são os inimigos, mas sim o Pai quem determina a hora de Jesus. Quando chegar a hora da elevação do Filho do Homem, acontecerá, ao mesmo tempo, a glorificação de Jesus e a derrota de seus adversários (Jo 12,31­32). Os sinais feitos por Jesus levam seus inimigos a planejar sua morte (Jo 11,45­54). Jesus sabe então que sua hora está chegando (Jo 12,23.27; 13,1;16,32). A tensão entre ele e seus adversários culmina na sexta hora, no momento em que se sacrificavam os cordeiros para a Páscoa (Jo 19,14). Nesta hora Jesus, o novo cordeiro de Deus, inaugura a nova Páscoa. Este exato momento entre a hora de Jesus como cordeiro e sua gloriosa subida para o alto é descrito com belas palavras em Ap 5,5­14.

Para as comunidades do Discípulo Amado também chegará a hora. Para cada discípulo ou discípula o encontro com Jesus acontece numa hora marcante e inesquecível (Jo 1,39). Mas o suspense que existiu entre Jesus e o mundo também continuará a existir entre a comunidade e o mundo. Para a comunidade chegará uma hora semelhante à de Jesus (Jo 16,2). Esta hora significa perseguições e morte (Jo 16,4). Diante do exemplo deixado por Jesus, as comunidades chegarão, através desta hora, à alegria que vem de Deus (Jo 16.21-22).