EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

MISSAO DOS 12 APÓSTOLOS

OS MISSIONÁRIOS DO REINO

A palavra de Deus brota das páginas do livro Sagrado com a limpidez e a serenidade da água que escorre de uma fonte. E vai matando nossa sede de bem e de verdade.

Hoje estamos lendo, na redação de São Marcos, um episódio narrado pelos três sinópticos: Jesus enviando os apóstolos numa primeira viagem missionária. Não era ainda a missão definitiva. Era uma missão que podemos chamar de experimental, destinada ao ambiente judeu e não estendida ainda ao mundo dos gentios. Os conselhos e as recomendações que Jesus lhes dá valem para eles e, com as devidas transposições, valem também para todos os pregoeiros do Evangelho.

E poderíamos começar lembrando que eles são enviados, são mandados por Deus. Como no Antigo Testamento Deus mandava seus profetas, no Novo Testamento Jesus – que é o Deus-conosco – manda seus apóstolos.

Aliás, “apóstolo” é o nome grego correspondente ao latim “missus”, que significa exatamente “aquele que é enviado”. No caso, enviado por Deus. É lamentável que haja por aí tanto “missionário”, que se arroga esse direito – inclusive por deploráveis interesses pecuniários -e vão iludindo os simples e provocando a maior confusão de idéias sobre os valores espirituais.

Noutro lugar do Evangelho Jesus nos acautela sobre os falsos profetas. Houve-os sempre. Como houve no tempo do profeta Amós, como se pode depreender do breve trecho de seu livro que a liturgia nos oferece como primeira leitura. Amós não era um profeta áulico, como era o sacerdote Amasias do santuário de Betel, a serviço do rei Jeroboão.

Seu poder vinha de Deus, que o chamara de seu humilde ofício de pastor e de cultivador de sicômoros para anunciar a palavra do Senhor, não os caprichos do Rei. Por isso mesmo ele tem palavras do fogo para condenar os abusos dos grandes, que com seu luxo e sua cobiça oprimiam os humildes.

Amós, profeta não por sua vontade mas pela vontade de Deus, gozava de uma nobre independência. Não estava ligado a compromissos com a corte, nem com quaisquer interesses mundanos. Como devem ser os pregoeiros do Evangelho. Desapegados de qualquer empecilho terreno. Leves no corpo e no espírito, para o perfeito cumprimento de sua tarefa sobrenatural. Como disse Jesus aos seus apóstolos para a sua missão inaugural: “Que nada levassem para o caminho, a não ser um cajado apenas; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto. Mas que andassem calçados com sandálias e não levassem duas túnicas” (Mc 6, 8-9).

E só transpor isso para os costumes de hoje, e teremos a figura de um missionário sóbrio, sem exigências, cheio de entrega nas mãos da Providência.

E de Jesus receberam a missão de anunciar o Reino de Deus e pregar a conversão. Onde entra o Reino, que é feito de amor, de verdade e de justiça, os corações se vão mudando.

Acontece a “metanoia”, isto é a mudança de mentalidade. Como a Luz dissipa as trevas, os valores do Reino vão afastando o erro e a mentira, a Injustiça e a discriminação, o ódio e a violência. Receberam ainda o poder de expulsar os demônios, sinal certo de que tinham chegado os tempos messiânicos. Faziam também curas, ungindo os enfermos com óleo, preludiando o sacramento dos enfermos, como diz o Concílio Tridentino a respeito desse sacramento: instituído por Cristo, insinuado no Evangelho de Marcos, promulgado e recomendado aos fiéis pelo apóstolo São Tiago (cfr Conc. Tridentino, Sessão XIV).

E não deixa de ter um profundo significado também o fato de Jesus os enviar dois a dois. Era a caridade fraterna em ação. Era a condenação do egoísmo e da auto – suficiência. Isso também falava eloqüentemente ao coração dos ouvintes desses profetas do Novo Testamento.

A Igreja, que é toda ela missionária, enviada para o mundo dentro do qual vivemos, tem que ter sempre diante dos olhos a lição que o Divino Mestre deixou para os seus apóstolos. E cada pastor da Igreja -e por que não dizer também cada catequista, e cada pai, e cada mestre? – deve assumir em sua vida as santas lições do Evangelho, para que Deus esteja presente em tudo aquilo que pregam e ensinam.

LEITURAS do xv Domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª – Am 7,12-15.

2ª – Ef 1, 3-14.

3ª – Mc 6, 7 -13- Missão dos 12 Apóstolos