O AMANHECER DO EVANGELHO
EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM II Domingo do Advento -ANO C
PREPARAI OS CAMINHOS DO SENHOR
A Palavra de Deus, como diz com evidente entusiasmo o salmista que escreveu o salmo alfabético 118, “é uma lâmpada para os meus pés e uma luz para os meus caminhos” (SI 118, 105). É tão bom para nós caminharmos iluminados por essa divina claridade! É por isso que a oração da Igreja é toda entretecida dos raios dessa luz celeste. Não é uma oração feita de pura sabedoria humana, como acontece com tantos discursos medíocres, que multiplicam palavras, mas se manifestam pobres de vigor e de convicção.A Liturgia não se perde nesses discursos vazios, mas se nutre toda ela com a riqueza dos textos do Livro Sagrado. A começar pelo Evangelho. É o que está acontecendo neste bem- aventurado tempo do Advento. Hoje é o segundo domingo. O evangelista Lucas, na sua lucidez e precisão de historiador honesto nos fala do início da pregação de João Batista.
Não usa os termos de uma história fictícia, contada para crianças: “Era uma vez…”. Coloca em termos precisos a situação histórica em que se ncontra a Palestina. O Governador da Judéia é o romano Pôncio Pilatos. Herodes é o tetrarca da Galiléia, enquanto Felipe, seu irmão é o tetrarca da Ituréia e da região da Traconítide, e Lisânias é o tetrarca da Abilínia.
Os sumos sacerdotes são Anás e Caifás. Dentro desse quadro, acontece algo de maravilhoso. Desce a palavra de Deus sobre João, filho de Zacarias. E ele se dirige a toda a região do Jordão, proclamando um batismo de penitência para remissão dos pecados. É a preparação para a chegada do Messias. O mundo vai mudar. A hora é muito importante. Está-se cumprindo o grande oráculo pronunciado pelo profeta Isaías: “Uma voz clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; endireitai suas veredas. Todo o vale será preenchido (como não pensar na terraplanagem que se processa na construção de nossas modernas estradas?), toda montanha e colina será rebaixada, os caminhos tortuosos serão endireitados, os caminhos irregulares serão aplainados”.
É Isaías que fala. Com seu estilo vivo. Com suas imagens fortes. Cheias do vigor que lhe vem não só de sua competência de altíssimo poeta -um verdadeiro clássico da Bíblia -mas pela força que vem da inspiração do Espírito de Deus.
E, ao proclamar essas palavras na caminhada para o Natal, -o que representa sempre um caminhar ao encontro do Senhor -, o que deseja a Igreja é que guardemos tudo isso em nosso coração e que sejamos capazes de aplicá-las à nossa vida. Há muito vazio em nós que é preciso preencher.
Há muita atitude soberba – montanhas de vaidade- que é preciso abaixar. Há muitas idéias desviadas que é preciso retificar. Há muita rispidez que é preciso amenizar pela mansidão e pela paciência, de modo que nossa presença ajude o mundo a caminharem paz.
Como seria bom que essa palavra de Deus fosse mesmo uma luz em nosso caminho na preparação para o Natal ! Para que ele fosse, na verdade, um verdadeiro Natal cristão. Não vamos amaldiçoar as luzes que se acendem nas ruas da cidade para este tempo de alegria.
Não vamos repudiar a riqueza de mensagens que se cruzam no mundo inteiro, desejando paz e felicidade. Nem vamos condenar os presentes que se trocam nesta época.
Talvez pudéssemos lamentar que o comércio dos presentes tome conta da opinião pública, obscurecendo aquela que é e deve ser a idéia central do Natal: a vinda de Jesus ao coração do homem, renovada pela oração e pelos sacramentos da Igreja.
O que queremos é fazer brilhar cada vez mais pura e mais forte a luz da grande notícia: Jesus nasceu em Belém para a salvação da humanidade. E essa humanidade só será feliz na medida em que for capaz de caminhar ao encontro dele.
Os peritos na Sagrada Escritura nos ajudam a retificar a pontuação do texto citado de Isaías. Ele ficaria assim: “Uma voz clama no deserto preparai os caminhos do Senhor”. Somos convidados a preparar o cortejo processional da humanidade para caminharmos ao encontro do Senhor, através do deserto deste mundo.
É o novo Êxodo anunciado pelo cristianismo. Temos que fugir da escravidão do Egito – símbolo de todas as escravidões que nos oprimem -e caminhar alegres ao encontro de Deus. Que beleza que é o Natal, contemplado nessa perspectiva! Um tempo de esperança e de libertação. Que ele fale bem alto para nós.
Ouçamos a sonora proclamação da Liturgia: “Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações. E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz” (antífona de entrada da missa).
LEITURAS do II Domingo do Advento – Ano C:
1a) Br 5, 1-9
2a) Fl 1, 4-6.8-11
3a) Lc 3,1-6