O AMANHECER DO EVANGELHO
EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE
PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
III DOMINGO DO ADVENTO -ANO C
ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR!
Entre as virtudes que compõem a personalidade de um cristão não pode faltar a alegria.Pode-se dizer, até, que ela ilumina todas as outras virtudes. E que se pode falar de uma fé alegre, de uma caridade alegre, de uma oração alegre, de uma esperança alegre. “Que triste santo que seria um santo triste!”- já dizia no seu tempo São Felipe Néri.
A Bíblia – nos salmos, sobretudo – é um florilégio de convites à alegria. A Igreja, neste domingo que marca a metade do caminho para o Natal, convida-nos a uma atitude de alegria. É o domingo chamado “da alegria”, quando se podem ornar de flores os altares, tocar instrumentos musicais nas cerimônias litúrgicas e usar paramentos cor-de-rosa em vez do roxo prescrito para o tempo do Advento.
E a missa se abre como convite de São Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos” (FI4, 4). E a razão dessa alegria é que “o Senhor está perto” (ibid., v 5). É claro que essa proximidade de Deus aqui é uma referência ao Natal que se aproxima.
Mas vale para todos os dias de nossa vida. Quem está perto de Deus não tem medo e vive na alegria. Se bem observarmos, o mundo de hoje é um mundo triste. Há muito barulho e muita agitação, mas a verdadeira alegria, serena e pura, não está muito presente. É porque os homens se afastam de Deus. Não se lembram de sua presença, não cultivam sua familiaridade. E, por causa de suas freqüentes infidelidades, acabam tendo medo de Deus e considerando-o como uma ameaça. Um juiz antes que um amigo.
Para que tal não aconteça é preciso purificar a consciência. “Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” foi dito por Jesus na sexta bem-aventurança proclamada no sermão da Montanha. Quando João Batista lançou em rosto à multidão a gravidade de seus pecados – estamos lendo nesta domingo esta página do Evangelho -o povo perguntou angustiado: “Que devemos fazer?” (Lc 3, 10). ““E João deu algumas respostas muito diretas:” Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem; e quem tiver o que comer, faça o mesmo” (v 11 ). Amplie-se essa resposta para as dimensões mundiais deste segundo milênio, onde os bens andam tão mal divididos, e teríamos uma sábia lição de amor fraterno e de justiça social.
Para os cobradores de impostos – os famosos publicanos – João disse: “Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito” (v 13). E aos soldados: “A ninguém molesteis com extorsões; não denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo” (v 14 ). Até parece que estamos nos dias de hoje, quando se inventam multas para ampliaras entradas dos encarregados da fiscalização. “Não há nada de novo debaixo da luz do sol”, como diz a velha sabedoria (Eclo 1, 10).
Deixemos que a voz de João Batista ressoe pelo mundo. Ele veio anunciar a Boa-nova. E que com sua voz o mundo possa escutar as vozes de todos os mensageiros sinceros do Evangelho que nos pregam a palavra de Jesus e abrem os corações para viverem a verdadeira alegria.
Escutemos, sobretudo, São Paulo, nessa mesma carta aos filipenses, onde nos diz preciosas palavras, ampliando seu convite para a alegria: “Não vos inquietei com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades, pela oração e pela súplica, e em ação de graças. Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus” (v v 6 e 7).
E finaliza com um feixe de virtudes, que enobrecem a alma cristã e a tornam capaz da perfeita alegria: “Ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de qualquer modo mereça louvor.
O que aprendestes e herdastes, o que ouvistes e observastes em mim, isso ponde em prática. E o Deus da paz estará convosco” (v v 8 e 9).
LEITURAS do III Domingo do Advento – Ano C:
1a) Sf3, 14-18a
2a) FI 4, 4-7
3a) Lc 3,10-18