O AMANHECER DO EVANGELHO

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CMIV DOMINGO DO ADVENTO

De novo o natal

Se quiséssemos imaginar que as auréolas dos santos do céu são formadas de pedras preciosas que representam o bem que fizeram na terra, na auréola de São Francisco de Assis tem que haver uma gema fulgidíssima para lembrar o presépio que ele organizou na pequena aldeia de Greccio, na noite de Natal, três anos antes de sua morte.

Foi uma beleza o bosque naquela noite, iluminado pelos archotes trazidos pelo povo do lugar e dos arredores, e os frades cantando músicas do céu!Celebrou-se a missa ali mesmo junto do boi e do burro e das palhas da manjedoura. E São Francisco, que era diácono, cantou o Evangelho, “com voz forte, doce, clara e sonora”, como nos conta Tomás de Celano na Vida do Santo. Guardou-se a palha do presépio e era dada aos animais doentes, conseguindo-se muitas curas, conforme contam as tradições locais.De Greccio o presépio se espalhou pelo mundo. E hoje ele é “armado” nas igrejas e em muitas casas de família, para que jamais fique esquecido o Menino de Belém, mesmo quando o comércio vai materializando o Natal, e a figura de Papai-Noel vai povoando as cabecinhas das crianças. Acho sempre encantadora a beleza ingênua dos nossos presépios populares, onde cada figura quer lembrar algum dos elementos que aparecem no nascimento do Menino: a manjedoura com as palhas, o boi e o burro, os pastores com seus carneirinhos; e Maria e José e a divina criança; e os anjos cantando “Glória a Deus nas alturas”, e a estrela brilhando no céu; e lá numa curva longínqua da estrada a caravana dos reis magos que se vem aproximando.Quando eu vejo essas casinhas pequeninas se meadas nos morros de nossos singelos presépios, lembro-me das palavras do profeta Miquéias que os sábios de Jerusalém citaram para os magos em resposta à sua pergunta sobre onde tinha nascido o Rei dos judeus, cuja estrela tinham visto brilhar no céu do Oriente: “E tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades de Judá, de ti sairá para mim aquele que há de dominar em Israel”. É como está lembrado na liturgia da palavra deste domingo(Mq.5,1).A pequenina cidade de Belém! Aliás, tudo é pequeno e humilde a rodear o maior acontecimento da História. Se as grandezas do mundo tivessem algum valor, Jesus teria nascido num palácio, no meio da púrpura e do ouro, servido por numerosa criadagem e honrado por uma luz da guarda. Mas Ele quis nos mostrar o nenhum valor de todas essas coisas. E nasceu na pobreza; como depois viveu na pobreza, e morreu despojado de tudo no alto de uma cruz.” Por vós se fez pobre, Ele que era rico, para vos fazer ricos por meio de sua pobreza” (2Cor. 8,9).

Pode-se até dizer que uma das lições mais vivas do Natal é essa que nos ensina a amar o que é pequeno e humilde, para alcançarmos a verdadeira grandeza. Aí está para nosso exemplo a humilde Virgem Maria. Ninguém foi maior que Ela entre as criaturas. Ela mesma vai cantar no seu canto de louvor na casa de Isabel: “O Onipotente fez em mim grandes coisas” (Lc. l’ 49). Mas não se esquece de se envolver na sua humildade: “Ele olhou para a humildade de sua serva”, como está no mesmo canto (v. 48). Como conseqüência, a confissão dessa humildade vai explodir num canto de louvor de toda a terra: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (ibid.).Por tudo isso, eu acho que o Natal é uma data que fala muito ao coração dos pequeninos. Não só das crianças, mas de todos os que são pequenos e humildes: os pobres, os operários de salário mínimo, os favelados e todos os que são postos à margem da sociedade. Nunca se deixem abater pela sua pobreza. Lembrem-se de sua dignidade de filhos de Deus. Olhem para o presépio, onde, no frio da noite de Belém, foi deitado na palha o Menino-Deus, o Rei e Senhor do céu e da terra.

LEITURAS do IV domingo do Advento -ANO C:

1ª- 2Sm 7,1-5,8b-11,16.

2ª- Rm 16,25-27.

3ª- Lc 1,26-38.