EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE

PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

A CARTA MAGNA DO CRISTIANISMO – VI DOMINGO DO TC – VÍDEO E MENSAGEM DO PE. LUCAS

https://youtu.be/3FLJL4rluOo

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C

A CARTA MAGNA DO CRISTIANISMO

O Sinai e o Monte das Bem-aventuranças são duas montanhas bem diferentes. Aliás, o Monte das Bem-aventuranças nem é bem uma montanha. É uma suave colina da Galiléia, não muito longe de Cafarnaum, na qual se ergue hoje um simpático santuário octogonal, em memória do Sermão da Montanha lá pronunciado. No Sinai Deus promulgou a Lei. No Sermão da Montanha Jesus – o Deus-conosco – promulga o Evangelho. No Sinai Deus se manifestou entre nuvens de fumaça, trovões e relâmpagos, e sons estridentes de trombetas. Era a manifestação da majestade de Deus e de seu poder absoluto sobre o universo, como convinha para a mentalidade daquele povo. No Sermão da Montanha estamos na porta do Evangelho, e o que se ouve é a palavra mansa de Jesus, descendo sobre a multidão reunida em respeitoso silêncio. No Sinai é mais a força de uma lei que se impõe. No Sermão da Montanha é sobretudo um espírito que se anuncia para o mundo novo. Ele foi definido como a carta magna do Cristianismo. Conhecê-Io e assumi-Io é entrar no pensamento de Jesus. E ele começa com as “bem-aventuranças”.

São Mateus, na sua lista, traz oito bem-aventuranças, completando-as com uma nona, que é a dos mártires, isto é, a daqueles que dão sua vida ou sofrem uma perseguição por causa da justiça. São Lucas traz quatro bem-aventuranças, que substancialmente correspondem às oito de Mateus. Mas acrescenta depois quatro imprecações, que se dirigem àqueles que vivem um espírito contrário ao espírito das bem-aventuranças . Além disso, São Lucas focaliza o aspecto material do sofrimento: ser pobre, ter fome, ter sede, chorar; ao passo que São Mateus apresenta mais o lado espiritual: ser pobre em espírito, Ter fome e sede de justiça, estar aflito. É um pouco a personalidade do evangelista da misericórdia que se percebe em São Lucas; enquanto em São Mateus se procurou matizar e precisar melhor aquela que poderíamos chamar a filosofia do Evangelho”.

A primeira bem-aventurança, em ambos os evangelistas, é a dos pobres, assim formulada em São Lucas: “Bem aventurados vós, que sois pobres, porque o reino de Deus é para vós” (Lc 6, 20). E aí está de algum modo a substância de todas as bem-aventuranças. A felicidade não consiste em ser rico, em gozar de todos os bens da terra, em estar livre de todos os sofrimentos, nem em ser aplaudido e triunfar sobre todos. Nosso valor não está no que temos nas mãos, no bolso ou na conta bancária. O valor está no coração, que não se amarra aos bens da terra e se abre para Deus e nele confia. Já os antigos profetas preludiavam esses ensinamentos de Jesus, como nos faz a Igreja ler em Jeremias, como primeira leitura da Liturgia da Palavra deste VI domingo: “Infeliz o homem que põe sua confiança no homem, e que se apóia a um ser de carne, enquanto seu coração se desvia de Deus. Ele será como o espinheiro no deserto e não conhecerá a felicidade” (Jr 17,5-6). Ao passo que: “Feliz é o homem que pôs sua confiança no Senhor; ele será como a árvore plantada à beira d’água, que lança raízes na direção da corrente” (Ibid., v 8).

O desejo da felicidade está no fundo do coração de cada homem. E Jesus, que veio anunciar a boa nova por excelência, não podia deixar de mostrar aos homens a resposta a esse anseio de felicidade: são exatamente as bem-aventuranças. Vivê – Ias é ser feliz. Mesmo que isso nos pareça bem contrário a nossas tendências humanas e à filosofia desta sociedade do consumo em que vivemos. AIiás, se quisermos ser sinceros, temos que reconhecer que já vimos muitas vezes em derredor de nós a felicidade brilhando no rosto de pessoas humildes, carentes de tudo, sem nenhuma projeção social, que têm, no entanto, o coração aberto para Deus, que nunca os desampara. Parece que no fundo desse coração ressoa um eco da palavra de Jesus: “Vosso é o Reino dos céus”.

LEITURAS do VI Domingo do Tempo Comum – Ano C:

1ª) Jr 17, 5-8

2ª) 1Cor 15, 12.16-20

3ª) Lc 6, 17.20-26