Mateus 6, 1-6.16-18  – Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens – Pe. Lucas

Reflexões e ilustrações de Padre Lucas de Paula Almeida, CM

 Quarta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum

1.Leitura (Verdade)
– O que a Palavra diz?
Leio o texto do dia: Lucas 9, 22-25

A Palavra de Deus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “É preciso que o Filho do Homem sofra muito, e seja rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos doutores da Lei. Terá de ser morto, mas ao terceiro dia ressuscitará.” Depois disse a todos: “Se alguém me quiser acompanhar tem de se esquecer de si próprio e carregar com a sua cruz todos os dias, para vir comigo. Pois todo o que quiser salvar a sua vida, perde-a, mas aquele que perder a vida por causa de mim, salva-a. Que aproveita a alguém ganhar o mundo inteiro, se acabar por perder-se ou destruir-se?”

Lucas 9, 22-25
  • Algumas pistas sobre a leitura de hoje

    • Como vivo as dificuldades, o sofrimento, a “cruz” de cada dia? Com aceitação e ânimo, ou tentando fugir a todo o custo? Boa questão agora ao inicio da Quaresma…
    • Cristão é aquele que aceita acompanhar Jesus nessas dificuldades, já que Ele também as viveu: oferecendo-lhe a cruz e também as alegrias de cada dia, sabendo que Ele está mesmo ao lado…
    • Que outros valores (conforto, bens materiais, honra) me impedem de aceitar essa”cruz” do dia-a-dia, de ser fiel a Jesus e ao Amor quando sinto que sou chamado a isso?…
    • Da filiação ao Pai, filho(a) do homem sou eu também. Sofrer e ser rejeitado(a) é um convite permanente aos Cristãos.
    • Como vivo as dificuldades, o "sofrimento", a "cruz" de cada dia? Com aceitação e ânimo, ou tentando fugir a todo o custo? Boa questão agora ao inicio da Quaresma…
    • Cristão é aquele que aceita acompanhar Jesus nessas dificuldades, já que Ele também as viveu: oferecendo-lhe a cruz e também as alegrias de cada dia, sabendo que Ele está mesmo ao lado…
    • Que outros valores (conforto, bens materiais, honra) me impedem de aceitar essa "cruz" do dia-a-dia, de ser fiel a Jesus e ao Amor quando sinto que sou chamado a isso?…
    • Da filiação ao Pai, filho(a) do homem sou eu também: Sofrer e ser rejeitado(a) é um convite permanente aos Cristos.
    • O que quer dizer "ganhar" ou "perder", na história da minha vida? Para que lado me oriento verdadeiramente?

ANÚNCIO DA MORTE E RESSUREIÇÃO DE JESUS Lc 9,22-25

Os evangelistas, cada um a sua maneira, se referem à questão da identidade de Jesus. A interpretação dominante, entre os discípulos vindos do judaísmo, era que Jesus seria o messias davídico esperado conforme a tradição antiga do Primeiro Testamento. Jesus rejeita ser identificado com este messias (”cristo”) restaurador do reinado de Davi. É o momento de deixar isto claro. A partir da interrogação sobre quem Ele é, Jesus identifica-se como o “Filho do Homem”. Esta expressão, muito freqüente no livro de Ezequiel, refere-se a comum condição humana, humilde e frágil. Enquanto “humano” Jesus é vulnerável ao sofrimento e à morte. A “necessidade” deste sofrimento não significa um determinismo, mas as implicações inevitáveis decorrentes do compromisso libertador assumido por Jesus. Os poderes constituídos necessariamente vão reagir contra a prática libertadora de Jesus e de seus discípulos, e procurarão destruí-los. Porém, Jesus revela que ao “humano” foi dada, por Deus, a vida eterna. Perder a vida de sucesso oferecida por este mundo e consagrar-se ao seguimento de Jesus significa a comunhão com o Pai em sua vida divina e eterna.

Para Lucas, o que conta é a ressurreição, não a morte. Mesmo ao descrever a morte com traços vivos, destacando a inocência de Jesus, seu caráter de mártir, Lucas não lhe dá o sentido salvífico. Se, de fato, Lucas é um grego, então se pode ver nisto um motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária, pois esta era teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais importante ressaltar a ressurreição, pois a morte para os gregos é loucura (1Cor 1,23).

– O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado.

A morte de Jesus como vitória sobre o sofrimento e, sobretudo sobre os poderes da morte ,e a de descer aos infernos e lutar com a morte, era uma idéia bem conhecida no oriente e no ocidente. Faz parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus heróis. Esta idéia penetrou no judaísmo tardio e dali passou para o Novo Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem vencido os poderes da perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos mortos, libertando os que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.

“A concepção é de que Cristo, na hora de sua morte, desce até ali e derrota – numa luta – o príncipe dos demônios. No Novo Testamento encontram-se vestígios desta visão mítica. Em Mt 27,51-53 se narra que no momento da morte de Jesus a terra tremeu e se abriu, muitos mortos saíram de suas sepulturas e entraram na cidade. Assim Jesus, pela sua morte liberta os mortos que lá estavam presos. Com esta visão mítica, personifica-se o poder que age sobre a morte. O diabo, a morte e as forças do mal se confundem. A morte de Jesus assim é vista como resgate e a destruição deste poder. Pela sua morte Jesus destruiu a morte (1Cor 15,24.26; 2Ts 2,8; 2Tm 1,10; Hb 2,14). “Assim, pois, já que os filhos têm em comum o sangue e a carne, também Ele participou igualmente da mesma condição, a fim de, por sua morte, reduzir à impotência daquele que detinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2,14).

Através de sua morte, Jesus destruiu o poder da morte, deixando o ser humano livre. Mas, antes da Ressurreição existe a cruz. E Ele quer advertir os seus para que fiquem preparados para ela. Como aos apóstolos também cada um de nós está sendo convidado a segui-lo, passando por tudo o que Ele passou, a fim de que no final possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.

– O que a Palavra diz para mim?

Também eu posso seguir Jesus. Assumir a sua causa. Nos momentos de maiores dificuldades vou me lembrar que esta causa é primordial. O seguimento de Jesus requer renúncia, busca de justiça e doação da vida por uma boa causa.Podemos afirmar, a melhor causa. Os bispos, em Aparecida, lembraram muito bem: “Como discípulos de Jesus reconhecemos que Ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus (cf. Lc 4,44) e ao mesmo tempo o Evangelho de Deus (cf. Rm 1,3). Cremos e anunciamos “a boa nova de Jesus, Messias, Filho de Deus” (Mc 1,1). Como filhos obedientes à voz do Pai, queremos escutar a Jesus (cf. Lc 9,35) porque Ele é o único Mestre (cf. Mt 23,8). Como seus discípulos, sabemos que suas palavras são Espírito e Vida (cf. Jo 6,63.68). Com a alegria da fé, somos missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, nEle, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação.“(DA 103).
3. Oração (Vida)

– O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Oração da CF 2019: Ó Deus criador, do qual tudo nos vem, nós te louvamos pela beleza e perfeição de tudo que existe como dádiva gratuita para a vida. Nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica, acolhemos a graça da unidade e da convivência fraterna, aprendendo a ser fiéis ao Evangelho. Ilumina, ó Deus, nossas mentes para compreender que a boa nova que vem de ti é amor, compromisso e partilha entre todos nós, teus filhos e filhas. Reconhecemos nossos pecados de omissão diante das injustiças que causam exclusão social e miséria.
Pedimos por todas as pessoas que trabalham na promoção do bem comum e na condução de uma economia a serviço da vida.
Guiados pelo teu Espírito, queremos viver o serviço e a comunhão, promovendo uma economia fraterna e solidária, para que a nossa sociedade acolha a vinda do teu reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

4. Contemplação/ Missão (Vida)
– Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou deixar de lado toda vaidade e reconhecimento humano e ajudar alguém que sofre a carregar a sua cruz.
Esta causa é de Jesus e minha também.