João 10, 1-18- A parábola do Bom Pastor.

 – O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões, ilustrações e o vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 IV Domingo da Páscoa

 JESUS É O BOM PASTOR:

1) Oração 

Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei de santa alegria os vossos filhos que libertastes da escravidão do pecado e concedei-lhes a felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (João 10, 11-18)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João. Naquele tempo, disse Jesus:10,1“Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.2Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas.3A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem. 4Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz. 5 Mas não seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz  dos estranhos”.6Jesus disse-lhes essa parábola, mas não entendiam do que ele queria falar. 7Jesus tornou a dizer-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. 8Todos quantos vieram antes de mim foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.9 Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem.10 O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância”. 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas não pertencem, vê o lobo chegar e foge; e o lobo as ataca e as dispersa. 13Por ser apenas mercenário, ele não se importa com as ovelhas.14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16(Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas devo conduzir, e elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.) 17É por isso que o Pai me ama: porque dou a minha vida. E assim, eu a recebo de novo. 18Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade. Eu tenho poder de dá-la, como tenho poder de recebê-la de novo. Tal é o encargo que recebi do meu Pai”.– Palavra da Salvação 3) Reflexão

*   O evangelho de hoje traz a parábola do Bom Pastor. Em alguns países o texto é de João 10,1-10 e em outros é de João 10,11-18. É difícil escolher entre um e outro. Por isso, preferimos comentar brevemente os dois (Jo 10,1-18). O discurso sobre o Bom Pastor traz três comparações ligadas entre si1ª comparação: Jesus fala do pastor e dos assaltantes (Jo 10,1-5)2ª comparação: Jesus é a porteira das ovelhas (Jo 10,6-10)3ª comparação: Jesus é o Bom Pastor (Jo 10,11-18)*  João 10,1-5: 1ª comparação: entrar pela porteira e não por outro lugar.  Jesus inicia o discurso com a comparação da porteira: “Quem não entra pela porteira mas sobe por outro lugar é ladrão e assaltante! Quem entra pela porteira é o pastor das ovelhas!”  Naquele tempo, os pastores cuidavam do rebanho durante o dia. Quando chegava a noite, levavam as ovelhas para um grande redil ou curral comunitário, bem protegido contra ladrões e lobos. Todos os pastores de uma mesma região levavam para lá o seu rebanho. Um porteiro tomava conta de tudo durante a noite. No dia seguinte, de manhã cedo, o pastor chegava, batia palmas na porteira e o porteiro abria. O pastor entrava e chamava as ovelhas pelo nome. As ovelhas reconheciam a voz do seu pastor, levantavam e saiam atrás dele para a pastagem. As ovelhas dos outros pastores ouviam a voz, mas elas não se mexiam, pois era uma voz estranha para elas. De vez em quando, aparecia o perigo de assalto. Ladrões entravam por um atalho ou derrubavam a cerca do redil, feita de pedras amontoadas, para roubar as ovelhas. Eles não entravam pela porteira, pois lá havia o guarda que tomava conta.*  João 10,6-10: 2ª comparação: Jesus é a porteira.  Os ouvintes, os fariseus (Jo 9,40-41), não entenderam o que significava “entrar pela porteira”. Jesus então explicou: “Eu sou a porteira das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e assaltantes”. De quem Jesus está falando nesta frase tão dura? Provavelmente, se referia a líderes religiosos que arrastavam o povo atrás de si, mas que não respondiam às esperanças do povo. Não estavam interessados no bem do povo, mas sim no próprio bolso e nos próprios interesses. Enganavam o povo e o deixavam na pior. Entrar pela porteira é o mesmo que agir como Jesus agia.O critério básico para discernir quem é pastor e quem é assaltante, é a defesa da vida das ovelhas. Jesus pede para o povo não seguir as pessoas que se apresentam como pastor, mas não buscam a vida do povo. É aqui que ele disse aquela frase que até hoje cantamos: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância!” Este é o critério! *  João 10,11-15: 3ª comparação: Jesus é o bom pastor.  Jesus muda a comparação. Antes, ele era a porteira das ovelhas. Agora, é o pastor das ovelhas. Todo mundo sabia o que era um pastor e como ele vivia e trabalhava. Mas Jesus não é um pastor qualquer, mas sim o bom pastor! A imagem do bom pastor vem do AT. Dizendo que é o Bom Pastor, Jesus se apresenta como aquele que vem realizar as promessas dos profetas e as esperanças do povo. Veja por exemplo a belíssima profecia de Ezequiel (Ez 34,11-16).Há dois pontos em que Jesus insiste: (1) Na defesa da vida das ovelhas: o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. (2) No mútuo reconhecimento entre pastor e ovelhas: o Pastor conhece as suas ovelhas e elas conhecem o pastor. Jesus diz que no povo há uma percepção para saber quem é o bom pastor. Era isto que os fariseus não aceitavam. Eles desprezavam as ovelhas e as chamavam de povo maldito e ignorante (Jo 7,49; 9,34). Eles pensavam ter o olhar certo para discernir as coisas de Deus. Na realidade eram cegos. O discurso sobre o Bom Pastor ensina duas regras como curar este tipo bastante freqüente de cegueira: 1) Prestar muita atenção na reação das ovelhas, pois elas reconhecem a voz do pastor. 2) Prestar muita atenção na atitude daquele que se diz pastor para ver se o interesse dele é a vida das ovelhas, sim ou não, e se ele é capaz de dar a vida pelas ovelhas. Certa vez, na festa da tomada de posse de um novo bispo, as “ovelhas” colocaram uma faixa na porta da igreja que dizia: “As ovelhas não conhecem o pastor!” As “ovelhas” não foram consultadas. Advertência séria para quem nomeia os bispos.*  João 10,16-18: A meta onde Jesus quer chegar: um só rebanho e um só pastorJesus abre o horizonte e diz que tem outras ovelhas que não são deste redil. Elas ainda não ouviram a voz de Jesus, mas quando a ouvirem, vão perceber que ele é o pastor e vão segui-lo. É a dimensão ecumênica universal.4) Para um confronto pessoal

1)  Pastor-Pastoral. Será que a pastoral na minha paróquia imita a missão de Jesus – Pastor? E eu na minha ação pastoral, qual a minha atitude? Sou pastor como Jesus?2) Você já teve a experiência de ter sido enganado por um falso pastor? Como conseguiu superar?5) Oração final

Como a corça deseja as águas correntes, assim a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando hei de ir ver a face de Deus? (Sl 41, 2-3)

O Bom Pastor- IV Domingo da Páscoa- Jo 14,1-12 –

 – O Amanhecer do Evangelho

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 IV Domingo da Páscoa

                                     2. A PARÁBOLA DO BOM PASTOR: https://www.youtube.com/watch?v=medQcyhzzlE&t=4s,

Iluminada pela luz da Ressurreição, a Igreja relê o Evangelho em plena claridade, superando, inclusive, certa obscuridade que tivesse permanecido nos atos e palavras de Cristo. E vai crescendo, antecipando de certo modo a vida eterna, “de claridade em claridade” -( cfr 2 Cor 3, 18) – na direção da plenitude da luz. E é assim que as leituras do Evangelho na liturgia do Tempo Pascal têm um sabor todo especial, que a Igreja se empenha em fazer- nos degustar.

Hoje -IV domingo da Páscoa – encontramo-nos de novo com Jesus, o bom Pastor. Esse Pastor no qual se reflete de maneira plena toda a grandeza que os salmos e os profetas sabiam cantar a respeito de Javé, o Pastor do povo de Israel. Jesus é o Pastor que consagra infinita dedicação às ovelhas do rebanho. Que nada Ihes deixa faltar. Nem águas frescas, nem verde relva, nem segurança contra os perigos do caminho. E nesse Pastor as ovelhas colocam toda a sua confiança. Conhecem sua voz e não a confundem com a voz dos falsos pastores. Eles estiveram presentes no passado e continuam presentes hoje, com recursos ainda mais astuciosos para iludir os fiéis.

Jesus é o bom Pastor. Ele o declara solenemente. Mas dá ainda um passo adiante. Declara-se a própria porta do aprisco em que se abrigam as ovelhas. Como Ele se declarou o “Caminho”, a gora se declara a “Porta” (Jo 10′ 7). Por essa porta entram os fiéis no aprisco da Igreja; e, um dia, na casa do Céu. Como diz tão maravilhosamente a carta aos Hebreus: “Temos plena garantia de entrar no Santuário – prefigurado no “Santo dos Santos” do Templo de Jerusalém – graças ao sangue de Jesus. Ele inaugurou um caminho novo e vivo, através do véu, isto é, de seu próprio corpo”(Hb 1 0,19 s). E isso fica ainda mais bonito, se nos lembrarmos de que no lado de Cristo na cruz – no seu coração -se abriu uma porta, a porta da salvação. Santo Agostinho nota que o evangelista se serviu de uma palavra cautelosa -“vigilanti verbo” – para indicar o fato de o centurião transpassar com a lança o lado de Cristo. Não disse “feriu”, nem “rasgou”, nem outro verbo semelhante. Disse “abriu”: “Um soldado abriu-Ihe o lado com a lança, e no mesmo instante jorrou sangue e água” (Jo 19,34). É um fato sobre o qual a reflexão dos séculos tem feito as mais belas considerações; a começar por ver nesse sangue e nessa água o símbolo dos sacramentos da Igreja, sintetizados no Batismo e na Eucaristia. É realmente a porta da salvação.

A figura do Bom Pastor sugeriu à Igreja uma fecunda iniciativa, para ser posta em prática todos os anos na celebração desta ocorrência litúrgica. Criou o dia de oração pelas Vocações. E não só vocações sacerdotais, mas também religiosas, uma vez que os religiosos, ao lado dos pastores da Igreja, colaboram de mil maneiras em sua ação pastoral. Hoje os fiéis devem rezar pelos seus pastores. Pelos pastores de hoje e pelos pastores de amanhã. Rezar pelas vocações, pelos seminários, pelos noviciados e por todas as casas de formação sacerdotal e religiosa. A Igreja na sua caminhada apostólica não pode prescindir dessas forças. Cristo formou seus apóstolos, e a Igreja deve seguir seu exemplo. Por isso mesmo, vemos o Santo Padre, secundado pelos Bispos de todo o mundo, empenhar-se em suscitar e cultivar vocações. Ainda não há muito tempo -. 25.03.1992- o Papa publicou a preciosa Exortação Apostólica post-sinodal “Pastores dabo vobis” – Eu vos darei pastores – sobre esse importantíssimo tema.

Superando com coragem e esperança os ventos contrários do egoísmo, do materialismo e do amor aos prazeres que sopram no mundo, é preciso descobrir que Cristo continua a suscitar em sua Igreja candidatos para o altar, para o claustro e para todas as formas de vida apostólica que embelezam e enriquecem a comunidade cristã. Devemos crer no poder de Deus. E crer nos valores que sua divina graça coloca no coração dos jovens. Aquela palavra “vem e segue-me”, que Jesus pronunciou tantas vezes nas estradas da Palestina, continuam a ressoar em todas as estradas da História. E não faltam corações jovens -de idade ou de espírito- que as acolham generosamente: “Senhor, eis-me aqui”.

Leituras do IV Domingo da Páscoa – Ano A:

1a) At 2,14a.36-41

2a) 1Pdr 2,20b-25

3a) Jo 10, 1-10

O Bom Pastor- IV Domingo da Páscoa- Jo 10,11-18 –

 – O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões, ilustrações e o vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 IV Domingo da Páscoa

Uma das imagens mais usadas no Antigo Testamento para expressar o cuidado de Deus para com o seu povo, sobretudo o carinho com que o conduziu da escravidão do Egito para a Terra da Promissão, é a imagem do pastor. Encontramos essa imagem em Isaías e em Ezequiel, e a encontramos de maneira muito viva no salmo 23 (na Vulgata, 22), que hoje a comunidade cristã canta por toda parte: “0 Senhor é meu Pastor, nada me falta”. 0 Salmo vai descrevendo como o pastor guia seu rebanho para verdes pastagens e para águas tranqüilas; leva-o por caminhos seguros; infunde- lhe confiança pelo cajado que empunha em sua mão; e, mesmo que seja preciso atravessar um vale escuro, o rebanho não tem medo, porque sabe que está sendo bem guiado. De um lado está a dedicação total do pastor, e do outro lado a confiança total do rebanho.

Pois bem, isso que o Antigo Testamento diz a respeito de Deus, no Novo se transfere para Jesus cristo – o Deus-conosco. E Jesus o proclama numa de suas mais suaves declarações: “Eu sou o bom pastor. 0 bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (Jo 10, 11 ). É uma das belas páginas do Evangelho, onde Cristo manifesta sua dedicação até à morte pelo rebanho, muito mais do que o pastorzinho Davi, enfrentando sozinho o leão e o urso que atacavam o rebanho de seu pai (cfr 1 Sm 17, 34-37).

E fala do conhecimento mútuo entre o pastor e o rebanho, pelo qual o pastor conhece cada uma de suas ovelhas, e elas o conhecem, e sabem distinguir sua voz entre outras vozes estranhas que pretendam chamá-Ias. (Há aqui maravilhosas lições para o segredo da fidelidade dos discípulos de Jesus no meio de um mundo onde ressoam mil vozes que pretendem contradizer a fé. Inclusive vozes de mercenários, – aos quais se refere Jesus – como acontece hoje com demasiada freqüência). E fala de sua maravilhosa visão do mundo feito todo ele um só rebanho sob o cajado de um só pastor. Aí está expressa a unidade que deve existir no rebanho e, ao mesmo tempo, a missão apostólica da Igreja.
É tão viva e amável a figura do Bom Pastor, que essa se tornou a imagem favorita dos primeiros cristãos. Pode-se até dizer que a mais antiga representação iconografia de Cristo tenha sido a imagem de Jesus, o Bom Pastor .

Com muita espontaneidade esse título de pastor passou a ser aplicado aos ministros da Igreja. Aliás, Pedro foi oficialmente constituído pastor do rebanho de Cristo: ” Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” (cfr Jo 21, 15-17). E na Igreja primitiva encontramos tanto São Pedro como São Paulo tratando os anciãos como pastores do rebanho dos fiéis (cfr At 20, 28; 1 Pd 5, 2-4). Facilmente o título passou para todos os sacerdotes.
Como nada deseja tanto a Igreja como ter sacerdotes dignos e zelosos para dirigir o rebanho do Senhor, este domingo em que se lê o evangelho do Bom Pastor foi estabelecido como dia de orações pelas Vocações, englobando aí tanto as vocações sacerdotais como as vocações para a vida religiosa, na qual de mil maneiras está presente a atividade pastoral. Acredito na eficácia desta oração de toda a Igreja neste domingo. Estamos cumprindo um pedido de Cristo, quando lamentou que fossem tão poucos os que trabalham na messe da Igreja e pediu que rezássemos ao Senhor da messe que mande operários para nela trabalhar. Os próprios candidatos ao ministério sacerdotal e ao estado religioso se sentirão motivados, por esse mar de orações, a cultivarem com amor sua vocação.

Embora o uso do termo “pastor” se tenha reduzido hoje a indicar os ministros religiosos, os profetas do Antigo Testamento o usavam muitas vezes para indicar os dirigentes do povo, incluindo o rei, os funcionários reais, os anciãos e todos os que ocupavam postos de autoridade. E freqüentemente Deus pela boca dos profetas, recrimina os pastores que fogem de suas responsabilidades, que dispersam o rebanho, que o levam para caminhos errados. Se é triste um pastor religioso que não é fiel à sua missão, que não sabe congregar o rebanho na unidade e na fidelidade, não deixa também de ser muito triste que os responsáveis pelo governo civil do povo atraiçoem sua missão, cuidando de seus próprios interesses em vez de cuidar do bem comum. Por isso a Igreja não deixa de rezar pelos que exercem a autoridade pública “para que governem com justiça”, como está numa tradicional oração que se rezava outrora depois da Bênção do Santíssimo. Inda mais que os governantes governam muito mais pela força de seu próprio exemplo, sobretudo no que se refere à dedicação ao dever e à honestidade no trato do dinheiro público. “Tal rei, tal grei”, diz um velho ditado popular, que é uma tradução caseira do latino “Regis ad exemplum totus componitur orbis” (Claudiano).

LEITURAS do IV domingo da páscoa:

1ª – At 4,8-12.
2ª – 1 Jo 3, 1 -2.
3ª – Jo 10, 11-18.

JESUS É O BOM PASTOR

 – O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões, ilustrações e o vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 IV Domingo da Páscoa

       O amor tudo conhece, tudo compreende. Esse tema será desenvolvido agora para refletirmos dentro dessa figura bonita de amor e de carinho que é Jesus, O Bom Pastor.
Pelo Bom Pastor nos veio a Salvação. Aliás, uma das idéias mais caras da Bíblia é a idéia do Bom Pastor: Aquele que toma conta das suas ovelhas, que sara.
E Deus, quando quis transmitir a sua mensagem para o povo escolheu justamente a imagem do Bom Pastor.
Pastor de Israel, do povo, que cuida, que sara, que alimenta é o que rezamos no Salmo 80: Guia José como um rebanho, quer dizer que Deus guia o seu povo como um rebanho.

E a imagem de Pastor é usada até para o negativo. O profeta Ezequiel, por exemplo, acusa os maus pastores. Aqueles que maltratam o povo, aqueles que só querem saber do povo naquilo que o mal pastor quer das ovelhas: é a lã, a carne, mas não querem dar a vida por eles. E Deus se diz o Bom Pastor.
Com essas palavras tão bonitas em Ezequiel contra os maus pastores, eu serei pastor: buscarei as minhas ovelhas. Tomarei conta delas. E Jesus diz: “Eu sou o Bom Pastor”.
No Evangelho de São João 10,10 Jesus se contrapõe ao mercenário, aquele que não é pastor, aquele que cuida das ovelhas só por interesse. É justamente esse que é mercenário não quer correr nenhum perigo. Abandona o rebanho.
E o que é que faz Jesus? E já prevê e diz que vai entregar a vida para as ovelhas. E vai fazer isso livremente. Porque ama, porque quer! Não há nenhuma coisa que mova a Deus em nos querer bem. É simplesmente bondade  a caridade de Deus, expressada no Bom Pastor que é Jesus.

Outra idéia que Jesus põe para refletirmos é da unidade. O Bom Pastor mantém o rebanho na unidade. Unidas às ovelhas, opera a união entre elas. Como nos diz São João, quando há união, este é o único modo de mostramos ao mundo que nós cremos: “sejam um para que o mundo creia”.
E Jesus quer todas as ovelhas juntas no rebanho, no aprisco, no redil. Nenhuma fora dele. A Salvação é também para as ovelhas que não são deste aprisco. Quer dizer: O amor salvador de Deus é maior do que a própria Igreja. Ele quer que todo mundo venha e se torne objeto carinhoso do seu amor de salvação: pagãos e não pagãos. Enfim, Cristo assumiu uma humanidade e se faz irmão de todos. Por outras palavras: “Se o mundo quisesse e fosse capaz de entender que todos os homens e mulheres somos uma família de Deus”.

Outra característica do Bom Pastor é aquele que conhece suas ovelhas. Não só conhece, mas chama a cada uma pelo nome. O que quer dizer isso? “Quem ama, conhece e quem conhece, ama”. Ninguém pode amar sem conhecer. E o conhecimento verdadeiro é amor. Aliás, essa palavra bíblica “conhecer” não é igual ao nosso conhecer assim que viu uma pessoa uma vez e acabou. Diz que a conheceu. Não!

Não é também este conhecer turístico que passou umas horas na cidade e a pessoa diz que já conhece essa cidade. Não é esse conhecer! É mais do que conhecer porque viu a fisionomia de uma pessoa. Conhecer na Bíblia, (e é esse o conhecer do Bom Pastor) é conhecer no íntimo. É ter a experiência do amor. Aliás, nós temos na literatura quando falam que os esposos se conhecem. E como é que eles se conhecem? É quando chegam mais no íntimo da sua relação de amor. O conhecimento é amor.

É assim que o Bom Pastor nos conhece. Nos conhece na e com intimidade. E há palavras belíssimas como nesse Salmo 139: “Plasmaste meus rins. Teceste-me no amor de Deus”. E a gente poderia perguntar: Será que a recíproca é verdadeira? Nós conhecemos Jesus Cristo também? A sua fé de hoje é a mesma fé de você quando criança? Você cresceu na fé? Ou você tem uma fé infantil? Será que a sua fé é adulta?

Jesus nos constituiu pastores. E pastores um dos outros. Pastor não é só Jesus, não. A gente não pode ser mercenários, nem em cuidar dos outros. Caim foi mercenário. Quando Deus foi perguntar para ele onde estava o irmão Abel, ele diz: “Eu sou guarda do meu irmão?” Não, cada um de nós é pastor do outro: Interessar-se pelos outros, ouvir os outros, inspirar nos outros o amor, dividir o que a gente tem com os outros tudo isso é ser pastor.

Isso se torna tão bonito no matrimônio, onde cada esposo é pastor do outro: conhece, revela-se um ao outro. Dialoga, dá um tempo pro outro, saem de si, partilham os sentimentos, vivem renúncias. Pois bem. Toda essa idéia de pastor nos enche toda a nossa vida de hoje. Pastor é aquele que conhece, que compreende. E terminamos com a frase que iniciamos: O amor tudo conhece, o amor tudo compreende. Que Deus nos dê essa graça!

Leituras do IV Domingo da Páscoa -Ano A:
1a) At 2,14a.36-41
2a) 1Pdr 2,20b-25
3a) Jo 10, 1-10

O SENHOR É O MEU PASTOR

 – O Amanhecer do Evangelho

– Reflexões, ilustrações e o vídeo de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 IV Domingo da Páscoa

Evangelho – Jo 10,27-30 – Eu dou a vida eterna para minhas ovelhas.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10,27-30

Naquele tempo, disse Jesus:
27As minhas ovelhas escutam a minha voz,
eu as conheço e elas me seguem.
28Eu dou-lhes a vida eterna
e elas jamais se perderão.
E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas,
é maior que todos,
e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai.
30Eu e o Pai somos um.’
Palavra da Salvação.

3. Momento de Reflexão-

Nascida no meio de um povo de pastores, nada mais natural que a Bíblia aplique a Deus e aos dirigentes do povo o título de “pastor”. A Deus, sobretudo, esse título é aplicado com uma elaboração muito rica no clássico salmo 22: “O Senhor é meu pastor”.

Com o carinho de um solícito pastor de ovelhas, Deus cuida de seu povo. Seus cuidados são bem simbolizados no cuidado do pastor, que guia suas ovelhas, leva-as para fontes de águas tranqüilas e para pastagens verdes. Seu cajado lhes dá confiança. Embora caminhem por vales sombrios, não sentem medo: estão protegidas contra as feras e contra os assaltantes. Todas essas imagens são depois transferidas para Jesus. Ele próprio se declara “o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas”. E fala da Igreja como de um grande rebanho, que é preciso manter unido. E fala de seu zelo em reconduzir ao redil a ovelha desgarrada.

Á luz da Páscoa, reaparecem essas imagens neste quarto domingo, que é chamado o “domingo do Bom Pastor”, e é consagrado pela 19reja como o “dia mundial de oração pelas vocações”. No desejo – é óbvio – de que surjam no povo de Deus muitas vocações sacerdotais e religiosas, e que em todas elas se torne presente a imagem multiplicada do Bom Pastor.

Não faltam pessoas, principalmente entre os jovens, que não acolhem com muita simpatia a imagem do pastor e do rebanho. Ficam com a ideia de que se está inculcando na comunidade cristã uma atitude de passividade e de inconsciência como a dos carneiros de um rebanho. Nada mais falso! Os discípulos de Cristo são iluminados pela luz da verdade. E a verdade liberta. Sua obediência é uma obediência lúcida.

De quem sabe que está sendo guiado por um chefe sábio e rico de bondade. 0 que se quer indicar é a dedicação total do pastor, e a segurança tranqüila das ovelhas por ele guiadas. “Minhas ovelhas ouvem a minha voz – diz Jesus; e eu as conheço e elas me seguem. Eu Ihes dou a vida eterna: elas não perecerão Jamais, e ninguém as arrancará de minha mão” (Jo 10, 27 -28).

Essa reciprocidade de dedicação e confiança, que caracteriza o relacionamento de Jesus com seus discípulos e o exemplo que cada pastor da Igreja deve ter diante dos olhos. Uma dedicação total, que leva a dar a vida pelo rebanho; senão na grandiosidade trágica da crucifixão no Calvário, ao menos nos sacrifícios pequeninos de cada dia, onde todos os valores do espírito e todas as energias do corpo se vão gastando para o bem dos fiéis.

E assim nascerá neles a confiança, por descobrirem que seus pastores não desejam outra coisa senão seu bem no tempo e na eternidade.

Um dia o rebanho estará transportado para a vida eterna que Cristo já Ihes dá em germe aqui na terra e que um dia será consumada no céu. O Vidente do Apocalipse contemplou essa “imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, raças, povos e línguas, de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, vestidos com vestes brancas e com palmas nas mãos”. E um ancião dos que rodeiam o trono de Deus lhe explicou que “esses são os que vêm da grande tribulação: eles lavaram as suas vestes e as tornaram brancas no sangue do Cordeiro…

Nunca mais sofrerão fome nem sede; jamais serão acabrunhados pelo sol nem pelo vento ardente. Pois o Cordeiro que está no meio do Trono será o seu Pastor, e os conduzirá às fontes de água viva. E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap 7, 9-14.16-17). É o eco da terra no céu. E de novo a figura do Pastor- que é o divino Cordeiro – na mesma atitude de guiar o rebanho na segurança e na paz. Primores dos mistérios de Deus!

 

Vale a pena sublinhar que, nessa visão do céu, os bem- aventurados estão na atitude de prestar adoração e louvor diante do Trono de Deus e do Cordeiro. Honras iguais. “Glória ao Pai e ao Filho”, como dizemos tantas vezes em nossa oração. Como disse Jesus no final do trecho evangélico que estamos lendo na liturgia de hoje: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

LEITURAS do IV Domingo da Páscoa – Ano C:

1a)At 13, 14.43-52

2a) Ap 7, 8. 14b-17

3a) Jo 10, 27-30