15. III Domingo da Páscoa

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA).

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

III DOMINGO DA PÁSCOA -ANO B
NOS SOMOS TESTEMUNHAS

Fulton Sheen, na sua admirável “Vida de Cristo”, tem um capítulo que se intitula ” A chaga mais séria da terra”. É onde ele fala do sepulcro de Jesus encontrado vazio na manhã do terceiro dia.

Quando o anjo do evangelho de Mateus diz às mulheres: “Ele não está aqui. Ressuscitou, como havia dito” (Mt 28, 6). O mesmo que dizem os dois anjos resplandecentes da narração de Lucas: “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou” (Lc 24, 5-6). O simples sepulcro vazio não seria ainda uma prova suficiente da ressurreição. A rigor, seria possível pensar em outra explicação. Aliás, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo subornaram os guardas para que espalhassem que o corpo tinha sido roubado pelos discípulos. E a notícia se divulgou por muito tempo (cfr Mt 28, 11-15). Foi a palavra dos mensageiros celestes que garantiu a explicação verdadeira: a ressurreição.

Mas a verdadeira prova, que funda nossa certeza de fé são as aparições, atestadas por Pedro, por Madalena, pelos discípulos. É tão Límpida, por exemplo, esta palavra de Pedro, no seu segundo discurso ao povo de Jerusalém: “O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de vossos pais, glorificou o seu Filho Jesus, que vós entregastes e renegastes diante de Pilatos, quando este achava que o devia libertar.

Vós negastes o Santo e o Justo. Vós pedistes graça para um assassino, enquanto fazíeis morrer o Autor da vida. Mas Deus o ressuscitou dos mortos. Disso nós somos testemunhas” (At 3, 13-15). Pedro e os outros viram o Senhor ressuscitado. Não era uma visão.

Não era um fantasma. Era o próprio Jesus que eles tinham conhecido em vida. Os relatos evangélicos insistem em elementos histórico – apologéticos, sobretudo no evangelho de São Lucas, que escreveu para os gentios, que não admitiam ressurreição: olhar as chagas, tocar, palpar, e até tomar parte na refeição deles. Isto, que pode causar estranheza, tem esta bela explicação de Fulton Sheen: “Este corpo glorioso não comia à semelhança da planta que absorve a umidade da terra por necessidade, mas como o sol que a embebe com a sua intensidade” (o, c., cap. 53). Era um corpo glorioso. Ao mesmo tempo que se deixava ver e tocar, entrava sem que fosse preciso abrir-Ihe as portas e vencia distâncias instantaneamente. E ficava a certeza da Ressurreição. Ressuscitou, como tinha dito.

Na sua apresentação como ressuscitado, Jesus faz questão de dizer que tudo se cumpriu como estava nas Escrituras: “Que o Cristo haveria de sofrer, ressuscitaria dos mortos ao terceiro dia, e que a penitência seria pregada em seu nome, para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós dareis testemunho disso” (Lc 24, 45-48).

Duas verdades estão aí bem explícitas. A primeira é que o Messias predito nas Escrituras, não é um messias triunfante, na glória de um poder político, como era muitas vezes entendido. Cristo era o descendente de Davi e herdeiro de seu trono, mas seu poder era todo espiritual. “Meu reino não é deste mundo”, como proclamou diante de Pilatos (Jo 18, 36). E é esse Reino que a Igreja deve difundir no mundo. Um reino de valores espirituais, embora com as mais benéficas influências nos valores temporais dos povos. Não devemos pensar numa Igreja triunfalista. Seu caminho será sempre marcado pelo sofrimento. Mas essa é sua verdadeira glória. E, ao longo dos séculos, o sangue de seus mártires – como disse Tertuliano – tem sido e será sempre semente de cristãos.

A segunda verdade que está explícita na palavra de Jesus ressuscitado é que a Ressurreição traz para o mundo uma mensagem de penitência. “Penitência” -“metanoia” -no seu sentido mais fundamental que é “mudança de vida”. Aceitá-Io como Salvador e seguir sua doutrina. O mesmo São Pedro o vai dizer ainda mais claramente aos homens do Sinédrio :”Não há sob o céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4,12). Aliás, o nome de Jesus significa “Deus-salva”.
Onde, portanto, se estiver abraçando os ensinamentos de Jesus aí estará acontecendo a ressurreição. E a salvação. E estará , surgindo um mundo novo. “Um novo céu e uma nova terra”, preludiando o definitivo céu novo e a definitiva nova terra da eternidade.

LEITURAS do III domingo de Páscoa -ANO B:

1ª – At 3,13-15, 17.19.

2ª – 1Jo 2,1.5a.

3ª – Lc 24,35.48.