Mc 9, 29-36 – FAZER-SE PEQUENO –

 


A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
O Amanhecer do Evangelho-
Reflexões, Ilustrações, Vídeo e trilha Sonora de
Pe. Lucas de Paula Almeida- CM

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

FAZER-SE PEQUENO

01. Oração do dia

Ó Pai, que resumistes toda a lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

02. Evangelho (Marcos 9,30-37)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
30 Tendo partido dali, Jesus e seus discípulos atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse.
31 E ensinava os seus discípulos: “O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte”.
32 Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar.
33 Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: “De que faláveis pelo caminho?”
34 Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior.
35 Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
36 E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:
37 “Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou”.
Palavra da Salvação.

03. Momento de reflexão – A Bíblia explicada em capítulos e versículos- 

E impressionante a longa e árdua paciência que Jesus teve de empregar para formar seus doze apóstolos e torná-los aptos para serem os mensageiros que iam ser para implantar o Evangelho no mundo. Não só a notícia do Evangelho, mas sobretudo o seu espírito. Eles eram homens muito simples e rudes. E isso não era um mal, pois era o bom terreno da humildade, que oferecia a base para, se erguer o edifício da santidade. pior era que tinham grosseiros ciúmes e ambições a respeito dos lugares que iriam ocupar no Reino que Jesus anunciava. Aliás desse Reino tinham idéias muito confusas. Um dia a mãe de João e Tiago pediu ao Mestre que Ihes desse um lugar de honra no seu reino, fazendo-os sentar um à sua direita e outro à sua esquerda. Traduzindo isso em termos de hoje, queria mais ou menos que um fosse o ministro da justiça e outro o ministro da economia.Essas preocupações e discussões sobre lugar no reino aparecem muitas vezes entre eles. Até na última ceia aparece ainda o problema, quando Jesus Ihes dá uma belíssima lição doutrinal ( Lc 22, 25-27), acompanhada da sublime lição prática, que foi a de lavar-lhes os pés: “Ele o Mestre e Senhor” (Jo 13,4-20). Pois bem, certa vez que Jesus atravessava a Galiléia, numa viagem muito discreta, já a caminho de Jerusalém, abriu-lhes mais uma vez o coração para falar-lhes de sua paixão que se aproximava: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e lhe darão a morte, e, depois de morto, ressuscitará ao terceiro dia” (Mc 9, 31 ).Eles, porém, não queriam entender dessas coisas. E discutiam entre si pelo caminho. Quando chegaram a Cafarnaum, Jesus lhes perguntou sobre que discutiam pelo caminho. Emudeceram diante da grandeza de Jesus. Como iria ter coragem de lhe declarar o assunto sobre o qual tinham discutido?Jesus os toma à parte e lhes dá uma rica lição de espírito de humildade e de serviço, que ilumina para sempre os caminhos dos seguidores do Evangelho: ” Aquele que quiser ser o primeiro, seja o último e o servidor de todos” (Mc 9, 35). E completou com um gesto simbólico – uma parábola em ação: Tomou uma criança, colocou-a no meio da roda, e disse: “Quem receber a um destes pequeninos em meu nome, é a mim que recebe; e quem recebe a mim, não é a mim que recebe, mas àquele que me enviou” (v v 36 e 37). E bom lembrar que, mesmo que não se tratasse de uma criança desvalida – o que não era improvável – no mundo de Israel não se dava nenhuma atenção às crianças. Estavam longe da atenção que em nosso século XX se dá a elas. Elas eram naquele tempo – como alguém comentou numa comparação muito caseira – pouco mais que a criação que crescia no quintal.Aí está a filosofia do Evangelho. Não procurar os primeiros lugares,não alimentar a ambição do prestígio, do dinheiro, da fama, da dominação dos outros. E pôr-se a serviço de todos, sobretudo dos mais pequeninos. Bem diferente dessa sociedade em que vivemos mergulhados! Mal se encontra alguém que, ao escolher uma profissão, esteja pensando em servir à comunidade.A lei que impera é a ambição do dinheiro, dos cargos honrosos, do prestígio e do fazer carreira. Dificilmente se encontrará um político que, ao disputar eleições, tenha em mira o bem público, o serviço do país. O que se encontra é quase sempre o jogo das ambições em benefício pessoal. Donde nascem com freqüência as eleições maculadas pelo peso do dinheiro. Tudo isso está infinitamente longe do Evangelho!É preciso olhar o exemplo de nosso divino Salvador, que fundou a Igreja com sua palavra e com seu sangue. Ele, que era Deus verdadeiro, não se apegou ciosamente a sua dignidade divina. Esvaziou-se de sua grandeza, e se fez servo, obediente até à morte. E pôde deixar para nós sua grande lição da noite da última ceia. Depois de lavar humildemente os pés a seus apóstolos, disse-Ihes: “Eu vos dei o exemplo, para que, assim como eu fiz, vós também façais” (Jo 13, 15).Mesmo fora do cristianismo, os que são sábios descobrem o valor do serviço. Como disse elegantemente o poeta hindu Tagore: “Dormi e sonhei que a vida era alegria. Acordei e vi que a vida era serviço. Servi’ e descobri que o serviço era alegria”.LEITURAS do XXV Domingo do Tempo Comum – Ano B :

1a – Sb2, 17-20.

2ª – Tg 3, 16-4, 3.

3a- Mc 9, 29-36.

Marcos 9, 30-37: Ecumenismo: ninguém é dono de Jesus

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
O Amanhecer do Evangelho-
Reflexões, Ilustrações, Vídeo e trilha Sonora de
Pe. Lucas de Paula Almeida- CM

Abrir os olhos para ver

O texto de Evangelho que vamos meditar hoje traz uma grande incoerência da parte dos discípulos de Jesus. Enquanto Jesus anunciava a sua paixão e morte, os discípulos discutiam entre si quem deles era o maior. Jesus queria servir, eles só pensavam em mandar! A ambição os levava a querer subir às custas de Jesus. Vamos conversar sobre isto.Situando

Esta reflexão traz o segundo anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio – Mc 8, 27-38 -, os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso. O texto ajuda a perceber algo da pedagogia de Jesus. Mostra como ele formava os discípulos, como os ajudava a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o fermento da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia da propaganda do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império. A atitude de Jesus com relação aos apóstolos, descrita no evangelho, as ajudava e continua ajudando a nós hoje.Comentando

Marcos 9,30-32: O anúncio da cruz

Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas e conversa com eles sobre a cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías – Is 53,1-10 -, o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, na formação aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância.Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição

Chegando em casa, Jesus pergunta: Sobre que vocês estavam discutindo no caminho? Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior. Jesus é bom formador. Não intervém logo, mas sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia dos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio que caracteriza a sociedade do Império Romano já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste! Enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!Marcos 9, 35-37: Servir, em vez de mandar

A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha nada. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistiu e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: “Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe”. Quem receber a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus acolhe o próprio Deus!Alargando

Um retrato de Jesus como formador“Seguir” era um termo que fazia parte dos sistemas da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos “seguem” o mestre e convivem com ele. Foi nesta “convivência” de três anos com Jesus que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação.Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” – Mc 8,15-, isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. A conversão que Jesus pede quer atingir a raiz e erradicar o “fermento”. Já vimos como Jesus combatia a mentalidade antigo de competição e de prestígio – Mc 9,33-37 e a mentalidade fechada de quem se considera dono de tudo – Mc 9,38-40. Eis alguns outros casos desta ajuda fraterna de Jesus aos discípulos.Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros

Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: “Que um fogo do céu acabe com esse povo” (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a mentalidade antiga de “Povo eleito, Povo privilegiado!” Jesus os repreende: ”Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados” (Lc 9,55).Mentalidade de quem marginaliza o pequeno

Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca a criança com professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança não pode entrar nele” (Lc 18,17).Mentalidade de quem pensa conforme a opinião de todo mundo

Certo dia, vendo um cego, os discípulos perguntaram: ”Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo o mundo pensar de acordo com a cultura dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: ”Nem ele, nem os pais dele” (Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura diferente da realidade.Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarno o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e ds discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana a experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai:.: Envolve-os na missão – Mc 6,7; Lc 9,1-2; 10,1.

.: Na volta, faz revisão com eles – Lc 10,17-20.

.: Corrige-os quando erram e querem ser os primeiros – Mc 9,33-35; 10,14-15..: Aguarda o momento oportuno para corrigir – Lc 9,46-48; Mc 10,14-15.

.: Ajuda-os a discernir – Mc 9,28-29.

.: Interpela-os quando são lentos – Mc 4,13; 8,14-21.

.: Prepara-os para o conflito – Jo 16,33; Mt 10,17-25.

.: Manda observar a realidade – Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3..: Reflete com eles sobre as questões do momento – Lc 13,1-5.

.: Confronta-os com as necessidades do povo – Jo 6,5.

.: Ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais – Mt 12,7.12.

.: Tem momentos a sós para poder instrui-los – Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3.

.: Sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil – Jo 4,7-42.

.: Ajuda-os a aceitar a si mesmos – Lc 22,32.

.: É exigente e pede para deixar tudo por amor a ele – Mc 10,17-31.

.: É severo com a hipocrisia – Lc 11,37-53.

.: Faz mais perguntas que dá respostas – Mc 8,17-21.

.: É firme e não se deixa desviar do caminho – Mc 8,33; Lc 9,54.

.: Prepara-os para o conflito e a perseguição – Mt 10,16-25.Este é um retrato de Jesus como formador. A formação do “seguimento de Jesus” não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a “conversão” como consequência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).

Marcos 9, 30-37

 TEMA DO DIA: O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus (Marcos 9, 30-37)

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
O Amanhecer do Evangelho-
Reflexões, Ilustrações, Vídeo e trilha Sonora de
Pe. Lucas de Paula Almeida- CM

1) Oração

Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho – (Marcos 9, 30-37)Naquele tempo, 30Tendo partido dali, atravessaram a Galiléia. Não queria, porém, que ninguém o soubesse. 31E ensinava os seus discípulos: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, e matá-lo-ão; e ressuscitará três dias depois de sua morte. 32Mas não entendiam estas palavras; e tinham medo de lho perguntar. 33Em seguida, voltaram para Cafarnaum. Quando já estava em casa, Jesus perguntou-lhes: De que faláveis pelo caminho? 34Mas eles calaram-se, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles seria o maior. 35Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos. 36E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes: 37Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.3) Reflexão Mc 9,30-37

* O evangelho de hoje traz o segundo anúncio da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio (Mc 8,27-38), os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso e mostram, além disso, uma grande incoerência. Enquanto Jesus anuncia a sua Paixão e Morte, eles discutem entre si quem deles é o maior. Jesus quer servir, eles só pensam em mandar! A ambição os leva a se auto-promover às custas de Jesus. Até hoje, aqui e acolá, o mesmo desejo de auto-promoção aparece nas nossas comunidades.* Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o “fermento” da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império romano. E hoje?Marcos 9,30-32O anúncio da Cruz. 

Jesus caminha através da Galiléia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas, e conversa com eles sobre a Cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías (Is 53,1-10), o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, tanto na realização da sua própria missão, como na formação dada aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Como no primeiro anúncio (Mc 8,32), os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância!Marcos 9,33-34A mentalidade de competição

Chegando em casa, Jesus pergunta: “Sobre que vocês estavam discutindo no caminho?” Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, “pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior”. Jesus é bom pedagogo. Não intervém logo. Ele sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia nos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio, que caracterizava a sociedade do Império Romano, já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste, a incoerência: enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!

Marcos 9,35-37Servir, em vez de mandar. 

A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha prêmio nem recompensa. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistia e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16). Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar, não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem recebe a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus, acolhe o próprio Deus!* Não é pelo fato de uma pessoa “seguir Jesus” que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, o “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15) levantava a cabeça. No episódio do evangelho de hoje, Jesus aparece como o mestre que forma os seus seguidores. “Seguir” era um termo que fazia parte do sistema educativo da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos “seguem” o mestre e convivem com ele, vinte e quatro horas por dia. Foi nesta “convivência” de três anos com Jesus, que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação. O Evangelho de amanhã nos dará um outro exemplo muito concreto de como Jesus formava seus discípulos.4) Para um confronto pessoal

1) Jesus quer descer e servir. Os discípulos querem subir e dominar. E eu? Qual a motivação mais profundo do meu “eu” desconhecido?

2) Seguir Jesus e estar com ele, vinte e quatro horas por dia, e deixar que o seu modo de viver se torne o meu modo de viver e de conviver. Isto está acontecendo em mim?5) Oração final

Prestai ouvidos, ó Deus, à minha oração, não vos furteis à minha súplica; Escutai-me e atendei-me. (Sl 54, 2-3a)

Marcos 9.30-37, Ninguém é dono de Jesus

A Bíblia explicada em capítulos e versículos-
O Amanhecer do Evangelho-
Reflexões, Ilustrações, Vídeo e trilha Sonora de
Pe. Lucas de Paula Almeida- CM

ABRIR OS OLHOS PARA VER

O texto de Evangelho que vamos meditar hoje traz uma grande incoerência da parte dos discípulos de Jesus. Enquanto Jesus anunciava a sua paixão e morte, os discípulos discutiam entre si quem deles era o maior. Jesus queria servir, eles só pensavam em mandar! A ambição os levava a querer subir às custas de Jesus. Vamos conversar sobre isto.

SITUANDO

Esta reflexão traz o segundo anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Como no primeiro anúncio – Mc 8,27-38 -, os discípulos ficam espantados e com medo. Não entendem a palavra sobre a cruz, porque não são capazes de entender nem de aceitar um Messias que se faz empregado e servidor dos irmãos. Eles continuam sonhando com um messias glorioso. O texto ajuda a perceber algo da pedagogia de Jesus. Mostra como ele formava os discípulos, como os ajudava a perceber e a superar o “fermento dos fariseus e de Herodes”.
Tanto na época de Jesus como na época de Marcos, havia o fermento da ideologia dominante. Também hoje, a ideologia das propagandas do comércio, do consumismo, das novelas influi profundamente no modo de pensar e de agir do povo. Na época de Marcos, nem sempre as comunidades eram capazes de manter uma atitude crítica frente à invasão da ideologia do império. A atitude de Jesus com relação aos apóstolos, descrita no evangelho, as ajudava e continua ajudando a nós hoje.

COMENTANDO

Marcos 9,30-32: O anúncio da cruz
Jesus caminha através da Galileia, mas não quer que o povo o saiba, pois está ocupado com a formação dos discípulos e discípulas e conversa com eles sobre a cruz. Ele diz que, conforme a profecia de Isaías – Is 53,1-10 -, o Filho do Homem deve ser entregue e morto. Isto mostra como Jesus se orientava pela Bíblia, na formação aos discípulos. Ele tirava o seu ensinamento das profecias. Os discípulos o escutam, mas não entendem a palavra sobre a cruz. Mesmo assim, não pedem esclarecimento. Eles têm medo de deixar transparecer sua ignorância.
Marcos 9,33-34: A mentalidade de competição
Chegando em casa, Jesus pergunta: Sobre que vocês estavam discutindo no caminho? Eles não respondem. É o silêncio de quem se sente culpado, pois pelo caminho discutiam sobre quem deles era o maior. Jesus é bom formador. Não intervém logo, mas sabe aguardar o momento oportuno para combater a influência da ideologia dos seus formandos. A mentalidade de competição e de prestígio que caracteriza a sociedade do Império Romano já se infiltrava na pequena comunidade que estava apenas começando! Aqui aparece o contraste! Enquanto Jesus se preocupa em ser o Messias Servidor, eles só pensam em ser o maior. Jesus procura descer. Eles querem subir!
Marcos 9, 35-37: Servir, em vez de mandar
A resposta de Jesus é um resumo do testemunho de vida que ele mesmo vinha dando desde o começo: Quem quer ser o primeiro seja o último de todos, o servidor de todos! Pois o último não ganha nada. É um servo inútil (cf. Lc 17,10). O poder deve ser usado não para subir e dominar, mas para descer e servir. Este é o ponto em que Jesus mais insistiu e em que mais deu o seu próprio testemunho (cf. Mc 10,45; Mt 20,28; Jo 13,1-16).
Em seguida, Jesus coloca uma criança no meio deles. Uma pessoa que só pensa em subir e dominar não daria tão grande atenção aos pequenos e às crianças. Mas Jesus inverte tudo! Ele diz: “Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe. Quem receber a mim recebe aquele que me enviou! Ele se identifica com as crianças. Quem acolhe os pequenos em nome de Jesus acolhe o próprio Deus!

ALARGANDO

Um retrato de Jesus como formador
“Seguir” era um termo que fazia parte do sistema da época. Era usado para indicar o relacionamento entre o discípulo e o mestre. O relacionamento mestre-discípulo é diferente do relacionamento professor-aluno. Os alunos assistem às aulas do professor sobre uma determinada matéria. Os discípulos “seguem” o mestre e convivem com ele. Foi nesta “convivência” de três anos com Jesus que os discípulos e as discípulas receberam a sua formação.
Não é pelo fato de uma pessoa andar com Jesus que ela já é santa e renovada. No meio dos discípulos, cada vez de novo, a mentalidade antiga levantava a cabeça, pois o “fermento de Herodes e dos fariseus” – Mc 8,15 -, isto é, a ideologia dominante, tinha raízes profundas na vida daquele povo. A conversão que Jesus pede quer atingir a raiz e erradicar o “fermento”. Já vimos como Jesus combatia a mentalidade antigo de competição e de prestígio – Mc 9,33-37 e a mentalidade fechada de quem se considera dono de tudo – Mc 9,38-40. Eis alguns outros casos desta ajuda fraterna de Jesus aos discípulos.

  • Mentalidade de grupo que se considera superior aos outros. Certa vez, os samaritanos não queriam dar hospedagem a Jesus. Reação dos discípulos: “Que um fogo do céu acabe com esse povo” (Lc 9,54). Achavam que, pelo fato de estarem com Jesus, todos deviam acolhê-los. Pensavam ter Deus do seu lado para defendê-los. Era a mentalidade antiga de “Povo eleito, Povo privilegiado!” Jesus os repreende: ”Vocês não sabem de que espírito estão sendo animados” (Lc 9,55).
  • Mentalidade de quem marginaliza o pequeno. Os discípulos afastavam as crianças. Era a mentalidade da cultura da época em que criança não contava e devia ser disciplinada pelos adultos. Jesus os repreende: ”Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10,14). Ele coloca a criança com professora de adulto: “Quem não receber o Reino como uma criança não pode entrar nele” (Lc 18,17).
  • Mentalidade de quem pensa conforme a opinião de todo mundo. Certo dia, vendo um cego, os discípulos perguntaram: ”Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9,2). Como hoje, o poder da opinião pública era muito forte. Fazia todo o mundo pensar de acordo com a cultura dominante. Enquanto se pensa assim não é possível perceber todo o alcance da Boa Nova do Reino. Jesus os ajuda a ter uma visão mais crítica: ”Nem ele, nem os pais dele” (Jo 9,3). A resposta de Jesus supõe uma leitura diferente da realidade.

Jesus, o Mestre, é o eixo, o centro e o modelo da formação. Pelas suas atitudes, ele é uma amostra do Reino, encarno o amor de Deus e o revela (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Muitos pequenos gestos refletem este testemunho de vida com que Jesus marcava presença na vida dos discípulos e das discípulas, preparando-os para a vida e a missão. Era a sua maneira de dar forma humana a experiência que ele mesmo tinha de Deus como Pai:

  • Envolve-os na missão – Mc 6,7; Lc 9,1-2; 10,1.
  • Na volta, faz revisão com eles – Lc 10,17-20.
  • Corrige-os quando erram e querem ser os primeiros – Mc 9,33-35; 10,14-15.
  • Aguarda o momento oportuno para corrigir – Lc 9,46-48; Mc 10,14-15.
  • Ajuda-os a discernir – Mc 9,28-29.
  • Interpela-os quando são lentos – Mc 4,13; 8,14-21.
  • Prepara-os para o conflito – Jo 16,33; Mt 10,17-25.
  • Manda observar a realidade – Mc 8,27-29; Jo 4,35; Mt 16,1-3.
  • Reflete com eles sobre as questões do momento – Lc 13,1-5.
  • Confronta-os com as necessidades do povo – Jo 6,5.
  • Ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais – Mt 12,7.12.
  • Tem momentos a sós para poder instrui-los – Mc 4,34; 7,17; 9,30-31; 10,10; 13,3.
  • Sabe escutar, mesmo quando o diálogo é difícil – Jo 4,7-42.
  • Ajuda-os a aceitar a si mesmos – Lc 22,32.
  • É exigente e pede para deixar tudo por amor a ele – Mc 10,17-31.
  • É severo com a hipocrisia – Lc 11,37-53.
  • Faz mais perguntas que dá respostas – Mc 8,17-21.
  • É firme e não se deixa desviar do caminho – Mc 8,33; Lc 9,54.
  • Prepara-os para o conflito e a perseguição – Mt 10,16-25

Este é um retrato de Jesus como formador. A formação do “seguimento de Jesus” não era, em primeiro lugar, a transmissão de verdades a serem decoradas, mas sim a comunicação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus para os discípulos e discípulas. A própria comunidade que se formava ao redor de Jesus era a expressão desta nova experiência. A formação levava as pessoas a terem outros olhos, outras atitudes. Fazia nascer nelas uma nova consciência a respeito da missão e a respeito de si mesmas. Fazia com que fossem colocando os pés do lado dos excluídos. Produzia, aos poucos, a “conversão” como consequência da aceitação da Boa Nova (Mc 1,15).