O AMANHECER DO EVANGELHO

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CMTerça-feira da 24ª Semana do Tempo Comum

1) Oração

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Lucas 7,11-17)

No   dia   seguinte   dirigiu-se   Jesus   a   uma   cidade   chamada   Naim.   Iam   com   ele   diversos discípulos e muito povo. Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade. Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores!E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te. Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo. A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.3) Reflexão Lucas 7,11-17

*   O   evangelho   de   hoje   traz   o   episódio   da   ressurreição   do   filho   da   viúva   de   Naim.   É esclarecedor   o   contexto   literário   deste   episódio   no   capítulo   7   do   Evangelho   de   Lucas.   O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo o caminho, revelando a novidade de Deus que   avança   através   do   anúncio   da   Boa   Nova.   A   transformação   e   a   abertura   vão acontecendo: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho   de   uma   viúva   (Lc   7,11-17).   A   maneira   como   Jesus   revela   o   Reino   surpreende   aos irmãos  judeus que não estavam acostumados com tão grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” (Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência dos seus patrícios: “Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!” (Lc 7,31-35). E no fim, a abertura de Jesus para com as mulheres (Lc 7,36-50).

*   Lucas   7,11-12:   O   encontro   das   duas   procissões.   “Jesus   foi   para   uma   cidade   chamada Naim.   Com   ele   iam   os   discípulos   e   uma   grande   multidão.   Quando   chegou   à   porta   da cidade,   eis   que   levavam   um   defunto   para   enterrar;   era   filho   único,   e   sua   mãe   era   viúva.Grande   multidão   da   cidade   ia   com   ela”.   Lucas   é   como   um   pintor.   Com   poucas   palavras consegue pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da morte que   sai   da   cidade   e   acompanha   a   viúva   que   leva   seu   filho   único   para   o   cemitério;   a procissão   da   vida   que   entra   na   cidade   e   acompanha   Jesus.   As   duas   se   encontram   na pequena praça junto à porta da cidade de Naim.* Lucas 7,13: A compaixão entra em ação. “Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse:   Não   chore!”   É   a   compaixão   que   leva   Jesus   a   falar   e   a   agir.   Compaixão   significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ela, sentir com ela  a  dor.  É  a compaixão  que  aciona  em  Jesus  o  poder,  o  poder  da vida  sobre  a  morte, poder criador.* Lucas 7,14-15: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!” Jesus se aproxima, toca no caixão e diz: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!” O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. Às   vezes,   na   hora   de   um   grande   sofrimento   provocado   pelo   falecimento   de   uma   pessoa querida,   as   pessoas   dizem:   “Naquele   tempo,   quando   Jesus   andava   pela   terra   havia esperança   de   não   perder   uma   pessoa   querida,   pois   Jesus   poderia   ressuscitá-la”.   Elas olham o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como um evento do passado que apenas  suscita saudade e uma  certa inveja.  A  intenção  do evangelho,  porém,  não  é suscitar saudade nem inveja, mas sim ajudar-nos a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nós. É o mesmo Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte, que continua vivo no meio de nós. Ele está hoje conosco e, diante dos problemas e do sofrimento que nos abatem, ele nos diz: “Eu lhe ordeno: levante-se!”*Lucas   7,16-17:   A   repercussão.   “Todos   ficaram   com   muito   medo,   e   glorificavam   a   Deus, dizendo:   “Um   grande   profeta   apareceu   entre   nós,   e   Deus   veio   visitar   o   seu   povo.”   E   a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza” É o profeta que foi anunciado   por   Moisés   (Dt   18,15).   O   Deus   que   nos   veio   visitar   é   o   “Pai   dos   órfãos   e   o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cf. Judite 9,11).4) Para um confronto pessoal

  1. Foi a compaixão que levou Jesus a ressuscitar o filho da viúva. Será que o sofrimento dos outros provoca em nós a mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida nova?
  1. Deus visitou o seu povo. Percebo as muitas visitas de Deus na minha vida e na vida do povo?

5) Oração final

Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. (Sl 99,1-2)