EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
O AMANHECER DO EVANGELHO
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE
PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
13 DE JANEIRO- BATISMO DO SENHOR – ANO C
Primeira Leitura: Isaías 42, 1-4.6-7
Leitura do livro do profeta Isaías – Assim fala o senhor, 1Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião. 2Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. 3Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a franqueza a verdadeira religião; não desanimará, nem desfalecerá, 4até que tenha estabelecido a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus ensinamentos. 6Eu, o Senhor, chamei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para ser a aliança com os povos, a luz das nações; 7para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas.
Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial (28/29)
REFRÃO: Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
1. Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder! Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados. – R.
- Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas! A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade! – R.
- A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória! O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre. – R.Segunda Leitura: Atos dos Apóstolos 10, 34-38
Leitura dos Atos dos Apóstolos – Naqueles dias, 34Então Pedro tomou a palavra e disse: Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 35mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo. 36Deus enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando-lhes a boa nova da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.
37Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 38Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele.
Palavra do Senhor.
Evangelho: Lc 3,15-16.21-22
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas
Naquele tempo, 15Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 21Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu 22e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição.
Palavra da Salvação.
Festa do Batismo do Senhor
O Evangelho deste domingo se inicia com uma síntese sobre a pregação de João Batista, na qual ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma profunda transformação. As multidões acorrem ao rio Jordão e aderem à proposta do Batista, que consiste na conversão dos pecados como caminho para quem deseja receber o Reino de Deus que está próximo. A primeira condição para acolhê‑lo é reconhecer‑se pecador. Assim, às margens do Jordão, afluíram aqueles que desejavam libertar‑se do pecado. Os fariseus e os saduceus não procuravam o batismo de João porque se consideravam justos, sem pecado(cf.Lc7,30).
Naqueles dias, também, Jesus chegou de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão. À primeira vista, o batismo de Jesus nas águas do rio Jordão pode parecer inútil. Eram as pessoas conscientes de seus pecados que procuravam o batismo, perante a iminente chegada do Messias prometido. Jesus, além de não ter pecados, não precisava mudar de vida. Mas sua vinda ao mundo tinha um objetivo: ir ao encontro e oferecer a salvação aos pecadores. Aderindo ao batismo de João, Jesus expressa sua solidariedade para com os pecadores e se coloca próximo a eles não como juiz, mas como salvador.
Mais que fazer uma crônica do que aconteceu, o evangelista quer revelar quem é Jesus e o faz servindo-se de três imagens. Jesus, ao sair das águas, “viu o céus se abrindo”. “Os céus fechados” lembram o silêncio e o distanciamento de Deus de seu povo (cf. Is 65,15‑19). O evangelista revela que o início da atividade pública de Jesus reconstitui a aliança entre o céu e a Terra, Deus e seu povo.
“O Espírito Santo em forma de pomba desceu sobre ele “. Na compreensão de Israel, a pomba era símbolo da doçura e do amor. O estilo suave dessa ave expressa o agir de Jesus que se aproxima dos pecadores e os trata com misericórdia. Além disso, o Espírito, que antes era como uma pomba que voava sem encontrar sobre quem repousar, agora repousa em Jesus para consagrá‑lo.
“E do céu veio uma voz: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição. ” ‑. A voz é expressão de alguém sendo solenemente apresentado para determinada missão. O Pai apresenta Jesus como o servo fiel e predileto. A missão do Filho de Deus tem sua imagem na do servo sofredor de Isaías: aquele que carrega sobre si os pecados do povo. Ao sair das águas do Jordão, Jesus é proclamado “Filho bem-amado”, sobre o qual pousou o Espírito que o consagrou para a missão de anunciar a Boa‑Nova da Salvação. Como o Messias esperado e Salvador, Ele recebe a força de Deus para conduzir a humanidade rumo ao novo céu e à nova Terra. RENASCER PELA ÁGUA E PELO ESPÍRITO SANTO
Com a festa do Batismo do Senhor, recebido pelas mãos de João Batista nas águas do rio Jordão, encerra-se o ciclo de Natal. O dia seguinte já pertence ao Tempo Comum, cuja primeira fase se estende até à terça-feira antes da quarta-feira de Cinzas. Esta festa do Batismo de Jesus é, portanto, um marco importante. Mas não só no calendário litúrgico. Significa a entrada de Jesus para sua vida pública, depois dos trinta anos de vida oculta em Nazaré. Pelo sinal do Batismo, João Batista reconheceu a Cristo como o Messias, e o pôde apresentar ao povo: “Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado domundo”(Jo1,2.9).
É muito saudável o costume de nossas igrejas – principalmente as mais antigas – de reproduzir num painel na parede do batistério a cena do Batismo de Jesus. Pinturas como essas já foram definidas como a Bíblia dos humildes, dos que não sabem ler. E não faltam catequistas que, quando ensinam o capítulo do batismo para os seus pequeninos, levam-nos a visitar o batistério e lhes explicam todos os pormenores do sugestivo quadro. O rio Jordão, que já era o rio sagrado dos hebreus, e que, pela presença de Cristo em suas águas, ficou sendo sagrado para os cristãos e para todo o mundo. Sobre Jesus, na hora em que Ele é batizado, paira o Espírito Santo em forma de pomba. E se ouve a voz do Pai eterno dizendo – uma inscrição na parede o indica -“Este é o meu Filho muito amado, no qual ponho toda a minha complacência” (Mt 3, 17).
Não há dúvida de que a Igreja, ao celebrar esta festa, não quer apenas louvar a Deus pela grandeza e santidade de seus mistérios, como se faz sempre na Liturgia. Ela quer chamar a atenção para a realidade – tantas vezes esquecida – de nosso batismo, do qual o de João Batista era apenas um humilde prelúdio, como ele próprio o diz: “Agora eu batizo com água, mas já vem Aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias, Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo”(Lc3,16). Aí a referência é ao fogo purificador profundo, que penetra a alma para libertá-Ia de toda a maldade, em oposição àquele batismo de água, puramente exterior. Aliás, línguas de fogo apareceram em Pentecostes, essa solene descida do Espírito Santo, que se pode considerar como sendo o batismo da Igreja.
O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para reformular o rito do batismo, tanto de crianças como de adultos, a fim de indicar com mais clareza o sentido profundo desse sacramento (Sc, 66/129). E o esforço pastoral da Igreja hoje é no sentido de que o batismo seja cada vez menos um rito puramente tradicional e social, e cada vez mais uma entrada consciente do homem para o mundo de Cristo e do seu Evangelho. Um “mergulhar” em Cristo, talvez pudéssemos dizer, traduzindo a palavra “batismo” que tem exatamente esse significado. Como os israelitas, pela circuncisão, eram agregados ao antigo Povo de Deus, assim o batismo nos faz agora “concidadãos dos santos” (Ef 2.19) – não mais estrangeiros -, e destinados a ser na eternidade habitantes f “daquela Roma onde Cristo é romano”, conforme disse alegremente Dante na Divina Comédia (Purg. XXXII, 102). O cristão é alguém que tem que sentir e viver essa realidade sublime: ele entrou para o mundo de Cristo. Deixou para ! trás o mundo dos valores puramente terrenos e recebeu o Espírito Santo para viver uma vida nova. A água que se derramou sobre ele no rito do batismo não significa apenas ablução, purificação. Significa vida, e vida nova. O batismo é um “renascer”- um nascer de novo: “Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).
Nessa nova vida – convém recordar – não se introduz alguém de maneira automática, como se fosse por um passe de mágica. É como uma semente que se recebe para se cultivar. Quem se batiza assume um compromisso para ser cumprido ao longo de toda a vida. Dia por dia, com sinceridade, realizando a verdade na caridade -é São Paulo que no-10 ensina – temos que crescer em tudo, na direção daquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef4,15).
Leituras da Festa do Batismo do Senhor – Ano C:
1a)IS 42,1-4,6-7
2a)At 10,34-38
3a) Lc 3,15-16,21-22
Batismo de Jesus – Renascer pela Água – Padre Lucas –