O AMANHECER DO EVANGELHO – EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
XIV Domingo do Tempo Comum -ANO C
A PAZ ESTEJA NESTA CASA
A PAZ ESTEJA NESTA CASA – XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM –
Lançando os fundamentos de sua Igreja, Jesus escolheu doze apóstolos.
Doze é um número simbólico. E é uma referência às doze tribos de Israel, e uma indicação da universidade do novo Israel de Deus. Mas escolheu também setenta e dois discípulos – um múltiplo de doze – como que reafirmando o mesmo simbolismo da primeira escolha.
A esses setenta e dois o Divino Mestre os enviou numa missão especial, mandando-os visitar os lugares que Ele iria visitar depois.
Era uma nobre tarefa de arautos, fazendo prelibar a beleza da grande mensagem do Evangelho.
Dois elementos poderíamos considerar nessa missão: as atitudes de comportamento que Jesus recomenda aos discípulos, e a mensagem que Ihes confia. Em primeiro lugar, o comportamento que haveria de brilhar em suas vidas. Deviam dar testemunho de pobreza e de desapego do dinheiro.
“Não levar bolsa, nem alforje, nem sandálias” (Lc 10′ 3). Esse desprendimento, que deve ser característica dos pregadores do Evangelho até o fim do mundo, devia estar bem em contraste com o estilo de vida de certos mensageiros de deuses e deusas que percorriam a região. Vinham do Norte e eram ávidos de dinheiro.
Conta-se de um deles, de nome Lucino, que se dizia mensageiro da deusa Atárgatis ( deusa síria da fertilidade) e recolhia donativos para sacrifícios em seu templo. Chegou como mendigo, mas já não voltou como mendigo.
Arranjou tanto dinheiro, que teve de comprar – ou conseguir que lhe dessem de presente – grande número de animais de carga para transportar o dinheiro. A respeito dele diz uma inscrição em tom de triunfo: “Em cada viagem trazia setenta sacos cheios” (Willam, A vida de Jesus. Apud B A C – Bíblia Comentada – Evangelhos, pg. 239).
Não teria autoridade para pregar o Evangelho, onde Jesus ensina com a palavra e o exemplo a vida pobre e humilde, quem ostentasse riquezas e apegos mundanos. A experiência mostra como nada recomenda tanto um ministro do Senhor como uma vida vívida na pobreza e no desapego dos bens da terra.
E como nenhuma presença honra mais os funerais de um padre do que os pobres que ele socorreu, renunciando a seu próprio conforto.
E, num mundo onde está tão presente o desequilíbrio na repartição dos bens, criando um abismo entre os poucos que têm muito e os muitíssimos que não têm quase nada, só poderá pregar eficazmente a justiça social o pregador do Evangelho que não estiver comprometido com o poder do dinheiro. Só poderá falar eficazmente dos bens do céu aquele que puder mostrar, por sua própria vida, que os bens da terra só têm sentido quando estão a serviço de ideais mais altos, como são a justiça, a verdade e a fraternidade.
E temos que ver em seguida qual é a mensagem que os discípulos deviam pregar. Eles devem pregar- como pregou João Batista e como pregou o próprio Jesus – a consoladora notícia: “Chegou para vós o Reino de Deus” (Ibid., V 9).
Essa é a grande notícia que está presente no mundo desde a chegada do Messias. Acabou-se o reino de Satanás e do pecado. É um mundo novo que se implanta. E que vai ser descrito sobretudo no Sermão da Montanha. É um reino que está na terra, mas que pertence ao céu: o Reino dos céus.
Ele é feito de adesão à vontade de Deus de , repúdio a tudo o que é maldade -“convertei-vos” é uma palavra que aparece a toda hora no texto ao Evangelho -de entrega á prática dos mandamentos, sobretudo o “novo mandamento”, característica do cristianismo: “amai-vos uns aos outros”.
Quando tudo estiver presente, a terra será como o céu. A luta será ainda longa, mas caminha conosco a esperança. Anima-nos a grande palavra de Jesus: “Tende confiança, eu venci o mundo” (Jo 16, 33). E, na medida em que a chegada do Reino for acontecendo, irá chegando a paz ao mundo. É por isso que os missionários mandados por Jesus devem anunciar a paz: “A paz esteja nesta casa” (Lc 10,5), como se diz até hoje, quando o sacerdote entra numa casa, para benzera casa ou para levar o Socorro espiritual a um enfermo.
LEITURAS do XIV Domingo do Tempo Comum – Ano C:
1º) 1S 66, 10-14c
2″) Gl 6, 14-18
3ª) Lc 10.1-12. 17-20