EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
O AMANHECER DO EVANGELHO
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
III Domingo da Quaresma -ANO C – É PRECISO FAZER PENITENCIA
Na atual liturgia da Quarta-feira de Cinzas, o celebrante, ao colocar a cinza sobre os fiéis, pode usar a antiga fórmula “Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar”, ou, de preferência, esta outra: “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Quaresma é tempo de penitência, tempo de conversão, tempo de mudar de vida. O ideal seria que toda a comunidade entrasse nesse clima de conversão, e os costumes se purificassem, e a fé ficasse mais viva, e toda a maldade fosse rejeitada. Mas, se nem todos assumem esse compromisso- como ficaria puro o mundo, se todos o fizessem! – que cada fiel assuma a sua parte, examine sua consciência, descubra tudo o que há de falho em seu relacionamento com Deus e com os irmãos e se volte para Deus, numa verdadeira renovação de vida.
Isso é penitência no seu sentido essencial. É a “metanoia”, da qual se fala com tanta frequência no Evangelho. Como aparece na página de São Lucas que a Igreja lê na liturgia da Palavra deste terceiro domingo da Quaresma.
Vieram contar a Jesus uma dolorosa tragédia que tinha acontecido. Pilatos mandara matar um grupo de galileus que estavam oferecendo um sacrifício no Templo, misturando assim o sangue deles com o sangue das vítimas oferecidas. Uma crueldade sacrílega, da qual os historiadores narram fatos semelhantes.
Segundo a crença do povo, aquilo era um castigo de Deus. Aqueles galileus eram certamente grandes pecadores! Mas Jesus não concordou com eles. Eles não eram mais pecadores do que todos os outros galileus. Como não eram mais pecadores – acrescentou – do que os outros habitantes de Jerusalém as dezoito vítimas do desabamento da torre de Siloé (O fato nos é conhecido só pelo Evangelho, mas sabe-se por escavações recentes que houve um desmoronamento nessa região ). Os desastres não são castigos diretos de Deus.
Deus não age como que em gestos mágicos que castigam o pecador. Mas esses fatos dolorosos servem de lembretes para nós. Para termos presente que Deus é o Senhor de tudo e que devemos fugir do pecado. Por isso mesmo, Jesus conclui: “Se não vos converterdes, perecereis todos de modo semelhante” (Lc 13, 5) .
Pensam os comentadores que essa advertência de Jesus possa aludir ao castigo que viria sobre Jerusalém no ano 70- na guerra de Tito e Vespasiano – por não ter seu povo feito penitência, isto é, por não ter mudado de mentalidade e ter continuado a recusar o Messias. Essa principalmente foi a grande catástrofe, que serviu de lição para aqueles tempos e para sempre.
Mas, dentro ainda do tema da penitência, Jesus acrescentou uma pequena parábola muito expressiva. Um homem tinha uma figueira plantada no meio da sua vinha, e por três anos seguidos procurou frutos nela e não encontrou.
Mandou, então, ao encarregado que a cortasse, pois estava prejudicando o terreno. Mas o encarregado ficou com pena e lhe disse: “Senhor, deixa-a ainda este ano, para que eu cave ao redor e ponha adubo.
Depois, talvez dê fruto… Caso contrário, tu a cortarás” (Ibid., 8-9). Aí está expressa, de maneira muito gentil, a paciência de deus E parece-nos ver no encarregado que pediu mais tempo para a figueira uma sombra do Coração misericordioso de Jesus.
Mas é bom notar que o tempo que se dá para a figueira não é um tempo de ociosidade. É um tempo de cuidados repetidos, simbolizando o empenho redobrado do discípulo de Cristo para se aperfeiçoar na prática das virtudes.
A vida cristã é uma luta sem tréguas contra a maldade e as tentações. Supõe muita oração, a prática dos sacramentos, a participação na Eucaristia, a vivência da caridade fraterna em todas as suas modalidades. Ninguém pode cruzar os braços, ocupando inutilmente seu espaço na Igreja e prejudicando com seu mau exemplo o vicejar das virtudes na comunidade. Exatamente como a figueira estéril.
E não pode ficar sem comentário o toque final da parábola: se de todo a figueira não der fruto, seja cortada. É a situação dos que desprezam a graça de Deus, dos que não se valem dos infinitos recursos de que a misericórdia de Deus os rodeia. Vale aí a sábia palavra de Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará em ti”.
LEITURAS do III Domingo da Quaresma- Ano C:
1a) Ex 3, 1-8a. 13-15
2a) 1Cor 10, 1-6.10-12
3a) Lc 13, 1-9
Lucas 13, 1-9 – A vida e o ensinamento de Jesus
A Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos
O Amanhecer do Evangelho
Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM
A vida e o ensinamento de Jesus
SÁBADO DA 29ª SEMANA DO TEMPO COMUM
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 1-9)
1Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. 2Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo? 3Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. 4Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? 5Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. 6Disse-lhes também esta comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou. 7Disse ao viticultor: – Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno? 8Mas o viticultor respondeu: – Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo. 9Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás.3) Reflexão
* O evangelho de hoje traz informações que só existem no evangelho de Lucas e não tem passagens paralelas nos outros evangelhos. Estamos meditando a longa caminhada de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém e que ocupa quase a metade do evangelho de Lucas desde o capítulo 9 até o capítulo 19 (Lc 9,51 a 19,28). É nesta parte que Lucas colocou a maior parte das informações que ele obteve sobre a vida e o ensinamento de Jesus (Lc 1,1-4).* Lucas 13,1: O acontecimento que pede uma explicação
“Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios”. Quando lemos os jornais ou quando assistimos ao noticiário na TV, recebemos muitas informações, mas nem sempre avaliamos todo o seu significado.Escutamos tudo, mas não sabemos bem o que fazer com tantas informações e notícias. Notícias terríveis como tsunami, terrorismo, guerras, fome, violência, crime, atentados, etc. Assim foram levar a Jesus a notícia do terrível massacre que Pilatos, governador romano, fez com alguns peregrinos samaritanos.Notícias assim nos incomodam. Elas nos derrubam: “O que posso fazer?” Para acalmar a consciência, muitos se defendem e dizem: “Culpa deles! Não trabalharam! Povo preguiçoso!” No tempo de Jesus, o povo se defendia dizendo: “Castigo de Deus pelos pecados deles!” (Jo 9,2-3). Desde séculos se ensinava: “Os samaritanos não prestam. Eles tem uma religião errada!” (2Rs 17,24-41)!* Lucas 13,2-3: A resposta de Jesus
Jesus tem outra opinião. “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo”. Jesus ajuda as pessoas a ler os fatos com outros olhos e a tirar uma conclusão para a sua vida. Ele diz que não foi castigo de Deus. Pelo contrário. “E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo” Ele procura alertar para o apelo à conversão e mudança.* Lucas 13,4-5: Jesus comenta um outro fato
“E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Deve ter sido um desastre muito comentado na cidade. Um temporal derrubou a torre de Siloé e matou dezoito pessoas que estavam se abrigando debaixo dela.O comentário normal era: “Castigo de Deus!” Jesus repete: “De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo”. Eles não fizeram a conversão, a mudança, e quarenta anos depois Jerusalém foi destruída e muita gente morreu assassinado no Templo como os samaritanos e muito mais gente morreu debaixo dos escombros das muralhas da cidade. Jesus tentou prevenir, mas não atenderam ao pedido de paz: “Jerusalém! Jerusalém!” (Lc 13,34). Jesus ensina a descobrir os apelos que vem dos acontecimentos da vida do dia-a-dia.* Lucas 13,6-9: Uma parábola para fazer o povo pensar e descobrir o projeto de Deus
“Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. Então disse ao agricultor: Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra. Mas o agricultor respondeu: Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás”. Muitas vezes, a vinha é usada tanto para indicar o carinho que Deus para com seu povo, como a falta de correspondência da parte do povo ao amor de Deus (Is 5,1-7; 27,2-5; Jr 2,21; 8,13; Ez 19,10-14; Os 10,1-8; Mq 7,1; João 15,1-6). Na parábola, o proprietário da vinha é Deus Pai. O agricultor que intercede pela vinha é Jesus. Ele insiste com o Pai para alargar o espaço da conversão.4) Para um confronto pessoal
1) O povo de Deus a vinha de Deus. Eu sou um pedaço desta vinha. Aplico a mim a parábola da vinha. Que conclusões tiro?
2) O que faço com as notícias que recebo? Procuro ter uma opinião crítica, ou sigo a opinião da maioria e dos meios de comunicação?
5) Oração final
Quem é igual ao Senhor nosso Deus que mora no alto e se inclina para olhar para os céus e para a terra? Ergue da poeira o indigente, da imundície levanta o pobre. (Sl 112, 5-7)