EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

XXVIII Domingo do Tempo Comum -ANO C

É PRECISO AGRADECER – XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM –

É PRECISO AGRADECER

Como frequentemente acontece na Liturgia da Palavra, o evangelho deste domingo- XXVIII do Tempo Comum -é preparado por uma leitura paralela do Antigo Testamento.

Do II livro dos Reis. No Evangelho se narra como Jesus curou dez leprosos, e um deles voltou para agradecer.

No II livro dos Reis se conta como o profeta Eliseu, pelo poder de Deus, curou da lepra o general Naaman, comandante do exército do rei da Síria, e este também soube agradecer.

O episódio, na vivacidade da narração, é todo ele muito bonito. Mostra a fama de Eliseu propagando-se para além das fronteiras da Palestina e, com essa fama, o nome de Javé, o Deus verdadeiro. Naaman tivera notícias dos prodígios realizados por Eliseu, através de uma mocinha de Israel que estava a serviço de sua esposa. E foi procurá-lo.

Esperava que Eliseu fizesse sobre ele uma solene imposição de mãos, invocando o poder de Deus. Mas Eliseu, sem nem recebê-Io pessoalmente, mandou o recado que ele fosse lavar-se sete vezes nas águas do rio Jordão. Naaman a princípio recusou com renitência essa ordem. Mas acabou aceitando-a. Foi, lavou-se, e ficou completamente curado.

 

E o bonito é o modo como ele agradeceu. Ofereceu um rico presente a Eliseu. Este não quis aceitar e invocou o nome do Senhor de quem era servo.

Então Naaman pediu-Ihe que ao menos lhe permitisse levar para o seu país um pouco de terra da Palestina, para espalhar num canto de sua propriedade, a fim de aí oferecer holocaustos a Javé. Pois dessa hora em diante não queria oferecer sacrifícios a nenhum outro Deus. (É preciso lembrar que, segundo a concepção da época, cada deus tinha um território dentro de cujos limites exercia seu domínio e sua influência).

Naaman -num legítimo escrúpulo de consciência – pede, até, por meio de Eliseu, que Javé não lhe leve a mal, se alguma vez, por ocasião de cerimônias oficiais ao lado do rei, ele tiver que cumprir apenas exteriormente os ritos religiosos prescritos em honra do deus do seu país (cfr 2 Rs 5, 1-19a). O grande gesto de gratidão de Naaman foi, portanto, converter-se ao Deus de Eliseu. Isso era muito mais que dinheiro e presentes. Era o valor mais profundo que alguém pudesse oferecer. Suas convicções. Sua alma. Sua vida.

O episódio do Evangelho nos é muito conhecido. Perto de uma aldeia que ficava nas imediações da fronteira da Galiléia com a Samaria, dez leprosos vieram ao encontro de Jesus que ia passando.

Parando a certa distância – as leis eram muito rígidas quanto ao não permitir o convívio de leprosos com a população sadia – clamaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Jesus mandou que eles fossem apresentar-se aos sacerdotes. Era como prescrevia a Lei para aqueles que fossem curados de lepra, para as devidas verificações legais. E aconteceu, justamente; que, quando se encaminhavam para Jerusalém a fim de irem ao encontro dos sacerdotes, viram-se miraculosamente curados. Era o poder de Jesus!

 

Eles não pensaram em mais nada, a não ser na imensa alegria de estarem curados e restituídos ao convívio da sociedade. Um deles, porém, -e era um samaritano – lembrou-se de algo muito importante: tinha que agradecer. E voltou para trás, Chegou perto de Jesus, pôs-se de joelhos, e inclinando o rosto até tocar o chão, no estilo oriental, agradeceu ao Mestre que o havia curado. Jesus acolheu com satisfação esse gesto tão bonito. Mas não pôde deixar de perguntar: “Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove?

Não se encontrou quem viesse dar graças a Deus. Senão este estrangeiro?” E disse para ele: “Levanta-te e vai. Tua fé te salvou” ( cfr Lc 17, 11-19). Eu acredito que essas palavras caíram sobre ele como uma imensa onda de paz, mais profunda ainda que a alegria da cura.

 

A gratidão é uma das mais nobres virtudes do coração humano. “Sede agradecidos” nos recomenda São Paulo na carta aos colossenses (Cl 3, 15).

E em mil outros lugares a Bíblia nos inculca essa virtude. Nada é mais detestável que a ingratidão. A pergunta de Jesus -“os outros nove onde estão?” -parece que está lançada aos quatro cantos do mundo, para onde quer que haja um ingrato. E que bom 9ue seria que a terra inteira fosse um imenso canto de corações agradecidos, lançando ao céu o seu louvor: “Obrigado, Senhor!”

 

LEITURAS do XXVIII Domingo do Tempo Comum -Ano C:

1″) 2Rs 5,14-7

2″) 2Tm 2, 8-13

3″) Lc 17,11-19