EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

Quarta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum

Festa de São Tomé (3 de julho de 2019)

1) Oração

Deus todo-poderoso, Concedei-nos celebrar com alegria a ffesta do apóstolo São Tomé, para que sejamos sempre sustentados por sua proteção e tenhamos a vida pela fé no Cristo que elel reconheceu como Senhor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho (Jo 20, 24-29)

24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos disseram para ele: “Nós vimos o Senhor.” Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.” 26 Uma semana depois, os discípulos estavam reunidos de novo. Dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja com vocês.” 27 Depois disse a Tomé: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.” 28 Tomé respondeu a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus disse: “Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto.”

3) Reflexão

* Hoje, na festa de São Tomé, o evangelho coloca diante de nós o encontro de Jesus ressuscitado com o apóstolo Tomé que queria ver para poder crer. Foi por isso que muitos o chamam de incrédulo Tomé. Na realidade, a mensagem deste evangelho é bem diferente. É muito mais profunda e atual.

* João 20,24-25: A dúvida de Tomé

Tomé, um dos doze, não estava presente quando Jesus apareceu aos discípulos na semana anterior. Tomé não crê no testemunho dos outros que diziam: “Nós vimos o Senhor”. Ele coloca condições: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei”. Tomé é exigente. Quer ver para crer! Ele não quer um milagre para poder crer. Não! Ele quer ver os sinais nas mãos, nos pés e no lado. Ele não crê num Jesus glorioso, desligado do Jesus humano que sofreu na cruz. No tempo em que João escreve, fim do primeiro século, havia pessoas que não aceitavam a vinda do Filho de Deus na carne (2Jo 7; 1Jo 4,2-3). Eram os gnósticos que desprezavam a matéria e o corpo. É para criticar os gnósticos que o evangelho de João traz a preocupação de Tome em “ver para crer”. A dúvida de Tomé também deixa transparecer como era difícil crer na ressurreição!

* João 20,26-27: Não seja incrédulo, mas tenha fé

O texto diz “seis dias depois”. Isto significa que Tomé foi capaz de sustentar sua opinião durante uma semana inteira contra o testemunho dos outros apóstolos. Cabeçudo mesmo! Graças a Deus, para nós! Assim, seis dias depois, durante a reunião da comunidade, eles têm novamente uma experiência profunda da presença de Jesus ressuscitado no meio deles. As portas fechadas não podem impedir que ele esteja no meio dos que nele acreditam. Até hoje é assim! Quando estamos reunidos, mesmo com todas as portas fechadas, Jesus está no meio de nós. E até hoje, a primeira palavra de Jesus é e será sempre: “A Paz esteja com vocês!” O que chama a atenção é a bondade de Jesus. Ele não critica nem xinga a incredulidade de Tomé, mas aceita o desafio e diz: “Tomé, vem cá colocar seu dedo nas feridas!”. Jesus confirma a convicção de Tomé e das comunidades, a saber: o ressuscitado glorioso é o crucificado torturado! O Jesus que está na comunidade, não é um Jesus glorioso que não teria mais nada em comum com a nossa vida de gente. Mas é o mesmo Jesus que viveu nesta terra e ele traz no corpo as marcas da sua paixão. As marcas da paixão estão hoje no sofrimento do povo, na fome, nas marcas de tortura, de injustiça. É nas pessoas que reagem, lutam pela vida e não se deixam abater, que Jesus ressuscita e se faz presente no meio de nós. É neste Cristo que Tomé acredita, e nós também!

* João 20,28-29: Felizes os que não viram e creram

Com ele digamos: “Meu Senhor e meu Deus!” Esta entrega de Tomé é a atitude ideal da fé. E Jesus completa com a mensagem final: “Você acreditou porque viu! Felizes os que não viram e no entanto creram!” Com esta frase, Jesus declara felizes a todos nós que estamos nesta mesma condição: sem termos visto acreditamos que o Jesus que está no nosso meio, é o mesmo que morreu crucificado!

O envio: “Como o Pai me enviou, eu envio vocês!” É deste Jesus, ao mesmo tempo crucificado e ressuscitado, que recebemos a missão, a mesma que ele recebeu do Pai (Jo 20,21). Aqui, na segunda aparição, Jesus repete: “A paz esteja com vocês!” Esta repetição acentua a importância da Paz. Construir a paz faz parte da missão. Paz, significa muito mais do que só ausência de guerra. Significa construir uma convivência humana harmoniosa, em que as pessoas possam ser elas mesmas, tendo todas o necessário para viver, convivendo felizes e em paz. Esta foi a missão de Jesus, e é também a nossa missão. Jesus soprou e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,22). É só mesmo com a ajuda do Espírito de Jesus que seremos capazes de realizar a missão que ele nos deu. Em seguida, Jesus comunicou o poder de perdoar os pecados: “Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados serão perdoados e aqueles a quem retiverdes serão reti­dos!”. O ponto central da missão de paz está na reconciliação, na tentativa de superar as barreiras que nos separam. Este poder de reconciliar e de perdoar é dado à comunidade (Jo 20,23; Mt 18,18). No evangelho de Mateus é dado também a Pedro (Mt 16,19). Aqui se percebe que uma comunidade sem perdão nem reconciliação já não é comunidade cristã. Numa palavra, nossa missão é criar comunidade a exemplo da comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 

4) Para um confronto pessoal

1) Na sociedade de hoje, as divergências e tensões de raça, classe, religião, gênero e cultura são enormes e crescem cada dia. Como realizar hoje a missão da reconciliação?

2) Na sua família e na sua comunidade existe alguma semente de mostarda que aponta para uma sociedade reconciliada?

5) Oração final

Povos todos, louvai o Senhor, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do Senhor dura para sempre. (Sl 116, 1-2)