UMA SEMANA DEPOIS DE RESSUSCITADO APARECE PARA OS APÓSTOLOS REUNIDOS E DÁ UMA AJUDA A SÃO TOMÉ QUE NÃO QUERIA CRER

A TESTEMUNHA
Alguns garotos estavam brincando na rua, atrás de uma caminhão parado. Eu estava passando perto, quando vi um menino de uns 10 anos de idade, mexer com o outro colega e sair correndo para não ser pego. E o menino não viu um jipe que vinha na outra direção. Quando o chofer do jipe assustou, já tinha passado em cima do menino. Tudo aconteceu em um segundo. Assim na minha frente! Ajudei a pôr o menino, todo ensangüentado, dentro do jipe. Estava ainda com vida. O chofer estava tremendo. Precisou outra pessoa tomar a direção e tocar para o hospital. Tratado logo, com muito carinho, o menino conseguiu ainda se salvar. Daí, uns dias, fui chamado ao Fórum, para ser testemunha do fato. Então, eu contei, diante do juiz, tudo o que eu vi. Mostrei que não foi culpa do chofer. Ele não estava correndo. Não teve jeito de evitar o acidente. Testemunha é, portanto, uma pessoa que viu um acontecimento, e conta direitinho como foi que aconteceu.

A PALAVRA DE DEUS

Era de tarde, naquele primeiro dia da semana. Os discípulos estavam reunidos de portas fechadas, com medo dos judeus. Jesus entrou, chegou para o meio deles, e disse: “A paz esteja com vocês!” E mostrou para eles as suas mãos e o seu lado. Os discípulos, quando viram o Senhor, ficaram cheios de alegria. Jesus falou de novo com eles: “A paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”. Depois, soprou sobre eles e disse: “Recebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém esses pecados vão ficar perdoados. Mas se vocês não perdoarem eles não vão ficar perdoados”. Tomé, um dos 12, apelidado o Dídimo, não estava com eles, quando Jesus veio. Os outros discípulos vieram contar para eles: “Nós vimos o Senhor!” Mas ele falou: “Olhem! Se eu não enxergar com os meus olhos o sinal dos pregos nas mãos dele, se eu não puser o meu dedo no lugar dos pregos e se eu não encostar a minha mão no lado dele, eu não acredito”. Oito dias depois, os discípulos estavam de novo reunidos naquela casa, com as portas fechadas. Tomé estava com eles. Jesus entrou, chegou para o meio deles e disse: “A paz esteja com vocês!” Logo em seguida, virou-se para Tomé e disse: “Põe aqui o seu dedo! Olhe as minhas mãos! Estique o seu braço e coloque a sua mão aqui no meu lado! Não fique mais duvidando! Tenha fé!” Tomé exclamou: “Meu Senhor e meu Deus!” E Jesus então disse: “Olhe, Tomé! Você acreditou, porque você me viu. Felizes os que acreditam sem precisar de ver!” Jesus ainda fez, na presença de seus discípulos, muitos outros milagres, que não estão escritos, neste livro. Mas esses foram escritos para que vocês acreditem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. E, acreditando nele, vocês tem uma vida em seu nome!

OS CRISTÃOS SÃO TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

Faz uma semana que estamos celebrando a Páscoa da ressurreição de N. S. Jesus Cristo. Hoje é o dia da segunda aparição de Jesus aos apóstolos reunidos. Jesus dá uma ajuda a São Tomé, que não queria acreditar. Essa Palavra de Deus também vai ser uma ajuda que Jesus Cristo vai dar a todos nós para a gente crescer na fé. Com os olhos da fé a gente vê novamente os acontecimentos da vida, morte e ressurreição de Cristo. E vai testemunhar isto para todo mundo. Os apóstolos eram testemunhas de Cristo ressuscitado. Eles viram Jesus e conversaram com ele, depois da ressurreição. A missão deles era dar testemunho da ressurreição de Cristo. Contavam a todo mundo, que Jesus tinha ressuscitado. Ensinavam isso com suas palavras e com a sua vida. Isso a gente entende. Mas nós, que vivemos dois mil anos depois, não vimos Jesus com nossos olhos. Como a gente vai poder ser testemunha da ressurreição dele? A gente pode enxergar também com os olhos da fé Quem tem fé, enxerga muita coisa que os outros não enxergam. Os olhos da fé enxergam longe. Assim por exemplo, todo mundo admira uma flor, sua beleza, seu perfume. Mas quem tem fé, logo vê ali a bondade de Deus alegrando a vida de seus filhos. Na Eucaristia, os nossos olhos enxergam um pedaço de pão, mas os olhos da fé enxergam muito mais: ali está o próprio Jesus Cristo. Também os olhos da fé nos fazem descobrir a pessoa de Cristo na pessoa de nosso irmão. Quem tem fé em Jesus ressuscitado, e procura viver de acordo com esta fé, então experimenta uma vida nova. Jesus fica sendo o esteio da sua vida. A gente começa a viver ressuscitado com Cristo. A gente sente Jesus vivo unto de nós. Muito mais do que se o enxergasse com nossos olhos. Se eu vejo Jesus com os olhos da fé, eu posso devo dar esse testemunho para todo mundo.
II Domingo da Páscoa

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA).
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

II DOMINGO DA PÁSCOA -ANO B
” A PAZ ESTEJA CONVOSCO”

Um olhar, ainda que rápido, para as belas leituras da Liturgia da Palavra deste II domingo da Páscoa – o antigo domingo “in albis”, em que os recém-batizados da Vigília Pascal depunham as vestes alvas que tinham usado durante a semana – pode mostrar-nos facilmente três ricos elementos: a fé, o perdão dos pecados, a perfeita vida cristã da comunidade nascente de Jerusalém. Afinal, tudo irradia do grande mistério pascal, da glória de Cristo Ressuscitado.

Em primeiro lugar, a fé que brotou alegre no coração dos discípulos, ao verem o Senhor ressuscitado e ao contemplarem no seu corpo glorioso os sinais dos cravos que lhe tinham atravessado as mãos e os pés, e o sinal da lança que lhe tinha traspassado o lado. Aliás, esses sinais são agora eternos, a lembrar que foi pela morte que Ele alcançou a glória. No Apocalipse, São João vai contemplá-lo na glória da eternidade. Ele é “o Cordeiro imolado”. Está de pé, mas traz os sinais da imolação (cfr Ap 5, 6). Mas, por isso mesmo, “é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a honra, a glória e o louvor” (ibid., 12).

A fé pascal é o núcleo mais íntimo de nossa fé cristã. Ela iluminou a vida dos apóstolos e dos primeiros discípulos, e ilumina toda a vida da Igreja. Costumam os comentaristas notar que a própria incredulidade inicial de Tomé acabou provocando uma confirmação da verdade da Ressurreição. E foi, em todo o caso, uma prova de que os apóstolos não eram homens crédulos, que aceitassem puras aparências. Todos eles tinham tido seu momento de dúvida, quando chegaram as primeiras notícias do sepulcro vazio e da aparição a Madalena. Mas o esplendor do Ressuscitado os convenceu.

O perdão dos pecados é a segunda nota que brilha na página do Evangelho, no episódio da primeira aparição. Jesus, depois de saudá-Ios com a saudação habitual” A paz esteja convosco”, – mas evidentemente com um desejo de paz muito mais eficaz do que uma simples saudação de cortesia – declarou: ” Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. Soprou em seguida sobre eles – um prelúdio de Pentecostes! -e disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados. A quem os retiverdes, serão retidos” (Jo 20, 21 -23). É o grande presente pascal do perdão. Dele precisa tanto a Igreja, que é feita de homens sujeitos ao pecado, e que precisam ser perdoados, não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Por isso Jesus deixa na Igreja o sacramento do perdão. É o dom da redenção, que se vai distribuindo ao longo dos séculos, na medida da nossa necessidade. O próprio contexto pascal em que Jesus nos outorga esse sacramento está a nos dizer que ele é um sacramento portador de paz, de festa e de alegria. Não é de tristeza e de humilhação. Triste e humilhante é o pecado. O perdão, que traz a paz de Deus, só pode ser causa de alegria. De festa. Como aquela que alegrou a casa do filho pródigo, no dia em que ele voltou para junto do Pai.

E temos que olhar para o terceiro quadro. É uma pintura em rápidas pinceladas do estilo de vida, exemplarmente evangélica, em que vivia a primeira comunidade cristã de Jerusalém. Unidos. Na oração e na escuta atenta do testemunho dos apóstolos a respeito da Ressurreição de Jesus. Desapegados de seus bens, de sorte que o que era de um era de todos. Formando uma comunidade tão harmoniosa, que toda aquela multidão era como um só coração e uma só alma. Como conseqüência – como consta de outra passagem dos Atos (2, 47) – eram estimados por todos, e o número dos fiéis ia crescendo dia a dia (cfr At 4, 32-35).
Não estavam pondo em prática nenhum plano sofisticado de economia política. Estavam simplesmente vivendo o Evangelho. Vivendo o “Sermão da Montanha”. Seguindo os passos de Cristo. Como os seguiu São Francisco. E muita gente com ele. Aí está o segredo da felicidade. Da paz, da harmonia, do bem-estar. Até da coragem, da paciência e da esperança, para suportar os sofrimentos, companheiros inseparáveis de nossa peregrinação. A famosa “Ilha da Utopia”, imaginada por Tomás More, pode no cristianismo tornar-se de algum modo realidade. Não caricatural, mas sincera.
LEITURAS do II Domingo de Páscoa -Ano B:
1ª – At 4,32-35.
2ª – 1Jo 5,1-6.
3ª – Jo 20,19-31.