Jo 14, 23-29 – Faremos nele nossa morada – VI Domingo da Páscoa-

Evangelho do dia e Homilia –  O amanhecer do Evangelho

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

VI DOMINGO DA PÁSCOA -ANO C

“FAREMOS NELE NOSSA MORADA”

FAREMOS NELE NOSSA MORADA – VI DOMINGO DA PÁSCOA-

Falávamos outro dia desses capítulos de São João que são como uma espécie de “coração do Evangelho” porque contêm as mais preciosas mensagens de Jesus, transmitidas aos apóstolos, em tom de despedida, na quinta-feira da Última Ceia.

A liturgia nos oferece hoje alguns desses ensinamentos. Vamos salientar três, que brilham como luzes serenas no firmamento da sabedoria de Jesus: a presença de Deus em nós, quando cumprimos sua vontade; o Espírito Santo, mestre da verdade; o dom da paz.

Primeiro é a presença de Deus naquele que cumpre a vontade de Deus: “Se alguém me ama, guarda a minha palavra: e meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,21 ). Aí está claro, em primeiro lugar, que amara Deus não é apenas um vago sentimento ou um afeto teórico.

Só ama a Deus aquele que cumpre a vontade de Deus. Não tem sentido a fé sem obras, tema palpitante nos escritos do Novo Testamento. Porém o mais bonito da afirmação é que Deus -o Pai e o Filho, e o Espírito Santo, como está muito explícito em São Paulo (1 Cor3, 16), onde somos chamados “templos de Deus” – quando nós o amamos e cumprimos sua vontade, vem morar em nós. Essa habitação da Trindade na alma do justo é uma das teses mais consoladoras da doutrina mística da Igreja.

Vem depois a promessa do Espírito Santo, aquele que vem completar o ensinamento de Cristo.

Jesus lembra aos apóstolos que durante sua permanência entre eles lhes ensinara muitas coisas. Mas, quando viesse o Espírito Santo -que o Pai enviaria em seu nome – ensinar-lhes-ia todas as coisas e ressuscitaria a lembrança de tudo o que Jesus ensinara (cfr. ibid., v 26). Como aconteceu em Pentecostes e a partir daí. Entre todas as maravilhosas atividades cristãs, esclarecendo e ampliando os ensinamentos de Cristo.

Jesus diz expressamente, nesse mesmo discurso de despedida, que teria muita coisa ainda a dizer aos apóstolos, mas eles não estavam preparados para entender.

Quando, porém, viesse o espírito Santo – o Espírito da verdade – Ele os conduziria à plenitude da verdade (cfr. ibid., v 13). E é isso mesmo o que vemos na caminhada da Igreja.

Muita coisa no princípio era obscura e incompleta, como os primeiros clarões do dia. Mas, através da pregação – iluminada pelo Espírito Santo -, através da doutrinação do povo de Deus, feita de mil maneiras, e através, especialmente, do solene ensinamento dos Concílios, a verdade se foi tornando mais plena, chegando assim, como que, à luz do meio-dia. João Paulo II afirmou que “o Concílio Vaticano II, no seu rico magistério, contém praticamente tudo o que o Espírito diz às Igrejas em função da presente fase da História da Salvação” (Enc. “Dominum et Vivificantem”, n° 26).

Por isso é que a Igreja, todas as vezes que se reúne à procura da verdade, como nos retiros espirituais, nos sínodos, nas eleições eclesiásticas, na ordenação de seus pastores, invoca o Divino Espírito Santo: “Veni, Creator Spiritus”.

E vem depois o dom da paz: “Eu vos deixo a paz; eu vos dou a minha paz. Eu não vo-la dou como a dá o mundo. Que o vosso coração não se perturbe, nem se encha de medo” (Jo 14, 27). Ser cristão não é viver com medo. É viver na paz. Não numa paz de compromissos como é, muitas vezes, a paz do mundo.

Como é a guerra fria, que não é outra coisa senão um medo recíproco, que detém uma nação armada até os dentes em face da outra igualmente armada, não querendo nenhuma assumir a responsabilidade do primeiro tiro.

Transporte-se isso para a vida individual, e se verá que “fazer as pazes” é, muitas vezes, fechar-se num silêncio de mútua indiferença ou de secreto rancor. Sem a alegria do diálogo cheio de amor. A paz dada por Jesus é feita de amor. E feita de diálogo. De entendimento. De colaboração. E é fonte da mais serena alegria.

 

LEITURAS do VI Domingo da Páscoa – Ano c:

1a) At 15, 1-2.22-29

2″) Ap 21, 10-14.22-23

3a) Jo 14, 23-29