EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

Domingo de Ramos -ANO C:  A GRANDE SEMANA

DOMINGO DE RAMOS – ANO B- A GRANDE SEMANA
Tenho certeza de estar proclamando aquilo que está no mais profundo da consciência da Igreja, ao afirmar que a Semana Santa é o tempo mais bendito do calendário dos cristãos. É tudo muito nobre e muito sagrado! O triunfo de Ramos no domingo da abertura da Semana comemora a entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, quando já era tarde para continuar a guardar segredo a respeito de sua condição de Messias, e o Divino Mestre aceitou que o povo se expandisse nas suas manifestações de alegria, cantando: “Hosana ao Filho de Davi!” Toda a Semana é marcada por um clima de penitência e de humildade, através do qual os fiéis abrem seu coração diante de Deus, para que o Divino Salvador cubra com sua misericórdia a multidão de nossos pecados.
A Quinta-feira Santa celebra a instituição da Eucaristia e revive em nossas igrejas o Cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia. A Sexta-feira da Paixão é assinalada por um momento de dolorosa intensidade, quando, às três horas da tarde, lembramos aquelas três horas da tarde do dia 14 de Nisan, em que a cruz se plantou no alto do Calvário em Jerusalém, e o Redentor deu sua vida pela salvação do mundo. Nessa hora a comunidade cristã se reúne na igreja e se celebra uma especial Ação Litúrgica solene, feita de leituras, orações e adoração da Cruz. E a tarde e a noite dessa mesma Sexta- feira é ainda significativamente marcada pelas celebrações de cunho popular: o Descendimento da cruz, e a Procissão do enterro, quando as ruas das cidades se transformam em multiplicados cortejos de cantos e orações, como que santificando todo o ambiente em que o povo mora e trabalha. E, quando a noite já vai alta no seu curso, ressoam ainda os ecos do cântico da Verônica, convidando a chorar os infinitos sofrimentos de Jesus: “O vos omnes…” -Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.
Vem depois o respeitoso silêncio do Sábado Santo, comemorando o sepulcro do Senhor, onde Ele “repousou”, como repousa o operário cansado, para despertar na madrugada do primeiro dia da semana, esse dia que por isso passou a se chamar “domingo”, isto é, “o dia do Senhor”. Por isso mesmo, a noite do Sábado é iluminada pela gloriosa Vigília Pascal, com toda a riqueza das cerimônias de que ela se compõe: a bênção do fogo e do círio pascal; a riquíssima liturgia da Palavra, do Antigo Testamento e do Novo, terminando com a proclamação do evangelho da Ressurreição de Jesus; a bênção da água do batismo e a eventual celebração de alguns batizados; e a solene Eucaristia da Ressurreição. E essa alegria pascal se prolonga porto do o Domingo de Páscoa, até a recitação das Vésperas no fim do dia.
Os fiéis, hoje mais informados sobre as riquezas da Liturgia, sabem que o núcleo principal da Semana Santa é o Tríduo pascal- o sacratíssimo Tríduo do Crucificado, do Sepultado e do Ressuscitado, como nos ensina Santo Agostinho. Esse Tríduo se inicia com a missa vespertina da Ceia do Senhor na Quinta-feira e se estende até a Oração da Tarde do Domingo da Páscoa, quando se conclui.
E esses mesmos fiéis mais informados sabem que cada missa comemora e revive o Mistério Pascal do Senhor, – isto é, sua Morte e Ressurreição – pelo qual, morrendo, Ele destruiu nossa Morte, e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso mesmo, a Eucaristia é o centro e o ápice da Liturgia e de toda a vida da Igreja.
Já foi observado muito oportunamente que a posição de Jesus de braços abertos no alto da Cruz, não era apenas porque suas mãos estavam pregadas no madeiro. Queria significar também o gesto do orante, de braços abertos, rezando por toda a humanidade. A mais séria e a mais solene de todas as orações do mundo: o próprio sacrifício de adoração, de ação de graças e de propiciação que Jesus, Homem verdadeiro, representando todos os homens de todos os tempos, oferecia ao Pai celeste. Como que comemorando o momento dessa solene oração, a Liturgia coloca na Ação Liturgica das três horas da tarde da Sexta-feira da Paixão, aquela que se chama “Oração Universal”. Nela a comunidade orante reza por todas as intenções do mundo: pela Igreja, pelo Papa, pelo Clero e pelos Leigos, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus -OS primeiros a quem Deus falou -, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, pelos poderes públicos, e por todos os – que sofrem provações. É como que a misericórdia da Igreja, sombra da misericórdia de Jesus sobre o mundo, rezando por toda a humanidade. Nunca se poderá louvar bastante a sabedoria que inspirou essa oração.
LEITURAS DO DOMINGO DE RAMOS -ANO A:
1a) 1S 50,4-7
2a) Flp 2,6-11
3a) Mt 26, 14-27, 1-66

REZANDO COM O EVANGELHO DE DOMINGO DE RAMOS – ANO B

Meus irmãos. Com o Domingo de Ramos entramos na Semana Santa, também chamada de Semana Maior, já que nessa semana acontecem os maiores fatos da história da Salvação. Nestes dias vamos celebrar a paixão e morte e ressurreição de Jesus Cristo.

As leituras desta liturgia se misturam em dois fatos: A entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, como rei pacífico e libertador do homem e sua paixão e morte, como geradoras de libertação e de paz. Então a história da paixão e morte não é apenas a história da paixão e morte de Jesus. È também a nossa história. É também assunto nosso, porque Jesus morre por nós e nesse seu comportamento de doação até o extremo, ele se torna modelo de doação e de combate a tudo o que se opõe à construção do Reino de Deus.

Por conseguinte, esta semana , não pode ser santa apenas de nome, nem somente uma repetição de fatos passados ou de coisas conhecidas. Não podemos, nem devemos nesses dias olhar apenas para os fatos históricos. È preciso neles enxergar o sentido salvador que trazem. Temos de viver a semana santa, comparar a nossa vida, com a vida de Jesus, pois o cristão deve ser um outro cristo.

Vamos nestes dias celebrar e reviver o que aconteceu com Jesus há dois mil anos. A paixão e morte de Jesus ainda não terminou. Cristo continua sofrendo as dores dos homens. O caminho do calvário ainda existe. O caminho do calvário passa por nossas cidades, corta as nossas ruas e atravessa as nossas casas. Portanto, nessa semana não iremos apenas recordar o que se passou com Cristo, mas reviver este acontecimento que se prolonga através dos séculos.

Nós iniciamos a Semana Santa com a benção dos ramos. O ramo é símbolo da paz . Com isso nós queremos dizer que queremos dizer que somos gente de Paz, queremos construir a paz, ser pessoas de paz nesse mundo tão conturbado e sem paz.

Os ramos também enfeitam a imagem dos mártires. Ao mesmo tempo que nos fala de sofrimento, também nos fala de vitória. Ao levarmos conosco estes ramos queremos expressar a nossa adesão, a nossa entrega à pessoa de Jesus Cristo. Queremos também abraçar a causa de Jesus, ser suas testemunhas pela aplicação de seus ensinamentos na nossa vida prática.

Este Domingo de Ramos é, por assim dizer o resumo de toda a semana santa, porque faz a gente passar da alegria do triunfo passageiro de Jesus Cristo para as dores e sofrimento de sua paixão e morte, e ao mesmo tempo nos dá a certeza da ressurreição. É por isso que penso que este Evangelho de hoje t em muito a ver com a nossa vida. E é por isso que não basta que ele seja lido, ou escutado, mas deve ser rezado e meditado, colocá-los na nossa vida, vivenciá-los.

Este evangelho tem muito a ver conosco, com a nossa vida. Como Jesus teve aqueles momentos de alegria na entrada triunfal em Jerusalém, assim nós também temos nossas alegria nas verdadeiras amizades (especialmente com os nossos novos e antigos internautas que Deus está colocando em minha vida através desses cursos) nas nossas famílias, nas nossas comunidades, nas nossas festas, nas nossas atividades religiosas e nos nossos trabalhos.

Como Jesus teve seus momentos de sofrimentos e de tristezas, ao ser preso, julgado, caluniado e assassinado no alto da cruz, assim também temos nossos sofrimentos, nossas dores, nossas tristezas com as cruzes de cada dia que Deus nos proporciona.

É bom que a gente saiba que a nossa vida é assim mesmo, cheia de dicotomia: “ alegria e tristeza, noite e dia , de humilhação e glorificação; alegria e tristeza, saúde e doença, de vida e morte, de pecado e graça. É importante que cada um de nós viva e reflita sobre este mistério: Mistério de morte e vida e essas duas coisas se juntam para fazer o mistério da vida cristã. E cada um de nós sofre, contempla e vive esse mistério: Mistério de luz e de trevas, de morte e de vida, de graça e pecado.
Somos, por conseguinte, convidados a aprender com Jesus Cristo a aceitar e assumir a nossa vida como ele é, com suas dores e dificuldades, com suas vitórias e fracassos, descobrindo em tudo a mensagem de Deus que é Pai e que nos leva sempre para o bom caminho.

CONCLUSÃO
De tudo o que falamos deste Domingo de ramos que é o resumo da Semana Santa- tempo de Deus, podemos tirar uma conclusão importante:
Esta Semana só pode ser Santa, a partir das nossas atitudes. Porque para muita gente nem folcloricamente ela é santa, porque passam-na longe da Igreja, longe da oração, longe de Deus, ou numa fazenda, ou numa praia, aproveitando o descanso que a que nos concede.
Vamos , pois , fazer desta semana um tempo de reflexão e de oração, mas também um tempo de luta e de esforço para que a vida seja mais parecida com Jesus e para que lutemos contra o egoísmo que escraviza e trabalhemos com todas as nossas força para que o amor de Cristo reine aqui na nossa comunidade e na minha casa.
Amém!

Semana Santa, Tempo de Deus – Um vídeo mais completo e lindo sobre a Semana Santa – Confira –

SEMANA SANTA- TEMPO DE DEUS- VÍDEO LINDO DEMAIS – PADRE LUCAS

Na roda do tempo chega a Semana Santa. E, por isso mesmo, somos solenemente convocados nessa noite ao compromisso de viver em comunhão com os irmãos, “a sermos um só corpo, já que nos alimentamos desse único pão.(Ibid. v.17) E aí está para dar entrada o Domingo de ramos. A pequena multidão que acompanhou Jesus, descendo do Olivete para Jerusalém, está presente multiplicada em infinitas outras multidões, repetindo com alegria a mesma cena. Lá mesmo em Jerusalém se estará renovando o piedoso ritual, com os ramos de palmeiras e de oliveiras brotadas da mesma terra e sobre o mesmo sol e no mesmo clima em que Jesus caminhou naquela longínqua manhã dos tempos de Tibério, Herodes e de Pilatos. E nós aqui em cada canto desta terra religiosa de Minas, como em todo o Brasil e em todas as Igrejas cristãs do Oriente e do Ocidente, estaremos relembrando e celebrando esse momento de triunfo que forçou a entrada da Semana da Paixão do Senhor. É bom caminhar com Deus todos os dias de nossa vida.

E SEMANA SANTA É, PARTICULARMENTE TEMPO DE DEUS. Na Quinta-Feira Santa começa o chamado “Tríduo Pascal”. É o novo mandamento – mandatum novum- que Jesus proclamou nessa hora, quando também em gesto de humildade e de serviço lavou os pés de seus discípulos. Inclusive como comenta um elegante escritor “para livrar aqueles pés da poeira da estrada antiga e dar-lhe a liberdade da estrada nova”. (Gibran) Foi nessa Quinta-feira que nasceu a missa e o sacerdócio. E, quando reunirmos para a celebração eucarística dessa noite; estaremos cumprindo um ritual de recordação e de renovação. É uma ceia comemorativa. Mas com o sentido muito mais alto do que o que se verifica quando um grupo de amigos se reúne para lembrar um amigo ausente. A lembrança é aí, às vezes tão viva que parece que o amigo está presente. Mas aqui o AMIGO se torna presente mesmo! Ele é o invisível anfitrião, e se une aos amigos da forma mais íntima possível, sob os sinais do pão e do vinho que Ele mesmo escolheu e marcou, renovando em cada missa a presença e a eficácia de sua morte e do mistério da redenção: “ O cálice que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo; e o pão que repartimos é a comunhão do Corpo de Cristo{1 Cor. 10,16). Dentro da grande Sexta-Feira haverá um imenso respeito cheio de fé, caminhando com Cristo para o calvário na Via Sacra, ou celebrando as Sete Palavras, ou que participando, às três horas da tarde, da grande celebração da Paixão do Senhor, ou ainda caminhando pelas ruas na tradicional procissão do Senhor Morto hora de proveitosa meditação, sobre os nossos compromissos com Aquele que deu a sua vida por nós. Sabemos que, ao lado dos amigos fiéis, haverá nesse dia muita gente indiferente, como havia nas ruas de Jerusalém, quando passou por elas o grande cortejo… Houve até gente cheia de ódio, fazendo parte dos que lançaram a sentença de morte sobre o Santo e o Justo, do qual o próprio Pôncio Pilatos declarou cinco vezes que nEle não encontrara culpa alguma. É claro que nem de longe quereríamos pertencer a este grupo. Mas também para eles, Deus oferece o Perdão. E vamos pedi-lo, lembrando a grande palavra de Cristo na agonia: “Pai, perdoai- lhes, por que não sabem o que fazem!” Na noite de sábado a grande Vigília Pascal, “a Mãe de todas as santas vigílias”, como a classifica Santo Agostinho- “na qual a Igreja espera vigilante a ressurreição e a proclama nos sacramentos” (Calendário Romano) – verá acender-se o fogo, como semente brotada da pedra, celebrando o Cristo que ressurge vivo da pedra do sepulcro. E veremos a Igreja inteira receber a luz do Círio Pascal e proclamaremos entre aleluias a grande notícia sempre antiga sempre nova: Cristo ressuscitou! A Ressurreição é o ponto alto da Semana Santa. O centro da nossa fé. Ela é que deu sentido ao mundo, que perdera o sentido envolto nas trevas do pecado e da desesperança. Nesta noite tem imenso significado a renovação das promessas do batismo e a aspersão da água recém – santificada, sobre o povo, recordando o batismo recebido um dia. Pelo batismo – e o cristão sabe disso – nós nos associamos ao Cristo ressuscitado. É a nova vida que nasce em nós e que crescerá até a plenitude, quando passarmos do tempo para a eternidade. A alegria da ressurreição iluminará todo o tempo da páscoa e se prolongará por sete semanas, “como se fosse um só e longo Domingo”, até a festa de pentecostes, no qüinquagésimo (50º) dia. Só nos resta desejar que a fé e a oração dos cristãos na Semana Santa ajudem o mundo a levantar o coração para o alto. Para Deus. A fim de que não pereçam os valores mais profundos, que o materialismo vai tentando abafar. E reine na terra a alegria e a paz! “Esse é o dia que o Senhor fez, esse dia por excelência, é o dia do Senhor”.

 

REZANDO COM O EVANGELHO DO DIA
(LECTIO DIVINA)
Reflexões de PE Lucas de Paula Almeida,

DOMINGO DE RAMOS – ANO B- A GRANDE SEMANA

Tenho certeza de estar proclamando aquilo que está no mais profundo da consciência da Igreja, ao afirmar que a Semana Santa é o tempo mais bendito do calendário dos cristãos. É tudo muito nobre e muito sagrado!

O triunfo de Ramos no domingo da abertura da Semana comemora a entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, quando já era tarde para continuar a guardar segredo a respeito de sua condição de Messias, e o Divino Mestre aceitou que o povo se expandisse nas suas manifestações de alegria, cantando: “Hosana ao Filho de Davi!”

Toda a Semana é marcada por um clima de penitência e de humildade, através do qual os fiéis abrem seu coração diante de Deus, para que o Divino Salvador cubra com sua misericórdia a multidão de nossos pecados. A Quinta-feira Santa celebra a instituição da Eucaristia e revive em nossas igrejas o Cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia.

A Sexta-feira da Paixão é assinalada por um momento de dolorosa intensidade, quando, às três horas da tarde, lembramos aquelas três horas da tarde do dia 14 de Nisan, em que a cruz se plantou no alto do Calvário em Jerusalém, e o Redentor deu sua vida pela salvação do mundo. Nessa hora a comunidade cristã se reúne na igreja e se celebra uma especial Ação Litúrgica solene, feita de leituras, orações e adoração da Cruz.

E a tarde e a noite dessa mesma Sexta- feira é ainda significativamente marcada pelas celebrações de cunho popular: o Descendimento da cruz, e a Procissão do enterro, quando as ruas das cidades se transformam em multiplicados cortejos de cantos e orações, como que santificando todo o ambiente em que o povo mora e trabalha. E, quando a noite já vai alta no seu curso, ressoam ainda os ecos do cântico da Verônica, convidando a chorar os infinitos sofrimentos de Jesus: “O vos omnes…” -Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.
Vem depois o respeitoso silêncio do Sábado Santo, comemorando o sepulcro do Senhor, onde Ele “repousou”, como repousa o operário cansado, para despertar na madrugada do primeiro dia da semana, esse dia que por isso passou a se chamar “domingo”, isto é, “o dia do Senhor”. Por isso mesmo, a noite do Sábado é iluminada pela gloriosa Vigília Pascal, com toda a riqueza das cerimônias de que ela se compõe: a bênção do fogo e do círio pascal; a riquíssima liturgia da Palavra, do Antigo Testamento e do Novo, terminando com a proclamação do evangelho da Ressurreição de Jesus; a bênção da água do batismo e a eventual celebração de alguns batizados; e a solene Eucaristia da Ressurreição. E essa alegria pascal se prolonga porto do o Domingo de Páscoa, até a recitação das Vésperas no fim do dia.

Os fiéis, hoje mais informados sobre as riquezas da Liturgia, sabem que o núcleo principal da Semana Santa é o Tríduo pascal- o sacratíssimo Tríduo do Crucificado, do Sepultado e do Ressuscitado, como nos ensina Santo Agostinho. Esse Tríduo se inicia com a missa vespertina da Ceia do Senhor na Quinta-feira e se estende até a Oração da Tarde do Domingo da Páscoa, quando se conclui.

E esses mesmos fiéis mais informados sabem que cada missa comemora e revive o Mistério Pascal do Senhor, – isto é, sua Morte e Ressurreição – pelo qual, morrendo, Ele destruiu nossa Morte, e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso mesmo, a Eucaristia é o centro e o ápice da Liturgia e de toda a vida da Igreja.

Já foi observado muito oportunamente que a posição de Jesus de braços abertos no alto da Cruz, não era apenas porque suas mãos estavam pregadas no madeiro. Queria significar também o gesto do orante, de braços abertos, rezando por toda a humanidade. A mais séria e a mais solene de todas as orações do mundo: o próprio sacrifício de adoração, de ação de graças e de propiciação que Jesus, Homem verdadeiro, representando todos os homens de todos os tempos, oferecia ao Pai celeste.

Como que comemorando o momento dessa solene oração, a Liturgia coloca na Ação Liturgica das três horas da tarde da Sexta-feira da Paixão, aquela que se chama “Oração Universal”. Nela a comunidade orante reza por todas as intenções do mundo: pela Igreja, pelo Papa, pelo Clero e pelos Leigos, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus -OS primeiros a quem Deus falou -, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, pelos poderes públicos, e por todos os – que sofrem provações. É como que a misericórdia da Igreja, sombra da misericórdia de Jesus sobre o mundo, rezando por toda a humanidade. Nunca se poderá louvar bastante a sabedoria que inspirou essa oração.

LEITURAS DO DOMINGO DE RAMOS -ANO A:
1a) 1S 50,4-7
2a) Flp 2,6-11
3a) Mt 26, 14-27, 1-66

DOMINGO DE RAMOS – ANO B CAMINHANDO PARA O TEMPLO
https://www.youtube.com/watch?v=bzt_rfwCTBQ&t=685s&ab_channel=CNBBPadreLucas
Já tive ocasião de comentar mais de uma vez aquela passagem das Lamentações – que a tradição costumava atribuir a Jeremias – em que o profeta e poeta bíblico chora a desolação em que ficou Jerusalém, destruída pelo exército de Nabucodonosor, no ano de 586 A.C.: “Os caminhos de Sião estão de luto, porque ninguém passa por eles para ir às solenidades” (Lm 1, 4). Não se vêem mais aqueles milhares de peregrinos que, nas grandes festas, se dirigiam a Jerusalém, enchendo os caminhos de cantos de alegria, dando graças pela fartura das colheitas realizadas e pedindo a bênção do céu para a semeadura do ano seguinte. Era como se a força da religião ritmasse os passos do povo. Sentia-se quanto estava viva nos corações a fé. Só mesmo a violência do inimigo pôde impedir tão belo canto de louvor a Deus.
Porém, ao ler essas palavras, eu sempre me volto com alegria para a realidade de nossa terra. Bem diversa dos caminhos solitários da Jerusalém arrasada. E fico contemplando com os olhos do espírito esse espetáculo tão consolador: ruas e caminhos repletos de gente que vai para a igreja. Antes de tudo, nos domingos. Sobretudo nas comunidades do interior, cujas horas são marcadas pelo sino da torre da igreja – “sino, coração da aldeia…” E nas noites de maio. E na festa do “Corpo de Deus”. E de maneira especialíssima na Semana Santa: a procissão de Ramos, a procissão do Encontro, a procissão do Enterro, e a alegre procissão da Ressurreição na madrugada do domingo de Páscoa. É uma época em que a religiosidade popular, sabiamente aproveitada por zelosos pastores, marca saudavelmente o ambiente cristão de nossa terra. Mas – é claro! – essas manifestações de cunho popular não obscurecem o valor das cerimônias propriamente litúrgicas da Grande Semana. E o povo cristão vai aprendendo a viver cada vez mais densamente toda a riqueza dos ritos do Tríduo Pascal: desde a celebração da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, depois a nobre majestade da liturgia das três horas da tarde da Sexta feira da Paixão, a grande Vigília Pascal da noite de Sábado Santo – a mãe do todas as vigílias, no dizer de Santo Agostinho _ e o desabrochar da plenitude da festa na liturgia do Domingo de Páscoa. É tudo tão denso de ensinamento! Uma riquíssima catequese, que Impressionava os cristãos desde os primeiros séculos. Entre eles, a famosa monja francesa Etéria, do quarto século, que acompanhou toda a Iiturgia da Semana Santa em Jerusalém, e descreve tudo com infinito encantamento na sua “Peregrinação aos Santos Lugares”, encontrada num manuscrito do século XI e publicada em 1887, com grande proveito para o conhecimento da geografia da Terra Santa e da praxe litúrgica daqueles tempos. Porém o sentido de ensinamento e de catequese não é o principal da Liturgia. Ela é, antes de tudo, celebração e memoria!. O memorial da Redenção, como está sintetizado com felicidade nas “Normas do Ano Litúrgido e do Calendário”: “Cristo realizou a Redenção do gênero humano e a perfeita glorificação de Deus principalmente por meio de seu mistério pascal!. Nesse mistério, morrendo, destruiu nossa morte e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso, o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e da Ressurreição do Senhor se nos apresenta como o ponto culminante de todo o ano litúrgico. A preeminência que tem em cada semana o dia do Senhor ou domingo, tem-na no ano litúrgico a solenidade da Páscoa” (nº 18). Celebrar a Semana Santa é reviver aquilo que constitui o coração da História: o mundo salvo por Cristo. Pela sua obediência até à morte na cruz. Obediência que lhe valeu a glorificação: o patíbulo da condenação transformado num estandarte de vitória _ “Vexilla Regis” – e o nome de Jesus feito o nome mais glorioso de todos os nomes, diante do qual se dobram todos os joelhos, no céu, na terra e nos abismos da morte (Cfr FI 2, 10). Celebrar a Semana Santa é desvendar a imensidão do amor de Deus Pai, que deu seu Filho pela redenção do mundo. E é saber exclamar com São Paulo: “Longe de mim gloriar-me de qualquer outra coisa que não seja a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (GI 6, 14). E é saborear toda a beleza deste canto de vitória: “0 Senhor ressuscitou de verdade. Aleluia!” LEITURAS do Domingo de Ramos – Ano B: 1ª – Is 50. 4-7. 2ª – Fl 2. 6-11. 3ª – Mc 14,1-15,47

Domingo de Ramos -ANO C:  ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM

A GRANDE SEMANA

Não há povo que não celebre sua história. Para renovar a alegria dos triunfos e para retomar a coragem para a vitória contra os reveses. E, como se pode verificar desde tempos imemoriais, prevalece nessas celebrações o aspecto cultual.

As festas são sobretudo festas religiosas. Porque no mais íntimo da consciência humana está a certeza da presença da divindade – concebida segundo a diversidade das concepções das várias culturas – guiando os acontecimentos humanos.

Isto é evidente sobretudo no povo de Israel, cuja história é como que escrita por Deus. E sua principal festa comemorativa é a páscoa, quando celebram a grande gesta do povo: sua libertação da escravidão do Egito, a vida nômade no deserto durante quarenta anos, o encontro de Moisés com Deus no Monte Sinai e a celebração da aliança de Javé com o povo, a entrada na Terra Prometida.

Ao celebrar a Páscoa, segundo um ritual cuidadosamente organizado, em que sobressaía a imolação do cordeiro pascal, o povo tinha a consciência de não apenas estar celebrando um acontecimento longínquo, mas de sentir-se de novo envolvido pela ação de Deus salvador em favor da nação. E assumiam a atitude religiosa que tinham vivido seus antepassados ao sair do Egito. Eles eram o povo de Deus e o Senhor era o Deus do povo.

Ainda no ritual moderno dos judeus pode-se ler o seguinte: “Em todas as gerações cada um deve considerar-se como tendo saído pessoalmente do Egito. ..O Santo dos Santos – que Ele seja louvado – libertou não somente nossos antepassados, mas também a nós com eles” (cfr ADOLF ADAM -“O Ano Litúrgico”, pag. 18).

Nós somos os herdeiros da Páscoa dos judeus. Os acontecimentos narrados no livro do Êxodo são prelúdio da obra salvífica realizada por Cristo. Ele é o novo Cordeiro pascal, que tira os pecados do mundo. Moisés libertou o povo da escravidão do Egito. Jesus liberta o mundo da escravidão do pecado e de todos os males. Sua Morte

e sua Ressurreição – o mistério pascal – são o centro de nossa história.

E é isso que celebramos com nobre solenidade na Semana Santa, relembrada, aliás, de maneira mais simples em cada domingo do ano, como ainda em cada celebração eucarística: “todas as vezes que celebramos este sacrifício, torna-se presente a nossa Redenção” (lit. do II domingo do T. Comum).

É uma celebração que atualiza o acontecimento do passado, uma vez que a doação sacrifical de Cristo no Calvário permanece viva e atuante no Homem-Deus glorificado, “que vive para sempre para interceder por nós” (Hb 7, 25).

É por tudo isso que vemos com alegria chegar a Semana Santa. É a celebração festiva do major acontecimento de nossa história -a História da Salvação. E ficamos felizes por ver o interesse que nossas comunidades de fiéis dedicam a essa celebração. Na sua maneira característica da religiosidade popular, querem reviver o grande drama da Paixão e Ressurreição do senhor.

Talvez não tenham aquela penetração teológica que gostaríamos de ver em todos, mas cada gesto humilde de sua participação nessas celebrações tem, sem dúvida, imenso valor diante de Deus. E se vai alimentando na comunidade a fé nos grandes mistérios, que correm o perigo de ficar esquecidos no turbilhão de preocupações que povoam o espírito dos homens deste final de segundo milênio.

As pessoas que acompanham as procissões do Encontro e do Senhor Morto, de certo modo se estão incorporando ao pequeno grupo dos fiéis discípulos que acompanharam o Divino Salvador na subida ao Calvário e lhe assistiram à morte e ao sepultamento.

E – graças, sobretudo, à maior conscientização sobre o valor total da Semana Santa – participam com viva alegria na celebração da Vigília Pascal e cantam com pleno júbilo os aleluias pela Ressurreição do Senhor. Todos estão sabendo que a Semana Santa não acaba na sexta- feira. Seu ponto culminante é a celebração da Ressurreição.

Na sexta-feira da Paixão, a liturgia canta uma antífona tirada da carta de Paulo aos Filipenses: “Cristo se fez por nós obediente até à morte, e morte de cruz”.

No sábado santo, repete a antífona, acrescentando a segunda parte do texto de São Paulo: “Por isso Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima de todos os nomes” (FL 2, 8-9). É toda a semana Santa!

LEITURAS do Domingo de Ramos – Ano C:

1a) Is 50, 4-7

2a) FI 2,6-11

3a) Lc 22, 14-23, 36

 A GRANDE SEMANA

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Mc 14,1-15,47 – Domingo de Ramos

Caminhando para o templo

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

DOMINGO DE RAMOS – ANO B
CAMINHANDO PARA O TEMPLO

Já tive ocasião de comentar mais de uma vez aquela passagem das Lamentações – que a tradição costumava atribuir a Jeremias – em que o profeta e poeta bíblico chora a desolação em que ficou Jerusalém, destruída pelo exército de Nabucodonosor, no ano de 586 A.C.: “Os caminhos de Sião estão de luto, porque ninguém passa por eles para ir às solenidades” (Lm 1, 4). Não se vêem mais aqueles milhares de peregrinos que, nas grandes festas, se dirigiam a Jerusalém, enchendo os caminhos de cantos de alegria, dando graças pela fartura das colheitas realizadas e pedindo a bênção do céu para a semeadura do ano seguinte. Era como se a força da religião ritmasse os passos do povo. Sentia-se quanto estava viva nos corações a fé. Só mesmo a violência do inimigo pôde impedir tão belo canto de louvor a Deus.

Porém, ao ler essas palavras, eu sempre me volto com alegria para a realidade de nossa terra. Bem diversa dos caminhos solitários da Jerusalém arrasada. E fico contemplando com os olhos do espírito esse espetáculo tão consolador: ruas e caminhos repletos de gente que vai para a igreja. Antes de tudo, nos domingos. Sobretudo nas comunidades do interior, cujas horas são marcadas pelo sino da torre da igreja – “sino, coração da aldeia…” E nas noites de maio. E na festa do “Corpo de Deus”. E de maneira especialíssima na Semana Santa: a procissão de Ramos, a procissão do Encontro, a procissão do Enterro, e a alegre procissão da Ressurreição na madrugada do domingo de Páscoa. É uma época em que a religiosidade popular, sabiamente aproveitada por zelosos pasto¬res, marca saudavelmente o ambiente cristão de nossa terra.
Mas – é claro! – essas manifestações de cunho popular não obscurecem o valor das cerimônias propriamente litúrgicas da Grande Semana. E o povo cristão vai aprendendo a viver cada vez mais densamente toda a riqueza dos ritos do Tríduo Pascal: desde a celebração da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-feira Santa, depois a nobre majestade da liturgia das três horas da tarde da Sexta feira da Paixão, a grande Vigília Pascal da noite de Sábado Santo – a mãe do todas as vigílias, no dizer de Santo Agostinho _ e o desabrochar da plenitude da festa na liturgia do Domingo de Páscoa. É tudo tão denso de ensinamento! Uma riquíssima cate¬quese, que Impressionava os cristãos desde os primeiros séculos. Entre eles, a famosa monja francesa Etéria, do quarto século, que acompanhou toda a IIturgia da Semana Santa em Jerusalém, e descreve tudo com infinito encantamento na sua “Peregrinação aos Santos Lugares”, encontrada num manuscrito do século XI e publicada em 1887, com grande proveito para o conhecimento da geografia da Terra Santa e da praxe litúrgica daqueles tempos.

Porém o sentido de ensinamento e de catequese não é o principal da Liturgia. Ela é, antes de tudo, celebração e memoria!. O memorial da Redenção, como está sintetizado com felicidade nas “Normas do Ano Litúrgido e do Calendário”: “Cristo realizou a Redenção do gênero humano e a perfeita glorificação de Deus principalmente por meio de seu mistério pascal!. Nesse mistério, morrendo, destruiu nossa morte e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso, o sagrado Tríduo Pascal da Paixão e da Ressurreição do Senhor se nos apresenta como o ponto culminante de todo o ano litúrgico. A preeminência que tem em cada semana o dia do Senhor ou domingo, tem-na no ano litúrgico a solenidade da Páscoa” (nº 18).

Celebrar a Semana Santa é reviver aquilo que constitui o coração da História: o mundo salvo por Cristo. Pela sua obediência até à morte na cruz. Obediência que lhe valeu a glorificação: o patíbulo da condenação transformado num estandarte de vitória _ “Vexilla Regis” – e o nome de Jesus feito o nome mais glorioso de todos os nomes, diante do qual se dobram todos os joelhos, no céu, na terra e nos abismos da morte (Cfr FI 2, 10). Celebrar a Semana Santa é desvendar a imensidão do amor de Deus Pai, que deu seu Filho pela redenção do mundo. E é saber exclamar com São Paulo: “Longe de mim gloriar-me de qualquer outra coisa que não seja a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (GI 6, 14). E é saborear toda a beleza deste canto de vitória: “0 Senhor ressuscitou de verdade. Aleluia!”

LEITURAS do Domingo de Ramos – Ano B:
1ª – Is 50. 4-7.
2ª – Fl 2. 6-11.
3ª – Mc 14,1-15,47.

Mc 11,1-10 – Manifestação popular no Domingo de Ramos

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

28 de março de 2021

Leia a reflexão sobre Marcos 11,1-11, t

Quando só se pensa em messias como rei glorioso, Jesus, o empregado de todos, vem montado num animal de carga.

ABRIR OS OLHOS PARA VER

Esse texto fala da grande manifestação popular em favor de Jesus no Domingo de Ramos. Sentado num jumento, animal de carga, Jesus entra em Jerusalém, capital do seu povo. Os discípulos, as discípulas e o povo peregrino, vindos da Galileia, o aclamam como messias. Mas o povo da capital não participa. Apenas assiste, e as autoridades nem aparecem. A peregrinação termina na praça do Templo, a praça dos poderes. Parece uma passeata que termina diante da catedral e do Palácio do Planalto. Também hoje há manifestações populares. As suas reivindicações revelam o sofrimento do povo e a sua indignação frente às injustiças. Nem todos participam, pois têm medo. A maioria apenas assiste.

SITUANDO

Finalmente, após uma longa caminhada de mais de 140 quilômetros, desde a Galileia até Jerusalém, a peregrinação está chegando ao seu destino. Tudo se passa em Jerusalém, símbolo central da religião judaica (Sl 122,3). Aclamado pelo povo peregrino, ele entra na cidade montado num jumentinho, animal de carga.

A caminhada de Jesus e de seus discípulos era também a caminhada das comunidades no tempo em que Marcos escrevia o seu evangelho: seguir Jesus, desde a Galileia até Jerusalém, desde o lago até o calvário, com a dupla missão de denunciar os donos do poder que preparam a cruz para quem os desafia e de anunciar ao povo sofrido a certeza de que um mundo novo é possível. Esta mesma caminhada continua até hoje.

COMENTANDO  

Marcos 11,1-3: A chegada a Jerusalém

Jesus vem caminhando, como peregrino em meio à peregrinação! O ponto final é o Templo, onde, segundo a tradição, mora Deus! Em Betânia, ele faz uma parada. Betânia significa Casa da Pobreza. Era um povoado pobre fora da cidade, do outro lado do Monte das Oliveiras. De lá, Jesus organiza e prepara a sua entrada na cidade. Ele manda os discípulos buscar um jumentinho, um jegue, animal de carga, para poder realizar um gesto simbólico.

 Marcos 11,4-6: A ajuda dos discípulos e das discípulas

Os discípulos fazem como Jesus tinha mandado, e tudo acontece conforme o previsto. Eles encontram o jumentinho e o levam até Jesus. E alguns dos que ali se encontravam perguntaram: “Por que vocês estão soltando o jumentinho?” E eles responderam: “Jesus está precisando!” Todos nós somos como o jumentinho, animal de carga. Jesus precisa de nós.

Marcos 11,7-10: A entrada solene na Cidade Santa

Jesus monta o jumentinho e entra na cidade, aclamado pela multidão de peregrinos e pelos discípulos. Na cabeça deles está a ideia do messias rei glorioso, filho de Davi! Eles acreditam que, finalmente, o Reino de Davi tenha chegado e gritam: “Bendito o Reino que vem de nosso pai Davi!” Jesus aceita a homenagem, mas com reserva (cf. Marcos 12,35-37; Aliás, conforme Lucas 19,28-38  e João 12,12-16, nos relatos da entrada solene em Jerusalém, é omitida a referência a Davi). Montado no jumentinho, ele evoca a profecia de Zacarias que dizia: “Teu rei vem a ti, humilde, montado num jumento. O arco de guerra será eliminado” (Zacarias 9,9-10). Jesus aceita ser o messias, mas não o messias rei glorioso e guerreiro que os discípulos imaginavam. Ele se mantém no caminho do serviço, simbolizado pelo jumentinho, animal de carga. Jesus ensina agindo. Os discípulos, que procurem entender o gesto de Jesus, mudem de ideia e se convertam!

ALARGANDO

As peregrinações do povo e os salmos de peregrinação

As peregrinações para Jerusalém se faziam três vezes ao ano, nas três grandes festas: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos (cf. Êxodo 23,14.17). Dos lugares mais distantes, os peregrinos vinham caminhando. Alguns faziam cinco, seis ou mais dias de viagem. Vinham para Jerusalém, a capital, “a cidade grande e bela, para onde tudo converge” (cf. Salmo 122,3-4). As peregrinações eram momentos de confraternização e de muita alegria: “Fiquei foi contente, quando me disseram: Vamos para a Casa do Senhor!” (Salmo 122,1). Nestas longas viagens, o povo rezava e cantava os Salmos de Peregrinação. Jesus também os rezou, junto com os peregrinos da Galileia, nesta sua última peregrinação para a Casa de Deus, em Jerusalém.

Os “Salmos de Peregrinação” formam uma coleção de 15 salmos dentro do saltério, do Salmo 120 até o Salmo 134. São salmos pequenos. O povo os rezava quando subia para o Templo de Jerusalém em peregrinação. Por isso, chamados “Cânticos das Subidas”. Eles diziam: “Vinde! Vamos subir ao Monte de Javé!” (Isaías 2,3). “Vamos subir a Sião, a Javé, nosso Deus!” (Jeremias 31,6). Apesar de pequenos, os Salmos de Peregrinação possuem uma grande riqueza. São uma amostra de como o povo rezava e se relacionava com Deus. Eles ajudam o povo a perceber os traços de Deus nos fatos da vida. Transformam tudo em prece, mesmo as coisas mais comuns da vida de cada dia. De um jeito bem simples, revelam a dimensão divina do quotidiano. Ajudam a perceber e a rezar a dimensão divina do humano. Também eram chamados “Cânticos dos Degraus”. Provavelmente por causa da majestosa escadaria de 15 degraus que dava acesso ao Templo de Jerusalém. Daí, talvez, a razão de a coleção ter exatamente 15 salmos. A subida pelos 15 degraus da escadaria do Templo era uma imagem e um resumo da própria peregrinação, desde o povoado até Jerusalém. A peregrinação era um símbolo ou uma imagem da caminhada de cada pessoa em direção a Deus.

Quando, finalmente, após longa caminhada, o peregrino chega ao Templo e experimenta algo da presença de Deus, as palavras já não bastam para dizer o que se vive. Então, o gesto das mãos completa o que falta nas palavras. Isto transparece nos Salmos de Peregrinação. Assim, no último salmo, gesto e palavra se unem para expressar o que se vive: “Levantem as mãos para o santuário e bendigam a Javé!” (Sl 134,2).

Ao longo dos Salmos de Peregrinação, os mesmos pensamentos e sentimentos aparecem e reaparecem, do começo ao fim. Eles indicam a direção da oração, o rumo do Espírito. Eis uma lista que pode servir como chave de leitura para nós.

  1. O pano de fundo que percorre estes salmos é a experiência libertadora do Êxodo e do Exílio;
  2. São orações em que agricultores expressam e rezam a sua vida e os seus problemas;
  3. Transparece nas imagens usadas uma situação de violenta opressão e de exploração do povo;
  4. Em alguns destes salmos, se passa do eu para o nós, o que revela a integração na comunidade;
  5. Neles se expressa a alegria intensa da confraternização dos peregrinos em Jerusalém;
  6. O Templo ocupa um lugar importante na vida do povo, lugar de encontro com Deus;
  7. A ambivalência da monarquia e da cidade de Jerusalém: centro que atrai e que oprime;
  8. Um grande desejo de paz e de liberdade percorre quase todos estes salmos;
  9. Não usam ideias rebuscadas, mas transformam em prece as coisas comuns da vida;
  10. No centro de tudo, no começo e no fim, está a fé em “Javé que fez o céu e a terra”.

DOMINGO DE RAMOS – A SEMANA MAIOR –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

https://youtu.be/3GJOan2Mfhg

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

                                                     DOMINGO DE RAMOS – ANO B

Meus irmãos. Com o Domingo de Ramos entramos na Semana Santa, também chamada de Semana Maior, já que nessa semana acontecem os maiores fatos da história da Salvação. Nestes dias vamos celebrar a paixão e morte e ressurreição de Jesus Cristo.

As leituras desta liturgia se misturam em dois fatos: A entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, como rei pacífico e libertador do homem e sua paixão e morte, como geradoras de libertação e de paz. Então a história da paixão e morte não é apenas a história da paixão e morte de Jesus. È também a nossa história. É também assunto nosso, porque Jesus morre por nós e nesse seu comportamento de doação até o extremo, ele se torna modelo de doação e de combate a tudo o que se opõe à construção do Reino de Deus.

Por conseguinte, esta semana , não pode ser santa apenas de nome, nem somente uma repetição de fatos passados ou de coisas conhecidas. Não podemos, nem devemos nesses dias olhar apenas para os fatos históricos. È preciso neles enxergar o sentido salvador que trazem. Temos de viver a semana santa, comparar a nossa vida, com a vida de Jesus, pois o cristão deve ser um outro cristo.

Vamos nestes dias celebrar e reviver o que aconteceu com Jesus há dois mil anos. A paixão e morte de Jesus ainda não terminou. Cristo continua sofrendo as dores dos homens. O caminho do calvário ainda existe. O caminho do calvário passa por nossas cidades, corta as nossas ruas e atravessa as nossas casas. Portanto, nessa semana não iremos apenas recordar o que se passou com Cristo, mas reviver este acontecimento que se prolonga através dos séculos.

Nós iniciamos a Semana Santa com a benção dos ramos. O ramo é símbolo da paz . Com isso nós queremos dizer que queremos dizer que somos gente de Paz, queremos construir a paz, ser pessoas de paz nesse mundo tão conturbado e sem paz.

Os ramos também enfeitam a imagem dos mártires. Ao mesmo tempo que nos fala de sofrimento, também nos fala de vitória. Ao levarmos conosco estes ramos queremos expressar a nossa adesão, a nossa entrega à pessoa de Jesus Cristo. Queremos também abraçar a causa de Jesus, ser suas testemunhas pela aplicação de seus ensinamentos na nossa vida prática.

Este Domingo de Ramos é, por assim dizer o resumo de toda a semana santa, porque faz a gente passar da alegria do triunfo passageiro de Jesus Cristo para as dores e sofrimento de sua paixão e morte, e ao mesmo tempo nos dá a certeza da ressurreição. É por isso que penso que este Evangelho de hoje t em muito a ver com a nossa vida. E é por isso que não basta que ele seja lido, ou escutado, mas deve ser rezado e meditado, colocálos na nossa vida, vivenciá-los.

Este evangelho tem muito a ver conosco, com a nossa vida. Como Jesus teve aqueles momentos de alegria na entrada triunfal em Jerusalém, assim nós também temos nossas alegria nas verdadeiras amizades (especialmente com os nossos novos e antigos internautas que Deus está colocando em minha vida através desses cursos) nas nossas famílias, nas nossas comunidades, nas nossas festas, nas nossas atividades religiosas e nos nossos trabalhos.

Como Jesus teve seus momentos de sofrimentos e de tristezas, ao ser preso, julgado, caluniado e assassinado no alto da cruz, assim também temos nossos sofrimentos, nossas dores, nossas tristezas com as cruzes de cada dia que Deus nos proporciona.

É bom que a gente saiba que a nossa vida é assim mesmo, cheia de dicotomia: “ alegria e tristeza, noite e dia , de humilhação e glorificação; alegria e tristeza, saúde e doença, de vida e morte, de pecado e graça. É importante que cada um de nós viva e reflita sobre este mistério: Mistério de morte e vida e essas duas coisas se juntam para fazer o mistério da vida cristã. E cada um de nós sofre, contempla e vive esse mistério: Mistério de luz e de trevas, de morte e de vida, de graça e pecado.
Somos, por conseguinte, convidados a aprender com Jesus Cristo a aceitar e assumir a nossa vida como ele é, com suas dores e dificuldades, com suas vitórias e fracassos, descobrindo em tudo a mensagem de Deus que é Pai e que nos leva sempre para o bom caminho.

CONCLUSÃO
De tudo o que falamos deste Domingo de ramos que é o resumo da Semana Santa- tempo de Deus, podemos tirar uma conclusão importante:
Esta Semana só pode ser Santa, a partir das nossas atitudes. Porque para muita gente nem folcloricamente ela é santa, porque passam-na longe da Igreja, longe da oração, longe de Deus, ou numa fazenda, ou numa praia, aproveitando o descanso que a que nos concede.
Vamos , pois , fazer desta semana um tempo de reflexão e de oração, mas também um tempo de luta e de esforço para que a vida seja mais parecida com Jesus e para que lutemos contra o egoísmo que escraviza e trabalhemos com todas as nossas força para que o amor de Cristo reine aqui na nossa comunidade e na minha casa.
Amém!

Mt 26, 14-27, 1-66 – DOMINGO DE RAMOS – ANO A

– A GRANDE SEMANA-

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

          Tenho certeza de estar proclamando aquilo que está no mais profundo da consciência da Igreja, ao afirmar que a Semana Santa é o tempo mais bendito do calendário dos cristãos. É tudo muito nobre e muito sagrado! O triunfo de Ramos no domingo da abertura da Semana comemora a entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, quando já era tarde para continuar a guardar segredo a respeito de sua condição de Messias, e o Divino Mestre aceitou que o povo se expandisse nas suas manifestações de alegria, cantando: “Hosana ao Filho de Davi!” Toda a Semana é marcada por um clima de penitência e de humildade, através do qual os fiéis abrem seu coração diante de Deus, para que o Divino Salvador cubra com sua misericórdia a multidão de nossos pecados. A Quinta-feira Santa celebra a instituição da Eucaristia e revive em nossas igrejas o Cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia. A Sexta-feira da Paixão é assinalada por um momento de dolorosa intensidade, quando, às três horas da tarde, lembramos aquelas três horas da tarde do dia 14 de Nisan, em que a cruz se plantou no alto do Calvário em Jerusalém, e o Redentor deu sua vida pela salvação do mundo. Nessa hora a comunidade cristã se reúne na igreja e se celebra uma especial Ação Litúrgica solene, feita de leituras, orações e adoração da Cruz. E a tarde e a noite dessa mesma Sexta- feira é ainda significativamente marcada pelas celebrações de cunho popular: o Descendimento da cruz, e a Procissão do enterro, quando as ruas das cidades se transformam em multiplicados cortejos de cantos e orações, como que santificando todo o ambiente em que o povo mora e trabalha. E, quando a noite já vai alta no seu curso, ressoam ainda os ecos do cântico da Verônica, convidando a chorar os infinitos sofrimentos de Jesus: “O vos omnes…” -Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.

          Vem depois o respeitoso silêncio do Sábado Santo, comemorando o sepulcro do Senhor, onde Ele “repousou”, como repousa o operário cansado, para despertar na madrugada do primeiro dia da semana, esse dia que por isso passou a se chamar “domingo”, isto é, “o dia do Senhor”. Por isso mesmo, a noite do Sábado é iluminada pela gloriosa Vigília Pascal, com toda a riqueza das cerimônias de que ela se compõe: a bênção do fogo e do círio pascal; a riquíssima liturgia da Palavra, do Antigo Testamento e do Novo, terminando com a proclamação do evangelho da Ressurreição de Jesus; a bênção da água do batismo e a eventual celebração de alguns batizados; e a solene Eucaristia da Ressurreição. E essa alegria pascal se prolonga porto do o Domingo de Páscoa, até a recitação das Vésperas no fim do dia.

          Os fiéis, hoje mais informados sobre as riquezas da Liturgia, sabem que o núcleo principal da Semana Santa é o Tríduo pascal- o sacratíssimo Tríduo do Crucificado, do Sepultado e do Ressuscitado, como nos ensina Santo Agostinho. Esse Tríduo se inicia com a missa vespertina da Ceia do Senhor na Quinta-feira e se estende até a Oração da Tarde do Domingo da Páscoa, quando se conclui.

          E esses mesmos fiéis mais informados sabem que cada missa comemora e revive o Mistério Pascal do Senhor, – isto é, sua Morte e Ressurreição – pelo qual, morrendo, Ele destruiu nossa Morte, e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso mesmo, a Eucaristia é o centro e o ápice da Liturgia e de toda a vida da Igreja. Já foi observado muito oportunamente que a posição de Jesus de braços abertos no alto da Cruz, não era apenas porque suas mãos estavam pregadas no madeiro. Queria significar também o gesto do orante, de braços abertos, rezando por toda a humanidade. A mais séria e a mais solene de todas as orações do mundo: o próprio sacrifício de adoração, de ação de graças e de propiciação que Jesus, Homem verdadeiro, representando todos os homens de todos os tempos, oferecia ao Pai celeste.

          Como que comemorando o momento dessa solene oração, a Liturgia coloca na Ação Litúrgica das três horas da tarde da Sexta-feira da Paixão, aquela que se chama “Oração Universal”. Nela a comunidade orante reza por todas as intenções do mundo: pela Igreja, pelo Papa, pelo Clero e pelos Leigos, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus -OS primeiros a quem Deus falou -, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, pelos poderes públicos, e por todos os – que sofrem provações. É como que a misericórdia da Igreja, sombra da misericórdia de Jesus sobre o mundo, rezando por toda a humanidade. Nunca se poderá louvar bastante a sabedoria que inspirou essa oração.

LEITURAS DO DOMINGO DE RAMOS -ANO A:

1a) 1S 50,4-7

2a) Flp 2,6-11

3a) Mt 26, 14-27, 1-66

Domingo de Ramos

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 Mc 14,1-15,47 –

SEMANA SANTA- TEMPO DE DEUS- VÍDEO LINDO DEMAIS – PADRE LUCAS

Na roda do tempo chega a Semana Santa. E, por isso mesmo, somos solenemente convocados nessa noite ao compromisso de viver em comunhão com os irmãos, “a sermos um só corpo, já que nos alimentamos desse único pão.(Ibid. v.17) E aí está para dar entrada o Domingo de ramos. A pequena multidão que acompanhou Jesus, descendo do Olivete para Jerusalém, está presente multiplicada em infinitas outras multidões, repetindo com alegria a mesma cena. Lá mesmo em Jerusalém se estará renovando o piedoso ritual, com os ramos de palmeiras e de oliveiras brotadas da mesma terra e sobre o mesmo sol e no mesmo clima em que Jesus caminhou naquela longínqua manhã dos tempos de Tibério, Herodes e de Pilatos. E nós aqui em cada canto desta terra religiosa de Minas, como em todo o Brasil e em todas as Igrejas cristãs do Oriente e do Ocidente, estaremos relembrando e celebrando esse momento de triunfo que forçou a entrada da Semana da Paixão do Senhor. É bom caminhar com Deus todos os dias de nossa vida. E SEMANA SANTA É, PARTICULARMENTE TEMPO DE DEUS. Na Quinta-Feira Santa começa o chamado “Tríduo Pascal”. É o novo mandamento – mandatum novum- que Jesus proclamou nessa hora, quando também em gesto de humildade e de serviço lavou os pés de seus discípulos. Inclusive como comenta um elegante escritor “para livrar aqueles pés da poeira da estrada antiga e dar-lhe a liberdade da estrada nova”. (Gibran) Foi nessa Quinta-feira que nasceu a missa e o sacerdócio. E, quando reunirmos para a celebração eucarística dessa noite; estaremos cumprindo um ritual de recordação e de renovação. É uma ceia comemorativa. Mas com o sentido muito mais alto do que o que se verifica quando um grupo de amigos se reúne para lembrar um amigo ausente. A lembrança é aí, às vezes tão viva que parece que o amigo está presente. Mas aqui o AMIGO se torna presente mesmo! Ele é o invisível anfitrião, e se une aos amigos da forma mais íntima possível, sob os sinais do pão e do vinho que Ele mesmo escolheu e marcou, renovando em cada missa a presença e a eficácia de sua morte e do mistério da redenção: “ O cálice que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo; e o pão que repartimos é a comunhão do Corpo de Cristo{1 Cor. 10,16). Dentro da grande Sexta-Feira haverá um imenso respeito cheio de fé, caminhando com Cristo para o calvário na Via Sacra, ou celebrando as Sete Palavras, ou que participando, às três horas da tarde, da grande celebração da Paixão do Senhor, ou ainda caminhando pelas ruas na tradicional procissão do Senhor Morto hora de proveitosa meditação, sobre os nossos compromissos com Aquele que deu a sua vida por nós. Sabemos que, ao lado dos amigos fiéis, haverá nesse dia muita gente indiferente, como havia nas ruas de Jerusalém, quando passou por elas o grande cortejo… Houve até gente cheia de ódio, fazendo parte dos que lançaram a sentença de morte sobre o Santo e o Justo, do qual o próprio Pôncio Pilatos declarou cinco vezes que nEle não encontrara culpa alguma. É claro que nem de longe quereríamos pertencer a este grupo. Mas também para eles, Deus oferece o Perdão. E vamos pedi-lo, lembrando a grande palavra de Cristo na agonia: “Pai, perdoai- lhes, por que não sabem o que fazem!” Na noite de sábado a grande Vigília Pascal, “a Mãe de todas as santas vigílias”, como a classifica Santo Agostinho- “na qual a Igreja espera vigilante a ressurreição e a proclama nos sacramentos” (Calendário Romano) – verá acender-se o fogo, como semente brotada da pedra, celebrando o Cristo que ressurge vivo da pedra do sepulcro. E veremos a Igreja inteira receber a luz do Círio Pascal e proclamaremos entre aleluias a grande notícia sempre antiga sempre nova: Cristo ressuscitou! A Ressurreição é o ponto alto da Semana Santa. O centro da nossa fé. Ela é que deu sentido ao mundo, que perdera o sentido envolto nas trevas do pecado e da desesperança. Nesta noite tem imenso significado a renovação das promessas do batismo e a aspersão da água recém – santificada, sobre o povo, recordando o batismo recebido um dia. Pelo batismo – e o cristão sabe disso – nós nos associamos ao Cristo ressuscitado. É a nova vida que nasce em nós e que crescerá até a plenitude, quando passarmos do tempo para a eternidade. A alegria da ressurreição iluminará todo o tempo da páscoa e se prolongará por sete semanas, “como se fosse um só e longo Domingo”, até a festa de pentecostes, no qüinquagésimo (50º) dia. Só nos resta desejar que a fé e a oração dos cristãos na Semana Santa ajudem o mundo a levantar o coração para o alto. Para Deus. A fim de que não pereçam os valores mais profundos, que o materialismo vai tentando abafar. E reine na terra a alegria e a paz! “Esse é o dia que o Senhor fez, esse dia por excelência, é o dia do Senhor”.

Tenho certeza de estar proclamando aquilo que está no mais profundo da consciência da Igreja, ao afirmar que a Semana Santa é o tempo mais bendito do calendário dos cristãos. É tudo muito nobre e muito sagrado!

O triunfo de Ramos no domingo da abertura da Semana comemora a entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, quando já era tarde para continuar a guardar segredo a respeito de sua condição de Messias, e o Divino Mestre aceitou que o povo se expandisse nas suas manifestações de alegria, cantando: “Hosana ao Filho de Davi!”

Toda a Semana é marcada por um clima de penitência e de humildade, através do qual os fiéis abrem seu coração diante de Deus, para que o Divino Salvador cubra com sua misericórdia a multidão de nossos pecados. A Quinta-feira Santa celebra a instituição da Eucaristia e revive em nossas igrejas o Cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia.

A Sexta-feira da Paixão é assinalada por um momento de dolorosa intensidade, quando, às três horas da tarde, lembramos aquelas três horas da tarde do dia 14 de Nisan, em que a cruz se plantou no alto do Calvário em Jerusalém, e o Redentor deu sua vida pela salvação do mundo. Nessa hora a comunidade cristã se reúne na igreja e se celebra uma especial Ação Litúrgica solene, feita de leituras, orações e adoração da Cruz.

E a tarde e a noite dessa mesma Sexta- feira é ainda significativamente marcada pelas celebrações de cunho popular: o Descendimento da cruz, e a Procissão do enterro, quando as ruas das cidades se transformam em multiplicados cortejos de cantos e orações, como que santificando todo o ambiente em que o povo mora e trabalha. E, quando a noite já vai alta no seu curso, ressoam ainda os ecos do cântico da Verônica, convidando a chorar os infinitos sofrimentos de Jesus: “O vos omnes…” -Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.
Vem depois o respeitoso silêncio do Sábado Santo, comemorando o sepulcro do Senhor, onde Ele “repousou”, como repousa o operário cansado, para despertar na madrugada do primeiro dia da semana, esse dia que por isso passou a se chamar “domingo”, isto é, “o dia do Senhor”. Por isso mesmo, a noite do Sábado é iluminada pela gloriosa Vigília Pascal, com toda a riqueza das cerimônias de que ela se compõe: a bênção do fogo e do círio pascal; a riquíssima liturgia da Palavra, do Antigo Testamento e do Novo, terminando com a proclamação do evangelho da Ressurreição de Jesus; a bênção da água do batismo e a eventual celebração de alguns batizados; e a solene Eucaristia da Ressurreição. E essa alegria pascal se prolonga porto do o Domingo de Páscoa, até a recitação das Vésperas no fim do dia.

Os fiéis, hoje mais informados sobre as riquezas da Liturgia, sabem que o núcleo principal da Semana Santa é o Tríduo pascal- o sacratíssimo Tríduo do Crucificado, do Sepultado e do Ressuscitado, como nos ensina Santo Agostinho. Esse Tríduo se inicia com a missa vespertina da Ceia do Senhor na Quinta-feira e se estende até a Oração da Tarde do Domingo da Páscoa, quando se conclui.

E esses mesmos fiéis mais informados sabem que cada missa comemora e revive o Mistério Pascal do Senhor, – isto é, sua Morte e Ressurreição – pelo qual, morrendo, Ele destruiu nossa Morte, e, ressuscitando, restaurou a vida. Por isso mesmo, a Eucaristia é o centro e o ápice da Liturgia e de toda a vida da Igreja.

Já foi observado muito oportunamente que a posição de Jesus de braços abertos no alto da Cruz, não era apenas porque suas mãos estavam pregadas no madeiro. Queria significar também o gesto do orante, de braços abertos, rezando por toda a humanidade. A mais séria e a mais solene de todas as orações do mundo: o próprio sacrifício de adoração, de ação de graças e de propiciação que Jesus, Homem verdadeiro, representando todos os homens de todos os tempos, oferecia ao Pai celeste.

Como que comemorando o momento dessa solene oração, a Liturgia coloca na Ação Liturgica das três horas da tarde da Sexta-feira da Paixão, aquela que se chama “Oração Universal”. Nela a comunidade orante reza por todas as intenções do mundo: pela Igreja, pelo Papa, pelo Clero e pelos Leigos, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus -OS primeiros a quem Deus falou -, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, pelos poderes públicos, e por todos os – que sofrem provações. É como que a misericórdia da Igreja, sombra da misericórdia de Jesus sobre o mundo, rezando por toda a humanidade. Nunca se poderá louvar bastante a sabedoria que inspirou essa oração.

LEITURAS DO DOMINGO DE RAMOS -ANO A:
1a) 1S 50,4-7
2a) Flp 2,6-11
3a) Mt 26, 14-27, 1-66