Mt 22,34-40 – O Mandamento Maior-

A Bíblia Explicada em Capítulos e Versículos

O Amanhecer do Evangelho

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XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

O MANDAMENTO MAIOR

Ao se falar em “mandamentos” – e esse tema aparece no evangelho deste trigésimo domingo do Tempo Comum – o que de mais espontâneo nos ocorre ao espírito é o “Decálogo”, isto é, os dez mandamentos que Deus proclamou por meio de Moisés no alto do Sinai, gravando-os em duas tábuas de pedra.

Esses dez mandamentos não podem ser entendidos como se fossem uma lista arbitrária de prescrições que Deus estabeleceu e que poderiam ser substituídas por outras igualmente arbitrárias. Elas são a expressão de valores que o próprio Deus Criador gravou na consciência da humanidade e que exprimem essencialmente qual deve ser o comportamento do homem em face do bem e do mal.

No Sinai, Deus marcou para a reta formação do povo de Israel e, por meio dele, para o mundo inteiro, de modo altamente pedagógico, as linhas de orientação de nosso comportamento ético. São dez fórmulas lapidares – como não pensar nos dez dedos da mão? – que sintetizam todos os caminhos por onde deve caminhar o gênero humano, para cumprir a vontade sábia e santa de Deus, seu Senhor, que assim começa a sua proclamação: “Eu sou Javé, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2).

Porém a lei de Deus se desdobra depois em centenas de outros mandamentos, que se foram acrescentando, para regular de maneira clara o modo de viver do povo. É só examinarmos, por exemplo, os livros do levítico e do Deuteronômio. No tempo de Cristo, embora a lista não se julgasse ainda encerrada, enumeravam-se seiscentos e treze mandamentos, divididos em dois grupos: duzentos e quarenta e oito mandamentos positivos, correspondentes ao número dos ossos do esqueleto humano; trezentos e sessenta e cinco mandamentos negativos, que igualavam o número dos dias do ano. E se faziam listas e classificações e muito se discutia a respeito deles, sobre sua maior ou menor obrigatoriedade. E as várias escolas rabínicas se dividiam entre si, indicando este ou aquele dos mandamentos como o mais importante: se a guarda do sábado, se a obediência aos pais, se o respeito ao nome de Deus.

Quiseram saber também a opinião de Jesus. E lhe perguntaram: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei” (Mt 22,36)? Jesus deu a grande resposta: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu espírito”. Jesus está citando as primeiras palavras do “Shemá” -“ouve, Israel” – que era a oração que todo israelita devia rezar duas vezes por dia. Estava colocando assim o amor de Deus em seu lugar primeiro e absoluto. E continuou: “Este é o maior e o primeiro mandamento”. Porém, acrescentou ainda, para perpétua orientação do povo de Deus: “O segundo, semelhante a esse, é: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. E arrematou: “Desses dois mandamentos decorre toda a Lei e os profetas” (Ibid. , v v 37 – 40).

 

0 amor ao próximo é da essência do Evangelho. E vai cintilar na sua formulação mais completa no discurso da Última Ceia: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei” ( Jo 13,34 ).

Poder-se-ia dizer que amar a Deus é evidentemente o maior mandamento. Nenhum judeu nem nenhum cristão poderia duvidar disso. Porém a força do preceito do amor ao próximo é menos evidente. São João irá esmerar-se em suas cartas em inculcar o dever desse amor. Veja-se, por exemplo, esta afirmação: “Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós” (1Jo 4,12). E esta outra: “Se alguém disser ‘amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama a seu irmão a quem vê, a Deus que não vê não poderá amar”. E, como que fazendo eco à palavra de Jesus, quando lhe perguntaram qual era o maior mandamento: “E este mandamento dele recebemos: aquele que ama a Deus, ame também o seu irmão” (Ibid., 20 e 21).

E, para a aplicação prática desse preceito do amor, nada melhor do que lembrar de São Paulo, falando aos coríntios: “A caridade é paciente, é prestativa, não é invejosa. ..não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13, 4-7).

Leituras do XXX Domingo do Tempo Comum – Ano A:

1a) Ex 22,21-27

2a) 1Tes 1,5c-10

3a) Mt 22,34-40