O Projeto Original de Deus – O que Deus uniu o homem não separe – Mc 10, 2-16 (ou:Mc 10, 2-12) –

– A Bíblia explicada em Capítulos e Versículos-

– O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e Ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

01. Oração
Ó Deus eterno e todo poderoso, que nos concedeis no vosso amor imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericordia, perdoando o que nos pesa na consciencia e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém

02. Evangelho – Mc 10,2-16

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,2-16

Naquele tempo:
2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova,
perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou:
‘O que Moisés vos ordenou?’
4Os fariseus responderam:
‘Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio
e despedi-la’.
5Jesus então disse:
‘Foi por causa da dureza do vosso coração
que Moisés vos escreveu este mandamento.
6No entanto, desde o começo da criação,
Deus os fez homem e mulher.
7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe
e os dois serão uma só carne.
8Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!’
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente,
perguntas sobre o mesmo assunto.
11Jesus respondeu:
‘Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra,
cometerá adultério contra a primeira.
12E se a mulher se divorciar de seu marido
e casar com outro, cometerá adultério’.
13Depois disso, traziam crianças
para que Jesus as tocasse.
Mas os discípulos as repreendiam.
14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse:
‘Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais,
porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
15Em verdade vos digo:
quem não receber o Reino de Deus como uma criança,
não entrará nele’.
16Ele abraçava as crianças
e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
Palavra da Salvação

 03. Momentos de Reflexões – A Bíblia explicada em Capítulos e Versículos- Mc 10, 2-16 (ou:Mc 10, 2-12) –O PROJETO ORIGINAL DE DEUS – O que Deus uniu o homem não separe

Passava Jesus pela região da fronteira entre a Judéia e a Peréia. As multidões logo o rodearam. E apareceram também os fariseus. Diferença de atitudes!

As multidões vêm ao encontro de Jesus para ouvir sua palavra e para receber os benefícios de suas mãos onipotentes e misericordiosas. É a sinceridade dos humildes. Ao passo que os fariseus vêm para tentar o Mestre, para pôr à prova sua sabedoria e sua santidade. É fácil descobrir neles o orgulho e a má vontade.

Desta vez o interrogam sobre o casamento. Perguntam a Jesus se é lícito ao marido repudiar sua mulher. De fato, a lei mosáica acolhera o divórcio. O marido podia dar libelo de repúdio a sua esposa. Isso segundo o direito judaico. Mas já estava entrando o direito greco-romano, segundo o qual a mulher também podia dar libelo de repúdio ao marido. E num caso e no outro a outra parte ficava liberada para um segundo casamento. E havia entre as escolas rabínicas uma complicada casuística sobre os casos em que esse divórcio era permitido. E a pergunta dos fariseus mais completa é como está em Mateus: se era Iícito repudiar a mulher por qualquer motivo (cfr Mt 19, 3).

A resposta de Jesus leva os ouvintes para o plano original de Deus: o casamento é indissolúvel. É baseado no amor, que leva o homem a deixar seu pai e sua mãe e unir-se a sua esposa para fazer com ela uma coisa só, enfrentando todos os riscos. Não há amor só para enquanto der certo. O amor é forte como a morte” (Ct 8, 6). ” Moisés – explicou o Mestre – autorizou a lei do divórcio por causa da dureza de vosso coração” (Mc 10, 5). Mas no princípio da criação não era assim. “E o que Deus uniu, o homem não separe” (v 9).

Depois dessa resposta dada em público, quando voltaram para casa, os discípulos lhe fizeram mais perguntas. E Ele respondeu da forma mais explícita : “O homem que repudiar sua mulher e se casar com outra, comete adultério contra a primeira; e a mulher que repudiar seu marido e se casar com outro, comete adultério” (v v 11 e 12).

É claro que, ao transcrever estas palavras de Jesus, sabemos que elas parecerão duras para os ouvidos de muita gente deste nosso mundo moderno, tão marcado pelo hedonismo e pela falta de seriedade nos compromissos. O casamento hoje anda muito desestruturado. O divórcio -e até os sucessivos divórcios -é o que se vê com a maior facilidade. Inda mais, incentivado como ele anda pela escola luminosa e colorida das novelas de televisão. Mas no princípio da criação não era assim. Os caminhos dos homens andam hoje distanciados dos caminhos de Deus, doença antiga de que já se queixavam os profetas (cfr Is 55, 8). É preciso reaprender a pensar com o Evangelho. Ele está posto para a felicidade do homem e do mundo. Quem dele se afastar não poderá ser feliz.

Uma das causas da crescente instabilidade do casamento é que ele se vai cada vez mais desligando do plano de construir uma família, de gerar e educar filhos. Fica sendo um egoísmo compartilhado pelos dois, procurando apenas o seu bem – aliás legítimo – sem olhar para a altíssima finalidade do casamento, que está lá na primeira página da Bíblia: “Crescei e multiplicai-vos”. Os filhos são o fruto mais belo do amor conjugal e são o elo mais firme de ligação entre o marido e a mulher. Através deles o casal se prolonga em alegria e esperança para os caminhos do futuro. Por amor a eles, o pai e a mãe crescem e se aperfeiçoam em desvelos e trabalhos. E, pensando no bem deles, vencem com mais coragem as eventuais tentações de divórcio que possam surgir.

Dentre os salmos mais belos da Sagrada Escritura está o 127, onde se canta a bem-aventurança de uma família feliz pelo amor do casal e dos filhos, pelo trabalho e pela paz. Vale a pena concluir com os primeiros versículos desse sa1mo: “Feliz o homem que teme ao Senhor e anda em seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, tranqüilo e feliz; tua esposa será vinha fecunda no coração de tua casa; teus filhos rebentos de oliveira, ao redor da tua mesa. Esta é a bênção do homem que teme ao Senhor”.

LEITURAS do XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano B:

1ª – Gn 2, 18-24.

2ª – Hb 2, 9-11.

3ª – Mc 10, 2-16 (ou:Mc 10, 2-12).

 

Mc 10,2-16 – Divórcio: Igualdade entre Homens e  Mulheres

– A Bíblia explicada em Capítulos e Versículos-

– O Amanhecer do Evangelho –

Reflexões e Ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

 

02. Evangelho – Mc 10,2-16

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,2-16

Naquele tempo:
2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova,
perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou:
‘O que Moisés vos ordenou?’
4Os fariseus responderam:
‘Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio
e despedi-la’.
5Jesus então disse:
‘Foi por causa da dureza do vosso coração
que Moisés vos escreveu este mandamento.
6No entanto, desde o começo da criação,
Deus os fez homem e mulher.
7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe
e os dois serão uma só carne.
8Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!’
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente,
perguntas sobre o mesmo assunto.
11Jesus respondeu:
‘Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra,
cometerá adultério contra a primeira.
12E se a mulher se divorciar de seu marido
e casar com outro, cometerá adultério’.
13Depois disso, traziam crianças
para que Jesus as tocasse.
Mas os discípulos as repreendiam.
14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse:
‘Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais,
porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
15Em verdade vos digo:
quem não receber o Reino de Deus como uma criança,
não entrará nele’.
16Ele abraçava as crianças
e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
Palavra da Salvação

03. Momento de Reflexão – A Bíblia explicada em Capítulos e Versículos –
Mc 10,2-16 – Divórcio: Igualdade entre Homens e  Mulheres

ABRIR OS OLHOS PARA VER
No texto de hoje, Jesus continua dando conselhos sobre o relacionamento entre homem e mulher, e sobre o relacionamento com as mães e as crianças. Naquele tempo, no relacionamento entre homem e mulher, havia muito machismo. Com os pequenos e excluídos Jesus pede o máximo de acolhimento. No relacionamento homem-mulher ele pede o máximo de igualdade. Com as crianças e suas mães, o máximo de ternura. Vamos conversar sobre isso.

COMENTANDO

Marcos 10,2: A pergunta dos fariseus: “o marido pode mandar a mulher embora?”
A pergunta é maliciosa. Ela pretende colocar Jesus à prova: “É lícito a um marido repudiar sua mulher?” Sinal de que Jesus tinha uma opinião diferente, pois do contrário os fariseus não iriam interrogá-lo sobre este assunto. Não perguntaram se é lícito a esposa repudiar o marido. Isto nem passava pela cabeça deles. Sinal claro da forte dominação masculina e da marginalização da mulher.

Marcos 10,3-9: A resposta de Jesus: o homem não pode repudiar a mulher
Em vez de responder, Jesus pergunta: “O que diz a lei de Moisés?” A lei permitia ao homem escrever uma carta de divórcio e repudiar sua mulher. Esta permissão revela o machismo. O homem podia repudiar a mulher, mas a mulher não tinha este mesmo direito. Jesus explica que Moisés agiu assim por causa da dureza de coração do povo, mas a intenção de Deus era outra quando criou o ser humano. Jesus volta ao projeto do Criador e nega ao homem o direito de repudiar sua mulher. Tira o privilégio do homem frente à mulher e pede o máximo de igualdade.

Marcos 10,10-12: Igualdade de homem e mulher
Em casa, os discípulos fazem perguntas sobre este assunto. Jesus tira as conclusões e reafirma a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher. Ele propõe um novo tipo de relacionamento entre os dois. Não permite o casamento em que o homem pode mandar a mulher embora, nem vice-versa.

O evangelho de Mateus (cf. Mt 19,10-12) acrescenta uma pergunta dos discípulos sobre este assunto. Eles dizem: “Se a gente não pode dar uma carta de divórcio, é melhor não casar”. Preferem não casar do que casar sem o privilégio de poder continuar mandando na mulher. Jesus vai até o fundo da questão. Há somente três casos em que ele permite a uma pessoa não casar: (1) impotência, (2) castração e (3) por causa do Reino. Não casar só porque o fulano se recusa a perder o domínio sobre a mulher, isto a Nova Lei do Amor já não o permite! Tanto o casamento como o celibato, ambos devem estar a serviço do Reino e não a serviço de interesses egoístas. Nenhum dos dois pode ser motivo para manter o domínio machista do homem sobre a mulher.

Marcos 10,13-16: Receber o Reino como uma criança
Trouxeram crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos tentaram impedir. Por que impediram? O texto não diz. Os discípulos não gostam de gente sem importância perto de Jesus. Além disso, conforme as normas rituais da época, crianças pequenas com suas mães viviam quase constantemente na impureza legal. Tocando nelas, Jesus ficaria impuro! Mas a reação de Jesus ensina o contrário. Ele diz: “Quem não receber o Reino como uma criança não vai poder entrar nele!” O que significa essa frase? 1) A criança recebe tudo dos pais. Ela não consegue merecer o que recebe, mas vive no amor gratuito. 2) Os pais recebem a criança como um dom de Deus e cuidam dela com todo o carinho. A preocupação dos pais não é dominar a criança, mas sim amá-la e educá-la para que cresça e se realize!