EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXOES E ILUSTRACOES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO C

                          O MESTRE ENSINA A REZAR

 João Batista ensinou seus discípulos a rezar. Os apóstolos pediram também a Jesus que fizesse o mesmo com eles. E Jesus ensinou o “Pai Nosso”.

É a mais bela de todas as orações, e é rezada milhões de vezes por dia pelos cristãos, em toda a face da terra, às vezes até de maneira muito espontânea, em certos momentos de dor ou de alegria coletiva.

A redação do Pai-nosso em São Mateus é mais longa e mais completa. Em São Lucas, mais abreviada. Jesus a terá ensinado mais uma vez, e as redações diferentes se devem, sem dúvida, ao uso de catequese. Mas o pensamento substancial é o mesmo.

A oração se abre com um louvor a Deus. É aquilo que na arte da oratória se chama “captatio benevolentiae” a conquista da benevolência.

Queremos atrair para nós a boa vontade de Deus. Mas essa “captatio benevolentiae” no Pai-nosso não se estende em muitos louvores, como acontece em certas orações muçulmanas. É muito concisa. Mas também muito expressiva: “Pai nosso, que estais no céus”. E tem o dom de elevar nosso pensamento para o alto, e de desprender-nos da materialidade das coisas do tempo, que muitas vezes podem impedir-nos de rezar bem.

Seguem-se, então, os pedidos. Primeiro para a glória de Deus: que seu nome seja santificado (o nome de Deus significa o próprio Deus), que venha o seu reino; que se faça a sua vontade “assim na terra como no céu”. Depois os pedidos em nosso benefício: o pão de cada dia, o perdão dos pecados, a libertação das tentações e de todo o mal. Quando pedimos o perdão dos pecados, comprometemo-nos a perdoar também a quem nos ofendeu. Essa atitude é tão essencial no Evangelho, que São Marcos a menciona, mesmo sem trazer a inteira oração do Pai-nosso (cfr Mc 11 I 25-26). E fácil observar que o Pai-nosso, eminentemente evangélico e cristão, p ,ode ser rezado por qualquer pessoa que tenha fé em Deus. E uma oração universal.

 

E importante rezar. E rezar com freqüência. E insistir na oração, quando queremos obter de Deus algum favor. Não porque Deus precise de ouvir muitas vezes nosso pedido, mas para que nós demonstremos nosso interesse e nossa confiança. “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e se vos abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá (Lc 11′ 9-10).

E Jesus o confirma com uma comparação oriental muito viva. Lembra que, se alguém vai bater à porta de um amigo, alta noite, porque lhe chegou um hóspede inesperado, e precisa de três pães para lhe oferecer, a princípio q amigo reclamará, porque já está deitado e não são horas de ser incomodado. Mas, se continuar a bater e a chamar, o amigo acaba atendendo ( cfr. v v 5 a 8).

E nessa mesma linha de atendimento à oração, faz ainda três bonitas comparações: Se um filho pede ao pai um pão, o pai não lhe dará uma pedra (ver Mt 7, 9); se pede um peixe, não lhe dará uma serpente; se pede um OVO, não lhe dará um escorpião. “Pois, se vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o espírito Santo aos que lho pedirem?” (Lc 11, 11-13). É claro que o Espírito Santo é o maior dom que se possa pedir a Deus.

 

Talvez se pudesse comentar que um pai aqui na terra nunca daria uma pedra a um filho que lhe pedisse um pão. Mas o Pai do céu vai mais longe ainda: daria um pão, mesmo que o filho desencaminhado pedisse uma pedra. Ele corrige nossos estouvamentos.

Para usarmos uma comparação muito singela, se alguém pedisse a Deus a “graça” de tirar a sorte grande na loteria, Deus poderia dar-Ihe em vez disso a graça – essa sim verdadeira graça – do amor ao trabalho e do bom êxito nesse trabalho. Ele pediria uma “serpente”, e Deus lhe daria um peixe, para nos valermos da palavra do Divino Mestre.

O Evangelho está cheio de lições muito valiosas sobre a oração. Sobre tudo no Sermão da Montanha. Não há religião sem oração. E o progresso espiritual de alguém se mede pela qualidade da sua oração. De acordo, aliás, com uma sapientíssima palavra de Santo Agostinho: “Recte novit vivere, qui recte novit orare”, Isto é, aquele que rezar bem, sabe viver dignamente.

LEITURAS do XVII Domingo do Tempo Comum -Ano C:

 

1a) Gn 18, 20-32

2a) Cl I2,12-14

3a) Lc 11, 1-13