João 2,13-25 – UMA FAXINA NA CASA DE DEUS –

JESUS É O NOVO TEMPLO

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Jo 2, 13-25. – III Domingo da Quaresma – Novo Templo

1ª ORAÇÃO

Senhor, hoje queremos ouvir melhor a sua palavra, para caminhar juntos. Abra o nosso coração. Temos boa vontade, mas não sabemos ainda tomar as decisões na hora certa. Queremos fazer tudo direito, mas na hora a gente fracassa.
Conceda-nos a sua graça, para sabermos ainda perdoar, compreender e esclarecer os nossos irmãos. E todos juntos trabalharmos na construção da igreja viva de Jesus Cristo. Ele que vive e reina com o Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém

2ª . EVANGELHO – Jo 2,13-25.

Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado! Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: “O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo.”
Aí os líderes judeus perguntaram: Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu: Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias! Eles disseram:
A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele. 

3ª. SITUANDO – 

O início da atividade de Jesus foi apresentado dentro do esquema de uma semana. Agora, ao iniciar a descrição dos sinais que acontecem no sábado prolongado, o Quarto Evangelho adota o esquema das festas. Sábado é festa! Todos os sinais relatados por João estão relacionados, de uma ou de outra maneira, com festas importantes da vida do povo: casamento (Jo 2,1), Páscoa (Jo 2,13; 6,4; 11,55; 12,12; 13,1); Tendas (Jo 7,2.37); Pentecostes (Jo 5,1), Dedicação do Templo (Jo 10,22).

Os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas colocam a expulsão do templo no fim da atividade de Jesus, pouco antes da sua prisão, como um dos motivos que levaram as autoridades a prender e matar Jesus. O Evangelho de João coloca o mesmo episódio no começo da atividade de Jesus. É para que as comunidades entendam que a nova imagem de Deus, revelada por Jesus, não está mais no antigo templo de Jerusalém, mas sim no novo templo que é Jesus. Não se pode colocar remendo novo em pano velho (Mc 2,21).

Momento de Reflexão – A Bíblia explicada em capítulos e versículos

COMENTANDO O EVANGELHO  DE João 2,13-25 – UMA FAXINA NA CASA DE DEUS –

JESUS É O NOVO TEMPLO

João 2,13-14: Na festa da Páscoa, Jesus vai ao Templo para encontrar o Pai, e encontra o comércio

Os outros evangelhos relatam apenas uma única visita de Jesus a Jerusalém durante a sua vida pública, aquela em que ele foi preso e morto. O Evangelho de João traz informações mais exatas. Ele diz que Jesus ia a Jerusalém nas grandes festas. Ir a Jerusalém significa ir ao Templo para encontrar-se com Deus. No casamento em Caná apareceu o contraste entre o vazio do Antigo Testamento e a abundância do Novo. Aqui vai aparecer o contraste entre o antigo templo, que virou casa de comércio, e o novo templo que é Jesus.

João 2,15-16: Jesus faz uma faxina no templo

No templo havia o comércio de animais para os sacrifícios e havia as mesas dos cambistas, onde o povo podia adquirir a moeda do imposto do templo. Vendo tudo isto, Jesus faz um chicote de cordas e expulsa do templo os vendedores com seus animais. Derruba as mesas dos cambistas, joga o dinheiro no chão e diz aos vendedores de pombas: “Tirem essas coisas daqui! Não façam da casa do meu Pai uma casa de comércio!” O gesto e as palavras de Jesus lembram várias profecias: a casa de Deus não pode ser transformada em covil de ladrões (Jr 7,11); no futuro não haverá mais vendedor na casa de Deus (Zc 14,21); a casa de Deus deve ser uma casa de oração para todos os povos (Is 56,7).

João 2,17: Os discípulos procuram entender o gesto de Jesus

Vendo o gesto de Jesus, os discípulos foram lembrando outras frases e fatos do Antigo Testamento: o salmo que diz: “O zelo de tua casa me devora” (Sl 69,10), e o profeta Elias que dizia: “Eu me consumo de zelo pela causa de Deus” (1Rs 19,9.14). Naquele tempo diziam: “A Bíblia se explica pela Bíblia”. Ou seja, só Deus consegue explicar o sentido da Palavra de Deus. Por isso, se os gestos de Jesus são Palavras de Deus, então devem ser iluminados e interpretados a partir da Palavra de Deus presente na Escritura. Isto ajuda a atualizar o significado das coisas que Jesus fez e falou, e a manter viva a sua presença no meio de nós. Aqui se percebe como é importante o mutirão de memória para lembrar outros textos da Bíblia.

João 2,18-20: Diálogo entre Jesus e os judeus

Tocando no templo, Jesus tocou no fundamento da religião do seu povo. Os judeus, isto é, os líderes, perceberam que ele tinha agido com muita autoridade. Por isso, pedem que apresente os documentos: “Que sinal você nos dá para agir desse jeito?” Jesus responde: “Podem destruir esse templo e em três dias eu o levantarei!” Jesus falava do templo do seu corpo, que seria destruído pelos judeus e em três dias seria totalmente renovado através da ressurreição. Os judeus tomaram as palavras de Jesus ao pé da letra e zombaram dele: “Levaram 46 anos para fazer este templo e você o levantará em três dias!” É como se dissessem com desprezo: “Vá enganar outro!” Sinal de que nada entenderam do gesto de Jesus, ou não quiseram entendê-lo!

João 2,21-22: Comentário do evangelista

Os discípulos também não entenderam o significado desta palavra de Jesus. Foi só depois da ressurreição que compreenderam que ele estava falando do templo do seu corpo. A compreensão das coisas de Deus só acontece aos poucos, em etapas. A expulsão dos comerciantes tinha ajudado a entender as profecias do Antigo Testamento. Agora, é a luz da ressurreição que ajuda a entender as palavras do próprio Jesus. Jesus ressuscitado é o novo templo, onde Deus se faz presente no meio da comunidade.

João 2,23-25: Comentário do evangelista sobre a fé imperfeita de algumas pessoas

Naqueles dias da festa da Páscoa, estando Jesus em Jerusalém, muita gente começou a crer nele por causa dos sinais que ele fazia. O evangelista comenta que a fé da maioria destas pessoas era superficial, só da boca para fora. Este breve comentário sobre a imperfeição da fé das pessoas deixa uma pergunta importante na cabeça da gente: “Então, como é que eu devo fazer para crescer na fé?” A resposta vai ser dada na conversa de Jesus com Nicodemos.

ALARGANDO

Jesus e o templo

Para os judeus no tempo de Jesus, o centro do mundo, o lugar onde céu tocava na terra era o Santo dos Santos no templo de Jerusalém. Sendo o lugar central da religião, o culto no templo regulava a vida cotidiana de todos. O judeu piedoso, não importando o lugar em que morasse, deveria ir ao templo uma vez na vida. Mesmo no lugar mais distante, quando fazia suas orações a pessoa devia orientar seu corpo em direção a Jerusalém e ao templo. O templo era o lugar para onde convergiam as multidões de romeiros três vezes ao ano, por ocasião das grandes festas nacionais.

Sendo de família judia, Jesus segue a prática religiosa de sua gente. Por ser o primogênito de José e de Maria, ele foi apresentado a Deus no templo quando nasceu. Aos 12 anos fez o ritual de passagem para a vida adulta, lendo um trecho da Lei diante dos escribas do templo. Com seus familiares participava das romarias anuais por ocasião das festas. Durante sua vida pública, Jesus toma atitudes de verdadeiro profeta, denunciando os desvios do culto celebrado no templo. Seu gesto de expulsar do santuário os cambistas e os vendedores lembra as palavras de Miquéias (Mq 3,11-12), de Jeremias (Jr 26,1-18) e de Isaías (Is 66,1-4). Retomando as palavras de Oséias (Os 6,6), Jesus proclama a superioridade da misericórdia sobre os sacrifícios (Mt 12,7-8).

As primeiras comunidades dos seguidores e seguidoras de Jesus eram todas formadas por gente vinda do judaísmo da Palestina. No início, estas pessoas continuavam ligadas ao templo e frequentavam o santuário para rezar (At 2,46; 3,1). Mas, com o tempo, judeus helenistas e samaritanos entraram na comunidade. Estas pessoas não tinham uma ligação tão profunda com o templo de Jerusalém. Principalmente os samaritanos, que tinham seu próprio santuário no alto do monte Garizim (Jo 4,20). A presença destas pessoas fez com que as comunidades começassem a perceber que a prática libertadora de Jesus tornava inúteis os sacrifícios apresentados pelos sacerdotes do templo.

Depois do ano 70, com a destruição do templo, as comunidades releram as palavras de Jesus e concluíram que o templo de Jerusalém estava ultrapassado. A Glória de Deus não habitava mais naquele espaço! As comunidades do Discípulo Amado foram as que mais avançaram nesta reflexão. Elas concluíram que em Jesus, Palavra de Deus feita carne, reside a Glória de Deus (Jo 1,14). Jesus é o novo templo! O corpo de Jesus, ou seja, a sua realidade humana, é o local em que habita a plenitude da Divindade (Jo 2,21-22). Deus não se prende a nenhum santuário, nem o de Jerusalém nem o do monte Garizim. O que o Pai quer são os verdadeiros adoradores, aquelas pessoas que manifestam Deus em suas vidas através do amor ao próximo. Estas são as que o adoram “em espírito e verdade” (Jo 4,23). O verdadeiro templo de Deus é a comunidade, onde as pessoas são todas sacerdotes e sacerdotisas, “as palavras vivas”, que continuamente oferecem a Deus o autêntico sacrifício espiritual (1Pd 2,4-5). Por isso mesmo, no Evangelho de João, a limpeza da casa de Deus acontece no início da vida pública de Jesus.

SITUANDO

No evangelho segundo João, o início da atividade de Jesus foi apresentado dentro do esquema de uma semana (João 1,1–2,1). Agora, ao iniciar a descrição dos sinais que acontecem no sábado prolongado (João 2–11), o Quarto Evangelho adota o esquema das festas. Sábado é festa! Todos os sinais relatados por João estão relacionados, de uma ou de outra maneira, com festas importantes da vida do povo: casamento (Jo 2,1), Páscoa (Jo 2,13; 6,4; 11,55; 12,12; 13,1); Tendas (Jo 7,2.37); Pentecostes (Jo 5,1), Dedicação do Templo (Jo 10,22).

Os Evangelhos segundo Marcos, Mateus e Lucas colocam a expulsão do templo no fim da atividade de Jesus, pouco antes da sua prisão, como um dos motivos que levaram as autoridades a prender e matar Jesus. O Evangelho segundo João coloca o mesmo episódio no começo da atividade de Jesus. É para que as comunidades entendam que a nova imagem de Deus, revelada por Jesus, não está mais no antigo templo de Jerusalém, mas sim no novo templo que é Jesus. Não se pode colocar remendo novo em pano velho (Marcos 2,21).

Oração (Vida) –  O que a Palavra nos  leva a dizer a Deus?

Rezamos com o Salmista: Até o pássaro encontra um abrigo e a andorinha um ninho para pôr os seus filhotes:  nos vossos altares, Senhor do universo, meu rei e meu Deus! Felizes os que habitam em vossa casa: sem cessar podem louvar-vos (Sl 83,4s). e com toda a Igreja rezo:

Oração da Campanha da Fraternidade 2021

Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade. Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica, ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo como compromisso de amor, criando pontes que unem em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio. Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade. Por Jesus Cristo, nossa paz, no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém!

  1. Contemplação(Vida/ Missão)

– Qual o nosso novo olhar a partir da Palavra?

Segundo a proposta do Mestre, vamos cultivar a nossa espiritualidade pessoal, mas vamos participar mais concretamente da vida da Igreja.

Bênção

– Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

– Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

– Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

– Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

LEITURAS do III domingo da Quaresma – Ano B:
– Ex 20,1-17; (ou breve: Ex 20, 1-3, 7-8,12-17).
– 2º – 1 Cor 1, 22-25.
– 3ª – Jo 2, 13-25.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

Jo 2, 13-25. – III Domingo da Quaresma – Jesus é o novo templo

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

1ª ORAÇÃO

Senhor, hoje queremos ouvir melhor a sua palavra, para caminhar juntos. Abra o nosso coração. Temos boa vontade, mas não sabemos ainda tomar as decisões na hora certa. Queremos fazer tudo direito, mas na hora a gente fracassa. Conceda-nos a sua graça, para sabermos ainda perdoar, compreender e esclarecer os nossos irmãos. E todos juntos trabalharmos na construção da igreja viva de Jesus Cristo. Ele que vive e reina com o Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém

2ª . EVANGELHO – Jo 2,13-25.

Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado! Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: “O meu amor pela tua casa, ó Deus, queima dentro de mim como fogo.”
Aí os líderes judeus perguntaram: Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu: Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias! Eles disseram:
A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele. 

Momento de Reflexão – A Bíblia explicada em capítulos e versículos

EVANGELHO – Jo 2,13-25 – Jesus é o novo templo

       Era particularmente notável entre os antigos israelitas o sentimento de profundo temor diante da majestade de Deus. Ao passo que nós, da geração do Novo Testamento, preferimos aproximar-nos de Deus em atitude de confiança e de amor. Os Santos Padres notam, por exemplo, a evidente diferença entre a promulgação da Lei de Moisés no monte Sinai, onde Deus se manifesta num quadro de relâmpagos e trovões e toques de trombeta, e no meio dos novelos da fumaça de uma densa nuvem, e a proclamação da lei de Jesus, na tranqüila paz do Monte das Bem-aventuranças, no meio de discípulos cheios de uma atenção toda feita de amor. Estamos lendo neste domingo como primeira leitura – preparando o evangelho da expulsão dos vendilhões do Templo – a cena da promulgação do Decálogo no Sinai: bom ler a narração completa no livro do Êxodo, para ver como é empolgante a descrição feita pelo escritor sagrado. Dá bem uma noção do imenso temor de Que se sentia possuído o povo, diante da manifestação de Deus no alto da montanha.
E aí se elencam os dez mandamentos, com ênfase especialíssima em tudo o que se refere à adoração de Javé, ao repúdio da idolatria e à reverência devida ao nome do Senhor. Não seria fora de propósito notar que o modo de dividir os mandamentos em dez é diferente nos diversos autores antigos, como Fílon, Flávio Josefo ou Orígenes. A seqüência adotada pela Igreja é a de Santo Agostinho.No conjunto formam essa lei fundamental que está na consciência de toda a humanidade e que, se faltasse, tornar-se-ia impossível uma convivência pacífica e honesta entre os homens. Mas no Sinai ela é transmitida pela autoridade pessoal de Deus, Senhor da História.                Esse Deus que se apresenta como aquele que livrou o povo da escravidão do Egito e que, portanto, tem direito à sua obediência e vem fazer com ele um pacto. Esse pacto – a “aliança” – se consagrou com um soleníssimo sacrifício, oferecido sobre um altar rodeado de doze estrelas, representando as doze tribos de Israel. No fim da exposição da Lei, feita por Moisés, o povo se comprometeu a cumpri-la e foram todos aspergidos com o sangue dos novilhos imolados. Era a promulgação da carta nacional e religiosa de um novo povo. E foi gravada em duas tábuas de pedra, que se conservaram na Arca, chamada, por isso mesmo, a “Arca da Aliança”. Ela permanecerá para sempre, elevada e santificada pela Lei nova do Evangelho, onde, aliás, Jesus sintetiza tudo na lei do amor: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.               A Lei e os profetas, tudo está aí compendiado. A página do evangelho de São João, que se vai ler em seguida, focaliza um grave desrespeito ao segundo mandamento. E a cena da profanação do Templo, onde circulavam mercadores de bois, de ovelhas e de pombos, e onde os cambistas faziam as trocas de moedas. Jesus repudiou tudo aquilo energicamente, fazendo até um chicote de cordas para expulsar todos aqueles profanadores, dizendo-lhes: Tirem tudo isso daqui! Não façam da casa de meu Pai uma praça de comércio. Pois, na verdade, tinham transformado a casa de oração num antro de negócios, nem sempre honestos. E o Divino Mestre não poderia mesmo tolerá-lo. Mas no gesto de Jesus havia algo de mais profundo. Antes de tudo, é preciso notar que os judeus reclamaram contra Jesus. Só um profeta de grandes poderes teria autoridade para fazer gestos assim. E perguntaram que sinal Jesus poderia dar de que tinha tal poder. Jesus prometeu um sinal solene: “Destruí este templo e em três dias eu o reerguerei”. E eles reclamaram de novo: “Quarenta anos foram necessários para construir este Templo, e tu em três dias serias capaz de reerguê-Io?” Mas Jesus falava do templo de seu corpo. Os discípulos bem o reconheceram depois da Ressurreição e creram no que Ele havia dito (cfr Jo 2, 13-22).            Pois justamente aí está a grande lição que os comentaristas da Escritura nos ajudam a descobrir. Com a vinda de Jesus, o Templo de Jerusalém ia perder seu sentido. Vem a hora – irá dizer Jesus à Samaritana – e já chegou, em que os verdadeiros adoradores não mais adorarão no Templo de Jerusalém, nem no monte Garizin, na Samaria. Adorarão o Pai em espírito e verdade, isto é, em tudo aquilo que Jesus nos comunica (cfr Jo 4, 21-24). O verdadeiro lugar da adoração de Deus é agora o próprio corpo glorificado de Jesus, “0 templo reconstruído em três dias”. Ele é o centro do culto em espírito e verdade. Ele é o lugar da presença divina (Jo 1, 14). Ele é o verdadeiro “sagrado”, que substituiu o antigo lugar sagrado do povo de Israel.
  1. Um Confronto pessoal

1 – Qual o nosso novo olhar a partir da Palavra?

2 – Segundo a proposta do Mestre, vamos cultivar a nossa espiritualidade pessoal, mas vamos participar mais concretamente da vida da Igreja.

Oração (Vida) –  O que a Palavra nos  leva a dizer a Deus?

Rezamos com o Salmista: Até o pássaro encontra um abrigo e a andorinha um ninho para pôr os seus filhotes:  nos vossos altares, Senhor do universo, meu rei e meu Deus! Felizes os que habitam em vossa casa: sem cessar podem louvar-vos (Sl 83,4s). e com toda a Igreja rezo:

Oração da Campanha da Fraternidade 2021

Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade. Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica, ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo como compromisso de amor, criando pontes que unem em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio. Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade. Por Jesus Cristo, nossa paz, no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém!

Bênção

– Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.

– Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.

– Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.

– Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

LEITURAS do III domingo da Quaresma – Ano B:
– Ex 20,1-17; (ou breve: Ex 20, 1-3, 7-8,12-17).
– 2º – 1 Cor 1, 22-25.
– 3ª – Jo 2, 13-25.

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA
(LECTIO DIVINA)
REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM
III DOMINGO DA QUARESMA – ANO B
CAMINHANDO JUNTOS, NÓS VAMOS CONSTRUINDO O TEMPLO DE DEUS, QUE É A COMUNIDADE
Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Irmãos. O Evangelho de hoje vai falar sobre o Templo. E Jesus chama o seu corpo de Templo. Por isso mesmo, no Novo Testamento, a Igreja de Cristo é chamada também de Templo Santo. Esta idéia vai nos ajudar a refletir hoje em nossa vida de comunidade.

ATO PENITENCIAL

– Sabemos que a fraternidade é o melhor. Mas ficamos escravos do dinheiro, do egoísmo e dos nossos interesses.(Pausa) Perdão, Senhor !
Todos: Perdão, Senhor, porque ainda não caminhamos juntos, como comunidade.
– Dizemos que somos cristãos e templos de Deus, mas aceitamos entre nós a inveja, a desunião e a injustiça. (Pausa)Perdão, Senhor !
Todos: Perdão, Senhor, porque ainda não caminhamos juntos, como comunidade.
– Temos por missão construir uma comunidade aqui, construir a igreja viva de Cristo. E estamos cruzando os braços, quando não destruímos o que os outros fizeram. (Pausa)Perdão, Senhor !
Todos: Perdão, Senhor, porque ainda não caminhamos juntos, como comunidade.

1ª ORAÇÃO

Senhor, hoje queremos ouvir melhor a sua palavra, para caminhar juntos. Abra o nosso coração. Temos boa vontade, mas não sabemos ainda tomar as decisões na hora certa. Queremos fazer tudo direito, mas na hora a gente fracassa.
Conceda-nos a sua graça, para sabermos ainda perdoar, compreender e esclarecer os nossos irmãos. E todos juntos trabalharmos na construção da igreja viva de Jesus Cristo. Ele que vive e reina com o Senhor, na unidade do Espírito Santo.

REFLEXÕES SOBRE A 1ª LEITURA DO LIVRO DO EXODO 20,1-17; (ou breve: Ex 20, 1-3, 7-8,12-17).

Na Bíblia, Deus está sempre mostrando para a gente o que devemos fazer, para construirmos a Igreja viva de Jesus Cristo, a nossa comunidade. Os mandamentos de Deus são luzes, que clareiam o nosso caminho e nos fazem caminhar juntos.

REFLEXÕES SOBRE A 2ª LEITURA: 1 Cor 1, 22-25
Há muita gente que vive atrás de milagres para terem fé. E vivem fazendo promessas, comerciando com Deus. Outros fazem da religião apenas um passatempo.
Cristo crucificado nos ensina que o sofrimento é o caminho para construirmos a sua Igreja viva, caminhando juntos em comunidade.

MENSAGEM/ REFLEXÕES SOBRE O EVANGELHO

Irmãos. A Igreja de Cristo é Comparada com um grande Templo que está sendo construído. E que vai ficar pronto apenas no fim dos tempos. Meditemos um pouco mais a respeito dessa construção.

1.SOMOS O TEMPLO DE DEUS EM CONSTRUÇÃO.
A Igreja universal, ou mesmo cada comunidade de base é como que um templo. O alicerce é Cristo.
Todos os cristãos são convidados para nessa construção. Cada um com o seu jeito. Há serviço para todo mundo que quiser trabalhar. Sempre há vagas.
Muita gente já trabalhou antes de nós. E não é a gente que vai deixar tudo pronto. Nossa missão é levantar as paredes. Se pegamos lá em baixo, ou em bem no alto, tanto faz.
O importante é a gente usar um material bom, que não estrague depressa. É uma massa bem resistente.
Para a construção da comunidade, o material usado tem de ter a liga do amor, da fraternidade, da caridade. Sem isso, nada feito. Pode ficar até uma parede bonita, mas cai logo.

2.RECONSTRUIR AS PARTES ESTRAGADAS DO TEMPLO
O Evangelho de hoje nos mostrou Jesus derrubando as coisas. E ele disse que tinha poder de fazer aquilo, porque tinha também poder de reconstruir o templo do seu corpo, em três dias.
Na Igreja de Cristo, tudo o que é feito com outros interesses se não é por amor, não fica de pé.
Às vezes, são interesses de ganhar dinheiro, como os vendilhões do templo. Estavam no templo, não para rezar, nem para fazer seus sacrifícios a Deus. Foram lá só para negociar.
É importante a gente renovar os verdadeiros motivos de sermos Igreja e estarmos freqüentando a Igreja. Não pode ser para negócios, nem para vaidade, nem para ganhar a política. Seria hipocrisia e fingimento. Isso não é construir o templo de Deus. É estragar tudo.
Caminhar juntos, como irmãos em comunidade, com toda sinceridade, é o jeito de reconstruirmos o que estiver estragado. Na nossa vida e na vida do irmão. Caminhando juntos estaremos sempre levantando a comunidade, a Igreja viva de Cristo.

3. O VERDADEIRO LUGAR DA ADORAÇÃO DE DEUS É AGORA O PRÓPRIO CORPO GLORIFICADO DE JESUS
A página do evangelho de São João, que se vai ler em seguida, focaliza um grave desrespeito ao segundo mandamento. E a cena da profanação do Templo, onde circulavam mercadores de bois, de ovelhas e de pombos, e onde os cambistas faziam as trocas de moedas. Jesus repudiou tudo aquilo energicamente, fazendo até um chicote de cordas para expulsar todos aqueles profanadores, dizendo-Ihes: Tirem tudo isso daqui! Não façam da casa de meu Pai uma praça de comércio. Pois, na verdade, tinham transformado a casa de oração num antro de negócios, nem sempre honestos. E o Divino Mestre não poderia mesmo tolerá-Io.

Mas no gesto de Jesus havia algo de mais profundo. Antes de tudo, é preciso notar que os judeus reclamaram contra Jesus. Só um profeta de grandes poderes teria autoridade para fazer gestos assim.

E perguntaram que sinal Jesus poderia dar de que tinha tal poder. Jesus prometeu um sinal solene: “Destruí este templo e em três dias eu o reerguerei”.
E eles reclamaram de novo: “Quarenta anos foram necessários para construir este Templo, e tu em três dias serias capaz de reerguê-Io?”
Mas Jesus falava do templo de seu corpo. Os discípulos bem o reconheceram depois da Ressurreição e creram no que Ele havia dito (cfr Jo 2, 13-22).
Pois justamente aí está a grande lição que os comentaristas da Escritura nos ajudam a descobrir.
Com a vinda de Jesus, o Templo de Jerusalém ia perder seu sentido. Vem a hora – irá dizer Jesus à Samaritana – e já chegou, em que os verdadeiros adoradores não mais adorarão no Templo de Jerusalém, nem no monte Garizim, na Samaria.
Adorarão o Pai em espírito e verdade, isto é, em tudo aquilo que Jesus nos comunica (cfr Jo 4, 21-24). O verdadeiro lugar da adoração de Deus é agora o próprio corpo glorificado de Jesus, “0 templo reconstruído em três dias”.
Ele é o centro do culto em espírito e verdade.
Ele é o lugar da presença divina (Jo 1, 14).
Ele é o verdadeiro “sagrado”, que substituiu o antigo lugar sagrado do povo de Israel.

¬ LEITURAS do 11I domingo da Quaresma – Ano B: H

– Ex 20,1-17; (ou breve: Ex 20, 1-3, 7-8,12-17).
– 2º – 1 Cor 1, 22-25.
– 3ª – Jo 2, 13-25.

III Domingo da Quaresma -ANO C –

Lc 13, 1-9 – É PRECISO FAZER PENITENCIA –

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

          ​ Na atual liturgia da Quarta-feira de Cinzas, o celebrante, ao colocar a cinza sobre os fiéis, pode usar a antiga fórmula “Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar”, ou, de preferência, esta outra: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Quaresma é tempo de penitência, tempo de conversão, tempo de mudar de vida. O ideal seria que toda a comunidade entrasse nesse clima de conversão, e os costumes se purificassem, e a fé ficasse mais viva, e toda a maldade fosse rejeitada. Mas, se nem todos assumem esse compromisso- como ficaria puro o mundo, se todos o fizessem! – que cada fiel assuma a sua parte, examine sua consciência, descubra tudo o que há de falho em seu relacionamento com Deus e com os irmãos e se volte para Deus, numa verdadeira renovação de vida. Isso é penitência no seu sentido essencial. É a “metanoia”, da qual se fala com tanta frequência no Evangelho. Como aparece na página de São Lucas que a Igreja lê na liturgia da Palavra deste terceiro domingo da Quaresma.

             Vieram contar a Jesus uma dolorosa tragédia que tinha acontecido. Pilatos mandara matar um grupo de galileus que estavam oferecendo um sacrifício no Templo, misturando assim o sangue deles com o sangue das vítimas oferecidas. Uma crueldade sacrílega, da qual os historiadores narram fatos semelhantes. Segundo a crença do povo, aquilo era um castigo de Deus. Aqueles galileus eram certamente grandes pecadores! Mas Jesus não concordou com eles. Eles não eram mais pecadores do que todos os outros galileus. Como não eram mais pecadores – acrescentou – do que os outros habitantes de Jerusalém as dezoito vítimas do desabamento da torre de Siloé (O fato nos é conhecido só pelo Evangelho, mas sabe-se por escavações recentes que houve um desmoronamento nessa região ). Os desastres não são castigos diretos de Deus. Deus não age como que em gestos mágicos que castigam o pecador. Mas esses fatos dolorosos servem de lembretes para nós. Para termos presente que Deus é o Senhor de tudo e que devemos fugir do pecado. Por isso mesmo, Jesus conclui: “Se não vos converterdes, perecereis todos de modo semelhante” (Lc 13, 5) . Pensam os comentadores que essa advertência de Jesus possa aludir ao castigo que viria sobre Jerusalém no ano 70- na guerra de Tito e Vespasiano – por não ter seu povo feito penitência, isto é, por não ter mudado de mentalidade e ter continuado a recusar o Messias. Essa principalmente foi a grande catástrofe, que serviu de lição para aqueles tempos e para sempre.

             Mas, dentro ainda do tema da penitência, Jesus acrescentou uma pequena parábola muito expressiva. Um homem tinha uma figueira plantada no meio da sua vinha, e por três anos seguidos procurou frutos nela e não encontrou. Mandou, então, ao encarregado que a cortasse, pois estava prejudicando o terreno. Mas o encarregado ficou com pena e lhe disse: “Senhor, deixa-a ainda este ano, para que eu cave ao redor e ponha adubo. Depois, talvez dê fruto… Caso contrário, tu a cortarás” (Ibid., 8-9). Aí está expressa, de maneira muito gentil, a paciência de deus E parece-nos ver no encarregado que pediu mais tempo para a figueira uma sombra do Coração misericordioso de Jesus.

             Mas é bom notar que o tempo que se dá para a figueira não é um tempo de ociosidade. É um tempo de cuidados repetidos, simbolizando o empenho redobrado do discípulo de Cristo para se aperfeiçoar na prática das virtudes. A vida cristã é uma luta sem tréguas contra a maldade e as tentações. Supõe muita oração, a prática dos sacramentos, a participação na Eucaristia, a vivência da caridade fraterna em todas as suas modalidades. Ninguém pode cruzar os braços, ocupando inutilmente seu espaço na Igreja e prejudicando com seu mau exemplo o vicejar das virtudes na comunidade. Exatamente como a figueira estéril.

             E não pode ficar sem comentário o toque final da parábola: se de todo a figueira não der fruto, seja cortada. É a situação dos que desprezam a graça de Deus, dos que não se valem dos infinitos recursos de que a misericórdia de Deus os rodeia. Vale aí a sábia palavra de Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará em ti”.

LEITURAS do III Domingo da Quaresma- Ano C:

1a) Ex 3, 1-8a. 13-15

2a) 1Cor 10, 1-6.10-12

3a) Lc 13, 1-9

Jo 2, 13-25. – III Domingo da Quaresma – Jesus é o novo templo

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O amanhecer do Evangelho –

Reflexões e ilustrações de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

João 2, 13-25: “Mas Ele falava do templo do seu corpo”

Na cena do texto, Jesus vai a Jerusalém para a primeira das três Páscoas mencionadas em João (nos Sinóticos – Mt, Mc, Lc – a vida pública de Jesus só durou um ano e eles só mencionam uma Páscoa). No Templo, que deveria ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus dos pobres e sofridos, ele encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios e trocar a moeda, uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo. Quando atacava esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso. Pois os animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus substituiu a purificação dos judeus no sinal das bodas de Caná, aqui ele demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido. Pois, a presença de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Ele cumpre as profecias de Jeremias e Zacarias que predisseram uma religião sem templo nacionalista, explorador econômico do povo (Jr 7, 11-14; Zc 14, 20-21).

João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias – ele usa de propósito o verbo “reerguer” em lugar do “reconstruir” dos Sinóticos (Mt 26, 61). As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, como vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.
Mais uma vez Jesus, através de uma ação profética, desmascara a deturpação da religião por parte das autoridades de Jerusalém. Embora o templo fosse muito bonito e imponente, com liturgias pomposas bem frequentadas, a sua religião era vazia, pois escondia o rosto verdadeiro de Deus. As igrejas correm este mesmo risco nos dias de hoje. Além da descarada exploração financeira dos seus fiéis por parte de algumas seitas (cuidemos para não generalizarmos aqui e evitemos que a mesma coisa aconteça na nossa Igreja!), aos poucos muitas comunidades cristãs perderam a sua dimensão profética de denúncia e anúncio, configurando-se ao mundo neo-liberal de consumismo e gratificação emocional imediata, tornando o Evangelho uma mercadoria a ser vendida através de um marketing, que jamais pode questionar os valores da sociedade vigente. Como escreveu uma vez o Frei Beto, a religião assim “brilha sob as luzes da ribalta, trocando o silêncio pela histeria pública, a meditação pela emoção, a liturgia pela dança aeróbica. Na esfera católica, torna o produto mais palatável, destituindo-o de três fatores fundamentais na constituição da Igreja, mas inadequados ao mercado: a inserção dos fiéis em comunidades, a reflexão bíblico-teológica e o compromisso pastoral no serviço à justiça. As homilias se reduzem a breves exortações que não incomodam as consciências” (Estadão 03.11.99).

Assim, o texto de hoje nos traz um alerta – Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10, 10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.

Nos últimos anos, diante da arrogância despótica de George W. Bush e seus aliados, verdadeiros criminosos de guerra, diante do massacre em Gaza, diante da tragédia de Darfur e do Congo, as vozes de Bento XVI, do Arcebispo Desmond Tutu, do Dalai Lama e de outros líderes religiosos soaram profeticamente ao redor do mundo, lembrando-nos que a religião não se confina à sacristia, mas tem que levar à prática dos princípios do Reino, que recusa a legitimar o derramamento de sangue em troca de petróleo ou minérios. A Campanha da Fraternidade 2009 convoca todos os cristãos para que recuperem essa dimensão profética na luta em favor da verdadeira segurança com o lema “A Paz é Fruto da Justiça” (Is 32, 17), e não das armas, dos bombardeios ou da repressão policial. Aproveitemos do “tempo oportuno” que é a Quaresma para reavaliar a nossa prática religiosa, para que não caia na desgraça do Templo – de ser bonita, atraente e emocionante, mas vazia de sentido.
¬ LEITURAS do III domingo da Quaresma – Ano B:
– Ex 20,1-17; (ou breve: Ex 20, 1-3, 7-8,12-17).

– 2º – 1 Cor 1, 22-25.

– 3ª – Jo 2, 13-25.