EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXOES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

CURTA OS VÍDEOS SOBRE A PAIXÃO DO SENHOR NA SEXTA FEIRA SANTA:

Sexta Feira Santa

A Liturgia da Paixão do Senhor não tem a celebração da Eucaristia, mas apenas a distribuição da comunhão. Além de uma introdução e conclusão silenciosa, a Liturgia tem quatro momentos distintos:

  1. A Liturgia da Palavra nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus:

– Ele é o Servo que carrega os pecados da humanidade (1ª Leitura) Isaías 52,13-53,12:
Leitura do profeta Isaías – 13Ei-lo, o meu servo será bem sucedido; sua ascensão será ao mais alto grau. 14Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo – tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano – 15do mesmo modo ele espalhará sua fama entre os povos. Diante dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrado e conhecendo coisas que jamais ouviram. 53,1Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado reconhecer a força do Senhor? 2Diante do Senhor ele cresceu como renovo de planta ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. 3Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele. 4A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! 5Mas ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. 6Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós. 7Foi maltratado, e submeteu-se, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro ou como ovelha diante dos que a tosquiam, ele não abriu a boca. 8Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. 9Deram-lhe sepultura entre ímpios, um túmulo entre os ricos, porque ele não praticou o mal nem se encontrou falsidade em suas palavras. 10O Senhor quis esmagá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. 11Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas. 12Por isso, compartilharei com ele multidões e ele repartirá suas riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.

Palavra do Senhor.

SALMO (31/30 – cantado)

  1. Minha alma se esvai em tristeza e meus anos se vão em gemidos; enganado por meus opressores, só em ti eu encontro abrigo!
    Atende, Senhor, o clamor do meu coração: “o meu espírito entrego em tuas mãos!”
    2. Quanta angústia!…Meus olhos são tristes e me vejo qual vaso partido. Mas tua face é a luz que procuro, de tua vista eu não seja excluído.
    3. Às ocultas me dizem blasfêmias, por tua graça tão plena me salves. Em correntes pesadas me ataram, vem depressa, Senhor, libertar-me.
  2. https://www.youtube.com/watch?v=JFKtvpTYwEI,
    A Liturgia da Palavra nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus

– O Rei Universal que dá a vida (Evangelho)

– O Único Sacerdote e Mediador entre Deus e a humanidade (2ª Leitura).:

A Leitura da Paixão segundo João nos introduz no mistério pascal, que nesse dia revivemos.  Jesus morre no momento em que, no templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa; a sua imolação é uma imolação “real”, um Sacrifício realizado uma vez por todas, porque a vítima espiritual tornou inúteis as vítimas materiais.

O objetivo de João não é redigir uma crônica detalhada dos fatos, mas alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a “Luz”, mas os homens amaram mais as trevas do que a “Luz”, por isso o rejeitaram e condenaram.

Eis umas características dessa narrativa:

  1. Oposição entre a luz e as trevas.

Jesus aparece decidido, resoluto, ciente de tudo; não fala da agonia, da luta interior.

Os maus agem na “escuridão da noite”.

  1. O velho Anás encaminha o processo de Jesus.

Ele controlava toda a atividade no templo. Personifica quem ama as trevas  e não suporta a “Luz”, que expulsa os vendilhões do Templo.

  1. Diante de Pilatos, algumas cenas significativas:

– Os judeus estão fora; Jesus está dentro; Pilatos no meio…

– Indicações de tempo: Terminada a noite iniciada com Judas ao sair do cenáculo  (traição, prisão, condenação, negações…) desperta um novo dia

Ao meio dia: quando o sol brilha com mais intensidade,   Pilatos proclama solenemente a Realeza: “Eis o vosso Rei”.

Jesus em silêncio, aguarda a escolha de cada um…

  1. A Crucificação e Morte:

– A Caminhada para o Calvário é breve…

– Dá realce à Inscrição sobre a cruz: É a confirmação solene e oficial   da realeza de Jesus, pela autoridade, em várias línguas: Universal. – As Vestes: A túnica inteiriça é dividida em 4 partes:

A roupa representa a pessoa; o número 4 representa os 4 pontos cardeais:

O Sacrifício de Cristo tem um valor universal.

– A Mãe confiada ao Discípulo:

Jesus convida essa mulher a acolher como  filho todo discípulo   que tem a coragem de seguir o Mestre até a Cruz e convida a Comunidade   a considerar-se filha do Povo de Israel do qual Cristo nasceu.

– A Morte de Jesus: Suave e serena, sem fenômenos…

Cai o véu que impedia que o homem visse o rosto de Deus.

Agora contemplamos Jesus na cruz, pobre, fraco,  que se entrega totalmente ao homem.

– “Tenho sede” : Palavras exclusivas em João.

Lembram a água viva prometida à Samaritana.

– Depois da Morte:  O Espírito foi entregue…

Explicita a relação entre o “Espírito” e do dom da água viva.

Do lado aberto, “manarão rios de água viva”.

  1. Sepultura: José de Arimatéia: aquele que fora de “noite” ter com Jesus traz perfumes abundantes usados para as festas nupciais… Não descreve um sepultamento, mas a preparação do leito sobre o qual está para ser acomodado o esposo.

Concluindo: Na apresentação da paixão e morte de Jesus, no passado, se insistiu muito nas particularidades dramáticas do suplício da cruz, nos padecimentos, nos sofrimentos. Os evangelistas e sobretudo João não pretendem comover os cristãos mediante a descrição dos tormentos atrozes infligidos a Jesus, mas procura de todas as maneiras fazer entender a imensidade do seu amor. A Imagem com que conclui a sua narrativa é a da festa das núpcias: a comunidade abraça seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amado por ele.

Começa assim no Calvário a festa das núpcias que terá sua realização plena no céu.Esta será a conclusão da história de amor entre Deus e o homem.

“Amou-nos até o fim…”

EVANGELHO (João 18,1-19,42)

M (Ministro): Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo João.


N (Narrador): Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:
M: A quem procurais?
N: 5Responderam:
G (Grupo ou todos): A Jesus, o nazareno.
N: Ele disse:
M: Sou eu.                                                              

N: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:
M: A quem procurais?
N: Eles responderam:
G: A Jesus, o nazareno.                                                                              

N: 8Jesus respondeu:
M: Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem.
N: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”. 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:
M: Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?
N: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano.

14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: “É preferível que um só morra pelo povo”. 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:
L2 (Leitor 2): Não pertences também tu aos discípulos desse homem?
N: Ele respondeu:
L1 (Leitor1): Não.
N: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu:
M: Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.
N: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:
L2: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
N: 23Respondeu-lhe Jesus:
M: Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?
N: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:
G: Não és tu, também, um dos discípulos dele?
N: Pedro negou:
L1: Não!
N: 26Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:
L2: Será que não te vi no jardim com ele?
N: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:
L2: Que acusação apresentais contra este homem?
N: 30Eles responderam:
G: Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!
N: 31Pilatos disse:
L2: Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei.
N: Os judeus lhe responderam:
G: Nós não podemos condenar ninguém à morte.
N: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:
L2: Tu és o rei dos judeus?
N: 34Jesus respondeu:
M: Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?
N: 35Pilatos falou:
L2: Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?
N: 36Jesus respondeu:
M: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui.
N: 37Pilatos disse a Jesus:
L2: Então tu és rei?
N: Jesus respondeu:
M: Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.
N: 38Pilatos disse a Jesus:
L2: O que é a verdade?
N: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes:
L2: Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos judeus?
N: 40Então, começaram a gritar de novo:
G: Este não, mas Barrabás!
N: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:
G: Viva o rei dos judeus!
N: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:
L2: Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum.
N: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:
L2: Eis o homem!
N: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:
G: Crucifica-o! Crucifica-o!
N: Pilatos respondeu:
L2: Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum.
N: 7Os judeus responderam:

G: Nós temos uma lei e, segundo esta lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
N: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:
L2: De onde és tu?
N: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:
L2: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?
N: 11Jesus respondeu:
M: Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior.
N: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:
G: Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César.
N: 13Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:
L2: Eis o vosso rei!
N: 15Eles, porém, gritavam:
G: Fora! Fora! Crucifica-o!
N: Pilatos disse:
L2: Hei de crucificar o vosso rei?
N: Os sumos sacerdotes responderam:
G: Não temos outro rei senão César.
N: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado “Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus nazareno, o rei dos judeus”. 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
G: Não escrevas “o rei dos judeus”, mas sim o que ele disse: “Eu sou o rei dos judeus”.
N: 22Pilatos respondeu:
L2: O que escrevi, está escrito.
N: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. 24Disseram então entre si:
G: Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será.
N: Assim se cumpria a escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados.       

25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:
M: Mulher, este é o teu filho.
N: 27Depois disse ao discípulo:
M: Esta é a tua mãe.
N: Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado e para que a escritura se cumprisse até o fim, disse:
M: Tenho sede.
N: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:
M: Tudo está consumado.
N: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
(Todos se ajoelham um instante).
N: 31Era o dia da preparação para a páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus.
33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.
38Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus – mas às escondidas, por medo dos judeus – pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido a Jesus de noite. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés.40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.

Palavra da salvação.

  1. A Oração universal: exprime a abertura universal da comunidade, consciente de que a Salvação de Cristo é oferecida a todos os homens.
  2. Adoração da Cruz; Jesus celebrou a sua Páscoa, “passando” através de uma morte dolorosa e humilhante, para chegar à Ressurreição gloriosa. Honrando a Cruz, adoramos e agradecemos a Jesus por seu Amor.
  3. Rito da Comunhão: Hoje não há oferendas a apresentar ao Pai. Não é renovado no Altar o Sacrifício da Cruz, mas se faz a Comunhão com o pão eucarístico consagrado na véspera.

                                              

E DEPOIS DA MORTE DE CRISTO…

Com a morte de Cristo, morreu algo de fundamental importância na vida de todos os seguidores de Jesus de modo particular dos apóstolos.

Aqueles discípulos de Jesus, Cléofas e seu colega, que andava naquela estrada em direção a Emaús, eram a expressão daquilo que se passou na vida dos apóstolos depois que Jesus morreu. Diziam eles:

“Nós esperávamos que ele fosse o libertador, mas já é o terceiro dia”. Essa foi a queixa amarga dos dois.

A vida para eles não tinha mais sentido. A morte de Cristo os fez voltar ao chão duro da realidade.

A realidade parecia mais escura do que antes. A morte destruiu todos os anseios e matou radicalmente qualquer tentativa do futuro.

Um outro futuro já não os atraia. E essa morte já não era só a cruz.

Era toda uma situação que se concentrava na cruz e que conduzia a cruz a quem quisesse seguir pelo caminho de Cristo.

As forças da morte estavam mais vivas do que nunca: o imperialismo romano, que com uma palavra única, ratificou a condenação à morte.

Os soldados que executaram a sentença do governador Pilatos, sem que houvessem possibilidade de impedi-los.

Os escribas que com elas se alegraram.

Os fariseus no farisaísmo que a provocaram, manipulando a opinião pública .

A mentalidade flutuante do povo e tantos outros fatores, tudo isso contribuiu e se uniu uma força única contra Jesus (At 4,24-28).

E conseguiu vencê-lo.

A morte estava personificada como uma força horrenda ameaçando qualquer tentativa que os apóstolos fizessem para continuar a fazer o que Jesus fazia.

Acabou-se tudo.

Os apóstolos ficaram com medo diante dessa força e fugiram ( Mc 14,50-52).

Trancaram até as portas da casa ( Jo 20,19)

Com esses homens apavorados ninguém mais podia contar para nada. Foram derrotados pela realidade que os massacrava e os esmagava.

Os apóstolos estavam mais mortos do que Cristo.

Mas, onde ele estava?

Esperávamos que ele fosse o libertador, mas agora…

Uma barreira intransponível interpunha entre a realidade e o futuro.

A morte, personificada nas estruturas do Império Romano, matava a esperança no coração dos cristãos.

Parece que tudo havia se acabado, com a morte de Jesus, para os seus seguidores.

 

Prezados irmãos, olhemos para essa cruz e pensemos um pouco até onde levou o grande amor de Deus por nós:

“Amou-nos até o fim…”

A História da humanidade é a longa história do amor de Deus e da ingratidão dos homens… da fidelidade de Deus e infidelidade dos homens.  (No canto, vimos alguns fatos, que ilustraram essa realidade no A.T.)

Mas infelizmente, essa História triste ainda continua, e pior: Nós próprios somos os protagonistas… os carrascos… CRISTO verteu até a última gota do seu SANGUE para nos obter a salvação…  E NÓS, quantas vezes, estamos desligados ou indiferentes pela nossa salvação. CRISTO nos deixou a IGREJA para continuar a sua presença salvadora através dos tempos… E NÓS, somos um membro morto que nada faz para o crescimento do  Povo de Deus…  CRISTO manifestou seu amor sobretudo pelos SACRAMENTOS…  Todos os sacramentos são gestos que manifestam o grande amor de Cristo por todos nós…  CRISTO nos deu num dia da infância o BATISMO para ser o começo de uma caminhada para Deus… E NÓS.. quantas vezes paramos nessa caminhada ou pior, nós desistimos desse caminho…  CRISTO nos conferiu em nossa juventude o Sacramento da CRISMA, para que assumíssemos como adultos a fé cristã… E NÓS… continuamos com uma fé infantil…sem atingirmos à maturidade cristã. CRISTO ficou entre nós na EUCARISTIA para ser alimento em nossa caminhada e ser sinal de comunhão…

 

E NÓS… não valorizamos essa comida e pior, essa Eucaristia tornou-se até uma mentira, porque deixou de ser Sinal de comunhão com Deus e com os irmãos. “A mesma língua que recebe o Cristo na Comunhão continua crucificando o Cristo no irmão”. CRISTO, conhecendo nossas fraquezas,nos entregou o sacramento da PENITÊNCIA, para que tenhamos a possibilidade de voltar à amizade de Deus… E NÓS… por vergonha, por medo de assumir um compromisso de conversão, ou por meros preconceitos pessoais, nos afastamos, quem sabe lá há quanto tempo, nos angustiando em nosso vazio interior…

“Os homens fogem do amor e depois que se esvaziam no vazio angustiam e duvidam de você…”

 

CRISTO, nos deu a UNÇÃO DOS ENFERMOS para que entendamos o sentido do sofrimento, da doença e da morte… E NÓS… nos revoltamos… Queremos um Cristo sem Cruz… e nos esquecemos que não existe o Cristo sem cruz…. e também não tem sentido a cruz sem o Cristo. Ambos estão intimamente unidos, pelos pregos que a vida nos reserva… “Tudo na vida tem sentido, prá quem sentido tem sentido tem a flor do meu jardim, sentido tem a dor que não plantei…

                        

Existe o Tabor, existe a Cruz e alguém que deu sentido à dor do meu viver…” CRISTO, conferiu a ORDEM, O SACERDÓCIO, a homens simples e limitados como os demais para serem seus ministros, distribuindo ao povo cristão as coisas sagradas…  E NÓS.. qual é a nossa atitude para com eles ? de apoio, e compreensão ?  Ou vemos neles apenas o lado humano, acabando por desprezar aquilo que eles representam : o Cristo AQUI E AGORA… CRISTO santificou o amor humano com o sacramento da MATRIMÔNIO… E NÓS… talvez não nos preparamos no tempo de namoro com a devida seriedade e dignidade, ou talvez nem vivemos com a necessária fidelidade a vida conjugal … Senhor, olhando para essa cruz, em que estás tão desfigurado pela paixão… vemos o teu grande amor por nós e de outro lado percebemos a nossa ingratidão que não corresponde a esse amor. Mas Senhor, não queremos que tu morras inutilmente por nós. Apesar de nossas fraquezas, de nossas quedas, de nossas infidelidades, queremos que a tua CRUZ realmente vença em nós. E com esse espírito, queremos agora com entusiasmo dar um grito de VITÓRIA….

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

                        SEXTA – FEIRA SANTA                      

MORREU NA CRUZ NO MONTE CALVÁRIO, CHAMADO MONTE DAS CAVEIRAS, MONTE DAS OSSADAS, MONTE DOS ESQUELETOS ONDE ERAM CRUCIFICADOS OS CRIMINOSOS, OS SENTENCIADOS.

DEUS NÃO QUER A MORTE DO PECADOR

Havia na Judéia um casal de hebreus muito feliz. Tinha um filho único que era a alegria do lar, e um pedacinho de terra que cultivavam juntos. Certo dia, porém, a dor veio morar naquela casa: o filho fora assassinado na cidade! O casal continuou a semear seu campo, mas a seara não tinha mais a beleza de antigamente. O trigo era colhido e guardado no celeiro, mas faltava alegria na colheita. A mulher amassava a farinha no coxo ao pé da parede, mas o pão não tinha mais o mesmo sabor. Uma tarde, um moço triste bateu à porta pedindo abrigo. O sol fraco tocava de leve as montanhas da judéia. O casal acolheu o moço e convidou-o para cear. Durante a refeição o estranho peregrino desabafou contando a amargura de sua vida. Disse que certa vez tinha matado um jovem, e daí em diante passou a fugir de tudo e de todos. Estava muito arrependido, queria reparar o seu crime mas não sabia como. Sabia que Deus é Pai de misericórdia, mas que os homens são vingativos. Por isso andava: temeroso e triste, como se alguém o procurasse para matá-lo. Depois de contar tudo, o moço suplicou ao casal que guardasse segredo e não o entregasse à polícia . O casal começou a chorar e explicou ao forasteiro:
“É que nós perdemos um filho assassinado na cidade”. E contou tudo quando e como foi. O estranho hóspede cobriu o rosto e pediu perdão: era ele o assassino daquele moço! O bom casal de hebreus abraçando o moço ;lhe disse: “Não tenha medo, fique conosco: de hoje em diante serás nosso filho!
Nesta história do casal de hebreus o filho foi morto injustamente. E, com sua morte, foi adotado um estranho. O criminoso, ao invés de ser punido, foi recompensado, por causa do seu arrependimento. Mais ou menos assim aconteceu conosco. Nós, os criminosos, fomos feitos “filhos” em vista dos merecimentos daquele que nós mesmos o crucificamos. Nós éramos os culpados e Jesus o justo.

JESUS FOI PRESO, JULGADO E CONDENADO DE QUINTA PARA SEXTA-FEIRA A SABER:

QUINTA FEIRA:

19:00hs: Jesus lava os pés dos seus discípulos (Jo 13,5)
20:00hs: Jesus na última ceia, institui a Sagrada Eucaristia(Jo 13,5)
21:00hs: Jesus no Jardim das Oliveiras (Lc 22,39-43)
22:00hs: Jesus entra em agonia, suando sangue.(Lc 22,44-46)
23:00hs: Jesus recebe o beijo de Judas o traidor. (Lc 22,47-48)
24:00hs: Jesus é apresentado ao Sumo Sacerdote. (Lc 22,54; Jo 18,12-14)

SEXTA-FEIRA:
01:00h : Jesus é acusado por falsas testemunhas e sua face é coberta de escarros. (Mt 26,67)
02:00hs: Jesus é negado por Pedro. (Mt 26,69-75)
03:00hs: Jesus, na prisão, é ultrajado e cuspido. (Lc 22, 63-65)
04:00hs: Jesus, na prisão, recebe o manto de louco. (Lc 23,11)
05:00hs: Jesus, na prisão, sofre em silêncio. (Mt 27,13-14)
06:00hs: Jesus é apresentado ao tribunal de Pilatos. (Mt 27,11-12)
07:00hs: Jesus é desprezado por Herodes. (Lc 23,11)
08:00hs: Jesus é flagelado. (Jo 19,1)
09:00hs: Jesus é coroado de espinhos. (Jo 19,2)
10:00hs: Jesus ao lado de Barrabás é condenado à morte. (Jo 19,15)
11:00hs: Jesus carrega a cruz por nosso amor. (Jo 19,17)
12:00hs: Jesus é despojado de suas vestes. (Jo 19,23-24)
13:00hs: Jesus perdoa ao bom ladrão. (Lc 23,42-43)
14:00hs: Jesus nos entrega Maria por mãe. (Jo 19,25-27)
15:00hs: Jesus morre na cruz. (Jo 19,33)
16:00hs: O coração de Jesus é traspassado por uma lança. (Jo 19,34)
17:00hs: Jesus é tirado da cruz e depositado nos ombros de Maria. (Mc 15,46)
18:00hs: Jesus é sepultado. (Lc 23,50-56)

A PALAVRA DE DEUS

“Enquanto levavam Jesus a Caminho do Calvário tomaram um certo Simão Cirineu, que vinha do campo e impuseram-lhe a cruz para levá-la atras de Jesus… Chegando ao lugar chamado Caveira, lá o crucificaram, bem como aos mal feitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem.” Depois, repartindo as suas vestes sorteavam. O povo permanecia lá, a olhar.
Os chefes, zombavam e diziam: “A outros salvou, que salve a si mesmo, se é o messias de Deus, o eleito!” Os soldados também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre e diziam: “Se és o rei dos judeus salva-te a ti mesmo”. E havia uma inscrição acima dele: “Este é Rei dos Judeus”. Um dos mal feitores ali crucificado blasfemava dizendo a Jesus: “Se és o Cristo, salva-te a ti e a nós também!“
Mas o outro repreendeu dizendo: “Nem sequer temes a Deus tu que sofres no mesmo suplício?
Para nós isso é justo: estamos recebendo o castigo de nossos crimes. Mas este não fez mal algum!”
E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu reino!” E Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso!” (Lc 23,32-45) “A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós que fomos salvos é uma força divina… Os judeus pedem milagres e os gregos sabedoria mas nós pregamos Cristo crucificado que é escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas, para os eleitos, quer judeus, quer gregos, é a força de Deus e a sabedoria de Deus. Pois a loucura de Deus é mais sábia que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”(1Cr 2,18-25)

E CRISTO CARREGA A CRUZ ATÉ O CALVÁRIO
E Cristo, depois de ser aprisionado, julgado e condenado saiu com a cruz às costas até o monte calvário. Aquilo ali era um espetáculo, era uma diversão. Era uma festa para a cidade. Muitos riam, muitos achavam graça. Era uma cena divertida. Os que não riam estavam escondidos: sentiam dó ou somente rezavam, mas não podiam fazer nada, mas não queriam fazer nada… tinham medo. Medo do povo, medo do peso da cruz. Tinham vergonha. Vergonha de serem ridículos. Vergonha de serem palhaços para aquele povo. Vergonha do riso dos outros. E Cristo naquela sexta-feira saiu com a cruz nas costas em direção ao Monte calvário. Era a cruz que devia estar nas costas de Adão, nas costas de Caim, nas costas de Judas, nas costas de Anás e Caifás. Era a cruz que devia estar nas costas de Pedro, nas costas de Pilatos e dos Fariseus. Era a cruz que devia estar nas costas dos escondidos sentindo dó, pena, somente rezando. Era a cruz que devia estar nas costas daquele povo que somente observava. Era a cruz que devia estar nas minhas costas, nas suas costas, nas costas de todos nós. Cristo e os outros podem carregar a cruz. Nós não podemos ou não queremos. Nós não podemos porque não temos formação porque não cometemos pecado nenhum. Porque não cometemos nenhuma falta, nenhum erro. Somos certinhos. Somos “gente de bem”, porque somos muito católicos, porque temos muitos compromissos, porque já fazemos tanta coisa, porque não temos tempo de carregar a cruz, porque não agüentamos carregar a cruz. Assim, Cristo vai carregando a nossa cruz até ao Calvário, e sozinho.

c) OS DOIS LADRÕES
Jesus chega ao Calvário e é pregado na cruz ladeado por dois ladrões, dois bandidos.
Ali estavam três homens pregados na cruz um ao lado do outro. Santo Agostinho diz: “Ali temos um que dá salvação, um que recebe e um que a perde.” Três personagens, três atitudes como nos diz Bossuet: “No centro está o autor da graça, o justo, Jesus: a inocência, a santidade, o amor, o perdão”. De um lado o arrependimento vivido pelo bom ladrão: Senhor, lembra-te de mim quando chegares no teu reino.
E aquele bom ladrão teve a resposta mais feliz que alguém poderia ter ouvido em vida: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.

E do outro lado, o mal ladrão, aquele que não aceitou, aquele que até a última hora, havia presenciado tanta coisa bonita, recusou o amor, recusou o perdão, recusou a misericórdia.
Como se vê os três sofrem o mesmo castigo: a morte de cruz. Mas de maneira diferente.
Um é justo e aceita livremente a morte, para com a sua morte merecer o perdão a todos os culpados do mundo.
O outro é pecador, mas sofre com paciência, porque está arrependido e sente o consolo da misericórdia divina.
O terceiro é um pecador não arrependido, por isso está revoltado sofre mais que todos porque não conta com o perdão de Deus.
Mesmo tendo ao seu lado Jesus lhe oferece o perdão, ele perece no seu pecado.
São três homens nas mesmas condições. Suspensos entre o céu e a terra. Colocados entre a vida e a morte.
No entanto, o arrependimento do bom ladrão lhe dá o alívio da dor com o início do paraíso ali mesmo, enquanto o desespero do mal ladrão lhe aumenta o tormento com o início do inferno já em vida.
“Jesus saiu carregando a sua cruz e chegou ao chamado “lugar da Caveira” em hebraico chamado Gólgota onde o crucificaram; e com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio.
Pilatos redigiu também um letreiro e o fez colocar na cruz; nele estava escrito: “JESUS NAZARENO O REI DOS JUDEUS”. Esse letreiro, muitos judeus o leram porque o lugar onde Jesus fora crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
Disseram então a Pilatos o chefe dos sacerdotes dos judeus: “Não escrevas: ‘O Rei dos Judeus’, mas: ‘Este homem disse eu sou o Rei dos judeus’.” Pilatos respondeu: “O que escrevi está escrito”.( Jo 19,16-22)

JOGAMOS AMBIGUAMENTE COM O SENTIDO DA REALEZA

No último domingo do ano litúrgico a igreja costuma celebrar a Festa de Cristo Rei . Cristo é a salvação.
Se você o acolher na sua vida, você está salvo. Mas que Rei é este? Rei de quem? Jesus é o Rei do universo, Senhor, Salvador, Messias. Mostra-nos que esta realeza de Cristo como disse Cristo a Pilatos:
“Pilatos meu reino não é daqui, não se preocupe.” Nós, no mundo de hoje somos muitas vezes pessoas que têm hogiriza, aversão a rei a realeza, a monarquia: por exemplo, no plebiscito a grande maioria não quis saber de monarquia. E, no entanto, nós vivemos inventando um rei: rei momo, rei do congado, rainha da primavera, tudo para dizer o mais. E para o comércio a gente vê: rei dos fogões, rei dos discos, rei das geladeiras, etc. No futebol existe até o tal do rei Pelé, que foi o mágico da bola, o mais do futebol. Nós jogamos ambiguamente com o sentido da realeza. Contudo a realeza de cristo é inseparável com o seu título de Messias.

b). JESUS NAZARENO É NOSSO REI

Ele é Rei, porque ele é ungido. É o Salvador do mundo. Ele é Rei por uma conquista total, dando a sua vida e assumindo a vivificação do mundo todo. O Rei era ungido para guiar o povo de Deus. O povo esperava o Messias mas tinha idéias totalmente de políticas a respeito do Messias e daí tanta contradição. Na morte de Jesus, aquele povo zombou de Jesus a cada momento porque ele se dizia rei: Eu sou rei. E pensavam que o rei seria não aquele que morresse numa cruz, para encher de luz o mundo na sua ressurreição. Eles pensavam no Cristo como aquele que viria para estabelecer o reino de Israel, que viria para vencer os inimigos, que viria ser quase um novo Rei Davi, o conquistador e matador a espada. E esse rei que estava aí no alto da cruz ficou sendo motivo de riso: foi rejeitado pelos chefes, pelos próprios judeus, por Pilatos, pelos romanos, pelos soldados a ponto de abusar dele ajoelhando diante dele, batendo nele, etc. Que Rei é esse? O mal ladrão foi um pouquinho mais inteligente. Quis logo tirar proveito pelo fato dele dizer que era rei: “Se você é rei, então desça daí da cruz e tira-nos que estamos no mesmo sofrimento”. E aí gozou “não pode salvar a si mesmo como quer salvar os outros? É impressionante como Jesus é um sinal de contradição. Aquilo que dizia o velho Simeão, quando Maria e José apresentaram Jesus no Templo: “Esse menino será uma pedra de tropeço, de contradição para muita gente.” É a pura contradição. E é ainda hoje. Não aprofundar esse sentido da realeza de Jesus Cristo é partir para todas as contradições. Para muita gente, Cristo é tudo, menos Deus feito homem, menos o Messias, menos o Libertador, menos o Salvador, e por isso menos Rei. A pessoa que mais entendeu da realeza de Cristo foi o companheiro de suplício, foi o bom ladrão que estava do seu lado, que estava morrendo com ele. E a única pessoa que defendeu o cristo no seu sofrimento, na Paixão, no julgamento, foi um ladrão que estava morrendo com ele. Certamente um zelota, um sujeito violento, que naquele momento foi companheiro dele com o outro. Reconhece que ele é culpado, mas que bonito, proclama a inocência de Jesus: “Nós sabemos porque estamos pregado na cruz, mas o que Jesus fez de mal?”

E aí vem uma das passagens mais bonitas. E São Lucas pintou essa passagem literalmente. Esse ladrão não chamou Jesus de rei, mas disse simplesmente: “Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no paraíso, no teu reino.” A palavra Jesus significa Deus Salva. Naquele momento, o bom ladrão mergulhou no sentido real da salvação. Reconheceu que aquele rei era o Rei Messias, era o Rei capaz de dar-lhe o céu. Era o Rei capaz de dar-lhe a salvação. E aquele homem recebeu de Jesus a resposta mais feliz: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.” Por isso a gente tem de ver como a cruz é o trono de onde Jesus começa a reinar.

E ainda hoje, é através da cruz que ele penetra em nossas vidas. A morte o introniza na glória do Pai.
Ele diz: “Quando eu tiver sido crucificado atrairei tudo a mim. “ Por isso é da cruz que Ele reina. É do mais profundo da santidade que Ele reina. É do mais profundo da misericórdia que ele reina. Outro dia eu li um pensamento muito bonito dizendo: que a misericórdia de Deus não é remendo para os nossos pecados. Por isso é interessante agirmos como o bom ladrão: reconheçamos que Cristo é o nosso Rei e Salvador e em nome de todos dizer que Ele é o nosso Rei.

JOSÉ DE ARIMATÉIA E NICODEMOS TIRAM JESUS DA CRUZ

E Jesus é retirado da cruz por Nicodemos e José de Arimatéia. Um gesto de amizade, um gesto de coragem que dois amigos de Jesus, José de Arimatéia e Nicodemos fizeram naquele dia enfrentando o mal humor, enfrentando a raiva de Pilatos, enfrentando a fúria dos sumos sacerdotes, enfrentando a opinião pública daquela massa revoltada, José de Arimatéia, vai corajosamente até Pilatos, para sepultar com dignidade, com honradez, o seu amigo que ele acreditava ser o Filho de Deus.

Os dois amigos de Jesus, José de Arimatéia e Nicodemos, aproximam respeitosamente da cruz e tiram da cabeça de Jesus aquela tabuleta. Naquela tabuleta tinha os seguintes dizeres: “Jesus Nazareno o Rei dos Judeus”: título de zombaria, título de ironia, título de gozação que Pilatos escreveu com muita raiva para pisar nos judeus.

Pilatos fez de tudo para libertar Jesus mas os judeus gritavam furiosos: “A cruz com ele. Crucifica-o! Se o soltares não és amigo de César.”

E Pilatos amedrontado voltou atras. Mas aquilo que Pilatos escreveu com zombaria, desde toda a eternidade Deus escreveu como verdade: Jesus não seria apenas Rei dos Judeus, mas o Rei de todos os povos, de todos os tempos, em todas as nações. José de Arimatéia e Nicodemos aproximam-se também da coroa de espinhos. E tiram a coroa de espinhos da cabeça de Jesus. Talvez não façamos a idéia, essa coroa de espinhos, não era um enfeite. Era uma coroa que atravessou o seu coro cabeludo que arrebentou as suas veias como está provado muito bem pelo estudo do Santo Sudário de Turim. Aproximaram-se também de seus braços e o tiram da cruz. Aquele que dizia Eu sou o bom pastor, eu conheço as minhas ovelhas. Aquele que carregara em seus ombros, a ovelha perdida, aquelas mãos aflitas a sanar tantas dores, eis o que fizeram delas. Mão do bem. Mão do perdão. Mão da bondade. Mãos da misericórdia. Mãos santas. Eis o que fizeram delas. José de Arimatéia e Nicodemos aproximam também de seus pés e o tiram da cruz. Pés de caminheiro. Pés de pregador ambulante. Pés de pregador que nunca estava parado sempre andando de um lugar para o outro a levar a boa notícia de Deus aos outros. E Jesus desce morto da cruz ajudado por Nicodemos e José de Arimatéia.

NAQUELA SEXTA-FEIRA CRISTO ERA O MAIS INFELIZ DOS HOMENS

Sozinho, desacreditado, todos fora longe dele. Era preciso que ele morresse para que houvesse mais tranqüilidade. Há três anos não havia paz, não havia paz na vida dos grandes, não havia paz na consciência dos fariseus. Era preciso que Ele morresse para que a lei de Javé não fosse destruída. Era preciso que lei morresse para que Anás e caifás continuassem os grandes sacerdotes. Era preciso que ele morresse para que a cidade ficasse limpa dos leprosos, dos cegos, dos mudos, dos paralíticos, dos analfabetos, dos incômodos. Era preciso. E assim foi feito. Os incomodados estavam satisfeitos. O mal feitor estava morto. A consciência religiosa estava tranqüila. O provocador da religião estava morto. A palavra da verdade estava morta. Tudo podia ficar como estava. O renovador estava morto na cruz. Era mais ou menos às 12 hs quando houve treva sobre toda a terra até às 15 hs, quando desaparece o sol. De repente, rasga-se de alto a baixo o véu do tempo. Uma densa nuvem de escuridão invade toda a terra. Racham-se os rochedos. Por isso, o próprio centurião, o chefe da centúria, o chefe dos soldados romanos, o chefe dos sem homens, aquele comandante brada: “Verdadeiramente este homem não pode ser um homem comum. Ele é o Filho de Deus. Não se trata de um malfeitor.”

MORREU COMO UM HOMEM ENJEITADO .

Quando Jesus nasceu ele não encontrou uma casa para morar. Não encontrou uma cama para deitar. Não encontrou um hospital para nascer. Queria nascer no meio dos homens, mas os homens não o aceitaram. Precisou nascer afastado dos homens. Nasceu como uma criança enjeitado. Morreu como homem enjeitado. E nessa Sexta-feira Santa Cristo morre e não tem uma sepultura para ser sepultado.
Precisou ser sepultado numa sepultura emprestada. Hoje pouca coisa mudou ou nada mudou .
O Cristo continua morrendo em nosso meio e ainda não encontra lugar. Ao pé da cruz está o Cristo morto. Eis aqui o Cristo morto:
• Esse Cristo Deus em que você não acreditou.
• Cristo salvação que você não aceitou.
• Cristo luz que você apagou na sua vida.
• Cristo verdade que você traiu. Cristo que foi gente e você não quis ser Cristo.
• Cristo criança que você escandalizou.
• Cristo pobre que você não ajudou.
• Cristo irmão de quem você fugiu.
• Cristo pai de quem você se envergonhou.
• Cristo amigo a quem você odiou.
• Cristo Samaritano de quem você não aprendeu.
• Cristo morto na cruz para que você possa viver.
Se você viver hoje, Cristo ressuscitará amanhã!