UM DE VÓS VAI ME TRAIR – ANÚNCIO DA TRAIÇÃO DE JUDAS – Jo 13,21-33. 36-38

João 13, 21-33.36-38 – ANÚNCIO DA TRAIÇÃO DE JUDAS – Um de vocês vai me trair!”

A Bíblia explicada em capítulos e versículos

O Amanhecer do Evangelho

                              Reflexões e ilustraçoes de Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

5 domingo da Páscoa

https://youtu.be/FYRRLTeWcZ4

1)Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar de tal modo os mistérios da paixão do Senhor, que possamos alcançar vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.1º Leitura: Isaías 49,1-6

  1. Leitura do primeiro livro de Isaías – Naqueles dias,1Ilhas, ouvi-me; povos de longe, prestai atenção! O Senhor chamou-me desde meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome.2Tornou minha boca semelhante a uma espada afiada, cobriu-me com a sombra de sua mão. Fez de mim uma flecha penetrante, guardou-me na sua aljava.3E disse-me: Tu és meu servo, (Israel), em quem me rejubilarei.4E eu dizia a mim mesmo: Foi em vão que padeci, foi em vão que gastei minhas forças. Todavia, meu direito estava nas mãos do Senhor, e no meu Deus estava depositada a minha recompensa.5E agora o Senhor fala, ele, que me formou desde meu nascimento para ser seu Servo, para trazer-lhe de volta Jacó e reunir-lhe Israel, (porque o Senhor fez-me esta honra, e meu Deus tornou-se minha força).6Disse-me: Não basta que sejas meu servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel; vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo.
    – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Salmos 70, 1 – 6 70, 15 – 15 70, 17 – 17

Refrão: O Senhor é minha luz e salvação.

  1. É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida.
    2. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me.
    3. Sede-me uma rocha protetora, uma cidadela forte para me abrigar: e vós me salvareis, porque sois meu rochedo e minha fortaleza.
    4. Meu Deus, livrai-me da mãos do iníquo, das garras do inimigo e do opressor,
    5. porque vós sois, ó meu Deus, minha esperança. Senhor, desde a juventude vós sois minha confiança.
    6. Em vós eu me apoiei desde que nasci, desde o seio materno sois meu protetor; em vós eu sempre esperei.
    15. Minha boca proclamará vossa justiça e vossos auxílios de todos os dias, sem poder enumerá-los todos.
    17. Vós me tendes instruído, ó Deus, desde minha juventude, e até hoje publico as vossas maravilhas.

Reflexão:Jo13,21-33.36-38
Mesmo entre os discípulos de Jesus, a humanidade, com a sua fraqueza, falou mais alto nos momentos mais difíceis. Todos estão à mesa com ele, celebrando a Páscoa, mas ninguém está pronto para viver a Páscoa de Jesus. Judas Iscariotes abandona a mesa celebrativa para procurar os sumos sacerdotes e trair Jesus. Simão Pedro afirma que dará a vida por Jesus e, como resposta, ouve a profecia de que o negará três vezes ainda naquela noite. Com exceção de João, que esteve acompanhando Jesus até o alto do Calvário, todos os demais se dispersaram.Evangelho João 5,1-16

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João – Naquele tempo,1Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.2Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos.3Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água.4[Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.]5Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.6Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: Queres ficar curado?7O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim.8Ordenou-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.9No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado.10E os judeus diziam ao homem curado: E sábado, não te é permitido carregar o teu leito.11Respondeu-lhes ele: Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda.12Perguntaram-lhe eles: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?13O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar.14Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior.15Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado.16Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado.
– Palavra da Salvação2)Leitura do Evangelho (João 13, 21-33.36-38)

21Depois de dizer isso, Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: “Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem estava falando. 23Bem ao lado de Jesus estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. 24Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. 25O discípulo, então, recostando- se sobre o peito de Jesus, perguntou: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der um bocado passado no molho”. Então, Jesus molhou um bocado e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do bocado, Satanás entrou em Judas. Jesus, então, lhe disse: “O que tens a fazer, faze logo”. 28Mas nenhum dos presentes entendeu por que ele falou isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus estava dizendo: “Compra o que precisamos para a festa”, ou que desse alguma coisa para os pobres. 30Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31Depois que Judas saiu, Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!” 38Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes. Palavra da salvação3) Reflexão João 13,21-33.36-38

* Estamos na terça feira da Semana Santa. Os textos do evangelho destes dias nos confrontam com os fatos terríveis que levaram à prisão e à condenação de Jesus. Os textos não trazem só as decisões das autoridades religiosas e civis contra Jesus, mas também relatam as traições e negações dos próprios discípulos que possibilitaram a prisão de Jesus pelas autoridades e contribuíram enormemente para aumentar o sofrimento de Jesus.* João 13,21: O anúncio da traição. Depois de ter lavado os pés dos discípulos (Jo 13,2-11) e de ter falado da obrigação que temos de lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comoveu profundamente. E não era para menos. Enquanto ele estava fazendo aquele gesto de serviço e de total entrega de si mesmo, ao lado dele um discípulo estava tramando a maneira de como traí-lo naquela mesma noite.Jesus expressa a sua comoção e diz: “Em verdade lhes digo: um de vocês vai me trair!” Não diz: “Judas vai me trair”, mas “um de vocês”. É alguém do círculo da amizade dele que vai ser o traidor”.* João 13,22-25: A reação dos discípulos. Os discípulos levam susto. Não esperavam por esta declaração tão séria de que um deles seria o traidor. Pedro faz um sinal a João para ele perguntar a Jesus qual dos doze iria cometer a traição. Sinal de que eles nem sequer desconfiavam quem pudesse ser o traidor. Ou seja, sinal de que a amizade entre eles ainda não tinha chegado à mesma transparência de Jesus para com eles (cf. Jo 15,15). João se inclinou para perto de Jesus e perguntou: “Quem é?”* João 13,26-30: Jesus indica Judas. Jesus disse: é aquele a quem vou dar um pedaço de pão umedecido no molho. Ele pegou um pedaço de pão, molhou e deu a Judas. Era um gesto comum e normal que os participantes de uma ceia costumavam fazer entre si.E Jesus disse a Judas: “O que você tem que fazer, faça logo!” Judas tinha a bolsa comum. Era o encarregado de comprar as coisas e de dar esmolas para os pobres. Por isso, ninguém percebeu nada de especial no gesto e na palavra de Jesus. Nesta descrição do anúncio da traição está uma evocação do salmo em que o salmista se queixa do amigo que o traiu: “Até o meu amigo, em quem eu confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair” (Sl 41,10; cf. Sl 55,13-15). Judas percebeu que Jesus estava sabendo de tudo (Cf. Jo 13,18). Mesmo assim, não voltou atrás, e manteve a decisão de trair Jesus. É neste momento que se opera a separação entre Judas e Jesus. João diz que o satanás entrou nele. Judas levantou e saiu. Ele entrou para o lado do adversário (satanás). João comenta: “Era noite”. Era a escuridão.* João 13,31-33: Começa a glorificação de Jesus. É como se a história tivesse esperado por este momento da separação entre a luz e as trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entraram em Judas quando ele decidiu de executar o que estava tramando. Neste mesmo momento se fez luz em Jesus que declara: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo!” O que vai acontecer daqui para frente é contagem regressiva. As grandes decisões foram tomadas, tanto da parte de Jesus (Jo 12,27-28) e agora também da parte de Judas. Os fatos se precipitam. E Jesus já dá o aviso: “Filhinhos, é só mais um pouco que vou ficar com vocês”. Falta pouco para que se realize a passagem, a Páscoa.* João 13,34-35: O novo mandamento. O evangelho de hoje omite estes dois versículos sobre o novo mandamento do amor e passa a falar do anúncio da negação de Pedro.* João 13,36-38: Anúncio da negação de Pedro. Junto com a traição de Judas, o evangelho traz também a negação de Pedro. São os dos dois fatos que mais contribuíram para o sofrimento de Jesus. Pedro diz que está disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: “Você dar a vida por mim? O galo não cantará sem que me renegues três vezes”. Marcos tinha escrito: “O galo não cantará duas vezes e você já me terá negado três vezes” (Mc 14,30). Todo mundo sabe que o canto do galo é rápido. Quando de manhã cedo o primeiro galo começa a cantar, quase ao mesmo tempo todos os galos estão cantando. Pedro é mais rápido na negação do que o galo no canto.4) Para um confronto pessoal
1) Judas, amigo, torna-se traidor. Pedro, amigo, torna-se negador. E eu?
2) Colocando-me na situação de Jesus: como enfrenta negação e traição, o desprezo e a exclusão?5) Oração final

És tu, Senhor, a minha esperança, és minha confiança, SENHOR, desde a minha juventude. Sobre ti me apoiei desde o seio materno, desde o colo de minha mãe és minha proteção; em ti está sempre o meu louvor. (Sl 70, 5-6)

Liturgia Diária
1º Leitura: Salmo: Evangelho:
Isaías 49,1-6 Salmos 70, 1 – 6 70, 15 – 15 70, 17 – 17 João 13,21-33 13,36-38

João 13,21-33.36-38- * O texto do evangelho de hoje nos confronta com os fatos terríveis que levaram à prisão e à condenação de Jesus.

EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM 1)Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar de tal modo os mistérios da paixão do Senhor, que possamos alcançar vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2)Leitura do Evangelho (João 13, 21-33.36-38)

21Depois de dizer isso, Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: “Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem estava falando. 23Bem ao lado de Jesus estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. 24Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. 25O discípulo, então, recostando- se sobre o peito de Jesus, perguntou: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der um bocado passado no molho”. Então, Jesus molhou um bocado e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do bocado, Satanás entrou em Judas. Jesus, então, lhe disse: “O que tens a fazer, faze logo”. 28Mas nenhum dos presentes entendeu por que ele falou isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus estava dizendo: “Compra o que precisamos para a festa”, ou que desse alguma coisa para os pobres. 30Então, depois de receber o bocado, Judas saiu imediatamente. Era noite. 31Depois que Judas saiu, Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!” 38Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes. Palavra da salvação.Reflexão:Jo13,21-33.36-38
Mesmo entre os discípulos de Jesus, a humanidade, com a sua fraqueza, falou mais alto nos momentos mais difíceis. Todos estão à mesa com ele, celebrando a Páscoa, mas ninguém está pronto para viver a Páscoa de Jesus. Judas Iscariotes abandona a mesa celebrativa para procurar os sumos sacerdotes e trair Jesus. Simão Pedro afirma que dará a vida por Jesus e, como resposta, ouve a profecia de que o negará três vezes ainda naquela noite. Com exceção de João, que esteve acompanhando Jesus até o alto do Calvário, todos os demais se dispersaram.3) Reflexão João 13,21-33.36-38

* O texto do evangelho de hoje nos confronta com os fatos terríveis que levaram à prisão e à condenação de Jesus. O texto não traz só as decisões das autoridades religiosas e civis contra Jesus, mas também relatam as traições e negações dos próprios discípulos que possibilitaram a prisão de Jesus pelas autoridades e contribuíram enormemente para aumentar o sofrimento de Jesus.* João 13,21: O anúncio da traição. Depois de ter lavado os pés dos discípulos (Jo 13,2-11) e de ter falado da obrigação que temos de lavar os pés uns dos outros (Jo 13,12-16), Jesus se comoveu profundamente. E não era para menos. Enquanto ele estava fazendo aquele gesto de serviço e de total entrega de si mesmo, ao lado dele um discípulo estava tramando a maneira de como traí-lo naquela mesma noite.Jesus expressa a sua comoção e diz: “Em verdade lhes digo: um de vocês vai me trair!” Não diz: “Judas vai me trair”, mas “um de vocês”. É alguém do círculo da amizade dele que vai ser o traidor”.* João 13,22-25: A reação dos discípulos. Os discípulos levam susto. Não esperavam por esta declaração tão séria de que um deles seria o traidor. Pedro faz um sinal a João para ele perguntar a Jesus qual dos doze iria cometer a traição. Sinal de que eles nem sequer desconfiavam quem pudesse ser o traidor. Ou seja, sinal de que a amizade entre eles ainda não tinha chegado à mesma transparência de Jesus para com eles (cf. Jo 15,15). João se inclinou para perto de Jesus e perguntou: “Quem é?”* João 13,26-30: Jesus indica Judas. Jesus disse: é aquele a quem vou dar um pedaço de pão umedecido no molho. Ele pegou um pedaço de pão, molhou e deu a Judas. Era um gesto comum e normal que os participantes de uma ceia costumavam fazer entre si.E Jesus disse a Judas: “O que você tem que fazer, faça logo!” Judas tinha a bolsa comum. Era o encarregado de comprar as coisas e de dar esmolas para os pobres. Por isso, ninguém percebeu nada de especial no gesto e na palavra de Jesus. Nesta descrição do anúncio da traição está uma evocação do salmo em que o salmista se queixa do amigo que o traiu: “Até o meu amigo, em quem eu confiava e que comia do meu pão, é o primeiro a me trair” (Sl 41,10; cf. Sl 55,13-15). Judas percebeu que Jesus estava sabendo de tudo (Cf. Jo 13,18). Mesmo assim, não voltou atrás, e manteve a decisão de trair Jesus. É neste momento que se opera a separação entre Judas e Jesus. João diz que o satanás entrou nele. Judas levantou e saiu. Ele entrou para o lado do adversário (satanás). João comenta: “Era noite”. Era a escuridão.* João 13,31-33: Começa a glorificação de Jesus. É como se a história tivesse esperado por este momento da separação entre a luz e as trevas. Satanás (o adversário) e as trevas entraram em Judas quando ele decidiu de executar o que estava tramando. Neste mesmo momento se fez luz em Jesus que declara: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo!” O que vai acontecer daqui para frente é contagem regressiva. As grandes decisões foram tomadas, tanto da parte de Jesus (Jo 12,27-28) e agora também da parte de Judas. Os fatos se precipitam. E Jesus já dá o aviso: “Filhinhos, é só mais um pouco que vou ficar com vocês”. Falta pouco para que se realize a passagem, a Páscoa.* João 13,34-35: O novo mandamento. O evangelho de hoje omite estes dois versículos sobre o novo mandamento do amor e passa a falar do anúncio da negação de Pedro.* João 13,36-38: Anúncio da negação de Pedro. Junto com a traição de Judas, o evangelho traz também a negação de Pedro. São os dos dois fatos que mais contribuíram para o sofrimento de Jesus. Pedro diz que está disposto a dar a vida por Jesus. Jesus o chama à realidade: “Você dar a vida por mim? O galo não cantará sem que me renegues três vezes”. Marcos tinha escrito: “O galo não cantará duas vezes e você já me terá negado três vezes” (Mc 14,30). Todo mundo sabe que o canto do galo é rápido. Quando de manhã cedo o primeiro galo começa a cantar, quase ao mesmo tempo todos os galos estão cantando. Pedro é mais rápido na negação do que o galo no canto.4) Para um confronto pessoal
1) Judas, amigo, torna-se traidor. Pedro, amigo, torna-se negador. E eu?
2) Colocando-me na situação de Jesus: como enfrenta negação e traição, o desprezo e a exclusão?

5) Oração final

És tu, Senhor, a minha esperança, és minha confiança, SENHOR, desde a minha juventude. Sobre ti me apoiei desde o seio materno, desde o colo de minha mãe és minha proteção; em ti está sempre o meu louvor. (Sl 70, 5-6)

Liturgia Diária
1º Leitura: Salmo: Evangelho:
Isaías 49,1-6 Salmos 70, 1 – 6 70, 15 – 15 70, 17 – 17  

João 13,21-33 13,36-38

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

(LECTIO DIVINA)

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

V DOMINGO DA PÁSCOA -ANO C

O NOVO MANDAMENTO

O capítulo XIII de São João, a partir do versículo 31 – e continuando ainda nos quatro capítulos seguintes – constitui uma espécie de coração do evangelho. É onde Cristo faz suas despedidas dos apóstolos, e derrama no coração deles as mais sublimes confidências de seu coração.

Pode-se dizer que suas palavras têm um típico sabor testamentário, falando de sua partida, da vinda do Espírito Santo e da união que deve caracterizar a vida da Igreja, a videira na qual Ele é a cepa, nós somos os ramos. Imediatamente antes, Judas se havia retirado da sala onde estavam celebrando a Última Ceia. E o evangelista sublinhara o fato com uma pincelada simbólica: “Judas saiu imediatamente. Era noite” (Jo 13, 30). Estava escuro lá fora, e estava escuro na alma de Judas. Começava a hora do “poder das trevas”.

Dentro das mil lições preciosas que se lêem nesses capítulos, a Liturgia salienta para nós hoje o mandamento do amor: “Mandatum novum do vobis – Eu vos dou um novo mandamento” (v 34). É esse “mandato” que tem sido tema dos mais belos sermões dos pregadores da Igreja na Quinta-feira Santa.

Entre eles, o nosso grande Vieira, do qual podemos ler seis esplêndidos exemplares de sermões do Mandato nas coleções de sua obra oratória. A noite da Quinta-feira Santa, segundo um comentário de São João Crisóstomo, constitui uma espécie de “academia do amor”.

Nela Jesus realizou um grande gesto de amor- o lava-pés, instituiu o sacramento do amor -a Eucaristia, proclamou o mandamento do amor. E Jesus o proclamou tomado de uma particular sensação de ternura, uma vez que se dirige aos apóstolos, chamando-os de “filhinhos”, o que não acontece em qualquer outro lugar do Evangelho.

Já alguém disse que, se o Evangelho fosse uma fruta que se pudesse espremer como se espreme uma laranja, o suco que daí correria seria o amor. E isso está aí bem patente nessa palavra de Jesus: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei”. A “novidade” deste mandamento é que não se trata do antigo e conhecido mandamento que mandava “amar ao próximo como a nós mesmos”. A medida aqui é outra. Trata-se de amar-nos uns aos outros “como Jesus nos amou”. O estilo divino desse amor de Cristo tem que ser o modelo do nosso amor. De tal sorte que nossa presença junto aos irmãos que amamos seja uma sombra da presença do próprio Cristo.

Um amor que pára junto a cada irmão que precisa, como parou o Bom Samaritano junto ao homem ferido na estrada de Jericó. Um amor que presta em favor dos irmãos os mais humildes serviços, como fez Jesus lavando os pés a seus apóstolos.

Um amor que perdoa e dá a sensação de uma vida nova, como fez Jesus com Madalena, com a mulher adúltera, com tantos outros a quem Ele disse: “Vai e não peques mais”.

Um amor, sobretudo, que dá a vida pelos amigos, como fez Jesus no sacrifício da cruz. Somos todos chamados a dar a vida por nossos irmãos, senão na forma trágica de uma crucifixão, no desvelo constante de cada dia, que vai gastando pouco a pouco nossas energias do corpo e do espírito. Que beleza que é esse martírio silencioso de tantas pessoas, que não se fecham no seu egoísmo, mas se sacrificam pelo bem dos outros!

Além de proclamar o mandamento do amor, Jesus o deixou como sinal distintivo dos cristãos: “Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (v 35). É a marca do cristão.

Quem disser que é cristão, e não amar seu irmão, está usando fraudulentamente esse nome. No meio do paganismo, o que atraiu seguidores para o evangelho de Jesus foi o exemplo do amor dos cristãos.

Tertuliano conta que os pagãos ficavam impressionados com o procedimento dos cristãos, e diziam: Vejam como eles se amam, e estão dispostos a morrer uns pelos outros!

Temos que trazer em nós essa marca. E manifestá-la em todas as atitudes de nossa vida. Sem ela, não seríamos dignos de Cristo.

 

LEITURAS do V Domingo da Páscoa – Ano C:

1 a) At 14, 20b-26

2a) Ap 21, 1-5a

3a) Jo 13, 31-333.34-35