EVANGELHO E HOMILIA DO DIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

CURTA O VÍDEO – SANTÍSSIMA TRINDADE: GLÓRIA A DEUS, UNO E TRINO

https://www.youtube.com/watch?v=Jjw2YLQoAN8&t=41s,No dia 17 de março, festa de São Patrício – o grande apóstolo da Irlanda, que a conquistou toda para Cristo – os irlandeses guardam a tradição de pregar na roupa ou colocar na lapela uma folha de trevo. Isso é para eles um testemunho de fé; pois lembram que seu santo Bispo se servia da comparação da folha de trevo – que é uma e tríplice – para ajudar a guardar a verdade básica de nossa fé: um só Deus, em três pessoas.É claro que a comparação é muito rudimentar. Mas dificilmente acharíamos uma comparação, que pudesse expressar apropriadamente o grande mistério. E aí onde até a lúcida fantasia do maior poeta cristão, Dante Alighieri, veio a falhar: “Da fantasia a força me fugiu”, como ele diz no finalzinho da Divina Comédia (Par., XXXIII, 142). Só sabemos balbuciar. Cremos e adoramos. Compreender não podemos. Mas louvamos a grandeza de Deus uno e trino. E milhões de vezes por dia, partindo de todos os- recantos da terra, sobe aos céus o louvor de Deus nessa fórmula de fé e de confiança: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo “.Deus é um só: “Há um só Deus e não pode haver mais do que um”, como nos ensinou a dizer o velho e imortal catecismo. Mas Deus não é sozinho. Nele há a unidade, mas não há solidão. Há comunhão. Na unidade que adoramos – como adoram os muçulmanos, os judeus e muitos povos religiosos – há uma misteriosa Trindade, que só conhecemos pela palavra de Jesus, desenvolvida no Evangelho e nos demais livros do Novo Testamento. Deus é PAI, incriado, princípio sem princípio. Deus é FILHO, gerado do Pai desde todos os séculos, como o orvalho da manhã. Deus é ESPIRITO SANTO, sopro divino que procede do Pai e do Filho. Essas três pessoas são igualmente eternas. Uma não existe antes nem depois da outra. Nelas existe a simultaneidade do ser, embora a pobreza de nossa linguagem humana nos obrigue a enumerar: primeira pessoa, segunda pessoa, terceira pessoa.Santo Agostinho, o mais versado Doutor da Igreja no estudo – melhor deveríamos dizer na “contemplação” – do dogma da Santíssima Trindade, usou de uma analogia psicológica, que passou para Santo Tomás e para outros sábios da Igreja. Como no homem existe a mente, o pensamento e o amor, intimamente concatenados; assim em Deus há a inteligência, o conhecimento e o amor. A segunda pessoa tem o nome de “Verbo”, que sugere exatamente a “palavra”, o “pensamento”, que orienta a analogia de Santo Agostinho: O Filho é o pensamento do Pai. Mas também, de algum modo, a terceira pessoa, o Espírito Santo, traz uma conveniência para isso. Pois “Espírito” se pode traduzir por “suspiro”, que é expressão de amor.É muito agradável encontrar na Sagrada Escritura as claras manifestações da Trindade. É, por exemplo, o que acontece no batismo de Jesus no Jordão. Aí está Jesus, o Filho, a segunda pessoa, recebendo o batismo das mãos de João. Ouve-se a voz do Pai, falando das alturas: “Este é meu Filho muito amado”.E se manifesta o Espírito Santo, em forma de pomba, pairando sobre as águas do rio, como no princípio do mundo” o Espírito de Deus pairava sobre as águas”, como se lê na primeira página do Gênesis. Quando Jesus promete a vinda do Espírito Santo, é também muito nítida a distinção das pessoas: “Rogarei ao Pai, – é Jesus que fala  – e Ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre” (Jo 14, 16).E quando Jesus pronuncia sua palavra de envio do Evangelho para todo o mundo, diz: “Ide, fazei que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). E em São Paulo é freqüente a proclamação das três pessoas, podendo-se dizer que todas as suas epístolas são marcadas por um forte colorido trinitário. Bastaria ver a saudação final da segunda carta aos coríntios, que a liturgia usa entre as fórmulas de saudação no início da missa: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” (2Cor 13,13).Trazemos em nós a marca da Trindade, que recebemos no Batismo. Saibamos adorá-la permanentemente, lembrando o Pai de imensa majestade, o Filho de Deus e nosso irmão Jesus Cristo, Deus-conosco, e o Espírito Santo que dá vida e santidade à Igreja e a cada cristão. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.Leituras para a Solenidade da SS. Trindade – Ano A”

1a) Ex 34,4b-6.8-9

2a) 2Cor 13,11-13

3a) Jo 3,16-18

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA – O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

FESTA DA SANTÍSSIMA TRINDADE Jo 3, 16-18

Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único

Hoje celebramos o mistério insondável de Deus, a Santíssima Trindade. Durante os primeiros séculos da sua existência, a Igreja lutou com dificuldade para expressar em palavras o inexprimível – a natureza do Deus em que acreditamos. Chegou à expressão belíssima do Credo Niceno-Constantinopolitano, infelizmente tão pouco usado nas celebrações de hoje, onde se expressa o Pai criador de todas as coisas, do Filho, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, e o Espírito que dá a vida, e procede do Pai e do Filho. Mas, mesmo essas expressões tão profundas não conseguem explicar a Trindade, pois se Deus fosse compreensível à mente humana, não seria Deus.O Quarto Evangelho nos traz formulações muito bonitas referentes à Trindade, especialmente no Último Discurso de Jesus. Dentro das limitações da linguagem humana, tentamos expressar o mistério da Trindade como três pessoas numa única natureza. Mas, mais importante do que encontrar fórmulas abstratas para expressar o que no fundo é inexprimível, é descobrir o que a doutrina da Trindade pode nos ensinar para a nossa vida cristã.Talvez o livro de Gênesis possa nos ajudar. Lá se diz que Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou; e os criou homem e mulher (Gn 1, 28).Ora, se somos criados à imagem e semelhança de Deus, é de um Deus que é Trindade, que é comunidade perfeita na diferença. Assim, só podemos ser pessoas realizadas na medida em que vivermos comunitariamente. Quem vive só para si é destinado à frustração e infelicidade, pois está negando a sua própria natureza. O egoísmo é a negação de quem somos, pois nos fecha sobre nós mesmos, enquanto fomos criados na imagem de um Deus que é o contrário ao individualismo, pois é Trinitário. No mundo pós-moderno, onde o individualismo social, econômico, e religioso é tido como critério fundamental da vida, a doutrina da Trindade nos desafia para que vivamos a nossa vocação comunitária, criando uma sociedade de partilha, solidariedade e justiça, no respeito do diferente do outro, pois fomos criados à imagem e semelhança deste Deus que é amor e comunhão.A festa de hoje não é de um mistério matemático – como pode ter três em um – mas do mistério do amor de Deus, que nos criou para que vivêssemos comunitariamente na sua imagem e semelhança.Leituras para a Solenidade da SS. Trindade – Ano A”1a) Ex 34,4b-6.8-9

2a) 2Cor 13,11-13

3a) Jo 3,16-18