EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

O AMANHECER DO EVANGELHO

REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM

AS SETE PALAVRAS – SEXTA FEIRA SANTA

INTRODUÇÃO

           Meus prezados irmãos, vamos reviver, neste momento as últimas 7 palavras pronunciadas por Jesus no alto do monte calvário..

  1. FILHO EIS AÍ TUA MÃE
  2. MÃE EIS AÍ O TEU FILHO
  3. TENHO SEDE
  4. PAI, PERDOAI-LHES ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM
  5. MEU DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTE?
  6. PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO MEU ESPÍRITO
  7. TUDO ESTÁ CONSUMADO.

Mas antes de descrevermos estas 7 ultimas palavras de Cristo , vamos aproveitar para refletir um pouco no que significa a cruz de Cristo.

EM PRIMEIRO LUGAR,  A CRUZ DE CRISTO É O PÚLPITO, DONDE ELE NOS FALA. 

Reparem bem: Durante a sua vida, Jesus nos falou de todos os modos, Jesus pregou em muitos lugares:

Jesus pregou no templo. Jesus pregou na sinagoga, lugar de oração dos judeus. Jesus pregou na praia. Jesus pregou no mar. Jesus pregou nas planícies. Jesus pregou nas praças públicas. Jesus pregou nas casas. E hoje Jesus faz o seu último sermão. A cruz é o púlpito do maior sermão de Cristo. Jamais alguém viu um pregador tão autêntico. Jamais alguém viu um pregador tão coerente com as suas palavras. Na cruz ele está a nos dizer que é possível a gente viver. Na cruz ele está a nos dizer que é possível a gente praticar tudo o que ele nos ensinou: AMAI OS VOSSOS INIMIGOS, PERDOAI A QUEM VOS FEZ MAL, REZAI PELOS VOSSOS PERSEGUIDORES. NÃO HÁ MAIOR AMOR QUE DAR A VIDA POR QUEM SE AMA. FELIZES OS QUE TEM CORAÇÃO DE POBRE. FELIZES OS QUE TEM FOME E SEDE DE JUSTIÇA.

Poderíamos continuar citando as passagens da Bíblia para dizer que aqui, nesse púlpito da cruz, ele nos faz o último sermão, o sermão de vida, o sermão de sangue, o sermão do testemunho e não apenas sermão de palavras.

EM SEGUNDO LUGAR,  A CRUZ É TAMBÉM O ALTAR ONDE ELE SE IMOLA:

 O Antigo Testamento está cheio de sacrifícios, oblações de animais, de vegetais, de pássaros. Todos aqueles sacrifícios não eram outra coisa, senão uma sombra, uma prefiguração longínqua, um símbolo desse grande sacrifício da cruz. A verdadeira, a única, a definitiva, a nova e eterna aliança no seu sangue. Aí, Jesus se imola, como ontem, na Quinta-feira Santa. Ele que já dera ao Pai as suas disposições interiores na última Quinta-feira. Agora ele realiza com seu sangue, com sua dor, com sua humilhação, com sua solidão, com sua morte, tudo aquilo que prefigurava ontem, simbólica e sacramentalmente, na última ceia: “Isto é o meu Corpo. Tomai e comei. Isto é o meu sangue. Tomai e bebei. Ele será derramado por todos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, viverá por mim, viverá eternamente. Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.

A cruz é portanto, este altar perfeito em que Jesus nos dá o seu sangue, em que Jesus nos dá a sua dor, depois de já ter nos dado as suas palavras, depois de ter nos dado o seu testemunho, depois de ter-nos dado a sua atitude de bondade.

A CRUZ É O PULPITO, A CRUZ É O ALTAR, A CRUZ É O TRONO ONDE ELE REINA.

A gente tem de ver como a cruz é o trono de onde Jesus começa a reinar. E ainda hoje, é através da cruz que ele penetra em nossas vidas.

A morte o entroniza na glória do Pai. Ele diz: “Quando eu tiver sido crucificado atrairei tudo a mim”. Por isso é da cruz que Ele reina. É do mais profundo da santidade que Ele reina. É do mais profundo da misericórdia que ele reina .

E Jesus estava ali, como nos diz o profeta Isaías, nem mesmo parecia um homem. Todo desfigurado, todo maltratado, todo ensangüentado da cabeça aos pés. Era uma chaga viva. Mais parecendo um verme. Pela religião ele foi condenado como um blasfemo. Um usurpador do poder de Deus: Convém que este homem morra para que a nação não pereça. Pelo poder civil foi acusado como um revoltoso, um revolucionário, um anarquista. Pelas massas foi condenado como um fracassado, um fanático que pregou um reino e este não aconteceu. Está escrito na lei: Maldito o homem que pende na cruz. Miserável, infeliz, desgraçado o homem que pende na cruz. Está escrito na lei do Deuteronômio…Por isso, o apóstolo São Paulo nos diz: “Aquele que não tinha pecado, Deus o fez pecado por nós. Como já dizia, antes o profeta: É pela suas chagas que nós fomos curados. Ele assumiu sobre si os pecados de todos nós.Portanto, a cruz é o púlpito onde Jesus nos faz o mais belo, onde Jesus nos faz o mais comovente sermão, o mais extraordinário e espetacular de todos os sermões e pregações.

A cruz é o altar onde ele se imola. A cruz é o trono onde ele reina para sempre.

Para entendermos melhor este sermão das sete palavras é necessário voltarmos ao dia de ontem, e revermos o que aconteceu com Jesus, onde foi  JESUS FOI PRESO, JULGADO E CONDENADO DE QUINTA PARA SEXTA-FEIRA A SABER:

QUINTA FEIRA:

 

19:00hs: Jesus lava os pés dos seus discípulos (Jo 13,5)

20:00hs: Jesus na última ceia, institui a Sagrada Eucaristia(Jo 13,5)

21:00hs: Jesus no Jardim das Oliveiras (Lc 22,39-43)

22:00hs: Jesus entra em agonia, suando sangue.(Lc 22,44-46)

23:00hs: Jesus recebe o beijo de Judas o traidor. (Lc 22,47-48)

SEXTA-FEIRA:

 

24:00hs: Jesus é apresentado ao Sumo Sacerdote. (Lc 22,54; Jo 18,12-14)

01:00h:Jesus é acusado por falsas testemunhas e sua face é coberta de escarros. (Mt 26,67)

02:00hs: Jesus é negado por Pedro. (Mt 26,69-75)

03:00hs: Jesus, na prisão, é ultrajado e cuspido. (Lc 22, 63-65)

04:00hs: Jesus, na prisão, recebe o manto de louco. (Lc 23,11)

05:00hs: Jesus, na prisão, sofre em silêncio. (Mt 27,13-14)

06:00hs: Jesus é apresentado ao tribunal de Pilatos. (Mt 27,11-12)

07:00hs: Jesus é desprezado por Herodes. (Lc 23,11)

08:00hs: Jesus é flagelado. (Jo 19,1)

09:00hs: Jesus é coroado de espinhos. (Jo 19,2)

10:00hs: Jesus ao lado de Barrabás é condenado à morte. (Jo 19,15)

11:00hs: Jesus carrega a cruz por nosso amor. (Jo 19,17)

12:00hs: Jesus é despojado de suas vestes. (Jo 19,23-24)

13:00hs: Jesus perdoa ao bom ladrão. (Lc 23,42-43)

14:00hs: Jesus nos entrega Maria por mãe. (Jo 19,25-27)

15:00hs: Jesus morre na cruz. (Jo 19,33)

16:00hs: O coração de Jesus é traspassado por uma lança. (Jo 19,34)

17:00hs: Jesus é tirado da cruz e depositado nos ombros de Maria. (Mc 15,46)

18:00hs: Jesus é sepultado. (Lc 23,50-56)

1º PALAVRA: PAI, PERDOAI-LHES PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM

“No princípio era a palavra e a palavra estava junto de Deus. Ela existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dela e sem ela nada foi feito de tudo que existe. Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens. E a luz, brilha nas trevas e as trevas não conseguiram domina-la”. (Jô 1,1-5)

A palavra comunica, fala, dá a entender algo. É pela palavra que se dá a pregação do Evangelho, foi por meio das palavras que produziram atitudes que Jesus se manifestou e se manifesta entre nós. A palavra é reveladora. Mostra quem é você, quem sou eu, quem somos nós. A palavra expõe nossos sentimentos, o que somos. “E a palavra se faz carne e habitou, veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e verdade”.

Esta palavra tem nome, esta palavra é Jesus. Quando esta palavra- Jesus- fala, se faz ouvir, o corpo inteiro estremece, reverbera, o mistério nos falou das profundezas das funduras. Sete palavras falou Jesus na cruz que devem fazer tremer cada um de nós, nesta SEXTA FEIRA SANTA..

2º PALAVRA: FILHO EIS AÍ TUA MÃE

No alto do monte calvário, onde o pecado foi vencido, não encontramos apenas um Cristo condenado à morte, mas também uma mulher condenada ao martírio.

QUEM É ESTA MULHER CONDENADA AO MARTÍRIO?

É a Virgem Maria, a Senhora das Dores. E a devoção a Nossa Senhora é uma destas coisas enraizadas dentro de nós. O amor e o carinho que temos com a Virgem Maria tem uma explicação: Ela nossa mãe! Jesus Cristo, na hora de morrer, entregou sua Mãe para ser a nossa mãe também: “Eis aí tua mãe”, disse Ele para o Apóstolo São João. No batismo, ficamos ligados com Jesus Cristo. Ele é a cabeça e nós os membros. Maria é a mãe de Jesus. Por isso é a mãe também de todo o corpo dele, que é a Igreja, que somos todos nós. Por isso tudo é que a gente costuma trazer as pessoas batizadas diante da imagem de nossa Mãe, para fazer a sua consagração.

QUEM É ESTA MULHER CONDENADA AO MARTÍRIO?

É a Virgem Maria, a Senhora das Dores. A mulher forte na dor, a mulher amiga, a mulher presença, a escrava do Senhor, a auxiliadora do povo cristão, a cheia de graça. A mãe de Deus e a mãe dos homens, a mãe da Igreja… Aquela cuja espada de dor atravessou o seu coração de mãe. Aqui está Maria….realiza a triste profecia do velho Simeão: a espada de dor, a chaga, o sangue, o desprezo, a nudez.

O que Maria estava dizendo ali? Estava dizendo novamente o seu sim dado numa dura realidade: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se de mim conforme a tua palavra”. Estava dizendo o grande sinal do sim que nós devemos a Deus.

E aplaudindo, de certa maneira, no seu coração sofredor o sim final que Jesus dava ao Pai, quando Ele diz: “Consumatum est”! Tudo está consumado! E o homem, o plano de Deus está salvo. Todos nos nascemos para viver… Jesus nasceu para morrer: Jesus, eis aí a tua mãe.

3º PALAVRA: MÃE EIS AÍ O TEU FILHO

 

QUEM É JESUS CRISTO:

 

É o Filho de Deus que tinha um olhar penetrante que descobri até os pensamentos escondidos nos corações. Muitos se converteram com um olhar de Jesus. Foi o que aconteceu com a Samaritana à beira do poço de Jacó, também com André e João Evangelista, no vale do Jordão. Esse olhar de Jesus foi de grande alegria para Pedro. Mas o olhar do Mestre um dia o fez chorar quando Pedro havia negado que conhecia Jesus. Então Jesus olhou para Pedro e Pedro chorou amargamente.

SUA PALAVRA

Tão impressionante quanto o olhar de Jesus era a sua palavra .Certa vez os discípulos estavam apavorados com uma tempestade em pleno mar: “Então Jesus levantou-se, deu ordens ao vento e ao mar e a tempestade acalmou-se. Admirados, os discípulos diziam : Que  homem é este a quem até o vento e o mar obedecem ( Mt  8,23-27 )

Pelo poder de sua palavra, os cegos viam, os mudos falavam, os coxos andavam, os leprosos ficavam limpos, os surdos ouviam e os mortos ressuscitavam (Mt 11,5 ).

Jesus falava com tanta autoridade que até os demônios lhe obedeciam. Certa vez Ele disse ao demônio que havia entrado num homem: “Cala-te e sai deste homem ! “ E o espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu. Ficaram todos admirados e perguntavam entre si: “ Que é isto ? Eis um ensinamento novo e feito com autoridade ! Ele dá ordens até aos demônios e estes lhe obedecem (Mc 1,25-27)

 

SEU EXEMPLO

Jesus fez em sua vida precisamente aquilo que pregou. Ele ensinou a pobreza, e foi pobre. Ele ensinou a verdade, e foi verdadeiro. Ele ensinou a justiça, e foi justo. Ele ensinou a humildade, e foi humilde.

Ele ensinou a misericórdia, e foi misericordioso. Ele ensinou o perdão, e soube perdoar. Ele ensinou a santidade, e foi perfeito. Por isso foi o Mestre dos mestres.

Sua grande autoridade está em poder ter dito no fim de tudo: “ Assim como eu fiz, fazei também “. Foi o que Ele falou após ter lavado os pés dos discípulos. “Compreendeis o que vos fiz?  Vós me chamais de Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque de fato o sou.

Se, portanto, eu sendo Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também deveis lavar os pés uns aos outros. É que eu vos dei o exemplo para que, assim como eu fiz, vós façais também  (J0 13,12-25 ). Disse ainda Jesus: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (Jo 13,34) E, quando estava sendo esbofeteado e cuspido na cruz, Ele intercedeu pelos que lhe batiam no rosto, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem “(Lc 23,34). Uma coisa é certa: Podemos seguir o ensinamento de Jesus sem medo de sermos enganados, porque a sua doutrina foi a sua vida.

“Bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática (Lc 11,28).Podemos ouvi-lo e imitá-lo sem receio, porque Ele só disse a verdade e só fez o bem. É o único que pode dizer: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém chega ao Pai senão por mim (Jo 14,6). E Jesus não é do passado. É de hoje. Podemos encontrá-lo agora. Na leitura da Bíblia Sagrada, na oração, na Eucaristia, na comunidade dos filhos de Deus. Jesus caminha com a Igreja. Ele mesmo disse aos discípulos: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20)

4ª PALAVRA:TENHO SEDE = SICIO

 

A Campanha da Fraternidade teve por tema, em 2004, fraternidade e água. O lema “Água, Fonte da Vida” coloca em evidência a necessidade da água para a sobrevivência da humanidade. Não existe vida onde não há água. A água compõe 70% do nosso corpo. O ser humano não pode ficar mais de quatro dias sem ingerir água.

Um dos maiores tormentos é a sede. Há algumas semanas, por castigo, foi cortada a água dos presos na delegacia de uma cidade vizinha. Esse procedimento é desumano. Água não se nega a ninguém. E, agora, no alto da cruz, neste momento, você Jesus pede água: TENHO SEDE. E eles negaram ÁGUA a Jesus. Ao invés de água deram-lhe fel. Ele, o Filho do dono do mundo, o dono das águas não teve quem lhe desse um copo de água para matar a sua sede.

Neste dia, Senhor, me lembro que prometestes a vida eterna para quem, por vosso amor, der um copo de água ao irmão.

Se a vida eterna dareis por um copo de água, o que dareis, Senhor, àquela que lhe deu a vida, a virgem Maria, e o amou quando você Cristo era apenas uma promessa?

– Por um copo de água… Qual será a paga para os braços de sua mãe que o embalaram,  para as hora de vigílias orquestradas pelo seu choro impertinente?

Se a vida eterna dareis…

Qual será a recompensa para aquela que lhe ensinou a sorrir, e juntando suas mãos dentro das suas o ensinou a rezar, ao mesmo tempo que era para você, Cristo a presença de vosso amor?

Por um copo d´água, a vida eterna….

E que dareis, Senhor em paga pelos 33 anos de cuidados por você que nem sempre manifestava claramente a sua divindade, e que nem era sempre o que ela esperava?

Que dareis, qual a recompensa pelas rugas que o Senhor ajudou a cavar, pelas grinaldas de cabelos prateados que encobrem de espinhos de muitos anos e tantas dores?

Se a vida eterna dareis por um copo d´água oferecido…

Que dareis, Senhor, àquela que lhe deu a beber a taça da vida e do amor, que dia a dia se fez para você, Cristo, fonte inesgotável?

Se dais a vida eterna por um copo d´água dado por amor, que dareis em recompensa a sua mãe?

Senhor, não posso nem sequer imaginar, e por isso ao vosso amor, nesta hora de sofrimento e de dor, confiar meu desejo nesta oração. Olhai, Senhor, pela sua mãe, a virgem Maria e por todas as mães, que elas sejam para nós, seus filhos, imagem continua de vosso amor compreensivo e generoso. Dai-lhes a coragem e a paciência, a sabedoria, a firmeza e o carinho.

Consolai as que choram, especialmente a sua mamãe que chora a sua ausência neste momento de dor e de tristeza e consolai também as mãe que perderam os seus filhos nos caminhos do mundo. As que vêem seus filhos minados pela fome pela sede e pela doença, e não os podem socorrer, como a sua santíssima mãe neste momento.

Jesus, peço—vos por todas as mãe. Que elas encontrem em vossa mãe, a virgem Maria, o amparo e o modelo . Amém

5ª PALAVRA: PAI, PERDOAI-LHES ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM

Na cruz, Jesus nos ensina a perdoar

Ali, no alto do monte calvário está o salvador da humanidade pregado numa cruz..

A cruz da qual nós temos medo.

A cruz da qual fugimos.

A cruz que deveria ser a nossa.

A cruz da doença.

A cruz da pobreza.

A cruz da calúnia.

A cruz da humilhação.

A cruz da fraqueza.

A cruz da indiferença.

A cruz da solidão.

A cruz do pecado.

Pregado no alto da cruz é zombado pelos chefes do povo que dizia: “A outros salvou, que salve a si mesmo, se és o Messias de Deus, o eleito!”

Os soldados também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre e diziam: “Se és o Rei dos Judeus salva-te a ti mesmo.

E Jesus é pregado na cruz ladeado por dois ladrões, dois bandidos.

Ali estavam três homens pregados na cruz um ao lado do outro.

Santo Agostinho diz: “Ali temos um que dá salvação, um que recebe e um que a perde.”

Três personagens, três atitudes como nos diz Bossuet:

“No centro está o autor da graça, o justo, Jesus: a inocência, a santidade, o amor, o perdão”.

De um lado o bom ladrão, o companheiro de suplício, a pessoa que mais entendeu da realeza de Cristo.

Aquele bom ladrão que estava ao seu lado, que estava morrendo com ele foi a única pessoa que defendeu o Cristo no seu sofrimento, na sua paixão, no seu julgamento. Foi um ladrão que estava morrendo com ele que o defendeu. Certamente um zelota, um sujeito violento, que naquele momento foi companheiro dele com o outro. Reconhece que ele é culpado, mas que bonito, proclama a inocência de Jesus quando o mal ladrão começou a abusar de Cristo, blasfemando: SE ÉS O CRISTO, SALVA-TE A TI E A NÓS TAMBÉM! Mas o bom ladrão o arrependido, repreende-o dizendo: “Nem sequer temes a Deus tu que sofres no mesmo suplício?

Nós sabemos porque estamos pregados na cruz, mas o que Jesus fez de mal? Nós estamos recebendo o castigo de nossos crimes. Mas este não fez mal algum! E aí vem uma das passagens mais bonitas. E São Lucas pintou essa passagem literalmente. Aquele bom ladrão não chamou Jesus de Rei, mas disse simplesmente: Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no paraíso. Jesus lembra-te de mim quando estiveres no teu reino. A palavra Jesus significa Deus salva. Naquele momento, o bom ladrão mergulhou no sentido real da salvação. Naquele momento, o bom ladrão reconheceu que aquele Rei era o Messias. Naquele momento, o bom ladrão reconheceu que Jesus era o Rei capaz de dar-lhe o céu. Naquele momento, o bom ladrão reconheceu que Jesus era o Rei capaz de dar-lhe a salvação: Jesus, lembra-te de mim quando estiveres no paraíso, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino. E aquele bom ladrão, aquele homem arrependido teve a resposta mais feliz que alguém poderia ter ouvido em vida: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. E do outro lado, o mal ladrão, aquele homem que não aceitou, aquele homem que até a última hora, aquele homem que até o último instante que havia presenciado tanta coisa bonita, aquele homem recusou o amor, recusou o perdão, recusou a misericórdia. Como se vê os três sofrem o mesmo castigo: a morte de cruz. Mas sofrem de maneira diferente. Um é justo e aceita livremente a morte, para com a sua morte merecer o perdão a todos os culpados do mundo. O outro é pecador, mas sofre com paciência, porque está arrependido e sente o consolo da misericórdia divina. O terceiro é um pecador não arrependido, por isso está revoltado sofre mais que todos porque não conta com o perdão de Deus. Mesmo tendo ao seu lado Jesus que lhe oferece o perdão, aquele homem perece no seu pecado. São três homens nas mesmas condições. Suspensos entre o céu e a terra. Colocados entre a vida e a morte. No entanto, o arrependimento do bom ladrão lhe dá o alívio da dor com o início do paraíso ali mesmo, enquanto o desespero do mal ladrão lhe aumenta o tormento com o início do inferno já em vida.

6ª PALAVRA: MEU DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTE?

Santo Agostinho, comentando a cena da Crucifixão e da Paixão de Cristo, nos fala do contraste entre os três condenados, na mesma situação de suplício e, no entanto, com disposições interiores completamente diferentes.

Um, o justo, oferecendo amor, perdão, dando vida e salvação.

Outro, o bom ladrão, aceitando a chance da graça, abrindo-se ao amor, à misericórdia, compadecendo-se das dores de Jesus.

O terceiro, o mal ladrão, resistindo até ao fim, fechando-se a toda bondade, ao apelo final do amor.

Três sentimentos, três situações: “AMOR, CONVERSÃO, IMPENITÊNCIA FINAL”.

Mais uma vez, Jesus nos dá uma sublime missão de coerência, de autenticidade, de coincidência entre o que ele ensinou, pregou, e o que está vivendo: “Amai os vossos inimigos, rezai por aqueles que vos perseguem. Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.

PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO MEU ESPÍRITO

 

Naquela sexta feira Jesus era o mais infeliz dos homens. Seus amigos mais íntimos o abandonam. Ficam apenas Maria, sua mãe, João, seu amigo e discípulo e algumas mulheres piedosas que não podem fazer nada. Todos se afastam dele com receio. Ele tinha sido fiel até o fim. Ele Deus feito homem, nada tem a dizer, senão gritar ao Pai,oferecer-lhe sua vida: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.  Na morte: Jesus morre, recitando o salmo (Lc 23,46). Sua oração é uma expressão daquilo que lhe passa na alma, uma queixa ao Pai: “Por que me abandonaste!” (Mc 15,34). Jesus morre recitando o Salmo que dizia: “Pai, em tuas mãos, entrego o meu Espírito!”

7ª PALAVRA: TUDO ESTÁ CONSUMADO.

 

Naquela sexta-feira, Cristo era o mais infeliz de todos os homens. Sozinho, desacreditado, todos fora longe dele. Era preciso que ele morresse para que houvesse mais tranqüilidade. Há três anos não havia paz, não havia paz na vida dos grandes, não havia paz na consciência dos fariseus.

Era preciso que Ele morresse para que a lei de Javé não fosse destruída.

Era preciso que ELE morresse para que Anás e caifás continuassem os grandes sacerdotes.

Era preciso que ele morresse para que a cidade ficasse limpa dos leprosos, dos cegos, dos mudos, dos paralíticos, dos analfabetos, dos incômodos. Era preciso. E assim foi feito.

Os incomodados estavam satisfeitos. O malfeitor estava morto. A consciência religiosa estava tranqüila. O provocador da religião estava morto. A palavra da verdade estava morta. Tudo podia ficar como estava. O renovador estava morto na cruz. Era mais ou menos às 12 hs quando houve treva sobre toda a terra  até às 15 hs, quando desaparece o sol.

De repente, rasga-se de alto a baixo o véu do templo. Uma densa nuvem de escuridão invade toda a terra. Racham-se os rochedos. Por isso, o próprio centurião, o chefe da centúria, o chefe dos soldados romanos, o chefe dos cem homens, aquele comandante brada: “Verdadeiramente este homem não pode ser um homem comum. Ele é o Filho de Deus. Não se trata de um mal feitor.” Alguma coisa aconteceu. Daí por diante, apesar da frustração, apesar da tristeza, apesar do desaponto de todos, acontecerá algo de importante.

PAIXÃO DO SENHOR (18,1-19,42)

 

O texto nos coloca diante da realidade da cruz. Quem quiser participar da vitória deste rei, tem que assumir a sua luta e passar pelo que ele passou. Todo crescimento humano e espiritual é graça de Deus, mas requer a nossa parte de entrega e renúncia.

A morte de Cruz foi na vida de Jesus a expressão consumada de seu amor pela humanidade pecadora e de sua fidelidade ao Pai.

A exclamação “Tudo está consumado” traduz para nós que nada de autenticamente humano deixou de ser assumido por Jesus, mesmo os aspectos mais trágicos da vida humana. Somos convidados(as) a intensificar, na oração e no serviço o seguimento de Jesus Cristo no mistério de sua morte e ressurreição.

Meus irmãos, quando Jesus nasceu, ele não encontrou uma casa para morar. Não encontrou uma cama para deitar. Não encontrou um hospital para nascer. Queria nascer no meio dos homens, mas os homens não o aceitaram. Precisou nascer afastado dos homens. Nasceu como uma criança enjeitada, morreu como um homem enjeitado.

E hoje Cristo morre e não tem uma sepultura para ser sepultado. Precisou ser sepultado numa sepultura emprestada. Hoje pouca coisa mudou ou nada mudou. O Cristo continua morrendo em nosso meio e ainda não encontra lugar.

Eis aqui o Cristo.

Cristo Deus em que você não acreditou.

Cristo salvação que você não aceitou.

Cristo luz que você apagou na sua vida.

Cristo verdade que você traiu

Cristo que foi gente e você não quis ser Cristo.

Cristo criança que você escandalizou.

Cristo pobre que você não ajudou.

Cristo irmão de quem você fugiu.

Cristo pai de quem você se envergonha.

Cristo amigo a quem você se envergonhou.

Cristo Samaritano de quem você não aprendeu.

Cristo morto na cruz para que você possa viver.

Se você viver hoje, Cristo ressuscitará amanha.

O MUNDO DE CORAÇÃO FECHADO TENTA DAR CABO DE JESUS

 

Que sucedeu com o filho de Maria, Em conseqüência de tudo que fazia?

Os poderosos de Cristo a influencia Não podem ver sem rancor e violência,

Perdiam vez, influência e regalia, Porque Jesus tudo isso combatia.

 

Pra conquistar novamente as multidões E não perder seu lugar e seus milhões,

Principiaram a perseguir a Cristo:A ambição comandava tudo isso.

Deliberaram por fim, com ousadia, Tirar a vida do filho de Maria.

 

Que inventaram os donos do dinheiro, Prá dar o golpe fatal e derradeiro?

O nosso mestre foi feito prisioneiro E acusado de ser um desordeiro.

Pra que ficasse bem desmoralizado Com dois ladrões a morrer foi condenado.

 

Foi flagelado, de espinhos coroado. Por seus amigos foi logo abandonado.

Pra completar sua dor e seu desgosto, Zombaram dele, cuspindo no seu rosto.

E no Calvário, pregado numa cruz, No mar de dores, morreu o Bom Jesus.

 

Que fez Jesus ao morrer crucificado? Ofereceu sua vida ao Pai amado.

Seu sangue todo por nós foi derramado, A fim de abrir nosso coração fechado.

Por um punhal que lhe deu um golpe certo Seu coração foi ainda mais aberto.

 

Que dia foi que o Senhor morreu na cruz? Na Sexta-feira, por nós morreu Jesus:

A terra inteira, a partir do meio dia, De escuridão e de luto se cobria.

Às três da tarde, o mundo estremeceu, Soltando um brado, Jesus na cruz morreu!