A VIDA NÃO NOS É TIRADA, MAS SIM TRANSFORMADA

https://www.youtube.com/watch?v=6dTUB22gk9s&feature=youtu.be

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A Vida não nos é tirada, mas sim transformada- dia de Finados

Quarta-feira, 02-11-2022- Uma exortação à Vigilância Lucas -12, 35-38 – I

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A Vida não nos é tirada, mas sim transformada- dia de Finados Na natureza tudo nasce, cresce, espalha sementes e morre, para depois recomeçar o ciclo da vida. Folhas secas caem pelo chão, para dar lugar à nova folhagem que surge com a primavera. Velhas árvores secam-se e caem, depois de terem espalhado muitas sementes pelo vento. O rio chega ao mar, muitas vezes, todo contaminado pela nossa poluição, mas lá nos grotões das serras as águas cristalinas continuam a borbulhar nas nascentes alimentam. Talvez alguns desejariam nunca morrer e nem ver morrer aqueles a quem amam tanto… como seria um mundo sem morte, onde todos vivessem para sempre? Nossa fé na ressurreição nos faz acolher este sentido da morte: uma etapa se fecha e uma nova se abre no grande processo da vida. Com a fé, nosso desejo de viver eternamente se torna certeza de que “a vida não nos é tirada, mas transformada”. Contemplando a natureza podemos captar o sentido profundo – e por isso bonito – da morte, que marca nossas vidas. Como são Francisco de Assis, podemos, então, até louvar o Senhor pela “irmã morte”, que nos vem tomar pela mão no momento da “grande passagem”. É claro que a morte tem, muitas vezes, uma face assustadora, aterrorizante e dolorosa. A morte de quem viveu longos anos, viu sua família crescer e se multiplicar e pôde experimentar muitas coisas que dão gosto à existência não nos causa tanto impacto. Também é mais fácil aceitar a morte daqueles que estavam sofrendo demais por causa de uma doença. Mas o que dizer daquela morte prematura, repentina, de pessoas que ainda tinham todo o futuro pela frente? O que dizer das vítimas da violência da guerra, do trânsito, da miséria? São como árvores que antes de darem fruto já foram cortadas e suas raízes arrancadas… Nossa fé no faz afirmar que, como na natureza tudo o que cai na terra acaba se transformando em húmus que fertiliza o chão e possibilita a continuidade do ciclo da vida, assim essas vidas que para nós foram “aceifadas antes da hora” são acolhidas no chão de Deus e Ele quem as transforma, dando continuidade ao grande processo da vida. Assim, amados irmãos irmãs, quero renovar em seus corações esta esperança, para que a recordação da realidade da morte nesse dia não os entristeça a ponto de obscurecer esta outra realidade tão importante: “é morrendo que se vive para a vida eterna”. Que o Senhor acolha a todos os falecidos no “chão” do seu Reino de vida em abundância.

Vigilância (Lucas 12,35-40) –

O AMANHECER DO EVANGELHO –

REFLEXÃO E ILUSTRAÇÃO PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA,

O AMANHECER DO EVANGELHO –

REFLEXÃO E ILUSTRAÇÃO PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA,

Quarta-feira da 29ª Semana do Tempo Comum

*  Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.

1) Oração

Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

2) Leitura do Evangelho  (Lucas 12, 35-38)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12,35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir em, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! Palavra da Salvação.

3) Reflexão

*  Por meio da parábola o evangelho de hoje traz uma exortação à vigilância.

*  Lucas 12,35Exortação à vigilância

“Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”Cingir-se significava amarrar um pano ou uma corda ao redor da veste talar, para que ela não atrapalhasse os movimentos do corpo. Estar cingido significava estar preparado, pronto para ação imediata. Na véspera da saída do Egito, na hora de celebrar a páscoa, os israelitas deviam estar cingidos, isto é, preparados, prontos para poder partir imediatamente (Ex 12,11). Quando alguém ia trabalhar, lutar ou executar uma tarefa ele se cingia (Ct 3,8). Na carta aos Efésios, Paulo descreve a armadura de Deus e diz que os rins devem estar cingidos com o cíngulo da verdade (Ef 6,14). As lâmpadas deviam estar acesas, pois a vigilância é tarefa tanto para o dia como para a noite. Sem luz não se anda na escuridão da noite.

*  Lucas 12,36A parábola

Para explicar o que significa de estar cingido, Jesus conta uma pequena parábola. “Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta”. A tarefa de aguardar a chegada do patrão exige uma vigilância constante e permanente, sobretudo quando é de noite, pois, o patrão não tem hora marcada. Ele pode voltar a qualquer momento. O empregado deve estar atento, vigilante sempre!

*  Lucas 12,37Promessa de felicidade

“Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá”. Aqui, nesta promessa de felicidade, os papéis se invertem. O patrão se torna empregado e começa a servir ao empregado que virou patrão. Evoca Jesus na última ceia que, mesmo sendo senhor e mestre, se fez servidor e empregado de todos (Jo 13,4-17). A felicidade prometida tem a ver com o futuro, com a felicidade no fim dos tempos, e é o oposto daquilo que Jesus prometeu numa outra parábola que dizia: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa? Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,7-10).

*  Lucas 12,38Repete a promessa de felicidade

“E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!” Repete a promessa de felicidade que exige vigilância total. O patrão pode voltar meia noite, três da madrugada, ou qualquer outra hora. O empregado deve estar acordado, cingido, pronto para poder entrar em ação.

4) Para um confronto pessoal

1) Somos empregados de Deus. Devemos estar cingidos, de prontidão, atentos e vigilantes, vinte e quatro horas por dia. Você está conseguindo? Como faz?

2) A promessa de felicidade futura é a inversão do presente. O que isto nos revela sobre a bondade de Deus para conosco, para comigo?

5) Oração final

Escutarei o que diz o Senhor Deus,

porque ele diz palavras de paz ao seu povo,para seus fiéis,

e àqueles cujos corações se voltam para ele.

Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem,

de sorte que sua glória retornará à nossa terra. (Sl 84, 9-10)

Reflexão do Evangelho: Sobre a Vigilância (Lucas 12,35-40)

Sobre a Vigilância (Lucas 12

Vigiar é uma atividade de cuidado e atenção. Infelizmente vigiar, em nosso vocabulário comum, tornou-se uma palavra com conotação negativa muito forte. Pensando na religião, essa palavra se conectou de tal forma a uma imagem de um Deus que pune, ao ponto de se transformar, para muita gente, num lugar de medo, opressão, culpa e castigo. Nada mais contrário ao seu significado etimológico e à experiência cristã e de outros grupos de Deus.

Religião é para juntar as pessoas e a natureza. É conexão, relação amorosa e de equidade. É espaço de cura, sanação e transformação constante. A “verdadeira” religião, segundo o movimento profético, é “buscar a paz e a justiça”, “defender o órfão e a viúva” (cf. Tiago 1,27). Não deve ser lugar onde o medo e o castigo, a guerra, violência e intolerância sejam o prato do dia.

Essa prática, resultante de um tipo de teologia, foi amplamente desautorizada por Jesus. Mesmo seus discípulos estavam envoltos nesse universo teológico e de espiritualidade violento e intolerante. Precisavam experimentar outra leitura possível da religião na qual estavam inseridos. E não só os discípulos no tempo de Jesus, mas também a Igreja de Lucas na segunda metade do século.

Religião como espaço de liberdade e libertação

Em seu evangelho, entre os capítulos 9 a 19, Lucas apresenta um Jesus que provoca caminhos novos nos quais se possa entender a experiência de Deus e viver a religião como espaço de liberdade e libertação. As conversas e reflexões deste bloco do evangelho estão direcionadas principalmente para as pessoas que seguiam a Jesus mais de perto (chamados de discípulos ou de os Doze em outro evangelho).

Depois de uma longa conversa sobre o desapego, provavelmente visando colaborar com a comunidade para que compartilhe seus recursos humanos e econômicos, Jesus pede que os discípulos tenham os “rins cingidos e as lâmpadas acesas”. Eles devem estar sempre preparados para serem “excêntricos”: preparados para sair de si mesmos, desapegar-se de seu lugar comum e mover-se em direção ao outro e ao mundo, que clama e geme dores de parto (Romanos 8,22).

Cingir os rins: discernir pela vida em plenitude

Há uma tradição bíblica que identifica os rins como o lugar dos sentimentos, o lugar do afeto, por onde somos “afetados” pelo mundo externo e pela experiência íntima de Deus. É o lugar da nossa consciência ética e estética. É o lugar das nossas decisões. Temos que decidir por onde ir, que teologia desenvolver, a quem escutar. É preciso saber “quem é o meu próximo”, que conflitos assumir e decidir viver para Deus, não para nossas verdades e posses. Cingir os rins é pedido para estar preparadas/os, para movimentar nosso corpo em defesa dos valores do Reino. É requisito e expressão da fé: movimento pela vida e plenitude.

Ficar com a lâmpada acesa: iluminar a escuridão do mundo Jesus também nos pede para ficar com a lâmpada acesa. Somos chamadas/os para estar como luz, como indicador de caminho, como facilitador de processos e como iluminador da escuridão diante e dentro do mundo. O encontro com Jesus e a convivência com ele deve nos encher de energia (dínamo, no grego, significa força, poder). Com Jesus, temos condições de atuar no cotidiano não nos deixando “conformar” pelos poderes opressores e hegemônicos deste mundo em que vivemos. Transformados, vivemos pela fé para outro mundo possível e podemos desenvolver outras teologias possíveis em favor da vida e da libertação.

A lâmpada acesa não deve ser usada para cegar e impedir que novidades sejam descobertas. Os rins cingidos são para redescobrir nossa vocação para a indignação e para a missão: ocupar as ruas e as ideo-teologias para que a vontade de Deus seja feita assim na terra como no céu; para que a justiça e misericórdia sejam o prato do dia; para que o pão nosso cotidiano seja realidade.

Vocação não é talento, é chamado, convocação a escutar a vontade de Deus com os ouvidos do coração Para a Igreja Católica Romana, agosto é o mês dedicado às “vocações”. É bom lembrar que vocação não é habilidade, talento. Vocação é CHAMADO, CONVOCAÇÃO. Por isso cingir os rins e manter nossa luz acessa é tão importante. Para escutar com os ouvidos do coração (no nosso mais interior) a voz de Deus que clama no deserto, que grita através do povo e dos grupos violentados e excluídos do convívio e estrutura social e das igrejas e grupos religiosos.

O que estamos ouvindo? A quem estamos ouvindo? Que chamado (vocação) estamos atendendo? Estejam preparadas/os sempre. Porque o Filho do Homem (profeta, militante da vida e da inclusão) aparece de surpresa e surpreende como aparece. Estejamos preparadas/os. Esperemos contra toda esperança (Romanos 4,18) e oremos (ora et labora – orar e trabalhar) para que a vontade de Deus seja feita e sua palavra seja nossa palavra: ação criadora e plural neste mundo e no mundo que há de vir, agora e depois.